segunda-feira, 17 de maio de 2010

A cura, psicanalista & pingunço. Autor: Damião Metamorfose.


*
Muitas vezes um problema,
De difícil solução.
Basta um pouco mais de calma
E uma boa sugestão.
Pra ele ser resolvido,
Sem estragos e alarido,
Conflitos ou confusão.
*
Veja o caso do Simão,
Homem tranquilo e pacato.
Bem casado e respeitado,
Era um cidadão de fato.
Mas passou por um dilema,
Sem solução de um problema,
Problemão pra ser exato.
*
Simão não era gaiato,
Em tudo era homem sério.
Tinha a sua família,
Como seu maior império.
Honrava a sua aliança
Com mulher de confiança,
Era isento de adultério.
*
Doença, enigma ou mistério,
Ou algo mal explicado.
Vinha deixando o Simão,
De certa forma, pirado.
Pois quando em seu quarto entrava,
O homem se transformava
E ficava atormentado.
*
Na cama, o leito sagrado,
Quando ele se deitava.
Pensava ter gente embaixo,
Porem quando ele olhava.
Pensava ter gente encima,
Quando ele ia pra cima,
Achava que embaixo estava.
*
Simão não desconfiava,
Da sua primeira dama.
Mas preocupado e com medo,
Da tão conhecida fama.
Pensou até em cortar
Em pedaços e queimar,
A inocente da cama.
*
Preocupada com o drama,
A mulher vendo o marido.
A cada dia mais triste,
Com semblante de aturdido.
Chamou-o e disse: se vista,
Vá ao psicanalista
E conte o acontecido.
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Vou com você meu querido,
Seja forte, estou por perto.
Não quero que esqueça nada,
Seja como um livro aberto.
E o que ele aconselhar,
Eu também quero anotar,
Pro tratamento ser certo.
*
O doutor, boquiaberto,
Ouviu atento o relato...
Quando o Simão terminou,
O doutor disse: eu lhe trato.
Com doze seções mensais,
Cada uma é mil reais,
Não dá pra ser mais barato.
*
Simão retrucou no ato,
Doutor assim é demais!
Eu não tenho esse dinheiro,
Baixe o preço um pouco mais.
Doze mil eu não aguento,
Tire cinquenta por cento,
Seus preços são desleais.
*
Sendo quinhentos reais,
Eu sei que vou me apertar.
Mas se não tem outro jeito
E é pro meu bem estar.
Eu dou um jeito e arrumo
E o doutor disse: eu assumo,
Fechado, vou te tratar.
*
Dali Simão foi pro bar,
Bebeu tudo que era santo.
Contou seu caso a um pingunço,
Com detalhe, e, sem espanto.
O pingunço o respondeu,
Eu curo o problema seu,
Por dez reais e garanto.
*
Simão com cara de espanto,
Dez reais! Eu pago agora.
Pagou os dez e a conta,
Foi pra casa sem demora.
Entrou no quarto e voltou
Gritando, o drama acabou!
O meu trauma foi embora.
*
E correu de porta a fora,
Respirando aliviado.
Depois procurou o médico,
Contou que estava curado.
E o doutor disse: Simão,
Conte como foi, senão,
Eu que fico amalucado.
*
Você bebeu um bocado,
Pode ser só a bebida.
Quando passar o efeito,
Pode ter uma recaída.
Aí Simão se sentou
E com detalhes contou
Sorrindo, feliz da vida.
*
Paguei dez e a pedida,
Assim proferiu Simão.
Depois peguei um serrote
Serrei rente com o chão.
As quatro pernas da cama,
Doutor! Acabou meu drama,
Suspenda a medicação.
*
D-ez reais foi salvação,
A-livio pra quem sofria.
M-uito mais ia pagar,
I-a, porém quem diria.
A- solução foi tão simples,
O- Simão que não sabia.
*
Fim
*
17/ 05/ 2010