sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Traição> Autor: Damião Metamorfose.


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*

Os primeiros moradores,
Que habitaram o paraíso.
Talvez por ingenuidade
Ou por falta de juízo.
Caíram em tentação,
Praticaram a traição,
Desrespeitando o aviso.
*
O espelho traiu Narciso,
Quando se viu refletido.
Que ele se achou tão belo,
E ficou tão convencido.
Ao ponto de imaginar,
Que o mais belo exemplar,
Jamais seria traído.
*
Ontem e hoje, assim tem sido,
Sempre existiu traição.
Os que se amam se atraem,
E se traem sem razão.
Ignoram o próprio amor,
Passam por cima da dor,
E traem sem compaixão.
*
Quem trai não tem a noção,
Do mal que está causando.
Pois quando comete o erro,
Só em si está pensando.
Por gostar ou se dar bem,
Trai um, dois, três, dez ou cem.
E pensa que sai ganhando.
*
A traição nasce quando...
Existe a omissão.
A mentira, a falsidade,
Inércia, ausência de ação,
Desvirtude e hipocrisia.
Esse composto vicia,
E nos leva a traição.
*
Excesso de ambição,
A inveja incontrolável.
Misturado com fraqueza
E uma relação instável.
São sintomas ou indicio,
Que nos conduz para o vicio,
De um traidor miserável.
*
O desejo insaciável,
Transforma o bom em nocivo.
Tão desumano e cruel,
Que trai por qualquer motivo.
Pra todos quer dar troco,
Com alma e coração oco,
Vivo mais é morto vivo.
*
Da traição não me privo,
Jamais estarei atreito.
Pois fui gerado da carne,
Portanto: não sou perfeito.
-Mas acho que a traição,
Mesmo as que têm perdão,
é um enorme defeito.
*
Tenho cravado em meu peito,
As vezes que eu fui traído.
Dias amargos sem luz,
Noites de sono perdido.
Amargura e sofrimentos,
Por doar meus sentimentos
E não ser correspondido.
*
Com o coração partido,
Assim se sentiu Jesus.
Ao ser traído com um beijo,
Depois condenado á cruz.
Mas antes de ser julgado
Judas morreu enforcado,
Sem o perdão e sem luz.
*
A traição não faz jus,
A nenhuma desavença.
É uma fraqueza de espírito,
Bem maior do que se pensa.
Amor se paga com amor,
Não com ódio ou furor,
A traição não compensa.
*
D-a traição a sentença,
A-s vezes acaba em morte.
M-orre o amor nasce o ódio,
I-sso pra mim não é sorte.
A traição se evita,
O-usando em não ser consorte.
*
Fim
30/10/2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Amor e paixão, a escolha> Autor: Damião Metamorfose.


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*
Já tive quase de tudo,
Que a vida pode me dar.
O que não tive ou não pude,
Ainda vou conquistar.
Se acaso eu não conseguir,
Vou continuar a rir,
Chorando eu não vou ganhar.
*
Tive o direito de amar...
Tive e tenho ainda.
Tenho um estro iluminado,
Que ao começar não finda.
Para inventar poesias,
Que aliviam meus dias,
Dando-me alegria infinda.
*
Tenho essa paisagem linda,
Que Deus me deu de presente.
Sou feliz e agradeço,
Por não ser mais um vivente.
Que posa de arrogante,
Pisando em seu semelhante,
por não ver um palmo a frente.
*
Vim ao mundo pra ser gente,
Não sou oco nem em vão.
Deus me deu inteligência,
Escolha e opinião.
Tenho um caminho a seguir,
Por ele eu sigo a sorrir,
Cumprindo a minha missão.
*
Tenho razão e emoção,
Posso ou não ser moderado.
Procuro viver o hoje,
Com o futuro ao meu lado.
Rogo mais não desconjuro
E alicerço o meu futuro,
Baseado no passado.
*
Quando estava apaixonado,
pensei que estava amando.
Quando me menosprezaram,
Pensei que estavam me amando.
Hoje estou aqui sozinho,
Mas sinto o seu carinho,
Até no vento soprando.
*
Não! Eu não estou sonhando,
Mesmo sendo um sonhador.
Estou te amando acordado,
Pois descobri o valor,
Entre emoção e razão,
O amor e a paixão,
E escolhi o amor.

Te amo...






terça-feira, 27 de outubro de 2009

A terra do faz de conta> Autor: Damião Metamorfose.


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*
Dizem que Deus fez o mundo,
Em sete dias somente.
Sendo só seis de trabalho,
Um pra descansar a mente.
Pelo sim ou pelo não,
O que não tem perfeição,
Tenho que ser coerente.
*
Eu acho insuficiente,
Pouco tempo para tanto.
Mesmo ele sendo o mestre,
Pai filho e espírito santo.
Da forma que foi contado,
Eu fico desconfiado,
Nem afirmo, nem garanto.
*
Duvidas pra lá por enquanto...
Vamos ao que interessa.
A verdade é que o mundo,
É bonito e bom à beça.
Deus o fez e foi bem feito,
Se ficou algum defeito,
Foi só por causa da pressa.
*
A gente às vezes se estressa,
Sem nenhuma precisão.
Fica botando defeitos,
Exigindo a perfeição.
Quando podia mudar
O mundo ou aceitar,
Evitando a exaustão.
*
Palavras ditas em vão,
Nunca resolveram nada.
Não vão mudar a historia,
Nem a nossa própria estrada.
Muitas vezes o defeito,
Ta em quem não ver direito,
Essa obra abençoada.
*
A historia a ser contada,
Tem tudo a ver com isso.
Porque é sobre um lugar,
Onde o povo é omisso.
Não faz nem aperfeiçoa,
Mas convivem numa boa,
Sem ser ou ter submisso.
*
Lá ninguém tem compromisso,
E se alguém tem não assume.
Mas só tem paz não tem guerra,
Nem desigualdade e fome.
Todos vivem muito bem,
Com os defeitos que têm,
Mesmo sem honrar o nome.
*
Nessa terra é de costume,
Patrão fingir em mandar.
O empregado também,
Finge que vai trabalhar.
Político quando é eleito,
Finge que vai ser direito,
Depois finge não lembrar.
*
A policia do lugar,
Finge que prende o bandido.
Ladrão finge ser honesto,
Pra não viver escondido.
E o cidadão local,
Finge que tudo é normal,
Mais diz que não é fingido.
*
Mulher finge que o marido,
É o único em sua vida.
O homem por sua vez,
Paga na mesma medida.
Fingindo que a mulher,
Faz tudo o que ele quer,
Por isso não é traída.
*
Alcoólatra diz que a bebida,
A ele só faz o bem.
Fumante diz que o cigarro,
Não causa câncer em ninguém.
E o morador de rua,
Não diz mais se insinua,
Que casa não lhe convém.
*
Ali nunca passou trem,
Mas tem uma estação.
Também fizeram uma ponte,
Mas não tem nem ribeirão.
A igreja é fechada,
Nunca foi inaugurada,
Por falta de um cristão.
*
O padre é um beberrão,
Mas finge que já parou.
Meia cinco de batina,
Nem casou nem batizou.
Fingiu ter currículo vasto,
O clero achou que era um casto,
Fingiu que o aposentou.
*
O açougueiro parou,
De abater animais.
Hoje é um defensor,
De alimentos vegetais.
Quando vê carne se enoja,
Só come e vende a de soja,
E diz que ganha bem mais.
*
Lá não existem hospitais,
Mas se um fica doente.
Procura uma benzedeira,
Que é muito experiente.
É vidente e é parteira,
Medica e enfermeira,
Mas não dar expediente.
*
“Faz de conta” antigamente,
Enfrentava preconceito...
Mais depois que descobriram,
Que o mundo não é perfeito.
Radicalizaram tudo
Elegeram um surdo-mudo
E cego para prefeito.
*
Esse depois de eleito,
Decretou em edital.
Que ia cortar a luz,
Por achar isso normal.
E fez um ano de festa,
Com festa ninguém protesta,
Depois liberou geral.
*
Mandou vir da capital,
Um contador de piada.
Para manter o seu povo,
Rindo e de mente ocupada.
Com seu povo satisfeito,
Ninguém perturba o prefeito,
Enquanto ele não faz nada.
*
Juntou-se com a empregada,
Separou da verdadeira.
Mandou a empregada embora,
Casou com a benzedeira.
-O cego era tão direito,
Mais depois que foi eleito,
Já caiu na bagaceira...
*
Dizem que em dia de feira...
O homem se desmantela.
Bebe e não volta pra casa,
Dorme na casa amarela.
E ao voltar pra casa dele,
Se a mulher não bate nele,
Ele é quem apanha dela.
*
Mas a cidade é tão bela!
Céu azul ou estrelado.
O lixo que cobre as ruas,
Deixa o chão atapetado.
-E aquele que reclamar,
A lei agora é andar,
Com o rosto encapuzado.
*
Há tempos foi liberado,
Mulher casar com mulher.
O Homem casar com homem
Ou com os três se quiser.
Por falta de perfeição,
Pra tudo tem eleição,
Mas ganha quem ele quer.
*
Quando o futuro vier,
Lá nem precisa futuro.
Porque os fazdecontenses,
Há tanto tempo no escuro.
Não vão nem querer mudar,
Vão optar por ficar,
Votando encima do muro.
*
Com medo que o ar puro,
Seja logo poluído.
Ou que as cidades grandes,
Exportem algum bandido.
Pra não mudar seu jeitinho,
Vão escolher o ceguinho,
Com seu jeitinho fingido.
*
E o direito adquirido,
De ter festa o ano inteiro.
Trabalhar quando quiser,
Viver com pouco dinheiro.
Duvido que alguém queira,
Deixar essa brincadeira,
Para viver em cativeiro?
*
Esse povo tão festeiro,
Não vão aceitar afronta.
Vão é construir um muro
E cercar de ponta a ponta.
Sua cidade e país,
Pra continuar feliz,
Vivendo do faz de conta.
*
Dei resposta e fiz pergunta,
Aumentei, denunciei.
Mostrei pontos positivos,
Inverti e inventei.
A cidade é verdadeira,
Ou fiz de conta e não sei.
*
Fim
*
27/10/2009.









sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Feijoada nordestina> Autor: Damião Metamorfose.



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*
Gosto demais do nordeste,
É a minha terra natal.
Nasci me criei e moro,
Bla, bla, bla, bla e coisa e tal.
Mas sou sino com badalo,
Se não gosto, não me calo,
Achem-me ou não normal.
*
Tento ser original,
Seja no teste ou reteste.
Jamais digo que é bom,
O que acho que não preste.
Não sou melhor nem pior,
Mas tem coisa que é melhor,
Quando é feita no sudeste.
*
Não sei se em todo o nordeste,
A feijoada é assim...
Mas aqui onde eu moro,
Eu posso afirmar que sim.
Talvez a pior comida,
Que já vi na minha vida,
Pense num bocado ruim!
*
A feijoada pra mim,
Tem pé orelha e costela.
Paio e carne de sol,
Couve e farofa amarela.
Linguiça, bacon e lombinho,
Enfim o porco todinho,
Tem que fazer parte dela.
*
Ainda vem por tabela,
A laranja descascada.
Molho de caldo e pimenta,
Caipirinha caprichada.
Ah! Também tem feijão preto,
Feita assim eu não prometo
Garanto, é uma feijoada.
*
Na hora que é preparada,
Pra cortar acido e gordura.
Vai a laranja e cachaça,
Já na primeira fervura.
Só o cheiro da fumaça,
Convida aquele que passa,
Pra vir a sua procura.
*
O cheiro é uma loucura,
Espalha-se no quarteirão.
E é porque dizem que ela,
É fruto da escravidão.
Se é só prova o oposto,
Que o negro tem bom gosto,
Em tudo e na refeição.
*
Mas aqui no meu sertão,
Quando o assunto é feijoada.
Tirando o feijão preto,
O resto é uma roubada.
E pra não guardar segredo,
Parece feijão azedo,
Ou comida estragada.
*
Das origens não têm nada,
Nem o modo do preparo.
Não sei se por não saberem,
Ou por ser um prato caro.
Tem a receita caseira,
Tudo coisa de terceira,
Até charque é um caso raro.
*
Por isso é que eu declaro,
Meu protesto e a receita.
Que pra mim é de mau gosto,
Indigestíva e mal feita.
Mas para quem não conhece,
Come que a garapa desce,
E ainda diz: tá perfeita.
*
Veja como ela é feita
E dê sua opinião.
Tem tripa, bucho e salsicha,
Toucinho em larga porção.
Sal pra aumentar a secura
E um palmo de gordura,
Bóia encima do feijão.
*
Pra mim é uma agressão,
Chamar isso feijoada.
Porque tirando o feijão,
E aquela água salgada.
O resto é reto do resto,
Com um cheiro indigesto
E o sabor de buchada.
*
Não tem cumbuca nem nada,
Serve em prato descartável.
Os talheres são de plástico,
Pequeno e desconfortável.
E a propaganda é fatal,
Pela apenas um real,
Num português lastimável.
*
E o mais desagradável,
Que chega a causar fadigas.
É que os restos que caem
No chão atraem formigas.
Também têm os cães e gatos,
Comendo os restos dos pratos,
Se têm os dois, tem as brigas.
*
Tirando essas intrigas,
Que acompanham a feijoada.
Têm os insetos que caem,
Da palhoça da latada.
E o peste do tamborete,
Que é duro igual um cacete,
E deixa a bunda quadrada.
*
Falta a cerveja gelada,
Para acalmar a secura.
Falta gelo e faltam copos
Ou os que têm só têm gordura.
As duas boas vantagens,
Não faltam camaradagens
E o povo não tem frescura.
*
Mesmo faltando à mistura,
Que engrossa o caldo da festa.
Tem sempre a musica ao vivo,
Que aqui chamam de seresta.
Depois que o nego enche a pança,
Pega a nega e cai na dança,
Que o suor pinga na testa.
*
Mas se você não atesta,
Tudo isso que eu citei.
Acha que meu senso é critico,
Mentiroso ou eu errei.
Peço desculpas, mas digo,
Antes de dar meu castigo,
Prove o que eu não aprovei.
*
D-as que eu participei,
A convite ou em festa.
M-esmo tentando gostar,
I-nda acho que não presta.
A não ser a musica ao vivo,
O-u como se diz: seresta.
*
Fim
23/10/2009












quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Quantas e quantos autor. Damião Metamorfose.

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*

Quantas vezes eu nasci,
Quantas tenho que morrer.
Quantas vezes vou nascer,
Quantas vezes eu morri.
Quantas vezes eu sorri,
Quantas vezes eu chorei.
Quantas cidades passei,
Quantas inda vou passar.
Quantas vezes vou voltar,
Quantas fui e não voltei?

Quantos seres eu amei,
Quantos inda vou amar.
Quantos vão me desprezar,
Quantos eu já desprezei.
Quantos passos eu já dei,
Quantos becos sem saídas.
Quantos dias têm a vida,
Quantos dias no vazio.
Quantas de calor ou frio,
Quantos adeus, sem partidas?
 *
Quantas noites mal dormidas,
Quantos dias tão iguais.
Quantas que nem lembro mais,
Quantos dias sem guarida.
Quantas foram às despedidas,
Quantos não ri nem chorei.
Quantas são tantas nem sei,
Quantos pagam esse preço.
Quantas terão recomeço,
Quantos passam o que passei?
 *
Quantos calçados gastei,
Quantas pedras me acertaram.
Quantos usei ou me usaram,
Quantas eu também não sei.
Quantos conselhos eu dei,
Quantas já nem sei os tantos.
Quantos nomes têm meus santos,
Quantas também têm a santa.
Quantos e quantos e quanta,
Quantas e quantas e quantos?




quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Os olhos> Autor: Damião Metamorfose




*
São as janelas da alma,
Os sentidos da visão.
É a eles que pedimos,
Um minuto de atenção.
Quando alguém nos vira as costas,
Os olhos nos dão respostas
De um sim, talvez ou um não.
*
Um olhar na multidão
E tudo pode mudar.
Por eles muitos se perdem
Ou podem se encontrar.
Quando os olhares se juntam,
Novos sentidos despontam,
Com novas formas de olhar.
*
Os olhos podem falar,
O que não pode se ouvir.
Mas que pode se entender,
Melhor dizendo: sentir.
Um olhar conquista e trai,
Convida expulsa ou atrai,
Ou chora em vez de sorrir.
*
Os olhos podem pedir,
Agradecer ou mandar.
Fazer campana sem trégua,
Se precisar vigiar.
Demonstrar algo inquieto,
Ou ficar calmo e quieto,
Na hora de descansar.
*
Podem sorrir ou chorar,
Ter alegria ou tristeza.
Ter raiva, rancor, cobiça,
Inveja, ódio e nobreza.
Ou como os de uma criança,
Que expressa a confiança,
A inocência e pureza.
*
Os olhos têm sutileza,
Em variedade mista.
Que desviam uma rota,
Orienta ou dar a pista.
Denunciam uma dor,
E brilham com o furor,
do amor á primeira vista.
*
Com olhos de um analista,
Eu tiro uma conclusão.
Separo o bem e o mal,
A razão e a emoção.
Aceitação e protesto
E com olhar indigesto,
Eu faço uma rejeição.
*
Os olhos de amor e paixão,
Deixam o mundo mais belo.
Tudo se torna possível,
Barraco vira castelo.
Mas sem paixão e amor,
O olhar fica sem cor,
Sombrio, opaco, amarelo.
*
Dois olhares em duelo,
São mistos de ira e fúria.
Falsidade e hipocrisia,
Desconfiança e penúria.
Cobranças sem fundamento,
Que aumentam o sofrimento,
Magoas tristeza e lamuria.
*
Olhos que pedem luxúria,
Que se encantam com olhares.
Hipnotizam e instigam,
Quando encontram os seus pares.
Olhos que ficam vermelhos,
Que se vêem nos espelhos
são vizinhos seculares.
*
Olhos dos pais exemplares,
Que amam os filhos seus.
Que dão amor e carinho,
Igual ou mais que os meus.
Aos olhos de quem tem fé,
Existem olhos até...
Que são incrédulos ateus.
*
Nada aos olhos de Deus,
Passará despercebido.
Nem mesmo os olhos dos cegos,
Que têm um sexto sentido.
Por ele serão julgados
E os que são perdoados,
Pelo mesmo é acolhido.
*
Aquele olhar sofrido,
Que vem dos olhos da fome.
Que faz do humano um bicho,
Que revira o lixo e come.
Que pede e ninguém atende,
Que mata rouba e até vende,
A alma e o próprio nome.
*
O olhar que se consome,
No meio da avenida.
Sem saber aonde ir,
Não encontrando a saída.
Longe dos olhos da sorte,
Perto dos olhos da morte,
Poe um fim na própria vida.
*
Aos olhos de um homicida,
Que mata para viver.
Ignora os olhos tristes,
que pedem pra não morrer.
Esses na minha visão,
Vivem na escuridão,
Têm... mais não consegue ver.
*
Mas os olhos do poder,
Aos mesmos dão alforria.
Se prende a justiça solta,
Em pouco mais que um dia.
E as vitimas pedem em coro,
Por dignidade e decoro,
Aos olhos da hipocrisia.
*
Aos olhos da poesia,
Ou aos olhos do poeta.
Usando os olhos da mente,
Abre os olhos e completa.
Que os olhos do leitor,
Julgue os olhos sem temor,
Pra ver se atingi a meta.
*
Fim
21/10/2009



















terça-feira, 20 de outubro de 2009

A mulher que eu amo> Autor: Damião metamorfose.


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*
A mulher que eu amo é sem limites,
Quando a vida é ciclone ela é a brisa.
Se o mundo é diviso e tem fronteiras,
Ela é sem fronteira e sem divisa.
Se eu preciso de um tempo mais preciso,
Até mesmo no tempo ela é precisa.
*
No amor ela manda e exorciza,
Vira a cama do avesso e acha o ponto.
Que me vira do avesso e dar acesso,
Do encaixe perfeito em contraponto.
Desse ponto eu não contei a metade...
Da metade, a metade eu não te conto.
*
Esse jogo do amor nos deixa tonto,
Boca a boca em um mesmo objetivo.
Olho a olho mirando o mesmo alvo,
Corações bombeando o sangue ativo.
E o desejo que é mutuo nos convida...
A fazer o que nos faz sentir vivo.
*
Nosso amor acontece sem motivo,
Sem motivo é motivo pra se amar.
Não existe o impede e ninguém pede,
Nem se mede a medida, só se dar.
Nós doamos e nos damos sem medida,
Sem ter hora e nem pressa pra acabar.
*
A denuncia perfeita vem do olhar,
O lugar não importa a gente sai.
A procura de um ponto e já no ponto,
Corpo e alma desnuda que se atrai.
Sintonia em perfeita sintonia,
Imanizada a mente não se esvai...
*
A mulher que eu amo nunca trai
E se trai é só com palavras vã.
Seu caráter é acima do normal,
O seu nível supera qualquer clã.
Não é santa porque peca comigo,
Um pecado gostoso ao qual sou fã.
*
Ela foi ontem, hoje e amanhã,
Também será a diva que me inspira.
É com ela que eu enfrento a fúria,
A penúria, a inveja e a mentira.
Se Deus deu esse amor, a Deus pertence,
O que é dado por Deus, só ele tira.
*
Num delírio o delírio em si delira,
Arco íris se fora em nosso espaço.
Tempestade se faz em nossas vias,
Nossos corpos transpiram no mormaço.
E o cansaço que não cansa descansa,
Lentamente adormece por cansaço.
*
Seu abraço me prende feito um laço,
Que desperta o amor, mas não aperta.
Sua boca me afoga e não sufoca,
Nem me impede emergir na hora certa.
A mulher que eu amo ora é ingênua...
Ou se faz, Por sagacidade esperta.
*
Nosso amor deixa o mundo à porta aberta,
Quando um mundo de amor se manifesta.
Reabrindo a cortina a luz do mundo,
Esse mundo, essa luz que nos infesta.
É um mundo em três mundos que é passado,
É presente... E o futuro? A hora é esta.
*
A mulher que eu amo fica em festa,
Põe-se a cama e deixa a mesa pronta.
Ignorando as leis da gravidade,
Ávida, leve e pronta se desmonta,
Isto é, zero vírgula de um por cento,
Cem por cento, eu ou ela a ninguém conta...

V... M... A... V... , eu te amo.









sexta-feira, 16 de outubro de 2009

De volta ao passado> Autor: Damião Metamorfose.

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*
Fui rever a velha casa,
Que morei quando criança.
Encontra-la em bom estado,
Era a minha esperança.
Encontrei-a demolida,
Mas consegui vê-la erguida,
Com os flashes da lembrança.
*
Vi os tempos de bonança,
Com a família reunida.
O minuto de oração,
Agradecendo a comida...
No jantar ceia e almoço.
E o meu pai ainda moço,
Me dando lições de vida.
*
Vi minha roupa cingida,
Que virou pano de chão.
As panelas fumegando,
Nas trempes de um fogão.
E um menino com fome,
Perguntei qual o seu nome?
E ele disse: é Damião.
*
Senti o meu coração,
Acelerar nessa hora.
Dei a volta andei uns passos,
Já pensando em ir embora.
Quando ouvi ele gritar,
Dizendo... Vamos brincar,
Venha! mamãe não demora.
*
Dizem que homem não chora,
Também pensei ser verdade.
Mas ao me ver tão pequeno,
Em plena flor da idade.
As torneiras do meu peito,
Acho que deram defeito,
E eu chorei de saudade.
*
Quando passou a vontade,
Ou todo o pranto verteu.
O menino trouxe um copo
De água de pote e me deu.
Sem mais nada pra chorar,
Fomos pro oitão brincar,
Com um brinquedo que foi meu.
*
E ele nem notou que eu,
Era ele no futuro.
Mas deu para perceber,
Que se sentia seguro.
Enquanto a gente brincava,
Vez ou outra eu invejava,
O meu eu quando era puro.
*
Corríamos pelo monturo,
Do jeito de antigamente.
Enquanto a gente corria,
O filme da minha mente.
Novas imagens mostravam,
E nelas se confrontavam,
O meu passado e presente.
*
Abri a porta da frente,
e pela mesma adentrei.
Liguei o radio de pilhas,
Armei a rede e deitei.
Meti o pé na parede
E no embalo da rede,
Adormeci e sonhei.
*
Sonhei que eu viajei,
E retornei ao meu lar.
Mas no melhor do meu sonho,
Eu ouvia alguém chamar.
Mesmo em sono tão profundo,
Ouvi dizer: vagabundo!
Isso é hora de acordar?
*
Acordei a bocejar,
Vi meu pai meio zangado.
Me dizendo: isso são horas
De você está deitado?
Peguei a minha sacola,
Sai correndo pra escola,
Pra não chegar atrasado.

Vi meus irmãos no roçado,
Minha mãe lá no terreiro.
Dando milho pras galinhas,
E um porco no chiqueiro.
E a fumaça do fogão,
Que enchia o meu pulmão,
Com aquele novo cheiro.
*
Vi o pé de juazeiro,
Alto copado e florido.
Cheio de abelhas nas flores,
De longe ouvi o zumbido.
E eu que o vi nascer,
Sai pra tentar crescer,
Mas ele é quem tá crescido.
*
Vi um angico caído,
Seu tronco e galhos no chão.
Antes cheio de resinas,
Que era a alimentação.
De um sagui que eu criava,
Hoje por terra ele estava,
Vitima da ingratidão.
*
Passei onde era o porão,
Do açude em que eu plantava...
A vazante de batatas,
Tomava banho e pescava.
Com o tempo e a erosão,
A chuva abriu a vazão,
Nem a parede restava.
*
O roçado onde eu plantava,
Feijão milho e algodão.
Não encontrei nem as marcas,
Da minha enxada no chão.
A mata estava crescida,
Desfolhada e ressequida,
Com a seca do sertão.
*
Na minha imaginação,
Eu fui até a escola.
Também passei pelo campo,
Aonde eu jogava bola.
Vi-me também em setenta,
Montado numa jumenta,
Com meus pais pedindo esmola.
*
Vi eu já um rapazola,
Com doze anos de idade.
Trabalhando alugado,
Passando necessidade.
Mesmo nessa fase ruim,
A vida dava pra mim,
Mais paz e felicidade.
*
Vi quando eu fui à cidade,
Lembrei a hora e o dia.
Naquele tempo os meus pais,
Serviam de companhia.
Porque se eu fosse só,
Os outros não tinham dó,
Xingava a gente ou batia.
*
É do sitio, alguém dizia,
Corre e pegue o beradeiro.
Uma vez dois me pegaram,
De um jeito traiçoeiro.
Eu que sempre fui molenga,
Apanhei feito uma quenga
E mim mijei por inteiro.
*
Vi meu velho companheiro,
O meu cachorro feroz.
Com quem brincava e caçava,
Sem ter tempo ruim pra nós.
-Mesmo tanto tempo ausente,
Recebeu-me tão contente
Reconheceu minha voz.
*
O tempo foi muito algoz,
Com as coisas que deixei.
Ou o culpado sou eu,
Só porque me ausentei?
Se for dele ou minha a culpa,
Pelos dois peço desculpa,
Eu fui porque precisei.
*
Das coisas que eu sonhei,
Planejei ou só fiz plano.
Não estava incluído,
Ficar fora mais de um ano.
Mas o tempo foi passando
E eu fui me adaptando,
Em viver igual cigano.
*
Desilusões, desengano,
Tudo isso eu enfrentei.
Hoje eu agradeço a Deus,
Pois tudo eu já superei.
Fui ausente eu reconheço,
Mais uma vez esclareço,
Só fui porque precisei.
*
Feliz ou triste eu voltei,
Tem sorte aquele que volta.
Sem traumas que atrapalham,
Geram rancor e revolta.
Com ou sem as cicatrizes,
Mas ao rever as raízes,
O mundo dar viravolta.
*
O peito dilata e solta,
Muita lagrima de saudade.
Recordando os velhos tempos,
De paz e felicidade.
-Mesmo sendo uma viagem,
Consegue ver a imagem,
Do que não é nem metade.
*
Para dizer a verdade,
Essa historia eu inventei.
No dia que fui rever,
A casa onde eu morei.
Só vi marcas no lugar,
Mas quando eu citei: chorar,
Isso é verdade, eu chorei.
*
Das historias que contei
A mais triste é essa aqui.
Mesmo triste ele é,
Importante e não menti.
Apenas eu aumentei
O que vivi ou senti.
*
Meu passado foi de fome,
Escapei até da morte.
Todavia eu tenho sorte,
Até usei codinome.
Mas sempre honrei meu nome,
O meu eu é quase assim.
Ruim ou bom, bom ou ruim,
Foi o que pude fazer.
O leitor pode dizer,
Se valeu a pena ler
Esse pouquinho de mim.
*
Fim
*
16/10/2009