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(Foto extraída do Google)
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Essa História é verdadeira,
Ouvi lá no meu salão.
Enquanto estava cortando
A juba de um cidadão.
Que morou lá em são Paulo
No bairro da Aclimação.
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Garçom era a profissão,
Do cidadão que eu citei.
Só não digo o nome dele
Porque juro que não sei.
Mas o que Ele me contou
Prometo que contarei.
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Eu quase que defequei
De tanto rir com o cara.
Quando contou o desfecho
Meu riso quase não para.
Com o que a televisão
Fez com aquele pau-de-arara.
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Trabalhando em Jabaquara
Em um fino restaurante.
Quando Record foi gravar
Uma cena importante
E me convidou pra ser
O garçom e o figurante.
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Aceitei e num instante,
Assinei o meu contrato.
Cachê: quinhentos reais,
O pagamento no ato.
Folgava o resto do dia,
Com quinhentão, de gaiato!
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Comprei roupas e sapato,
Caprichei no visual.
Ensaiei mais que os atores,
De um papel principal.
Pensei: dessa vez eu entro
Pro cenário nacional!
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Ou quem sabe mundial,
Talento eu tenho, isso é certo.
Vai que a minha estrela brilha
E a TV do seu Roberto
Descobre o dom que eu tenho...
Hoje eu vou ser descoberto.
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Acho bom ficar por perto
Dos atores da novela.
Fazendo alguns contatos
E aparecendo na tela.
Assim vejo de que lado
A minha face é mais bela.
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Um maquia, outro pincela...
É hora, vamos gravar!
Assim grita o diretor
Prontos, vamos começar?
Luzes, câmeras, ação...
Parou! Podem retornar!
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Eu tinindo e sem errar,
Só os outros que erraram.
O diretor gritou bravo,
“O que vocês ensaiaram!”
Vamos outra vez, gravando!
Até que enfim, acertaram!
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O meu cachê me pagaram
E entregaram-me um cartão.
Escrito a hora que eu ia
Sair na televisão.
Agradeceram e disseram:
Mandou bem na profissão.
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Avisei pro meu irmão,
Que avisou para mainha,
Que avisou para papai,
Que avisou para vizinha.
Que em menos de uma hora
Avisou toda a terrinha.
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Comprei cerveja em latinha,
Carne de gado e leitão...
Convidei o bairro inteiro
E aluguei um telão.
Pra ver o garçom famoso
Passar na televisão.
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Ganhei apertos de mão
De quem eu nem conhecia.
Estourei o meu cartão
De credito na padaria.
Pra abastecer o freezer
De coisas que eu não podia.
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Um dizia: hoje é seu dia,
Você vai ficar famoso.
Outro elogiava a carne,
“Oh churrasco saboroso!”
E eu ficando endividado,
Por dá uma de gostoso.
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O meu pai ligou nervoso,
Meu filho vai ou não vai?
Tem certeza que você
No capitulo de hoje sai?
Respondi, é hoje sim,
Gravei dez cenas meu pai.
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Minha mãe num ai, ai, ai,
Também diz que convidou
Toda a sua vizinhança
E um churrasco improvisou.
Pra ver o filho famoso
Que a televisão lançou.
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Meu irmão também ligou
A cobrar e a ligação.
Foi em horário de pico,
De são Paulo pro Sertão.
De orelhão pra celular
Pra lascar mais seu irmão!
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Um gritou lá no salão,
Corram que vai começar!
Comecei a suar frio,
A tremer e gaguejar.
Mas já estava gravado
E eu só tinha que esperar.
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Todos procuram um lugar,
Perto do grande telão.
Escolhi o melhor anglo,
Pra ver minha aparição.
Mal sabia eu que ia
Ser uma decepção!
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Mostraram só minha mão
Com uma água mineral.
Na hora eu não desmaiei,
Mas fiquei passando mal.
Pensando no que gastei,
Com comida e visual...
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Levei uma vaia geral
E o nome de bobão.
Só se ouvia o quebra-quebra
De lata e copo no chão.
E eu sentindo as facadas
Das parcelas do cartão!
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Toda aquela enganação
Também teve um lado bom.
Porque agora eu já sei
O meu verdadeiro dom.
Que é servir sem ser servido,
Trabalhando de garçom.
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D-eixe-me ser feliz com
A fama que eu não tenho.
M-eu trabalho me completa,
Isso pede o meu empenho.
A propaganda enganosa
O-cultou meu desempenho!
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Fim.