sábado, 18 de fevereiro de 2012

Terceira parte do meu desafio com Manoel Cavalcante.


*

D.M
*
Tu apanhou no primeiro
No segundo nem te falo
Espero que no terceiro
Aguente o meu embalo
Ou se declare mocinha
Porque sou galo de rinha
E dessa vez a galinha
Vai reconhecer seu galo.
*
M.C
Na surra dou cada estalo
Que de você sinto pena
Você treme quando eu falo
Sua cantiga é pequena
Quero ver se você presta
Pra dançar na minha festa
Pode vir com a "mulesta"
Que eu sou a gota serena.
*
D.M
Tu podes dar a gangrena,
A febre do estopim.
Sou eu quem mando na cena,
Seu figurante mirim.
Para melhorar seu canto,
Invoque o diabo, ou um santo.
Que mesmo assim eu te janto,
Pedaço de cabra ruim.
*
M.C
Eu na maldade sou Caim
Na ruindade beira-mar
Cantar com cantador ruim
É num burro se montar
Espalhe sua inteligência
E se você tiver ciência
Venha com efervescência
Que eu quero lhe esbagaçar.
*
D.M
Você pode até tentar
Ser versátil como eu
Mais só sabe ameaçar
Com esse versinho seu
Sua estrofe é incompleta
Assuma que é um pateta
E saiba que ser poeta
É dom que Deus não te deu.
*
M.C
Sempre estive no apogeu
E você na decadência
Assuma que já perdeu
Não continue na demência
Não cante com atropelos
Corrija seus desmantelos
Viva de cortar cabelos
Ou a Deus peça clemência.
*
D.M
Deus vai me dar paciência
Mas confesso que é dose
Agüentar a sua ausência
Que parece uma abiose
Com esse assunto chato
Falando em estrelato
No fim vai pagar o pato
Na mão do Metamorfose.
*
M.C
Eu vou cuspir na sua dose
Para bater eu não espero
No "salão metamorfose"
Bagunço, faço o que eu quero
Eu aparo a sua auto-estima
Raspo o seu verso em cima
Passo a navalha na rima
Corto sua estrofe no zero.
*
D.M
Desculpe, mas não tolero.
Alguém me piratear
Vens com esse tom austero
Só para me imitar
Meu “ose” tu copiou
Também desmetrificou
E com isso demonstrou
Que é segundo lugar.
*
M.C
Você pode até tentar
Mas vai morrer na vontade
Não venha me difamar
Ao menos fale a verdade
Perder você nunca aceita
Minha mente se aproveita
Minha métrica é perfeita
Respeite sua majestade.
*
D.M
Desculpe celebridade
A minha provocação
Sua estrofe é uma beldade
Sempre atinge a perfeição
Seu verso é sempre bonito
Redondo igual um cambito
O ruim sou eu, admito.
Gostou da bajulação?
*
M.C
Não quero bajulação
Nem puxar saco também
Mas melhor do que Damião
Em qualquer asilo tem
Eu canto bem a vontade
Você tem dificuldade
Canto falando a verdade
Pois não faz mal a ninguém.
*
D.M
Suas estrofes são cem
Sem oração, sem sentido.
Vai e volta, volta e vem.
O seu verso é repetido
Poeta que se repete
Comigo não pinta o sete
Você pode ter topete
Mais dom poético eu duvido.
*
M.C
Sei falar sobre o partido
Chamado de jacobino
Do império carolíngeo
E do povo beduíno
Dos normados na Suécia
A mitologia da Grécia
E sua maior peripécia
É apanhar de um menino.
*
D.M
Esse sempre foi seu hino
Ameaça e não decola
Acha-se um poeta fino
Mais não passa de um gabola
Leva formação no eito
Mais um erro, não tem jeito.
Não faz um verso bem feito
E em vez de cantar, enrola.
*
*
M.C
Errei, mas na minha escola
Nunca tem enrolação
Passe para mim a bola
Que não darei decepção
Eu tropecei fui impreciso
Mas é cantar de improviso
Que bole assim com o juízo
Você não entende isso não.
*
D.M
A nossa improvisação
É toda feita em teclado
Na hora da correção
Todo erro é deletado
Se você errou poeta?
Tome isso como meta
Na próxima você deleta
Pra não ficar viciado.
*
M.C
Posso entender seu recado
Tento te compreender
Se é para apagar o errado
O que você vai fazer?
Reconhecer é preciso
Mas você foi impreciso
Se eu canto de improviso
Como é que vou perceber?
*
D.M
Você quem deve saber
Eu só faço o que me cabe
Cada estrofe tem que ter
Uma ordem você sabe
Se não sabe meu amigo
Porque não ouve o que digo?
Antes de zoar comigo
Seja humilde e não se gabe.
*
M.C
Nunca fui como um shake árabe
Mas não estive entre os pequenos
Na minha mente não cabe
Esses seus versos obcenos
Já que é só bajulação
Mande para revisão
Quem fizer a correção
Vai ver quem foi que errou menos.
*
D.M
Eu já fiz versos amenos
Fui até indelicado
Porem versos obscenos
Não devo ser acusado
Cada estrofe que tu faz
Parece andar pra traz
Já vi que não é capaz
De entender meu recado.
*
M.C
Eu tudo tenho estudado
Sobre a história que nos faz
Sei a luta de cada estado
Nos conflitos regenciais
Cabanagem e balaiada
Farroupilha e Sabinada
Você não sabe de nada
Por isso apanha demais.