quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Se continuar assim... A terra vira um deserto. Autor: Damião Metamorfose.
*
01=I
Andando pelas caatingas,
Ex. florestas do sertão.
Eu fiquei indignado,
Com tanta destruição.
-Pseudo-s donos da terra,
Com machado e motosserra,
Fizeram a devastação.
*
02=II
As aves de arribação,
Se tinha, eu não pude ver.
Sem ter lugar pra dormir,
Nem sementes pra comer.
Ou com medo da espoleta,
Não voltam nem por veneta
Quem é besta pra morrer.
*
03=III
Sem sombras pra proteger,
O solo está aquecido.
Sem as camadas de folhas,
Cada vez mais ressequido.
E a cigarra estridente,
Que cantava antigamente,
Hoje só solta um gemido.
*
04=IV
O solo desprotegido,
Sem adubo e degradado.
Do baixio até a serra,
Tudo já foi desmatado.
A terra perdeu o cio,
Leito de riacho e rio,
É seco e assoreado.
*
05=V
O homem preocupado
Com o seu próprio quinhão.
Loteou todo o planeta,
Movido pela a ambição.
Pensando em viver seguro,
Condenou o seu futuro
E o da próxima geração.
*
06=VI
Do que vi em extinção...
Da nossa fauna e flora.
Só por aqui onde eu moro,
Pois não pude ir lá fora.
Lacrimejou minha vista,
Eu que sou só cordelista,
Mas, um ecologista, chora.
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07=VII
Se arribaçã foi embora,
Foi também a juriti.
Sem angico e sem resinas,
Não se alimenta o sagui.
A asa branca e a rolinha,
Gavião e andorinha,
Não se vê mais por aqui.
*
08=VIII
Pica pau e bem-te-vi,
Papa-sebo e curió,
Pássaro preto e anum,
Galinha d’água e socó,
Mergulhão e gurguru,
Jaçanã, perdiz, nambu...
Não se vê nem de um só.
*
09=XIX
Aroeira e mororó,
Virou mourão ou estaca.
Catingueira já foi mata,
Hoje só tem jovem e fraca.
Se o gado não come a soca,
Vem um imbecil e broca,
A mando de um babaca.
*
10=X
Surucucu, jararaca,
Cobra preta e de veado.
Por não ter o que comer,
Vão embora pro cerrado.
Se tinha alguma, ao me ver,
Já tratou de se esconder,
Com medo do resultado.
*
11=XI
Mocó já foi extirpado,
Gambá e paca também.
Veado só tem doméstico,
Selvagem há tempos não tem.
Tiziu já não pula em toco,
Cassaco por não ter oco
Invade a casa de alguém.
*
12=XII
O beija-flor e o vem-vem,
Pintassilgos e canários.
Só tem em enciclopédias
E fotos de calendários.
Ou vivem engaiolados,
Pra ser contrabandeados,
Por esses vis salafrários.
*
13=XIII
É triste ver os cenários,
Já não tem nem formigueiros.
O velame já não cresce,
Tem pouquíssimos marmeleiros.
Jucá cresce engurujado,
O único que eu vi copado,
Foi um velho juazeiro.
*
14=XIV
A oiticica e o pereiro,
O cedro e o jatobá,
Umburana e pinhão roxo,
Pinhão branco e o ingá,
Embiratanha e ipê,
Macambira e pacotê,
Não sobrou nem o trapiá.
*
15=XV
Rabo de couro e preá,
Reprodutores de porte.
Mataram mãe, pai e filhos,
Pra comer ou por esporte.
O que não morreu, correu,
Foi pra longe e se escondeu
E se voltar vai pro corte.
*
16=XVI
Abelhas tiveram sorte,
Porque puderam voar.
Quem ficou, virou escrava,
Talvez more em um pomar.
Em colmeias cativeiro,
Faz mel, mas só sentem o cheiro,
Isso se o dono deixar.
*
17=XVII
Sei que a tempo pra salvar,
Mas tá passando da hora.
Vamos ter que unir forças,
Não pra amanhã, é agora.
Que a terra está esquentando,
Nível do mar se elevando,
E um desses dois nos devora.
*
18=XVIII
Enquanto o planeta implora,
Só se ver mais negligência.
E o homem só se revela,
Predador por excelência.
Aumenta o seu patrimônio
E a camada de ozônio,
Minando a nossa existência.
*
19=XIX
Os avanços da ciência,
Tem o poder de prever...
Terremotos catastróficos,
Mas não sabe responder.
Se a terra um dia acabar,
O vivente que sobrar,
Onde é que vai se esconder?
*
20=XX
Sem ter água pra beber,
É impossível escapar.
A não ser que alguém consiga,
Dessalinizar o mar.
Se conseguir é em vão,
Porque a poluição,
Não o deixa respirar.
*
21=XXI
Se o homem continuar,
Fazendo essa matança...
O planeta não aguenta
E na rapidez que avança.
Se o urubu escapar
Por não ter onde morar,
Vai ter morte como herança.
*
22=XXII
Eduque a sua criança,
Ensine hábitos legais.
Não permita que ela seja,
Igual você ou seus pais.
Que usaram a avareza,
Destruindo a natureza,
Com seus venenos letais.
*
23=XXIII
Sejam mais racionais,
Que nossos antepassados.
Que deixaram nossos rios,
Com leitos assoreados.
E a nossa linda floresta,
Vamos salvar o que resta,
Com produtos adequados.
*
24=XXIV
Com os rios contaminados,
Temperatura aumentando.
O ar está poluído,
Nível do mar se elevando.
E o solo se degradado,
Você vai ficar sentado?
O que está esperando?
*
25=XXV
O tempo está se esgotando,
O final está bem perto.
Sem a camada de ozônio,
O inevitável é certo.
Não antecipe o seu fim,
Pois continuando assim...
A terra vira um deserto.
*
Fim
*
25/08/2010
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