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Desde os meus dezesseis anos de idade,
Que eu voto e jamais anulo um voto.
Em mudar meu país eu sou devoto
E não vejo a mudança de verdade.
E o senhor vem com essa insanidade
De castrar meu direito ao se vender,
Tantas coisas decentes pra fazer
Pelo povo que é o mais prejudicado
Por favor, mais respeito, Deputado,
Com o voto que eu dei pra te eleger!
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Canto em trovas, sextilha e setilhas,
Em oitavas, decimas e martelo,
Decassílabo e galope eu canto o belo,
Meus sonetos são umas maravilhas.
Comparado a você já andei milhas
De improvisos, se é que me entendeu.
Se pensou que ganhava, já perdeu,
Aposente de vez seu instrumento.
Quando Terra parar seu movimento,
Você pode cantar melhor que eu!
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Veja os rios, o mar, os manguezais
E as florestas que habitam tanta vida.
Como é que alguém joga inseticida
E outras drogas que matam os animais.
Assoreiam extraindo os minerais...
Pensam em soma, mas vão subtrair.
Porque breve não vai mais existir,
Água limpa e ar pra respirar.
Se Deus fez e deixou pra gente usar,
Não entendo quem queira destruir!
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Eu nasci nas terras dos cangaceiros,
Desde cedo enfrentei fome e calor.
E quando decidi ser cantador
Enfrentei o desdém dos companheiros.
Festivais e os concursos pioneiros
Que eu fui, sempre foi um passo a frente.
Se hoje tem quem respeite o meu repente,
É porque teve quem zombasse um dia...
Se eu temesse cantar, não cantaria,
Cantoria ficou foi pra valente!
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Sou aluno aplicado nesta escola
Que não forma, mas faz os violeiros.
Todo ano eu estou entre os primeiros,
Nesse pódio dos mestres na viola.
Pelo visto o amigo não decola,
Gira, gira e nunca sai do lugar.
Sem empáfia, eu não penso em te humilhar,
Com o que tenho para te dizer:
Do pouquinho que eu pude aprender,
Neste verso eu voltei, pra te ensinar!
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