domingo, 3 de janeiro de 2010

A vida engolindo a vida, > Autor: Damião Metamorfose.


*
Um do um, dois mil e dez,
Depois de uma bebedeira.
Sentei-me pra descansar,
Na sombra de uma mangueira.
Quando ali vi uma cena,
Quase digna de pena,
Por ser vil e traiçoeira.
*
Do tronco da bananeira,
Eu vi sair um caçote.
Correndo em disparada,
Melhor dizendo: a pinote.
Com três atrás no encalço,
Ali era um pulo em falso
E uma bicada no cangote.
*
Galo, galinha e um frangote,
Corriam atrás do coitado.
E ele no desespero,
Pulava sempre alternado.
Para vê se despistava
ou quem sabe se livrava,
De ser pelos três, bicado.
*
Pulando pra todo lado,
Sem a quem pedir socorro.
Se ele falasse dizia...
“Oh! Vidinha de cachorro”.
Primeiro dia do ano
E se eu não entrar num cano,
É dessa vez que eu morro.
*
Pulando em Z feito um zorro,
Sobre a terra ressequida.
O fôlego se acabando
E ele sem ver uma saída.
-Primeiro dia do ano,
Ou eu entro em algum cano,
Ou eu perco a minha vida.
*
A galinha esbaforida,
Com aquele calor voraz,
Juntamente com o galo,
Foram ficando pra trás.
Mas o fogoso frangote,
Veloz igual um coiote,
Corria com todo gás.
*
Um pulo em falso e... Zás,
Frangote ganha a corrida.
Prende o caçote em seu bico,
Deixando-o sem saída.
E eu ali assistindo
O forte a um fraco engolindo
E a vida engolindo a vida.
*
Fim
03/01/2010.