terça-feira, 30 de junho de 2009

O nosso beijo, autor; Damião Metamorfose.


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Não me deixe sem seu beijo
Se voltar cedo pra casa
Mesmo sendo imaginário
Faça a mente criar asa
Mas se você só voltar tarde
Beije-me o meu peito arde
Não deixe apagar a brasa

Nosso beijo é salutar
Pra selar a nossa jura
Jura que não foi quebrada
Nem depois da sepultura
E sempre será assim
Um gesto, um olhar, um sim.
Um dos dois vai à procura.

Nosso beijo tem sabores
Que nos levam aos lugares
Onde dois seres tão impares
Acharam-se ao virar pares
Quando as bocas se tocaram
Esses dois seres se acharam
E perderam-se em alem mares.

Mas foi com esse mesmo beijo
Que a nossa boca selou
Que esse amor se mantém vivo
E a minha boca jurou
A você eterno amor
Se eu não fui bom caçador
Que bom! Você me caçou.

E com um beijo ganhou
O beijo que se perdeu
Outra vez eu me perdi
Desse beijo que é só meu
Agora eu preciso ter
Esse beijo pra viver
Dormir com o beijo seu

Amo o teu beijo Vitória
Amo a sua alma pura
Amo a forma que me amas
Amo você sem censura
Amo e irei te amar
Amo e se eu pude jurar
Amo e vou cumprir a jura.

Te amo minha vida, beijos.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O orgasmo, autor; Damião Metamorfose.


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Sei que falar do orgasmo
Pode soar imoral
Mas a minha intenção
Não é torná-lo banal
É simplesmente mostrar
Que esse tabu secular
É algo mais que normal

Em todo reino animal
E vegetal porque não
Existe orgasmo pra que
Exista a procriação
Vegetais se polinizam
Todos os seres precisam
Desse elo de união

Ateu, crente ou cristão.
Podem até proibir
Mas necessitam de orgasmos
Para poder existir
Em cada canto do mundo
Tem sempre algo fecundo
Pronto para emergir

O orgasmo me faz sentir
Ser imagem e semelhança
Ter o poder de um Deus
Ou ser frágil igual criança
Ter a força de um leão
Ou ser só um simples grão
Fecundando a esperança

Deus fez essa aliança
Desde a arvore proibida
Mas já sabia que a ordem
Jamais seria cumprida
Mas esse ato sagrado
Ganhou nome de pecado
Por que pecado se é vida?

O orgasmo é quem valida
A vida e seus ideais
Sem exclusão ele inclui
Todas as classes sociais
E como aqui foi citado
Vertebrado, invertebrado,
Até mesmo os vegetais.

Como ele somos iguais
Crias viram criadores
Liberta-nos das algemas
Alivia-nos das dores
Faz nossos fardos suaves
O orgasmo tem as chaves
Que abrem muitos sabores

Poe nos matizes as cores
Libera nova emoção
Traz a paz, transforma o mundo.
Liberta-nos da prisão
Apazigua qualquer ser
E alem de nos dar prazer
Faz bem para o coração

Sem Deus a religião,
Perde todo o seu sentido.
O pré, o durante, o pos,
Era um sistema falido.
A força vira marasmo,
E se não houvesse orgasmo,
Nenhum teria nascido.

Tudo em seu tempo devido,
Também com peso e medida.
Já que o tempo não para,
Viver não é só comida.
Essa doutrina do ismo,
Pra mim é puro cinismo,
Orgasmo é fonte da vida.

domingo, 21 de junho de 2009

Fênix apaixonado(a), autor; Damião Metamorfose. Extraído de um poema da poetisa Vitória Sena


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Nas asas de um beija-flor
Levo caricia e desejos
Vou encontrar meu amor
E me afogar nos seus beijos

Dos sonhos nunca contados.
Levo um mundo de esperanças
De ter corpos entrelaçados
Partilhando as mesmas danças

Todo o silêncio quebrado
Vira sussurros de amor
Num “faz de conta” traçado.
Num só vou se você for

Sou Fênix apaixonada
cinzas que viram emoções
Via Láctea enfeitiçada
Balé de interrogações

Vou em busca desse seu
Sorriso maroto, ardente,
Nesse céu que é seu e meu,
Não sou estrela cadente.

Do Apolo destemido
Poço jorrando alegrias
Eros alado, cupido,
Despertando fantasias.

Finjo não notar o brilho
vidrado dos olhos seus
E livre de empecilho
Somos céu e terra, Zeus.

O meu copo percorrido
Desnudando a minha alma
Timidez vira a libido
A angustia vira calma

Com o coração pulsando
A toda velocidade
Fixo o olhar evitando
Perder a serenidade

Num ponto inexistente
Pra esconder minha excitação
Com as faces em fogo latente
Prestes a uma explosão

Sei que não vou resistir
A cada segundo aflora
Sinto meu intimo fluir
O teu olhar me devora

Cada vez mais a sentir
Teu desejo inexorável
Clamando-me para ir
Amém do imaginável

Nossos corpos se aproximam
Uma sensação estranha
Os seus olhos me dominam
O seu desejo me banha

Minha voz fica embargada
minhas mãos tremem e transpiram
Mais um passo em nossa estrada
E os nossos corpos deliram

Nossos corpos estão próximos
Sorrimos um para o outro
Atingimos ápices máximos
Cola-se um corpo noutro

Dedos a se entrelaçar
Lábios famintos, selvagens.
Teimam em se encontrar,
Na mais perfeita acoplagem

Em um demorado beijo
Marca o início perfeito
E nesse mutuo desejo
Sou seu, sua, não tem jeito..


te amo

sábado, 13 de junho de 2009

Quando Deus quer é assim, autor; Damião Metamorfose.



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Para tudo nessa vida,
Tem um motivo ou razão.
As mãos precisam da mão,
As curas, de uma ferida.
Tendo um ponto de partida,
Tem começo, meio e fim.
Antes de ouvir o sim,
Pode ter não ou talvez.
Todos têm a sua vez,
Quando Deus quer é assim.

Se o que destes pra mim,
Não foi o que esperei.
Então por que aceitei,
Se eu sabia que era ruim?
Mas veio o tempo e enfim,
Transformei inferno em céu.
Deixei de viver ao léu,
Transformei vinagre em gim.
Quando Deus quer é assim,
Deserto vira vergel.

O doce pode ser mel,
Açucarado ou ameno.
Também pode ser veneno,
Ou amargo feito um fel.
O que pode ser cruel,
Armadilha ou qualquer laço.
O que te causa embaraço,
Que só lembra o que é ruim.
Quando Deus quer é assim,
Até nos versos que faço.

Quando Deus quer qualquer traço,
Vira uma linha reta.
Quando Deus quer um poeta,
Conforta-se no cansaço.
Aquele soco no baço,
Causa alivio ou te exalta.
Até mesmo quem te assalta,
Ou destrói o seu jardim.
Quando Deus quer é assim,
Qualquer forasteiro é malta.

A montanha é muito alta,
Mas também é um mirante.
De lá você ver distante,
E brinca feito um peralta.
Pra inventar o que te falta,
Usa a imaginação.
E vai tecendo no chão,
Uma colcha de cetim.
Quando Deus quer é assim,
Amplia a sua visão.

Quando Deus quer pode um não,
Soa pra nós como um sim.
E aquele ponto do fim,
Vira uma interrogação.
Se Deus nos deu a missão,
De seguir na mesma estrada.
Vamos seguir de mão dada,
Enfrentar guerras e insultos.
E a nossa arvore dar frutos,
Mesmo depois de tombada.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O preço da liberdade, autor; Damião Metamorfose.



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Eu paguei um alto preço
Pra ter minha liberdade
Me alimentei de silencio
Ouvi não de toda idade
Fora amigos miseráveis
Com perguntas infindáveis
Que invade a privacidade

Abri mão da vaidade
Mudei meu comportamento
Investi na minha alma
Mesmo sem ser cem por cento
Tive a resposta à altura
Sou hoje outra criatura
Feliz, sem ressentimento.

Os olhos do pensamento
Eu também já sei usar
Mesmo ainda precisando
De apoio pra enxergar
Já consigo dar meus passos
A caminho dos seus braços
Onde eu almejo chegar

Também já posso ajudar
A quem sempre me ajudou
Sei são os primeiros passos
Mas cada passo que eu dou
São de encontro ao futuro
E o meu presente é seguro
Que o passado passou

Quando a vida me cobrou
Meu saldo era negativo
Tentei fugir, mas eu vi.
Que a vida de um fugitivo
É luz embaixo da terra
Por isso entrei nessa guerra
Contra o meu eu, morto vivo.

Pra chegar ao positivo
Reergui a fortaleza
Mas como todo aprendiz
Tive sinais de fraqueza
Se eu caí ou levantei
Foi de você que escutei
Incentivos de nobreza

Você foi à luz acesa
Referencia em meu caminho
Abdicou dos seus sonhos
Bebeu sangue em vez de vinho
Mas foi digna e paciente
Centrada e inteligente
Enquanto eu era mesquinho

Fez-me um livre passarinho
Sem limites pra voar
E eu, voei esses ares.
Sem lugar para posar
Mas toda essa liberdade
Só aumentou a saudade
E a vontade de voltar

Enquanto estive a vagar
Em circulo ou sem direção
A semente adormecida
Germina em meu coração
E o meu peito calejado
Com o sangue bombeado
Entrou em ebulição

A sangria deu vazão
A paixão que adormeceu
O pássaro voltou ao ninho
De onde antes se perdeu
Pra não sentir-se metade
Voa mas leva a saudade
Desse amor que é seu e meu.

Pra frente e pra traz, a quadrilha. Autor, Damião Metamorfose.


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Todo ano a mesma coisa
Mesma musica e melodia
Quando chega o mês de junho
Vira uma epidemia
De quadrilha e arraiá
É dois pra lá dois pra cá
Quase todo santo dia

Acho uma monotonia
Aquele cabra gritando
Os pares são adestrados
Pra ficar indo e voltando
Alavandu é o que?
E o tal de anarriê?
O que ele está falando?

Esses gritos de comando
Perguntei a muita gente
Não ouvi uma resposta
Que me deixasse contente
Mas a coisa continua
Seja no sitio ou na rua
Tome pra traz e pra frente

Tem quentão de aguardente
Vinho quente requentado
Em ano que tem inverno
Também tem o milho assado
Depois da mistura pronta
Tem nega que fica tonta
Demarcando o passo errado

Fica nego empanzinado
Escornado na calçada
Quando penso que acabou
Outra conclusão errada
Porque um grita de lá
Agora nois vai dançá
A quadrilha improvisada

Cem por cento embriagada
A quadrilha recomeça
Uns dançando a passos lentos
Outros dançando com pressa
Aquele mais saliente
Só vai pra trás e pra frente
O resto nem interessa

O chamador se estressa
Para pra recomeçar
Um diz agora dar certo
Outro grita não vai dar
Nesse pra trás e pra frente
Tome vinho e aguardente
E raiva pra variar...

Na quadrilha tem-se um par
Nem sei pra que, não precisa.
José dança com Maria
Com Judite e com Maisa
Com Gorete, Maire e Graça.
Com vinho quente e cachaça
No fim nem sabe onde pisa.

Tem nego de cara lisa
Que arrocha quem pegar
Não pergunta se é casada
Tá ali pra se esfregar
No matuto isso é quadria
Mas devia ser orgia
Ou suruba popular

Quem sou eu pra contestar
A festa de são João
Se até o presidente
Investe mais de um bilhão
Patrocinando essa festa
Mas já disse que não presta
Essa é minha opinião

Sei que ninguém dar razão
A isso que estou dizendo
Mas enquanto uns fazem festa
Se embriagando e dizendo
Adiante, alavandu,
Tem nego que anda nu,
Ou de fome está morrendo

Folclore assim não defendo
Sou contra essa marmelada
Da saúde e educação
Tem verba que é desviada
Botam o Brasil pra dançar
E o povo é quem vai pagar
Festa superfaturada

Com toda essa tenda armada
Vai ter mais imposto e juro
Insegurança nas ruas
Mais ladrão pulando o muro
Mais dança, dança e mais dança.
Circo Brasil esperança
É o pais do futuro.

sábado, 6 de junho de 2009

O bom amigo. Autor, Damião Metamorfose.




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O bom amigo é aquele
Que às vezes ouve calado
Que rir quando você rir
Pra não te ver magoado
Mas não entra em sua vida
Para descascar ferida
Sem ter sido convidado

O bom amigo é dotado
De um apurado sentido
Ouve coisas que você
Às vezes nem tem ouvido
Mas quando vê você triste
Pra te animar ele insiste
Que chega a ser atrevido

Um bom amigo é sabido
Ao te guardar um segredo
Mesmo que você descubra
O teor do tal enredo
Ele é sempre preparado
Para quando for chamado
Amenizar o seu medo

O amigo é um penedo
Firme, sólido, calmo e forte.
Não recua no perigo
Mesmo que te custe o corte
Dessa sua amizade
Amigo não é metade
É inteiro e dar suporte

Ter um amigo é ter sorte
É ter em quem confiar
Entender ser entendido
Dar perdão e perdoar
Amigo é algo sagrado
É zelar e ser zelado
É pedir e ter pra dar

O amigo ao magoar
Perde o sono, perde a fome.
Pede desculpa e perdão
O erro ele sempre assume
Se for preciso se humilha
Mas tem luz própria, ele brilha,
Muito mais que vaga-lume.

O amigo tem ciúme
Também fica apreensivo
Mas espera ser chamado
Pra te dar um incentivo
E mesmo enciumado
Ele fica do seu lado
O ciúme é estar vivo.

Amigo não é nocivo
Nem omisso ao seu problema
Ao ver o seu sofrimento
Ele encarna o seu dilema
Mas sem você convidar
Ele prefere escutar
Do que por caco em seu tema.

Amigo é o teorema
É divisão, prova e soma.
Não subtrai, multiplica.
O que ser dar e não toma
A medida sem medida
É o sentido da vida
E o inverso de Roma

O amigo é a redoma
Diamante transparente
É muito mais que irmão
Mil vezes mais que parente
A explosão que acalma
É DNA da alma
É futuro no presente

O amigo é simplesmente
A luz que invade a fresta
Quem torce por seu sucesso
O convite em sua festa.
O que vai ao seu velório
É amigo provisório
Descarte... Esse ai não presta.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Alguns mestres da vida animal, autor, Damião Metamorfose.


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Vi de tudo nessa vida
É vivendo e aprendendo
Já vi as flores se abrindo
Para um dia nascendo
E o besouro mangangá
Na flor do maracujá
A fecundação fazendo.

A águia é um exemplar
Tão soberano e ordeiro
Voa alto e faz seu ninho
Num alto despenhadeiro
Se oculta para a morte
Testa toda a sua sorte
Ao fazer seu vôo primeiro.

A ovelha em seu balido
Sons e tons tão parecidos
Para os humanos são berros
Que chegam aos seus ouvidos
Mas é o seu linguajar
Serve pra identificar
E achar filhotes perdidos.

O pica pau dar um jeito
De furar tronco de angico
Com perfeição que parece
Que usou um maçarico
E antes que eu esqueça
Não sente dor de cabeça
Nem racha a ponta do bico.

O galo acorda mais cedo
Pra cuidar do seu arem
Seu relógio biológico
Marca as horas muito bem
Essas coisas naturais
Até os simples mortais
Aqui no nordeste tem.

O jumento é um elemento
Resistente e de bom tino
Relincha na hora certa
Transporta adulto e menino
Hoje vive abandonado
Come lixo infectado
Mas é herói nordestino.

O gavião de coleira
A um quilometro de altura
Parece um ponto no espaço
Um displicente até jura
Para atingir sua meta
Fecha as asas feito seta
Desce e fisga o que procura.

Parece um código de barra
A rolinha cascavel
Com os sons das suas asas
Voando pelo vergel
O seu canto com certeza
Alegra a natureza
E inspira o meu cordel.

O quero-quero engenhoso
Para não ser devorado
Poe o seu pé no pescoço
Troca quando está cansado
E quando ele adormece
O pé escorrega e desce
E o mesmo, fica acordado.

Acho bonito o conflito
Do teiú com uma cobra
Um tem veneno e o outro
Tem malandragem de sobra
Se a cobra lhe acertar
Morde um pinhão pra sarar
Só Deus compõe essa obra.

O teiú na estiagem
Faz de um buraco aposento
Pra não perder energias
Seu coração bate lento
Não bebe água e nem come
Quando não resiste a fome
Faz do seu rabo alimento.

Um João de barro aprendiz
Faz seu lar rapidamente
Quando o ano é escasso
Abre a porta pro nascente
Não trabalha em feriado
Mas se o inverno é pesado
Vira a porta pro poente.

Vejam os tamanduás
Seus dentes são uns fracassos
Mas o seu tórax é forte
Muito mais forte os seus braços
Parece espécie indefesa
Mas eu não conheço a presa
Que resista aos seus abraços.

A cobra tão odiada
É símbolo até de seita
Estando em seu habitat
Não ataca, só espreita.
Não anda de marcha ré
Nasce vive e morre em pé
Por que cobra não se deita.

Um canto extraordinário
Tem os pardais na dormida
Quando chegam aos milhares
Numa arvore escolhida
Não tem anel nem coleira
Mas reconhece a parceira
Isso é que é lição de vida.

Cavando um buraco estreito
Sem pressa e com perfeição
O mestre fura barreira
Faz a sua habitação
Depois que cria a ninhada
Ou acaba a invernada
Ninguém vê um no sertão.

No sertão quem for medroso
Corre ao ver a mãe da lua
Inerte em uma estaca
De um curral perto da rua
Ali ela choca o ovo
Mas também assusta o povo
Com a musica que é só sua.

Um urubu a voar
Tem a suave beleza
Aproveitando as correntes
Plaina no ar com leveza
Quando o seu olfato atiça
Do alto sente a carniça
E vem fazer a limpeza.

Se faltar chuva ou neblina
O tiziu em um mourão
Pula anunciando que:
Vai acabar o verão
Tiziu não é estudado
Mas é astrônomo formado
Nas campinas do sertão.

O beija flor de jardim
Com seu bonito bailado
Voa pra frente e pra trás
Quando quer fica parado
Só mesmo a natureza
Pra compor tanta beleza
Com um reino ameaçado.