quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
A minha mãe me ensinou* Autor: Damião Metamorfose.
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Extraído de um e-mail enviado por minha amiga Tessa Bastos.
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A minha mãe me ensinou,
Valorizar meu (sorriso.)
Dizendo: eu quebro os seus dentes,
Se acaso for preciso.
Graças aos seus modos toscos
Preservei até o siso.
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Ter (retidão) e juízo
Ela falou quase nada.
Só disse: “você se ajeita
Nem que seja na pancada”.
Achei melhor tomar jeito
Do que levar bordoada.
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Com medo da mão pesada
Aprendi (motivação)
‘Se continuar chorando
Eu vou te dar uma razão
Verdadeira pra chorar”
Sou besta pra dizer, não?
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Pra evitar (contradição)
Ela foi bem maternal.
Disse: “fecha a boca e come”
Senão você se dar mal.
(Lógica e hierarquia) foi:
“Eu mando! e ponto final”.
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E sobre o (reino animal)
Foi sem, porém nem por que.
Só disse: “coma as verduras
Que é pra você “crescê”
Senão as suas lombrigas,
É quem vão comer você”.
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Custou pra eu entender,
O que era (antecipação)
Mas ela foi carinhosa
E falou com mansidão.
“Espera até o seu pai
Chegar ouviu cabeção?”
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E sobre (religião)
Foi suave igual à brisa.
Só disse: “é melhor rezar
Pra não levar uma pisa.
Se sair essa mancha
Que tem na sua camisa”.
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Ela aprendeu com a “bisa”,
A desatar qualquer nó.
Pra ter (paciência) era:
“Calma! Que tu vai ver só
Quando chegarmos em casa
Nem Deus de ti vai ter dó”.
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E o beijo do (esquimó)
Esse beijo eu nunca quis.
Era “se tu duvidar
De novo seu infeliz.
Eu te esfrego na parede
Até sangrar o nariz”.
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Pra me ver mais feliz
A minha mamãe querida.
Sempre me ensinou a ter
(Determinação) na vida.
Dizendo: não dê um pio
E coma toda a comida!
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Quando estava aborrecida,
Não ria nem com piada.
Para eu ser (objetivo)
Estando calma ou zangada.
Só dizia: hoje eu te ajeito
E é de uma só pancada.
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Por não gostar de zoada,
Ensinou-me a (escutar)
Se o rádio estivesse em alto
Volume, a tagarelar.
Dizia: ou você desliga
Ou vou ai só quebrar!
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Mãe me ensinou a contar
E a nobre frase em questão.
“Eu vou contar até dez
E até lá se você não
Contar o que você fez...
Tu vai levar um surrão”
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Para fazer a lição
Mãe era mais delicada.
Dizia: se eu for ai
E não tiver terminada
Essa lição, eu te pego
E te encho de pancada!
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Mamãe não era malvada,
Era boa e protetora.
E a frase pra me ensinar
Ter coordenação motora.
“Arrume tudo, um por um
Ou te quebro de “vassôra”.
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A minha progenitora,
Ensinou-me a enfrentar
Os desafios da vida
E para não fraquejar
Dizia: olhe pra mim
Responda o que eu perguntar!
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E para raciocinar
Com lógica e sem caturra.
Dizia: desce da arvore
Pare esse empurra empurra.
Porque se tu cair vivo,
Eu te mato de uma surra!
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Minha mãe não era turra,
Eu é que era traquino.
Para me ensinar genética
Ela só disse: menino
Tu tá igual ao seu pai
Safado, ruim e malino!
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Se eu moldei meu destino
E sou um homem hoje em dia.
Dou graças a minha mãe
E a sua sabedoria.
Ela sabia de tudo,
Eu é que nada sabia.
*
Sem ela eu não existia
E se existisse era torto.
Devo tudo o que aprendi
A ela, que foi meu porto.
Mesmo depois que se foi
Ainda me dá conforto.
*
Por não querer me ver morto,
Teve um parto complicado.
Pois tinha mais de quarenta
Podia ter abortado.
Mas ela enfrentou a morte
Pra ter seu filho gerado.
*
Por isso eu digo: Obrigado
Por me ensinar a falar,
A sorrir, a ser retido,
Ter paciência e escutar.
E a fazer a lição,
Ter lógica e raciocinar...
*
Minha mãe foi exemplar,
A melhor mãe nem duvido.
Se não fossem os corretivos,
Talvez eu fosse um bandido.
Como ela não deu moleza,
Sou respeitado e querido.
*
Hoje eu canto agradecido,
As pancadas que ela deu.
Pois foi levando pancadas,
Que o seu filho aprendeu.
Que se não fosse você
Hoje eu não seria eu.
*
D-eus sabe o que ela sofreu,
A-té chegar o seu dia
M-as o seu filho agradece,
I-mprovisando em poesia.
A-ela eu devo tudo
O-que, sem ela eu seria?
*
Fim
Fim
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