sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Quarta parte do meu desafio com Manoel Cavalcante...


*
D.M
Abra o olho meu rapaz
Que o estilo mudou
Nos outros, você errou
Não mostrou como se faz
Se pensas que vai ter paz
Está muito enganado
Esse seu verso quadrado
Nem de longe me assusta
Tire essa saia justa
Que eu estou afinado.
*
M.C
Você diz "Que eu estou afinado"
Afinado de finura
Estude, tenha cultura
Você canta muito errado.
Eu já tenho te ensinado
Toda a métrica correta
Você parece um pateta
Que escreve errado e repete.
Escreva os versos com sete
Para tentar ser um poeta.
*
D.M
Fez a estrofe incompleta
Começando em martelo
Já vi que nesse duelo
Você vai virar atleta
Não atinge a sua meta
Mas se acha campeão
Se prestasse atenção
No que tenho ensinado
Dizia muito obrigado
Em vez de má criação.
*
 M.C
Muito obrigado patrão
Por ser um cantador ruim
Porque você sendo assim
Não precisa esforço não.
Com você não há lição
E nem comigo alisado
Eu posso ser mal criado
Mas no que crio jamais erro
Não venha mais que eu te ferro
E prove que eu cantei errado.
*
D.M
Você só versa travado
Erra até em sextilha
Em toda estrofe se humilha
E pensa ser exaltado
Não passa de um coitado
Um poeta made in trova
Entre a safra e a desova
A segunda é seu lugar
Deixe logo de cantar
Senão vai morrer na sova
*
M.C
Ivanildo Vila Nova
Com o Louro do pajeú
Nem mesmo Manoel Xudu
Mesmo descendo da cova,
Pode vencer minha trova;
O meu verso; a minha rima
Se Deus mudar o seu clima
Te fizer um repentista
Que você não perca a vista
Pra me ver montado em cima.
*
D.M
Só quem não tem auto-estima
Quer cantar com um defunto
Arrume um outro assunto
Por favor, não se deprima.
Você pode até ter ima
Mas talento eu lamento
Se não der pro seu sustento
Deixe os defuntos em paz
Aprenda como se faz
Senão eu te arrebento.
*
M.C
Você não sabe um por cento
Do que eu já sei na poesia
Estude, me alcançe um dia
Pois ganho a todo momento
Sobre o concílio de Trento
Sobre a queda da bastilha
E nem o que é tordesilha
Você não viu na sua escola
Vá para as ruas, peça esmola
Pois assim você se humilha.
*
D.M
Nem pra fechar a braguilha
De um poeta você serve
O seu verso não tem verve
Sua estrofe não brilha
Só canta botando pilha
Faz errado e repetido
Você pode ser sabido
Mas bom poeta eu lamento
Confesso que não agüento
Ouvir mais o seu moído.
*
M.C
No saber está perdido
Você só canta besteira
Me acompanhe na carreira
Se você for destemido.
Das coisas que eu tenho lido,
Minha mente sempre emana
Estude a "Pax romana"
Do império de Otávio Augusto
Já faço medo e dou susto
Na tríade parnasiana.
*
D.M
A quem pensa que engana
Poeta de enciclopédia
Se somar a sua média
Dar um verso por semana.
Tu és um besta fubana
Intelectual do cais
Erre menos, cante mais.
Leia o que já escreveu
Ou será que esqueceu
De tantos erros banais?
*
M.C
Lendo revistas, jornais
Escolho, canto o que quero
Desde o inêndio de Nero
À prisão de Barrabás
Lá nos períodos feudais
Quem mandou foi a Igreja.
E se você ainda almeja
Me ultrapassar cantando
É melhor ir estudando
Se não seu lombo lateja.
*
D.M
Estou vendo que a peleja
Começou a incomodar
Falta você me explicar
Como é que você deseja.
Releia tudo e veja
Quem foi que chamou pra briga
Leia mesmo, depois diga.
Quem atropelou a métrica
Qual de nós faltou com ética
Causando toda essa intriga
*
M.C
Eu nunca causarei intriga
Apenas canto o que sei
Me desculpe se pequei
Em ter chamado pra briga
Mas, por favor nunca diga
Que minha métrica é errada
Ensinei, não aprendeu nada
Deturpa mais minha imagem
Não tem mais camaradagem
Se apronte, vem mais lapada.
*
D.M
A rima foi copiada
Diga, briga e intriga.
Estou vendo que a fadiga
Deixou a mente travada
Seus erros formam a escada
Da derrota em seu duelo
Eu quero ver em martelo
Ou galope a beira mar
Quem é que vai te salvar
Se em décima está amarelo.
*
M.C
De poesia, fiz um castelo
Sem erro nem sacrifício
Se quiser rima difícil
Vou forçar meu cerebelo.
Amanita, um cogumelo
Que solta ácido amoníaco
Você está hipocondríaco
Porém ainda é sarcástico
O meu poder é dinástico
Você é louco maníaco.
*
D.M
Se eu digo é paradisíaco
Refiro-me a um paraíso
Mas na orgia eu preciso
Falar de quem é orgíaco
Clássico aramaico é siriaco
Elegíaco é um chorão
Se quiser informação
Erre menos não se gabe
Aprenda com quem já sabe
Ou mude de profissão
*
M.C
Eu continuo a lição
Presenciando o seu ópio
Lá nas trompas de falópio
Ocorre a fecundação.
No ovário, a ovululação
No escroto, a espermatogênese
Pesquise sobre Abiogênese
Sobre os resistores ôhmicos
Saiba os erros cromossômicos
Que causa a Amelogênese.
*
Sinto muito poeta, sua deixa não dar pra seguir
Abiogênese
*
D.M
É a origem, veja bem,
Não biológica da vida.
Ôhmica energia contida
E resistência também.
Amelogênese quem tem
Tem falta de vitamina
Raiz esmalte ou resina
Adoece e danifica
A sua deixa complica
Trava o verso e desafina
*
M.C
Não vou sair da rotina
Mas,Existia Biogênese
Origem pra mim é gênese
Punição é guilhotina
Se contiver albumina
Pode até me sustentar
Acho muito feio errar
Acertar é obrigação
Mas nem debaixo do chão
Eu iria me sonegar.
*
D.M
Já que é um exemplar
Acima da perfeição
Que é ovululação?
Poderia me explicar?
É fácil um erro apontar
Nesse caso aponte o seu
Pois foi você que escreveu
Na estrofe anterior
Explique-me, por favor,
Só depois corrija o meu.
*
M.C
Tudo bem, o erro foi meu
Mas não fujo à minha gênese
Seria gametogênese
Aí você não entendeu.
Uma falha que se deu
No meu sistema simpático
Para não ser pragmático
Como um faraó do Egito
Saia ao menos do atrito
Você está muito estático.
*
D.M
Réptil é animal aquático
Ou pessoa desprezível
Daquelas que baixam nível
Se tornando um antipático
O aluado é lunático
Que pode ou não ser de lua
Furadeira a mão é pua
E espora em galo de rinha
Muito volúvel é galinha
Mulher galinha é perua.
*
M.C
Meu repente não recua
Para mostrar que sou bom
Do pâncreas sai glucagon
Quem finge se insinua
- Se liga qualé a tua
Não cosse seu epitélio
Não venha com seu gás hélio
Que eu não tenho permease
Nunca se queixe da fase
Force bem seu mesotélio.
*
D.M
Peleja ou combate é prélio
Psélio é adorno persa
Entendimento é conversa
Goma resina é bdélio
Ser celestial é célio
Sessenta minutos, hora.
Natureza é fauna e flora
Falar difícil embromar
O seu jeito de cantar
Faz a platéia ir embora.
*
M.C
Você só vai na espora
Com chinela ou alpargata
No chicote, na chibata
Pra vê se você melhora
A minha mente ignora
Repentista do seu tope
Não conseguirei ibope
Com você entrando em cena
A sua cela é pequena
Pra aguentar meu galope.