sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Como viver sem dinheiro... Autores: Damião Metamorfose & Eduardo Viana.

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D.M
Vou chamar pra cantoria
O Poeta Edu Viana.
Para falarmos de grana
Com e sem como seria?
Sei que é boa a parceria
E o assunto é prazenteiro.
Faça um estudo financeiro
E responda, por favor,
Como vivia o senhor
Se não houvesse dinheiro?
*
Edu.
Debaixo de pés de jambo
Era minha moradia
Trocando mercadoria
Pela prática do escambo.
Já velho de corpo bambo
Continuava solteiro,
Que mulher não quer parceiro
Sem gaita, grana ou metal
Era ruim sem cabedal
Se não houvesse dinheiro.
*
D, M
Agora eu lhe pergunto
Se acaso o nobre amigo
Aceita cantar comigo
Abordando esse assunto.
No inicio eu chego junto
Depois é o companheiro.
Mas se quer ser o primeiro
Complemente por favor.
Se sou eu ou o senhor
Que vai viver sem dinheiro?
*
Edu.
Disponha de mim colega
Perguntando o que quiser
De plebeu a chanceler
Cabaré, mercado e brega.
O senhor é quem delega
Do plano ao despenhadeiro
De chuvico a nevoeiro
Até da gota serena
Arroche, não tenha pena
Eu vou viver sem dinheiro.
*
D.M
Se você se apaixonar
Por uma bela meretriz.
E pra fazê-la feliz
Ou só para agradar,
Resolvesse viajar
Para um país estrangeiro.
Como é que o passageiro
Resolveria esse impasse.
E ia em primeira classe
Pelo mundo sem dinheiro?
*
Edu
Digo assim: Essa moleca
Faz parte do mensalão,
Leva grana no calção
E eu levo na cueca.
Quem me interrogar peca
Por que sou um mensageiro,
Queira me embarcar primeiro
Pra ninguém desconfiar.
Nos dão o melhor lugar
Assim vamos sem dinheiro.
*
D.M
Depois que casar com Ela
Na certa os filhos virão.
Estresse e aporrinhação
Dos filhos e também dela.
Pra se arrumar, ficar bela
Tem loja e cabeleireiro.
Na boutique ou muambeiro,
No crediário ou na feira...
Como ajudar a parceira
Sem ter no bolso o dinheiro?
*
Edu.
Ela chega na cidade
Dizendo que é artista
Vai se apresentar na pista
E tem ingresso a vontade.
Mesmo não sendo verdade
Todos lhe atendem primeiro,
Eu que dela sou parceiro
Digo: Essa aí tem fiança!
Amanhã mande a cobrança
E me ajeito sem dinheiro.
*
D.M
Com os dois desempregados,
Sem crédito e sem avalista.
O que é que faz o artista
Com tantos já enganados?
Comprar em supermercados,
Padaria e açougueiro,
No feirante e o verdureiro,
Conta de água, luz e gás.
Diga o que é que você faz
Pra se arrumar sem dinheiro?
*
Edu.
Andando desconfiado
Já com tanta falcatrua
Mando ela dançar nua
Na calçada do mercado.
Fico dançando de lado,
Ela tocando pandeiro.
Se ganha um troco certeiro
Ela dançado pelada
No ritmo da embolada
Me arrumo sem dinheiro.
*
D.M
Almoçar no restaurante,
Comer uma feijoada,
Uma cerveja gelada,
Um suco ou refrigerante...
Acha a idéia brilhante?
Mas deixe explicar primeiro.
Sem ser garçom ou copeiro,
Cozinheiro ou outro cargo.
Como sair desse embargo
Sem ter no bolso o dinheiro?
*
Edu.
Na casa entra ela e eu
Peço carne de guiné,
Cerveja, feijão, café;
Ela faz que endoideceu.
Eu grito: Ontem lhe mordeu
Um cão doido perdigueiro!
Digam logo aí ligeiro
Onde fica o Hospital?
Correremos do local,
Almoçamos sem dinheiro.
*
Para mim foi um primor,
Todas as suas respostas.
Publicar, deixar expostas,
Vai depender do Senhor.
Sendo assim será o leitor
Que julga ao ler por inteiro.
E agora por derradeiro
Pergunte que eu respondo.
Com estrofe e verso redondo
Como eu vivo sem dinheiro!