sábado, 25 de dezembro de 2010

A poesia não morre* Autor: Damião Metamorfose.


*
Morre o jovem e o ancião,
A folha, o fruto a semente.
Tudo o que for vivo morre,
Seja sadio ou doente.
Só não morre a poesia,
Que mora dentro da gente!
*
Morre o ateu e o crente,
O protestante, o cristão.
Jesus, José e Maria,
Isabel, Joaquim e João.
Só não morre a poesia,
Na fonte na inspiração!
*
O batizado e o pagão,
Morre eu, morre você.
Morre o que é visível,
Até o que não se vê.
Só não morre a poesia,
Aquela que não se lê!
*
Morre a medida do tê,
O que tem dez, mil ou cem.
O que come caviar,
Filé mingon ou xerem.
Só não morre a poesia,
Que os anjos dizem amém!
*
Morre o mal e o bem,
A ovelha e o pastor.
Morre o ódio em meu peito
E em seu lugar nasce amor.
Só não morre a poesia,
Do poeta inovador.
*
O rico e o lavrador,
Vão pro buraco ou valeta.
o que não tem um destino,
O que tem destino e meta.
Só não morre a poesia,
Depois que morre o poeta!
*
A morte é quem nos completa,
Morre a noite e nasce um dia.
Que em seguida também morre
Pra terra ficar mais fria.
Nasceu, cresceu e morreu,
Só não morre a poesia!
*
Seca a água que sacia,
Depois que a fonte morre.
a morte é implacável,
Quando vem ninguém socorre.
Só não morra a poesia,
Sem ela a vida é um porre!
*
Morre o que anda e o que corre,
o sim, o talvez e o não.
Morre alegria e tristeza,
Solitude ou solidão.
Só não morre a poesia
Dentro do meu coração!
*
Fim.

Onde mora a poesia?* Autor: Damião Metamorfose.


*
Mora em qualquer pessoa,
Que liberta a inspiração.
No som do vento suave,
No mais forte e no tufão.
Nos casebres, nas mansões,
Nas selas de uma prisão.
*
A poesia está no pão,
Que às vezes falta à mesa.
Na serpente venenosa
Que imobiliza a presa.
Onde mora a poesia?
Em tudo o que tem beleza!
*
Mora em uma fortaleza
No empresário e no roceiro.
Em quem dorme nas calçadas,
Sem lençol e travesseiro.
E no cantador de coco
Quando bate em seu pandeiro.
*
Ela mora no terreiro,
De macumba e candomblé.
No romeiro em romaria
Sessenta dias a pé,
Pra pagar uma promessa
E confirmar sua fé.
*
Na classe alta ou ralé,
ela é sempre explorada.
Mas depois que vira livro,
Folheto ou xilografada.
Pode ser tocada e vista
E ter mais de uma morada!
*
Mora no tudo e no nada,
No criador e na cria,
No visível e invisível,
Na mãe que acaricia.
No canto e em qualquer canto,
Encontra-se poesia!
*
Mora no pulo da jia,
Com medo de uma jibóia.
No gesso do esfarrapado,
Com o braço na tipóia.
Em quem se acha normal
Vivendo na paranóia.
*
A poesia é uma jóia,
Nas mãos de um artesão.
Precisa ser lapidada,
Com cautela e atenção.
Pra ficar apresentável,
A um, mil ou um milhão.
*
Ela mora no refrão,
Da musica que não tocou.
E da que nem foi composta,
Porque o refrão faltou.
No cordel que faz sucesso
E o leitor não comprou!
*
Ela mora aonde eu vou
Nos recantos do Nordeste.
Do Norte, Sudeste e Sul
E por que não, Centro Oeste?
Ela mora no meu peito,
Oxente, cabra da peste!
*
Ela mora em quem investe,
Do cego de consciência.
Que não escolheu ser cego,
Cegou só por negligencia.
Daqueles que lhe negaram
O direito a inteligência!
*
Ela está na sapiência,
Do matuto analfabeto.
Que se rabiscar um “o”
Ainda fica incorreto.
A poesia é divina
E reside até sem teto.
*
No pai, no filho e no neto,
No sol quente ao meio dia.
Na brisa que me refresca,
No copo de água fria.
No pinguço que mistura
Cachaça com poesia!
*
Mora em que se delicia,
No sono, no sonho e ronco.
Nas flores que estão nos galhos,
Nos frutos, no caule e tronco.
Nos mais intelectuais,
Na grande massa e no bronco!
*
Ela mora até no onco
De massa que supurou.
Nos lugares mais longínquos
Que só o vento passou.
Onde eu vou em pensamentos,
Pois de outra forma eu não vou.
*
A poesia morou
Na mente do Patativa.
Seu tempo acabou na terra
E ela continua viva.
Na mente de outros seres,
Que tem mente criativa!
*
Fim.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

No silêncio da noite* Autor: Damião Metamorfose.


*
No silêncio da noite é que os casais
Fazem juras de amor e se insinuam.
Entrelaçam os seus corpos e flutuam...
Se entregando aos prazeres mais carnais.
*
Em sussurro as palavras mais banais
Serão ditas, sem medo das censuras.
Quando êxtase os leva as alturas
Tira até alguns sentidos vitais.
*
No silêncio da noite é que o amor
Faz a cria sentir-se o criador
Ao ousar o seu toque mais afoite
*
E depois desse toque é permitido,
O que é e o que não é proibido,
Serão feitos no silêncio da noite.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Zero pra qualquer leilão* Autor: Damião Metamorfose.


*
Pelo jeito Rafael
Fernandes não vai ter jeito.
Quando concerta uma coisa,
Em mais de mil dá defeito.
Seu povo não é mesquinho,
Mas pensa pequenininho,
Quando o assunto é respeito.
*
Tem coisas que eu não aceito,
Nem em outra encarnação.
Por exemplo, essa aqui
Que é o assunto em questão.
O leilão da hipocrisia,
Onde só a burguesia
Participa, o pobre não!
*
Você já foi a um leilão?
Lá só brinca quem der mais.
Os humildes dão os brindes,
Que é legume ou animais.
No arremate é um acinte,
Galinhas que valem vinte,
Custam duzentos reais.
*
Nesses dias atuais,
Que só falam em exclusão.
Será que estão refletindo
Antes dessa decisão?
Se falam tanto de Deus,
Por que excluem os plebeus,
Desse maldito leilão?
*
Esse ano a procissão
Aqui da minha cidade.
Não dobrou duas esquinas
Começou a tempestade.
Pergunto ao leitor amigo,
Será que foi um castigo
Ou só casualidade?
*
Nem um terço da metade,
Do povo que a seguia.
Conseguiu acompanhar,
A casta Santa Luzia.
Com chuva, vento e trovão...
Quem puxava a procissão
Não andava mais, corria!
*
Eu que de casa assistia
Feliz, por está chovendo...
Quando vi a multidão
Uns andando, outros correndo.
Achei hilário é pensei,
Esse presente eu ganhei,
Mais um cordel tá nascendo.
*
Se hoje estou escrevendo...
Contando esse acontecido.
É porque vi Padre Pedro
Lapo, um homem destemido.
Quase sendo apedrejado
Ou melhor, bombardeado,
Ao defender o excluído.
*
Foi vaiado e aplaudido,
Mas resistiu bravamente.
Leilão virou barracão,
Onde o povo mais carente.
Comprava a sua galinha
Degustava com farinha,
Bebendo gelada ou quente.
*
Eu fiquei muito contente,
Com essa nobre atitude.
E frequentei muitas vezes,
Gastei também o que pude
Faz dois anos que não vou,
Porque o leilão voltou,
Sou pobre, mas não sou rude.
*
Peço a Deus que ajude
E Ilumine essa mente.
Que pra pedir, usa o pobre,
O humilde e o carente.
Mas na hora do leilão,
Só tem político e babão,
Gastando o que é dessa gente.
*
Tem quem grita alegremente,
Dou-lhe três! Esse vai ser.
Para o fulano de tal,
Cicrano não vai comer.
Nem as penas da galinha...
Enquanto isso a panelinha,
Baba os bagos do poder!
*
Rafael não vai crescer,
Disso eu já tenho certeza.
Porque tem mentes pequenas,
A favor da avareza.
Todos de barrigas cheias,
Comendo as coisas alheias...
Existe maior pobreza?
*
Por favor, por gentileza!
Não façam mais isso não.
Saibam que Deus só escuta,
Quem tem alma e coração.
Quem só pensa no dinheiro,
Do inferno é um herdeiro,
Vai arder na ambição.
*
Dou zero para o leilão,
Pois pra mim é hipocrisia.
Excluir de uma festa
O que tem pouca quantia.
-E esse fiel verdadeiro
Se prepara o ano inteiro
Só pra ver Santa Luzia.
*
Tenho certeza que um dia,
Todos irão acordar.
E vão descobrir que Deus,
Vai onde o seu filho estar.
Louvado Deus, assim seja,
Que está em toda igreja
Em todo canto e lugar!
*
Quem quiser me condenar,
O meu nome é: Damião
Metamorfose e declaro
Do fundo do coração.
Não suporto hipocrisia...
E viva a Santa Luzia!
Zero pra qualquer leilão.
*
Fim.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O sonho motorizado* Autor: Damião Metamorfose.


*
Extraído do Jornal Folha Universal, de uma frase preconceituosa do jornalista, Luiz Carlos Prestes da TV RBS de Santa Catarina afiliada da rede Globo.
*
A frase: “Qualquer pobre ou miserável hoje em dia tem um carro”
*
Depois do plano real,
Itamar, FHC
Inflação sobre controle,
Com o Lula - lá, dá pra vê.
Que as camadas sociais,
Estão menos desiguais
E eu explico o porquê.
*
Antes, comprar uma TV,
Era bem mais complicado.
O preço era muito alto,
O salário era minguado.
Hoje com a estabilidade,
Todos têm facilidade,
De um sonho modernizado.
*
E o sonho motorizado?
Virou polemica de porte.
Quando o Luiz Carlos Prestes,
Destila um veneno forte.
E em tom desagradável,
“Qualquer pobre ou miserável
Pode comprar um transporte”.
*
Não é que eu não me importe
Com o que o Prestes falou.
Eu sou contra o preconceito
E pobre também estou.
Mas tenho que concordar,
Que com carro popular,
O trânsito congestionou.
*
Defendê-lo eu não vou,
Também não vou acusar.
Mas com empréstimo e crédito fácil
E o carro mais popular.
Qualquer um pode ter carro...
Eu só pra tirar um sarro,
Uns dois ou três, vou comprar.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Geração moderna ou os cacos da vida. * Autor: Damião Metamorfose.


*
Não sei o que acontece
Com a geração moderna.
Tem a mente evoluída,
Mas parece que hiberna.
Do baixo ao alto padrão,
Tem menos educação,
Que nos tempos da caverna.
*
Não sei se a culpa é materna,
Paterna ou hereditária.
Se é ócio ou teimosia
Da ansiedade arbitraria.
Só sei que nem a ciência
Explica essa violência,
Cruel vil e mercenária.
*
Educação secundária?
Não é, pois a classe rica
Tem acesso aos bons colégios
E é quem mais se complica.
Onde é que vamos parar?
Isso eu não sei explicar
E nem a ciência explica.
*
Falta de amor? Boa dica,
Respeito e honestidade.
Ter uma religião,
Praticar a caridade?
Uma ou todas, podem ser
E porque não conviver,
Como irmãos, sem falsidade?
*
É tanta leviandade,
Trair não é mais segredo.
Violência não assusta,
A morte não causa medo.
Ninguém está preocupado
Com o da frente ou do lado,
Mas sabe apontar o dedo.
*
Tudo tem que ser mais cedo,
A pressa apressa a corrida.
Amar, nascer ou morrer
Ou se tornar suicida...
Todas as idades, conceitos,
Estão sempre insatisfeitos,
Colando os cacos da vida.
*
Fim

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Amizade, um presente de Deus* Autor: Damião Metamorfose.

*
Cada amigo é um irmão,
Que o destino escolheu.
Eu sozinho, sou sozinho,
Com amigos, sou mais eu.
Quem não tem nenhum amigo
Veio ao mundo por castigo
E não sabe o que perdeu.
*
Meus amigos, Deus me deu,
sem eles, não sou fecundo.
Sou passarinho sem asas,
Preso num viveiro imundo.
A amizade pra mim,
É um começo sem fim
Sem ela é o fim do mundo!
*
Amigo é poço profundo,
ombro que me dá conforto.
É o navio é o mar,
é o leme, o cais, o porto.
Já sem amigo eu garanto,
Deve ser um mar de pranto,
Mesmo vivo, é quase um morto.
*
Amigo não é aborto,
Ele é muito mais que isso.
É pessoa que se conta
Um segredo, um compromisso.
O amigo sabe e sente
Até mesmo a dor da gente,
Só não sabe é ser omisso!
*
Eu não sou mais um noviço
Na arte da amizade.
Nessa eu já sou graduado,
Com o selo fidelidade.
Meus amigos são incríveis,
Porém os que são sensíveis,
Tenho cuidado, é verdade!
*
Deus me livre da maldade
Que espalha um mau vizinho.
Sabendo escolher amigos
No percurso do caminho.
E respeitando o ditado
Que o mal acompanhado,
É melhor andar sozinho.
*
Eu fui menino quietinho
Tímido e ruim de bola.
Fabriquei os meus brinquedos
Quando era pobre de esmola.
Mas sempre fiz amizades,
Nos sítios e nas cidades
E fui primeiro na escola.
*
Amizade é a bitola
Do Grande Pai do universo.
Ele também tem amigos
E inimigo perverso.
dEle eu jamais abdico
e é a Ele que eu dedico,
Cada estrofe e cada verso!
*
O quanto mais eu converso
mais invisto em amizade.
Vou investir, porque sei,
Que o mal da humanidade,
É a falta de carinho.
A amizade é o caminho,
Para o bem e a verdade!
*
A amizade é lealdade
Que não se compra na feira
Vem do sentimento nobre,
Da safra da vida inteira.
Não há nada nesse mundo
Mais bonito e mais profundo
Que amizade verdadeira.
*
Já levei muita rasteira
Culpa de falsos amigos.
Por isso é que aprendi
Separar joios dos trigos.
É pena que mesmo assim
Tem quem não goste de mim
Mas não são meus inimigos.
*
Amigos não são castigos,
Amigo nunca é demais.
Quero em todos os escalões,
Do simples aos federais.
E quem achar que estou louco,
Não viu nada, isso é um pouco,
Pois eu quero é muito mais!
*
Aos que são especiais...
Louvado Deus, assim seja.
Amizade é o escudo
Em tudo o que se deseja.
Amigo não é um santo,
Mas guardo-o sempre num canto,
Mais sagrado que uma igreja!
*
O amigo benfazeja,
E se o amigo for pobre.
Ele se gaba ao dizer:
Eu tenho um amigo nobre
Amizade é um tesouro
Mais valioso que o ouro,
Diamante ou qualquer cobre.
*
Um amigo não encobre
Alegria ou dor que sente.
Em qualquer hora e lugar
Ele nunca está ausente.
Quem tem um amigo tem,
Quem tem mais de um também,
Na vida o maior presente!
*
A-mizade é transparente,
M-ais transparente que o ar.
I-ndispensável na vida,
Z-elosa em qualquer lugar.
A-bençoado é o amigo,
D-eus sempre esteja contigo,
E-sse é meu ver e pensar!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Relembrando o meu pai, verídico...Autor: Damião metamorfose.




*
Um dia meu pai estava,
Trabalhando no roçado
Do seu patrão, porque ele
Trabalhou muito alugado.
Quando chegou um menino
E parou, bem do seu lado,
*
Vinha em um jegue montado
E era filho do patrão.
Ficou em pé na cangalha
E arriou o calção.
Mijou nas costas do velho,
Que escorreu até o chão.
*
Meu pai de enxada na mão,
Deu-lhe uma enxadada.
Acertou ele em cheio
Interrompendo a risada.
Quando o patrão viu a cena,
Chegou fazendo zoada.
*
Menez que papagaiada,
Tu acabou de fazer.
Sabe de quem ele é filho?
Meu pai riu ao responder.
Pergunte a sua senhora
Que ela deve saber!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Brincar com a morte* Autor: Damião Metamorfose.


*
Tem uns que morrem de medo,
Benzem-se, rezam e faz figa.
Diz que só falar o nome
Já dá tontura e fadiga.
Mas pra mim ela é consorte,
Estou falando da morte,
Só brincando, não é briga.
*
Ela é minha grande amiga
Dorme comigo na cama.
Há tempos nós somos íntimos,
já disse até que me ama.
A morte é a companheira,
Mais fiel e verdadeira,
Quem morre nunca reclama.
*
Quando eu estava na mama
À morte esteve ao meu lado.
Com um susto que eu tive
Passei horas desmaiado.
Se ela não me quis tão cedo,
Agora eu perdi o medo
E a ela eu digo: obrigado!
*
Muito nome é inventado,
Só para causar pantim.
Popular mulher da foice,
Esposa do coisa ruim...
Mas na hora que eu tombar,
Em vez de o povo chorar,
Por favor, cantem por mim.
*
Sempre vi a morte assim,
Como uma amiga querida.
Ou a porta que se abre,
Para a vida mais remida.
Assim foi, é, e vai ser,
Nascer, crescer e morrer,
A morte é parte da vida.
*
Tem gente que deixa a lida
Por viver pensando nela.
Sem conhecer diz: que é feia,
Pois pra mim, a morte é bela.
E se ela me assediar,
Com ela eu vou me abarcar
E ter um filho com ela.
*
Pra mim é meiga e singela,
Formosa e muito atraente...
Acho o seu nome bonito,
Sei que ela é competente.
Mas Jesus morreu por mim,
Ele é quem sabe o meu fim,
Só a ele eu sou temente.
*
Ela vive em minha mente,
Me acompanha em cada passo.
Conhece os meus pensamentos,
Sabe de tudo o que faço.
Quando ela se apresentar,
Se não der pra conversar,
Estou pronto pro abraço.
*
Não vai ter queda de braço,
Porque sei que ela é mais forte.
Mas se ela deixa eu brincar,
É minha amiga e consorte.
Então vou aproveitar
E enquanto eu respirar,
Eu vou brincar com a morte.
*
Fim

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Fidelidade* Autor: Damião Metamorfose.


Fidelidade* Autor: Damião Metamorfose.
*
Por detestar traições,
Eu procuro ser fiel.
Sou fiel porque não gosto
De ser julgado a revel.
Sou amante da verdade
E tenho fidelidade
Até com o meu cordel.
*
Também já fui infiel,
Nos tempos da mocidade.
Convivi com a mentira,
Mas descobri que a verdade
É o caminho mais perto
Por isso hoje sou liberto
Da mentira e falsidade.
*
A minha fidelidade
Está em tudo o que faço.
Por ser fiel muitas vezes
Caio em armadilha ou laço.
Nem por isso eu vou mudar
E falso não vou ficar,
Por causa de um falso abraço.
*
A quem estendo o meu braço,
Eu uso a neutralidade.
Pra não me contaminar
Se caso houver falsidade.
E sempre que for preciso,
Mesmo eu tendo prejuízo,
Exerço a fidelidade.
*
Não sou de meia verdade,
Sou verdade por inteiro.
Como, filho, esposo e pai...
Sou fiel e verdadeiro.
Ser fiel pra mim é tudo,
Por isso é que não me iludo,
Com quem quer ser traiçoeiro.
*
Sou um fiel escudeiro,
Em qualquer situação.
Se alguém me trai, eu não traio,
Me afasto e dou meu perdão.
Perdoar não quer dizer
Que eu tenha que conviver
Com quem me fez traição.
*
Nesse mundo de ilusão,
Onde o mal é sedutor.
Ser fiel é antiquado,
Pra muitos nem tem valor.
Mesmo assim sou persistente,
Sou fiel e a semente
Que eu planto, é o amor.
*
Em qualquer lugar que eu for,
Acompanhado ou sozinho.
Não uso de falsidade,
Mas se encontro em meu caminho.
Alguém falso e traiçoeiro,
Sou sincero e verdadeiro,
Não consigo ser mesquinho.
*
Fidelidade é um vinho,
Que envelhece e não estraga.
Quem bebe a fidelidade,
É sóbrio e não se embriaga.
Ser infiel não compensa,
Fiel tem por recompensa,
Satisfação como paga.
*
Quer ser fiel? Tenho vaga,
É só você ter vontade.
Examine a consciência,
Abandone a falsidade.
Desista da traição
E ganhe a satisfação
De quem tem fidelidade.
*
Fim

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Os degraus da velhice ou desabafo de um idoso* Autor: Damião Metamorfose.


*
Na janela do passado,
Vejo a minha meninice.
Hoje no clube dos “enta”
Cabelo branco e calvíce.
Vejo o meu filme passando
E vou me adaptando
Com os degraus da velhice.
*
Perdi aquela meiguice,
Que eu tinha na mocidade.
Ganhei mais experiência
Com o passar da idade.
Mas pra que sabedoria
Se eu deito com a nostalgia
E acordo com a saudade?
*
Essa saudade me invade,
Por isso a ponho em meu canto.
Para mostrar para o mundo
Que não é falso o meu pranto.
A saudade que me inspira,
Vou dedilhando na lira,
Quando me deito ou levanto.
*
Pra muitos causa espanto,
Quando me vêem a cantar.
Porem o meu canto evita,
Ficar triste e até chorar.
Cantando o tempo quimera,
Parece até que acelera
E eu nem o vejo passar.
*
Sinto a idade pesar
Na coluna cervical.
Meus passos ficando lentos,
Ao andar me sinto mal.
A velhice é tão cruel,
Que transforma o mel em fel
E proíbe açúcar e sal.
*
Eu que já fui temporal,
Forte igual uma muralha.
Hoje vivo matutando
E a memória às vezes falha.
Meu corpo está tão doido,
Que o sintoma é parecido,
Com quem carregou cangalha.
*
O meu cigarro de palha
Já não posso mais pitar.
Uma doze de cachaça
Faz mal até se eu pensar.
O meu comer é regrado,
Meu sono é atormentado,
Do deitar ao levantar.
*
Às vezes tento lembrar,
O que, quando, como, onde?
Porém tudo é tão distante,
Porque o perto se esconde.
Quando pergunto a quem passa,
Viro motivo de graça,
Mau gosto pra quem responde.
*
Nasci na era do bonde,
Cavalo, burro e jumento.
Hoje o mundo é moderno
E eu, continuo lento.
Se busco a compreensão,
Encontro a ingratidão,
Que aumenta o meu sofrimento.
*
Chamam-me de agourento,
Que eu só sei reclamar.
Sem parentes ou vizinhos...
Alguém pra desabafar.
Não encontro um ombro amigo,
Viver assim é um castigo,
Só Deus pode me ajudar.
*
Tenho direito a sonhar,
Sonhar com quem, com a dor?
O tempo me deu espinhos
Em vez de dar uma flor.
Eu sou um produto exposto,
Que ninguém olha com gosto,
Quem gosto, não dá valor.
*
Meu corpo não tem calor,
Tem frio até no verão.
A minha vista está turva
Estou perdendo a visão.
Fui predador, virei presa,
Alvo fácil e sem defesa
E quase na escuridão.
*
A saudade e solidão,
São lembrança dos amores.
Que eu vivi no passado,
Na minha estação das flores.
Flores que deixei murchar,
Secar e despetalar,
Perdendo essências e cores.
*
Aguentando os dissabores...
Pancadas de todo jeito.
Daqueles que eu mais amei
A ausência e o desrespeito.
Baixa estima e apatia...
E o coração que batia,
Agora apanha em meu peito.
*
O largo ficou estreito,
O meu passo é compassado.
Respirar é um suspiro,
Falar é um resmungado.
O grave agora é o rouco,
O meu muito é só um pouco,
Em tudo estou moderado.
*
Sinto o meu corpo cansado
A mente um pouco confusa.
Tudo o que eu vou usar
É démodé, ninguém usa.
Não sei mais o que fazer,
Pois até meu bem querer,
Minha proposta recusa.
*
Não tem remédio que induza,
A minha inquietação.
Descansar já não resolve,
Meu cansaço ou exaustão.
Tenho total liberdade,
Mas o peso da idade,
Mantêm-me nessa prisão.
*
Já tive disposição
E nunca escolhi trabalho.
Hoje depois de cansado,
Só sirvo pra quebrar galho.
Mesmo assim quando me chamam,
Não pagam e ainda reclamam,
Dizendo: que eu atrapalho.
*
Nem para jogar baralho,
Eu acerto uma cartada.
Também já não me convidam
Para nada ou quase nada.
Tento mostrar que sou forte,
Mas ouço o riso da morte,
Meu sério virou piada.
*
Minha carcaça cansada,
Repousa, mas não descansa.
Meus hábitos são parecidos,
Aos mesmos quando criança.
Pena que falta energia,
Paciência e alegria,
Boa forma e confiança...
*
Ainda tenho a esperança,
Acesa dentro de mim.
Esperança nunca acaba
E brota feito um jardim.
Ela é minha companheira,
Minha amiga verdadeira,
Seja em tempo bom e ruim.
*
Se eu sou feliz assim?
Claro que sim, sou feliz.
Apesar dos empecilhos
E a saúde por um triz.
Sou feliz feito um menino,
Não reclamo do destino,
Sou dono do meu nariz.
*
Vou ser sempre um aprendiz,
Enquanto a vida pulsar,
Dentro do meu velho peito,
Que apanha sem reclamar.
Enquanto eu tiver memória,
Vou fazendo a minha Historia,
Não sei o que é recuar.
*
Eu não posso aposentar
Os meus hábitos saudáveis.
Apesar de que uns deles...
Já não são lá tão viáveis.
Eu vou me exercitando
Como posso, me alongando
Das formas mais confortáveis.
*
Não sou desses miseráveis,
Que se entregam ao fracasso.
E arregam feito covardes,
Em qualquer queda de braço.
Enquanto eu tiver sustento,
Mesmo cansado eu enfrento,
Até mesmo o meu cansaço.
*
O meu corpo em estilhaço,
Já dói do pé a cabeça.
Minha face mudou tanto,
Parece está à avessa.
Nem precisa de esforço,
Para sentir que o dorso,
Tenha câimbra e enrijeça
*
Antes que tudo enfraqueça,
Quero deixar registrado.
Minha passagem na terra,
Para depois ser lembrado.
Como um bravo lutador,
Que soube ser condutor,
Simples honesto e ousado
*
Tenho que viver sedado
Para sair desse tédio.
Porém o que ganho é pouco
Para comprar o remédio.
Por não ser remediado
Eu vivo mais irritado
Do que sindico de prédio.
*
Preciso de intermédio,
Mas continuo a sonhar.
Não vou desistir da vida
E enquanto eu respirar.
Serei sempre um lutador
E se não fui vencedor
Ao menos ousei lutar...
*
Agora vou encerrar
Meu desabafo saudoso.
E tentar dar mais um passo
Nesse caminho rochoso.
O pouco que aqui eu disse:
São os degraus da velhice
Desabafo de um idoso.
*
Fim

sábado, 23 de outubro de 2010

Terra de ninguém* Autor: Damião Metamorfose.



Eu comparo a violência,
Do mundo globalizado.
Com tantos crimes e roubos
Que existem por todo lado.
Com um boi no pasto gasto,
A uma boiada no pasto,
Dividindo esse bocado.
*
Sai coice pra todo lado.
Patadas e empurrão.
O boi sabe usar os chifres,
Os homens brigam na mão.
Na pedra e faca peixeira,
Revolver e mira certeira
De mísseis, bomba e canhão.
*
Homem tem fome de pão,
Mas não divide a comida.
Quando está só, se farta,
Mas ao tê-la dividida.
Esquece a inteligência,
Parte para violência
E a barricada é erguida
*
Transforma-se em homicida
E suicida também.
Por não saber dividir
O que ele pensa que tem.
Ai começa o combate
E nesse bate e rebate,
Acaba morrendo alguém.
*
O boi não sabe a que vem,
Na sua missão na terra.
Quando sente fome ou sede,
Vai para a porteira e berra.
O homem sai assaltando,
Matando ou sequestrando,
Por ambição faz a guerra.
*
O boi não sabe que erra,
Não pensa nem compreende.
Luta pra ter mais espaço,
Mas sempre um dos dois se rende.
O homem estando rendido,
Diante do enfurecido,
Morre e nem se defende.
*
O pobre boi não entende,
Seu espaço resumido.
E morre de fome ou sede
Mas não mata o combatido.
O homem entende sim,
Porem com instinto ruim,
Mata e acha é divertido.
*
O boi não tem o sentido
Nem tem a compreensão.
Se ele soubesse faria
Com certeza, a divisão.
Já o homem ambicioso
É um animal perigoso,
Mata pai, filho e irmão.
*
O boi não tem ambição,
Nem sabe a força que tem.
Se soubesse com certeza,
Usava fazendo o bem.
Homem sabe, usa e faz guerra,
Por isso o planeta terra,
Virou terra de ninguém.
*
Fim
*
23/10/2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O valor de uma pedra* Autor: Damião Metamorfose.




*
Relendo uns trechos da Bíblia...
Num desses trechos eu li.
Uma frase que Jesus
Disse a Pedro, e percebi
O valor que a pedra tem
E a amizade também
Meditei e refleti.
*
“Tu és pedra Pedro, em ti
Minha Igreja eu edifico.”
Vejam que frase profunda
E quão este assunto é rico.
E além da profundidade
Jesus declara amizade,
Nas entrelinhas, explico.
*
Meditabundo eu fico,
Olhando os feitos de Deus
E fico maravilhado
Pensando nos feitos Seus.
Inda têm ignorantes
Que não acham importantes
E se declaram ateus.
*
Além dos conceitos meus,
Além da minha verdade.
A pedra é tão importante
E rica em diversidade.
Que o que alguém pensar,
Com certeza ela há de estar
Inteira ou pela metade.
*
Pedra edifica a cidade
E cal, é gesso e cimento,
É argamassa, é o ferro,
É telha e é firmamento.
É o chão que eu sempre piso,
É a chuva de granizo,
É sal, açúcar e fermento.
*
Pedra expressa sentimento
Na jóia presenteada.
Pedra é pedra no caminho,
Que às vezes nem é notada
Por quem passa todo dia
E a olha com ironia
Até sofrer uma topada.
*
Pedra é imóvel e calada,
Solida e sem solidão.
Mas com a ação do tempo,
Ou com a lapidação.
Vira diamante ou ouro...
Pedro era rude, um calouro,
Por isso a comparação.
*
Portanto preste atenção!
Pare de ser arrogante.
Pedra por menor que seja,
Tem um papel importante
Pra nossa sobrevivência,
Tecnologia e ciência
E em tudo o mais, é constante.
*
Fim
*
22/ 10/2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pra não morrer de saudade* Autor: Damião Metamorfose.

*
Pra não morrer de saudade,
Vou voltar pra minha gente.
Tomar banho na nascente,
Desnudo da vaidade.
Já me cansei da cidade,
Com fuligem de motor.
Quero ser o condutor,
Da vida que eu almejo.
Regressar é o meu desejo,
Cansei de ser sofredor.
*
Quero rever meu amor,
Pra não morrer de saudade.
Ô minha cara metade,
Aceite esse sonhador.
Já não sou tão sedutor,
Mas tenho amor pra te dar.
Vamos juntos partilhar,
O tempo que ainda temos.
Só tentando é que sabemos,
Como é gostoso sonhar.
*
Quero dormir e acordar,
Sem ter mais ansiedade.
Pra não morrer de saudade,
Voltei pra recomeçar.
O preço que vou pagar,
Não me preocupa mais.
Quero amizades leais,
Sem visão capitalista.
Adeus ao mundo egoísta,
De humanos quase animais.
*
Quero rever os meus pais,
Meus amigos de infância.
Acabar com essa ânsia
E os anseios banais.
Vou ver os meus ancestrais,
Pra não morrer de saudade.
Chamar “compadi e cumade”
Que se dane o português.
Vou falar nordestinês,
Até matar a vontade.
*
Cansei de ver crueldade,
Gente matando e morrendo.
Por isso é que vou correndo,
Pra não morrer de saudade.
Aqui só vejo maldade
E fila em todo lugar.
A passagem eu vou comprar,
Se der certo eu vou voando.
Adeus, bye-bye, inté quando,
Quando eu nunca mais voltar.
*
Quero as noites de luar,
Dias de sol e nublado.
Pisar no chão sem calçado
E sem me contaminar.
Lá eu vou me libertar,
Morar em casa sem grade.
Pra não morrer de saudade,
Eu vou voltar é agora.
Está passando da hora,
Essa saudade me invade.
*
Vou dar continuidade,
As coisas que eu deixei.
Envelheci, mas ganhei
Muito mais serenidade.
Pra não morrer de saudade,
Vou voltar pra minha terra.
Morar lá no pé da serra,
Onde o vento faz a curva.
Onde a visão não é turva
E em poucos metros se encerra.
*
Quero é distancia da guerra
Civil e organizada.
Da vida falsificada,
Que valoriza quem erra.
Cansei desse emperra emperra
E desse manda e desmanda.
Barulho de propaganda,
Promovendo a falsidade.
Pra não morrer de saudade,
Eu vou é dançar ciranda.
*
Aqui quando a vida anda,
Tem um pra te vigiar.
Pronto para te roubar,
Aí seu trono desanda.
Se o criminoso é quem manda,
Manda a criminalidade.
Detesto barbaridade,
Gente cruel e malvada.
Prefiro puxar enxada,
Pra não morrer de saudade.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

...O senhor da razão* Autor: Damião Metamorfose.


*
Entre os ditos que eu conheço...
Tempo ao tempo é o eleito.
“Procure dar tempo ao tempo”,
Esse ditado é perfeito.
O que o tempo não cura,
Nem a ciência dá jeito.
*
O tempo é causa e efeito,
Em tudo o que se pensar.
Tempos de guerra e de paz,
Tempo para semear.
Cultivar, florir, colher,
Armazenar, desfrutar.
*
Ser feliz, sorrir, sonhar,
Sofrer, parar de sofrer.
Buscar um novo horizonte,
Novo sol, e amanhecer
Nos braços de um novo dia,
Acordar e adormecer.
*
Se apaixonar, conhecer,
Deixar o amor fluir.
Tentar uma vez ou duas...
Se o amor não resistir.
Destruir se for o caso,
Pra depois reconstruir.
*
Tempo de chegar, partir,
Se ausentar ou ser ausente.
Assistir, participar,
Coibir, ser coerente.
Desistir se for preciso,
Dar tempo ou ser insistente.
*
Tempo é passado, é presente,
É investir no futuro.
É fazer o alicerce,
A casa e depois o muro.
É saber que sem raiz
O caule não está seguro.
*
É ver o fruto maduro
E apreciar sem comer.
Lembrar que foi a semente
Que plantou e viu nascer.
Crescer e multiplicar
E outra semente há de ser.
*
Dar tempo é saber viver,
É ter mais sabedoria.
É saber que a noite escura
Antecede um novo dia.
É ter a paz do descanso
E o prazer da companhia.
*
É pratica e é teoria,
Base que amplia o saber.
Tempo é a dança das horas
Relógio que não se ver.
É fecundar um segundo
Num minuto de prazer.
*
É gestar, nascer, crescer,
Morrer, com a conclusão.
Que veio no tempo certo,
Cumpriu a sua missão.
Saber que o senhor do tempo,
É o senhor da razão.
*
Fim
*
13/10/2010

domingo, 10 de outubro de 2010

As bênçãos da luz* Autor: Damião Metamorfose.



*
A fé viva: nunca foi
Patrimônio transferível.
É conquista pessoal
E só com ela é possível.
Manter viva a própria fé,
Tornar possível o impossível.
*
Felicidade legítima:
Não é uma mercadoria
Que se vende ou se empresta,
Algo que se negocia.
É realização íntima,
Conquistada a cada dia.
*
A graça que vem do Céu:
Tem que ser bem merecida.
Ela jamais desce a esmo,
A quem não é remetida.
E é conquista diária
Ao longo de uma vida.
*
A fortaleza moral:
Não vem dos rogos alheios.
Provem dos nossos esforços,
Indiferente aos anseios.
Caridade: cabe a nós
Fazê-la, e sem rodeios.
*
A esperança fiel:
Não fixa no coração.
Só com um simples contágio,
Pra não ser só embrião.
Tem que ser um fruto da
Mais alta compreensão.
*
O verdadeiro amor:
O que não é subalterno.
Não vem do desejo ou sombras,
Vem do espírito eterno.
Ele é fonte cristalina.
Inexaurível e terno.
*
Conhecimento real:
Não é um dom de profecias.
Nem saber adquirido,
Na construção de alguns dias.
Ele é obra do tempo,
Gerações ou dinastias.
*
Não se ganha o paraíso
Por compra ou sagacidade.
É atingível através,
Da nossa boa-vontade.
Em fugir do purgatório
E inferno da probidade.
*
A proteção da Esfera
Superior, é inegável.
Para todos que ainda
Acham a sombra confortável.
Todavia, sem as bênçãos
Da luz, somos miseráveis.
*
Texto extraído do livro "Agenda Cristã”, Chico Xavier (André Luiz).
*
Fim

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O amor: Autor: Damião Metamorfose.


*
Inda que eu falasse a
Língua, dos homens e dos anjos.
E que eu tivesse o poder
Dos Querubins e os arcanjos.
Sem amor eu só seria,
Como o metal sem valia
Hino triste e sem arranjos.
*
E ainda que eu tivesse
Todo o dom da profecia.
E conhecesse os mistérios...
Toda a ciência e metria.
Mesmo eu tendo toda a fé,
Sendo o inverso de um raté,
Sem amor, nada seria.
*
Tudo o que eu tenho, se um dia
Aos pobres fosse doado.
E ainda que eu entregasse
Meu corpo pra ser queimado.
Se não existir o amor,
Despojo, clemência, dor...
Nada é aproveitado.
*
O amor não tem culpado,
Não sofre nem se envaidece,
Não suspeita ou sente inveja,
Irrita-se e ensoberbece.
É benigno e sem maldade...
Indecência e leviandade,
Com o amor, desaparece.
*
Quem ama não se entristece,
Tudo sofre tudo espera,
Tudo crê tudo suporta,
Nada parece quimera.
Não folga com a injustiça,
Mas com a verdade e justiça,
O amor sempre pondera.
*
O amor perfeito supera,
A fé e o que foi falado.
Ciência e conhecimentos
E o que foi profetizado.
Quando vier o Perfeito
O que sem amor, for feito,
Em parte é aniquilado.
*
Quantos sonhos do passado,
Tantos... nem todos atino.
Que eu falava que eu sentia...
Mas eis que muda o destino.
Um homem eu cheguei ser
E acabei por esquecer,
Os meus sonhos de menino.
*
No espelho eu sou genuíno,
Face a face em toda a cor.
E agora conheço em parte
O trio mais ablutor.
Fé, amor e esperança,
Dos três, quero em abastança
Só o verdadeiro amor.
*
Inspirado em: I Coríntios 13: 01-13
*
Fim

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Motivos para Sorrir* Autor: Damião Metamorfose.


*
Setenta e três é o numero
De músculos em movimento.
Com apenas um sorriso,
Portanto fique atento.
No decorrer do seu dia,
Pode esbanjar alegria,
Sorria! Esse é o momento.
*
Se não está cem por cento,
Nada parece está indo
Você vai desperdiçar
Talvez, o dia mais lindo.
Tem quem ama do seu lado,
É um privilegiado,
Por que não está sorrindo?
*
Você quer neve caindo
Em um dia de verão?
Feche os olhos, imagine
Flocos de neve no chão.
Sinta-se no paraíso,
Mas não negue o seu sorriso,
Pois faz bem ao coração.
*
Você tem teto e tem pão,
Vive num país sem guerra.
Se alguém errou com você,
Perdoi, todo mundo erra.
Destrave logo essa cara
Dê um sorriso que sara,
Parte dos males da terra.
*
Sorrindo você enterra,
Extirpa toda tristeza.
Atrai só as coisas boas,
Respira com mais leveza.
Será que não percebeu,
Que com um sorriso seu,
Até tu tem mais beleza?
*
Veja em volta a natureza,
Tem tanta alegria nela.
Sabia que seus problemas,
Pode acarretar sequela?
Jogue essa tristeza fora,
Comece a sorrir agora,
Cure logo essa mazela.
*
Torne a sua vida bela,
Você é muito importante.
Tantas pessoas te amam,
Tantos te acham brilhante.
Deus sempre esteve contigo,
Quer mais o que, meu amigo?
Sorria, festeje, cante...
*
Sorrir é contagiante,
Alegra o seu coração.
E o de quem te ver sorrir,
Desperta amor e paixão.
Sorria! Sorria! Bis...
Faça e seja feliz,
Manda embora a solidão.
*
Fim

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Consulte o seu manual* Autor: Damião Metamorfose.

*
Inspirado em um e-mail que recebi.
*
Quando estou sem fazer nada,
Procuro algo pra ler.
E procurando encontrei...
Encontrei o que fazer.
O e-mail que recebi,
Gargalhei depois que li
E vou tentar descrever
*
Na ciência o que mexer,
Pertence a biologia.
Se feder pertence à química,
Sem sentido, economia.
Não se entende, é matemática,
Tudo junto é informática,
Também psicologia.
*
Na lei da telefonia:
Se acaso alguém te ligar.
Passando-te algum numero,
Na hora de anotar.
Falta papel ou caneta,
Se tem os dois, o xereta,
Decerto não vai tocar.
*
Se acaso você tentar
Ligar, vai dar ocupado.
Se errar ao digitar,
Caindo em numero errado.
Você pode ter certeza,
Não vai ouvir gentileza,
Mas vai está liberado.
*
Lei do perdido ou achado:
Se o caso é procurar.
Procure o que não perdeu,
Que você vai encontrar
O que está procurando.
Se achar que estou blefando,
Procure que vai achar.
*
Lei queda livre, no ar:
Essa merece atenção!
Qualquer esforço é inútil,
Causa mais destruição.
Lembre-se desse ditado
“Pão de pobre cai virado
Com a manteiga no chão”.
*
Lei da simples atração:
Queijo atrai goiabada.
O nariz atrai um dedo,
Caipirinha é feijoada.
A vitrine atrai mulher,
Poste o carro do chofer,
Que bebe e pega a estrada.
*
Homem é cerveja gelada,
Político grana e nobreza.
Café é toalha branca,
Fank é pobre, com certeza.
Tampa de caneta, orelha,
Mulher feia se assemelha
Com falar alto na mesa.
*
Humorista é Fortaleza,
Chuva é carro trancado
E com a chave por dentro
Para te deixar ensopado.
Leite fervendo, é fogão,
Globo, Natal, dezembrão,
Roberto Carlos cansado.
*
Filas em banco lotado,
Não adianta mudar
Pra outra fila pensando
Que mais rápido vai andar.
A sua é sempre mais lenta,
Fique onde está não inventa
Senão nunca vai chegar.
*
Na hora que for comprar,
Também preste atenção.
Se o manuseio é simples,
Ou se tem complicação.
Porque pelo manual,
Você pode se dá mal
E depois ficar na mão.
*
Brinquei de combinação,
Etc. coisa e tal.
Comparei algumas coisas,
Que podem ou não ser legal.
Mas se você não gostou
E em nada te ajudou...
Consulte o seu manual.
*
Fim

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Melhor seria morrer!* Autor: Damião Metamorfose.

*
Autor do mote: Compadre Lemos

Cantando eu não sou sisudo,
Sisudo eu não sou cantando.
Cantando estou espantando,
As coisas que eu me iludo.
Cantando eu posso ser tudo
Ou tudo eu posso esquecer.
Se cantar me dá prazer,
Por que é que eu vou parar?
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer.
*
Cantar é uma virtude,
Quem canta sabe o que diz.
Cantando eu sou mais feliz,
Cantando eu falo amiúde.
Só peço que Deus me ajude,
Pra eu nunca entristecer,
Sem cantar o que vai ser,
Vou parar de respirar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer.
*
Cantar faz parte da vida
De quem valoriza o choro.
Por isso é que canto em coro,
Minha canção preferida.
A letra já esquecida?
Não tem como eu esquecer.
Ela me faz reviver
E reviver é sonhar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer!
*
Eu não canto em qualquer canto,
Só canto no lugar certo.
Meu canto não é deserto,
Não é lamento e nem pranto.
É um canto quase santo,
Capaz de se atrever.
E em simples versos, dizer,
Não me peçam pra parar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer.
*
Eu estou me preparando,
Pro viver num mundo novo.
Quero ajudar o povo,
Que não estão se ajudando.
Por enquanto vou cantando,
Pois assim vão perceber.
Que cantando eu vou vencer,
Vencendo eu vou ajudar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer.
*
Canto só por diversão,
Canto pra ganhar dinheiro.
Canto batendo em pandeiro,
Canto na palma da mão.
Canto para a multidão,
Canto o que sei sem saber.
Canto para o mundo ter,
Canto o que não é vulgar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer!
*
Cantaram quando eu nasci,
Cantaram quando eu cheguei.
Cantaram quando eu andei,
Cantaram quando eu sorri.
Cantaram quando eu corri,
Cantaram a me ver crescer.
Cantarão se eu falecer,
Cantando ao desencarnar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer!
*
Eu canto porque faz bem,
Eu canto e não me enfado.
Eu canto seresta e fado,
Eu canto rock também.
Eu canto em vagão de trem,
Eu canto o anoitecer.
Eu canto ao amanhecer,
Eu canto ao me levantar...
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

In natura* Autor: Damião Metamorfose.

*
Inspirado em um soneto do mesmo autor.
*

Não tem cheiro mais gostoso,
Do que o cheiro in natura.
Da garapa e mel de cana,
Do melado e rapadura.
Da batida e o alfenim,
Feito a mão e sem mistura.
*
Da água fresquinha e pura,
Que desce no riachão.
Com a cor avermelhada
Ou roxa, conforme o chão.
Que no final vira lama
No fundo de um porão.
*
Da época da plantação,
No baixio ou na chapada.
Da chuva apagando as cinzas
Da broca que foi queimada.
Ou no capim quase seco
No final da invernada.
*
Na terra que foi cortada,
Com trator ou com arado.
Do suor se misturando
Com o solo semeado.
E o vento que sopra forte
Ou leve e bem orvalhado.
*
Do café que foi torrado
E pilado em um pilão.
Da fumaça que exala
Na chaminé de um fogão
De lenha, em dias de chuva,
Longe da poluição.
*
Nas caatingas do sertão,
Quando as folhas vão caindo.
Molhadas pelo sereno
Cedinho com o sol saindo.
E os água-pés no açude,
Quando as pétalas vão se abrindo.
*
Cheiro de gado mugindo
E do estrume do curral.
Do pau darco bem florido
No meio do matagal.
E no pó que o vento trás,
Do pendão do milharal.
*
Roupa seca no varal,
Sobre o vento balançando.
De um ferro cheio de brasas
A mesma roupa passando.
E a fumaça da panela
De rubação cozinhando.
*
De um beiju quase queimando
Dentro de um alguidar.
Pronto para ir à mesa
Aguçando o paladar.
E a voz de mamãe dizendo:
É hora de acordar!
*
E o mais peculiar,
Que das narinas não sai.
De todos é que eu mais gosto,
Sinto saudade e me atrai.
O de um abraço suado,
De mamãe ou de papai.
*
Fim
*
22/09/2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

In natura* Autor: Damião Metamorfose.

*
Não tem cheiro que se compare ao cheiro
Da fumaça que exala de um fogão
Ou da chuva que no mês de Janeiro
Cai trazendo a fartura no sertão.
*
Do café que é torrado e no pilão,
É pilado e servido sem mistura
Adoçado com mel ou rapadura.
E coado em um saco de algodão,
*
Nem do vento que sopra do serrado,
Com o cheiro do capim orvalhado
Ou do cheiro saudoso que me atrai.
*
Esse cheiro é a essência mais rara
Nem de longe outro cheiro se compara
Ao suor de mamãe ou de papai.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Hipocrisia & hipócritas* Autor: Damião Metamorfose.

*
Das coisas que eu não suporto,
Conviver no dia-a-dia.
Tem inveja, ódio e ócio,
Velhaquice e baixaria...
Mas a pior das piores,
Pra mim é hipocrisia.
*
O mundo melhor seria,
Sem esse ser peçonhento.
Não convivo com hipócritas,
Não tem jeito eu não aguento.
Mando plantar no asfalto,
Caçar ninho de jumento.
*
Eu não sei quanto por cento
De toda a população.
Destina-se a essa raça,
Mas digo com precisão.
Que um consegue estragar
As vidas, de um milhão.
*
No kit deles estão,
Inveja, ambição, cobiça,
Omissão e falsidade,
Deslealdade e preguiça...
Além de ser como túmulos
Recheados de carniça.
*
Pode ser padre ou noviça,
A ovelha ou o pastor.
Qualquer classe, credo ou sexo,
Religião, crença ou cor.
Só convivendo se sabe
Os que têm alto teor.
*
Eles pregam um falso amor
Em troca de benefícios.
Dominam nações inteiras,
São mestres em seus ofícios.
E conselheiros que levam
Almas para os precipícios.
*
Condenam gestos e vícios,
Matam em nome de Deus.
Roubam nossa consciência,
Elevam e exaltam os seus.
Ampliam os seus horizontes,
Limitam e demarcam os meus.
*
São os piores ateus,
Porque age consciente.
E sabem que os humanos,
É sedento e carente.
Fáceis de ser induzidos,
Propensos a dependente.
*
Está na linha de frente
E se não está almeja.
Seu instinto de ganância...
Não recua nem fraqueja.
Sendo pra subir de nível,
Entrega a mãe de bandeja.
*
Política, empresa ou igreja,
Empregado ou patrão.
Onde menos se espera,
Pode ter um de plantão.
Usando o melhor disfarce,
Pra não chamar atenção.
*
Seu pai, seu filho ou irmão,
Você também tá sujeito.
A ser ou ter um em casa,
Com esse grave defeito.
Graças a Deus eu não sou...
Nem quero um no meu leito.
*
Sei que ninguém é perfeito,
Se fosse não prestaria.
Eu tenho as minhas fraquezas...
E peço a Deus noite e dia.
Pra não me deixar cair
No mar da hipocrisia.
*
Fim
*
15/09/2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O lugar que ninguém mora Ou O lugar que não existe * Autor: Damião Metamorfose.


*
Nasci no meio do mato,
Frase que já é batida.
De tanto eu repeti-la
Ao longo da minha vida.
Fazer o que se é verdade,
Se eu não nasci na cidade
Sou do campo e sou da lida?
*
Esse é o ponto de partida,
O gancho pra começar.
Mais um cordel sobre mim,
Minha origem, meu lugar.
Um lugar que no passado,
Era até bem povoado,
Mas passou a recuar.
*
Alto Oeste Potiguar,
Foi ali que eu nasci.
No sitio Açude Novo,
Três anos ali vivi.
Depois mudei de morada
E fui morar na Malhada
Alta, aonde eu cresci.
*
Infelizmente eu nem vi
Minha primeira morada.
Porque quando eu retornei,
Ela estava depredada.
Só vi um monte no chão,
De varas, telha e torrão,
Ruínas no meio do nada.
*
Casa quando abandonada,
Não resiste ao abandono.
Desmorona em curto prazo,
Cai igual folhas de Outono.
Dizem que casa tem vida,
Sofre e fica deprimida
E morre ausente do dono.
*
E assim nesse eterno sono,
O sitio não progredia.
Tudo em volta evoluiu
E ele não evoluía.
As famílias foram embora
E o que tem lá agora,
É uma casa vazia.
*
O meu pai sempre dizia...
Brincando em um tom gozado.
Que o lugar onde eu nasci,
Era amaldiçoado.
Que as terras não prestavam
E os donos maltratavam
O seu povo escravizado.
*
Ano passado ou “trazado”...
Veio a chuva em borbotão.
O açude transbordou,
Não resistiu a pressão.
O peixe, a água levou,
De resto, nada sobrou
Nem a lama do porão.
*
Se foi maldição ou não,
O açude foi embora.
O novo dono fez outro,
Bem maior que o de outrora.
Mas ganhou um apelido
E hoje ele é conhecido,
- O lugar que ninguém mora.
*
E eu relembrando agora,
Confesso que estou triste.
Rabiscando a última estrofe,
Fiquei de caneta em riste.
E pelo que descrevi
Eu acho que eu nasci
Num lugar que não existe.
*
Fim
*
14/09/2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Avô. Pai e filho Ou Pedido de dispensa. * Autor: Damião Metamorfose.

*
Vejam o que o brasileiro
É capaz de inventar.
Essa aqui aconteceu
No serviço militar.
Um pedido de dispensa,
Não muito peculiar.
*
Um jovem ao se apresentar,
Falou para o delegado.
Que tinha um sério problema,
Para ser solucionado.
E se ele não resolvesse
Queria ser dispensado.
*
Disse: eu moro num sobrado,
Eu e o meu velho paizão.
Meu pai viúvo, eu solteiro,
Nossa melhor diversão.
E ver e ouvir com as vizinhas,
O rádio e a televisão.
*
As vizinhas em questão,
São mãe e filha, solteira.
A mãe da filha é viúva,
Muito bonita e faceira.
Eu me apaixonei por ela
E a paixão é verdadeira.
*
Meu pai casou com a herdeira,
Eu casei com a matriz.
Pra ficar tudo em família,
Bem como o ditado diz.
Mas formou-se a confusão
E eu estou infeliz.
*
É tudo que eu sempre quis,
Ter uma esposa prendada.
Sair da vida nefasta
Ter uma vida regrada.
Mas vejo que se formou
Uma confusão danada.
*
Minha sogra é enteada,
É madrasta e é irmã
Do filho que nós tivemos
E o que vier amanhã
O meu pai é genro dela
E eu tô quase tantã.
*
Minha duvida não é vã,
Pois é grande a confusão.
O filho da minha sogra,
Vai ser meu legitimo irmão.
Meu filho é tio do meu neto,
Veja que situação!
*
E o meu filho é irmão
Da minha filha enteada.
Que é neto da avó
A mãe da filha citada.
E avô do meu irmão,
Por ter meu pai na parada.
*
Já esta quase explicada,
A minha situação.
Eu sou sogro do meu pai
Seu filho é neto e irmão.
E sou avô de mim mesmo,
Gostou da explicação?
*
Peço a sua atenção
Meu prezado oficial.
Analise o meu problema
E seja racional,
Preciso ser dispensado
Etc. coisa e tal.
*
Não sou um homem normal,
Resolva esse empecilho.
Não sirvo pra vestir farda
Nem apertar o gatilho.
Resumindo eu me apresento,
Eu sou avô, pai e filho.
*
Fim
*
10/09/2010

O Homem do Bem> Autor: Damião Metamorfose.

*
(Inspirado em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec – Cap. 17, Item 3)
*
O homem do bem é aquele
Que cumpre a Lei de Justiça,
De Amor e Caridade,
Com pureza e sem cobiça.
Interroga a consciência,
Dos seus atos tem ciência
E abomina a preguiça.
*
Sua fé não é omissa,
Perdoa e pede perdão.
Acolhe, e nunca despreza,
Faz o bem por vocação.
Não visa apenas salário:
Pois, para ser voluntário,
Nunca perde ocasião.
*
Deseja, pro seu irmão,
O que, para si, deseja.
Deposita a sua fé
Em Deus, e jamais almeja
Coisas fúteis ou banais,
Pois sabe que, ademais,
Deus quer assim... e assim seja!
*
Não entrega de bandeja,
A fé que tem no futuro.
Não murmura contra as dores,
E nem se julga o mais puro.
Em seu Deus tem confiança,
Sacrifica a segurança,
Pra ver seu irmão seguro.
*
Não tem sentimento impuro,
Em seu foco de visão.
Nos benefícios que espalha,
Encontra satisfação.
Primeiro impulso é pensar
Nos outros, e ajudar,
É generoso, em ação.
*
O homem de bem é bom,
Humano e benevolente.
Sem ter distinção de raça,
Sexo, idade, ateu ou crente.
Respeita as convicções,
Porque, em suas pretensões,
Quer fazer o bem, somente.
*
Ele é sempre indulgente,
Tem por guia a Caridade.
Jamais alimenta o ódio,
Nem rancor e nem maldade.
Faz tudo para evitar
O sofrimento ou causar
Qualquer contrariedade.
*
É amigo da Verdade,
Não faz o mal e evita
Compactuar com a mentira,
Embora não se permita
Julgar aquele que a tem.
Só faz o bem pelo Bem,
Porque no Bem acredita.
*
Quando ele ora, medita
Sua própria imperfeição.
Trabalha incessantemente,
E Deus lhe dá a condição
De lutar e combater
As imperfeições, e ser
Exemplo de bom cristão!
*
Não valoriza o quinhão,
Como bens primordiais.
Dá mais valor ao espírito,
Que aos bens materiais.
Riqueza não lhe envaidece,
Pois só busca, em sua prece,
Valores espirituais.
*
Se o ouro , o rei dos metais,
A ele for concedido,
Não o vê como um tesouro,
Que têm valor desmedido.
Usa a parte que convém
E aplica a outra no Bem,
Ajudando ao excluído.
*
Jamais se sente abatido,
Procura ser radiante.
Se a ordem social,
Fez dele um homem importante,
Usa a sua autoridade,
Sem orgulho e sem vaidade:
Humilde, segue adiante!
*
Não esmaga o semelhante,
Que ele tem, por subalterno.
Respeita, escuta e explica,
De um modo doce e fraterno.
Assim, seu subordinado
Nele vê um aliado
Que é justo, bondoso e terno!
*
Quem respeita o Pai Eterno,
Ama o próximo também.
Vê, nas Leis da Natureza,
Que o mal não serve a ninguém.
É benevolente e justo
E se esforça, a qualquer custo,
Pra ser um Homem do Bem
*
(Fim)

domingo, 5 de setembro de 2010

No carrossel do passado> Autor: Damião Metamorfose.




*
01=I
Nasci no meio do mato,
Na época da ditadura.
Morando em casa de taipa,
Vivendo da agricultura.
Meus pais eram escravos brancos,
Sem recurso e sem cultura.
*
02=II
A vida era muito dura,
Trabalhando de roceiro.
O patrão mandava em tudo...
Porque a gente era meeiro.
Meeiro pra quem não sabe
É a metade de um inteiro.
*
03=III
Naquele tempo, o dinheiro,
Era uma raridade.
Gente da classe da gente,
Passava necessidade.
Inda mais ganhando pouco
E outro levando a metade.
*
04=IV
Mesmo assim sinto saudade,
Daquele tempo cruel.
E é por causa desta dita
Que eu rabisco esse papel.
Pra contar em prosa e versos
O meu passado em cordel.
*
05=V
Saudades do Pimentel,
Um óleo de algodão.
Que às vezes meus pais compravam,
Pra temperar o feijão.
E aquele arroz linguento
Que era pisado em pilão.
*
06=VI
Da calça Mané rusgão,
Terilene e tropical.
Caqui e arranca toco,
De gabardine e tergal.
Que eu achava parecido,
Com a farda policial.
*
07=VII
Em vez do açúcar cristal,
Usava-se rapadura.
O café comprado em grãos,
Torrava-se sem mistura.
A água era de cacimba,
Barrenta, mas era pura.
*
08=VIII
Um pedaço de gordura
De porco, era pendurada.
Encima de um fogão,
Para ficar defumada.
E a carne não consumida,
Num pote era empilhada.
*
09=XIX
Lá em casa, na latada,
Tinha um banco de madeira.
Não lembro bem do que era,
Se angico ou aroeira.
Só sei que sentavam uns dez
E a nossa família inteira.
*
10=X
Um pote era a geladeira
E o armário era um jirau.
As redes eram tecidas
Em tear, de corda e pau.
Cama eu só me deitei numa,
Quando fui pra capital.
*
11=XI
Transporte era em animal,
Bicicleta era pra rico.
A gente andava a pé mesmo,
Até comprar um jerico.
Levei tantas quedas dele,
Que dói, se lembrando eu fico.
*
12=XII
Sanitário, era um pinico
De ágata, o nosso era barro.
Se alguém tava namorando,
Dizia-se: encostar carro.
E o ficar de hoje em dia,
Naquele tempo era um sarro.
*
13=XIII
O papelim de cigarro,
Era quase um papelão.
O fumo era de corda,
Preto da cor de carvão.
Fumava pai, mãe e filhos,
Vejam que situação.
*
14=XIV
O sabão era o pavão,
Pedra amarela e azulada.
Se quarasse muito tempo,
Além de esbranquiçada.
A roupa ficava dura,
Puída, quase rasgada.
*
15=XV
Decoada era preparada,
Com cinza de vegetais.
Boa pra lavar panelas,
Prato, colher e cristais.
E o contato prolongado,
Corroia as digitais.
*
16-XVI
O jacaré era o gás,
Que se usava em lampião.
O fogão era uma trempe
De pedra ou feito a mão.
A panela era de barro,
Mais preta do que o cão.
*
17=XVII
Quem tinha lâmpada a bujão,
Raramente acendia.
O rádio era o Nordson,
Pra se ouvir cantoria.
Ou ABC voz de ouro,
Que de longe se ouvia.
*
18=XVIII
O milho a gente moía
Moinho, fama ou mimoso.
Para fazer curau, canjica
Ou um cuscuz bem gostoso.
Hoje já vem quase pronto,
Mas tem sabor duvidoso.
*
19=XIX
Das histórias de trancoso,
Que eu sempre escutava.
Tinha o Pedro Malas-arte
E o João grilo que aprontava.
Saci, bruxa e curupira...
Que nem sempre me assustava.
*
20=XX
Gripe a gente curava,
Com chá ou uma fusão.
Ou um lambedor de ervas...
Para limpar o pulmão.
Pra febre era Novalgina
E Ambracinto era a injeção.
*
21=XXI
Tinha o jeep bernaldão,
Duas portas e alongado.
O bozó com duas portas,
Que até hoje é usado.
E o jipão com quatro portas,
Limusine do passado.
*
22=XXII
De misto era chamado,
O que hoje é o caminhão.
Com cabine de madeira,
Muito usado em lotação.
Para levar os romeiros,
De Padin Ciço Rorão.
*
23=XXIII
Se alguém deixava o sertão,
Pra são Paulo, capital.
Ia num pau de arara,
Sentado em banco de pau.
Durava um mês, a viagem,
Mas pra época era normal.
*
24-XXIV
Pra comprar farinha ou sal,
Tinha que se antecipar.
Pois podia levar meses,
Pra encomenda chegar.
Porque em lombo de burros,
O tropeiro ia buscar.
*
25=XXV
Sandálias para calçar,
Vou citar duas aqui.
Courrilepe, pneu, couro,
De borracha, a vakiki.
Courrilepe ainda existe,
Vakiki, nunca mais vi.
*
26=XXVI
Tomar um chá de pequi
Ou uma surra de picão.
Era muito natural
Se ouvir aqui no sertão.
Hoje pode dá cadeia,
Pois pensam que é palavrão.
*
27=XXVII
Alforje ou matolão,
Virou mochila hoje em dia.
A mala era de madeira,
Um sozinho não podia
Aluir ela do chão,
Com duas chaves se abria.
*
28=XXVIII
Samba-coité se ingeria,
Pra azia e arroto choco.
Para expulsar o sarampo,
Um chá de fulô de toco.
E se alguém não ouvia,
Não era surdo, era “môco”.
*
29=XXIX
Minha mãe ralava o coco,
Tirava o leite e fervia.
Misturava com xerem,
Em um alguidar servia.
Para a gente, era a janta,
Quase todo santo dia.
*
30=XXX
Quando alguém adoecia,
De inflamação ou gangrena.
Curava com cibazol,
Tretex ou cibalena,
Pomada terramicina,
Da embalagem pequena.
*
31=XXXI
Sucessos eram Malena,
Ciumenta e feiticeira,
Ciganinha e vá com Deus,
E o hit mulher rendeira.
Que lampião escreveu,
Pra sua esposa guerreira.
*
32=XXXII
Ver os filmes do Teixeira,
O gaucho Teixeirinha.
Do Waldick Soriano,
Mazaropi... Ou o que tinha.
O cinema era o mercado,
Telão era uma telinha.
*
33=XXXIII
Rafael era a Varzinha,
Única cidade que eu ia.
Por não ter televisão,
O mundo que eu conhecia.
Era Rafael Fernandes
E o sitio onde eu residia.
*
34=XXXIV
De casa pouco eu saia
E sozinho nem pensar.
Porque era perigoso,
Um papa-figo pegar.
E se fosse pra cidade,
Na certa ia apanhar.
*
35=XXXV
Quando eu fui estudar,
Na Agostinho Ventura.
Não pensava em aprender,
O bê-á-bá da cultura.
Fui por causa da merenda,
O angu da ditadura.
*
36=XXXVI
Mas logo ganhei postura,
De menino inteligente.
Com seis meses escrevia
E lia o suficiente.
Era o primeiro da classe,
Sentava sempre na frente.
*
37=XXXVII
Que saudade minha gente...
Do eu menino e rapaz.
Do tempo que eu não sabia,
Que o tempo era tão fugaz.
Que saudade desses tempos...
Tempos que o tempo não traz.
*
38=XXXVIII
Quem dera voltar atrás,
Pra viver ao natural.
Vestindo o meu volto mundo,
Mané rusgão e tergal.
Crendo que o mundo não ia,
Muito além do meu quintal.
*
39=XXXIX
No tempo em que Montreal,
Era um tênis de primeira.
Que a conga era sapatênis
E o ki chute era a chuteira.
E a mulher fazia rendas,
Cantando A mulher rendeira.
*
40=XL
Do tempo em que ir a feira,
Todo final de semana.
Não era o indicador,
Que nos bolsos, tinha grana.
Porque às vezes não sobrava,
Nem para um caldo de cana.
*
41=XLI
Do tempo em que ser bacana,
Era ir à cantoria.
Ou beber rabo de galo,
Recitando poesia.
Tirar gosto com torresmo
E se lascar de azia.
*
42=XLII
Do tempo que o pai dizia:
Meu filho ande direito.
Não arrume confusão,
Trate a todos com respeito.
Evite o mau falatório...
E o seu pedido era feito.
*
43=XLIII
Hoje eu sou pai e aceito,
O que o meu não aceitava.
Por isso eu sinto saudade,
Dos conselhos que o meu dava.
E relembro com carinho,
Das surras que eu levava.
*
44=XLIV
Brinquedo não se comprava,
Porque não tinha dinheiro.
O cavalo era uma vara
De mofumbo ou marmeleiro.
O carrinho era de lata
E a pista era o terreiro.
*
45=XLV
Artifício era um isqueiro,
Com pavio de algodão.
E quando apagava o fogo,
Restando cinza e carvão.
Batia uma pedra na outra,
Para acender o fogão.
*
46=XLVI
Para a comunicação,
Era carta ou telegrama.
Média distancia era um grito,
Daqueles que racha a lama.
Torava o punho da rede,
Lascava a perna da cama.
*
47=XLVII
Teatro escola era “drama”,
Por mais de um mês ensaiado.
O professor dirigia
O seu elenco, empolgado.
Mas quando abria a cortina,
Quase sempre dava errado.
*
48=XLVIII
Minha vida no roçado,
Não foi lá nenhum colosso.
Andava de pés no chão,
Magrinho, só couro e osso.
O short todo rasgado,
Baladeira no pescoço.
*
49=XLIX
Brincar de cair no poço,
Era a que eu mais gostava.
Porque sempre que eu caia
E uma moça me salvava.
Dava um beijo e um abraço,
Daqueles que demorava.
*
50=L
A gente também brincava,
De pular amarelinha.
Passar anel e correr
Pra roubar a bandeirinha.
E de se esconder no mato,
No terreiro da vizinha.
*
51=LI
Dinheiro a gente não tinha,
Nem tinha com que gastar.
Tudo que se precisava,
A roça tinha pra dar.
Era só encher a pança,
Dormir, sonhar e brincar.
*
52=LII
Já que não posso voltar,
A infância no roçado.
Brinco fazendo cordel
Em sextilhas, bem rimado.
Dando voltas com meus versos,
No carrossel do passado.
*
Fim
*
05/09/2010

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Algumas fases da vida... Ou Nu, careca e sem dente. * Autor: Damião Metamorfose.


*
01=I
Se a mente não me trair
Ou passar despercebida.
Eu vou tentar descrever,
Algumas fases da vida.
Desde a concepção,
O tempo de gestação,
A chegada e a partida.
*
02=II
Nossa primeira guarida,
É o útero materno.
Onde o clima é sempre ameno,
Seja verão ou inverno.
Aparentemente estreito,
É o lugar mais perfeito,
Mais antigo e mais moderno.
*
03=III
O ambiente é tão terno,
Que ninguém quer ir embora.
Mas depois de nove meses,
Todos têm que dar o fora.
E o inquilino em questão,
Em parto normal ou não,
Esperneia, grita e chora.
*
04=IV
Um novo instinto aflora,
Mesmo ainda inconsciente.
É o instinto animal,
Na forma mais inocente.
Quando a sede ou fome aperta,
Já liga o sinal de alerta,
Da fase sobrevivente.
*
05=V
Careca, nu e sem dente...
E sem enxergar direito.
Ele estranha o novo mundo,
Onde tudo é imperfeito.
Com fome e sem paciência,
Sua primeira exigência,
No mínimo é um peito.
*
06=VI
Reclama o frio do leito,
Estranha se faz calor...
Passa o dia dormindo,
A noite chora de dor.
E os pais seus assistentes,
O acolhem pacientes,
Com dedicação e amor.
*
07=VII
Independente da cor,
Crença ou credo social.
Sexo ou nacionalidade...
Comportam-se tudo igual.
Indefeso e dependente,
Na fase sobrevivente,
É algo mais que normal.
*
08=VIII
Esse ser racional,
Irracional inda é.
Sem coordenação motora,
Não fala e nem fica em pé.
E se alguém o levantar,
A tendência e se desabar
Ou andar em marcha ré.
*
09=XIX
Os seus pais não perdem a fé,
Cuidam com muito prazer.
Falam em língua nhenhenhém,
Que ninguém pode entender.
E assim ele vai crescendo
Convivendo e entendendo,
A fase sobreviver.
*
10=X
Com um ano se pode ver,
Os seus dentinhos nascendo.
As reações são diversas,
Ao que está acontecendo.
Começa a balbuciar
Palavras e engatinhar
E entende o que estão dizendo.
*
11=XI
Os cabelos vão crescendo,
Já não fica mais parado.
Se agarra em tudo o que vê...
Não quer ser contrariado.
Aos poucos começa andar,
Correr, cair, levantar...
Fase: cuidado dobrado.
*
12=XII
Nessa fase é engraçado,
A todos já contagia.
Faz caretas, faz biquinho...
Enche a casa de alegria.
Chama papá e mamã,
Chega a provocar afã,
Mas sua luz irradia.
*
13=XIII
Isso até que chega o dia,
Que devemos preparar.
Pra os primeiros desafios,
Sem ter que traumatizar.
Primeiro laço quebrado,
Chega à fase aprendizado,
Escola em vez de brincar.
*
14=XIV
O mais normal é chorar,
Espernear, fazer drama,
Dizer eu odeia os pais,
Não querer sair da cama.
Mas com cuidado e carinho,
Tudo passa rapidinho
E o mesmo diz que te os ama.
*
15=XV
Manter acesa essa chama,
De um bom relacionamento.
Vai ser muito importante,
Para os pais e o rebento.
Faça tudo que é preciso,
Mas acate o meu aviso,
Nunca tente cem por cento.
*
16=XVI
O ser humano é sedento,
De atenção e poder...
Os pais que tentam dar tudo,
Impedem-no de crescer.
Quem tem tudo é dependente,
Propicio a ser mais carente,
Dependência estraga um ser.
*
17=XVII
E a tal medida do ter,
Sempre estará presente.
Em todas as fases da vida,
Do bicho chamado gente.
Por isso tome cuidado,
Não fabrique um bitolado,
Limitado e dependente.
*
18=XVIII
Na fase adolescente,
Que é depois da juvenil.
Começam as transformações...
O corpo fica febril.
É a fase das descobertas,
Das conclusões mais incertas
E dos dez anos a mil.
*
10=XIX
O comportamento hostil,
Nessa idade aflora mais.
Não escuta mais conselhos,
Faz zombaria dos pais.
Ignora os precipícios,
Fica vulnerável aos vícios,
Gosta de coisas banais.
*
20=XX
Quase todos são iguais,
Mas regras ter exceção.
O que recebeu as doses
De carinho e educação
E a família como base,
Supera bem essa fase,
Ileso ou quase são.
*
21=XXI
Surge a primeira paixão,
Que parece verdadeira.
Depois o primeiro amor
E a primeira rasteira.
Mais uma vez é preciso,
Compreensão e juízo,
Senão cai na bagaceira.
*
22=XXII
Depois que a paixão primeira,
Deixa até de ser paixão.
É o primeiro sinal,
Que houve a superação.
A vida volta ao normal,
Uma fase chega ao final
E a outra entra em ação.
*
23=XXIII
É a fase da ambição,
Do eu posso, eu quero urgente.
Dos estudos e concursos,
Do que vier pela frente...
Do eu estabilizado
E dura até ser flechado
Por cupido novamente.
*
24=XXIV
Sentindo-se independente,
Maduro e equilibrado.
Bebe na fonte do amor,
De um modo mais liberado.
É a fase: curtir a vida,
Onde amor não tem medida
E o sexo não é pecado.
*
25=XXV
Quer amar e ser amado
E sente necessidade.
De ter o seu próprio lar
E a sua cara metade.
Acaba a fase curtir
E a que vem a seguir,
É a fase privacidade.
*
26=XXVI
O desejo da trindade,
Vai surgindo em sua vida.
Ter seu sangue em outras veias,
Sua imagem repetida.
Pra o novo lar ter mais brilho,
Vem à fase ter um filho
E a criar, vem em seguida.
*
27=XXVII
Um sem tempo, outro na lida,
Um fica em casa e se anula.
Cria o primeiro, o segundo,
O terceiro... E o caçula.
Acaba a privacidade,
A cara leva a metade
E o liberado, regula.
*
28=XVIII
E por não ter vide bula
Ou manual de instrução.
Só os fortes sobrevivem
Dosando amor e paixão.
Os fracos podem ruir,
Quebrar o pacto e cair,
Na fase da traição.
*
29=XXIX
A seguir, separação,
Ou não para quem se ama,
Mas vou contar a primeira,
Só por ser um mar de lama.
Essa fase é violenta,
Nenhum dos dois se aguenta
Só tem brigas, não tem cama.
*
30=XXX
Um vira amante da Brahma,
Troca a casa por um bar.
Também pode virar crente
E ir para o culto orar.
Ou toma um banho de loja
E em vez de amar se espoja,
O resto é bom nem contar.
*
31=XXXI
Fase reconciliar,
É a que vem em seguida.
Mas se um já se perdeu
Ou descobriu outra vida.
Pode durar por um tempo,
Mas com qualquer contratempo,
A tentativa é perdida.
*
32=XXXII
Cicatrizando a ferida,
A vida entra em alinho.
Vira as costas pro passado,
Muda da água pro vinho.
E se alguém disser, se case...
Ouve a tão famosa frase,
É melhor viver sozinho.
*
33=XXXIII
Encontra um novo caminho,
Não sofre mais por amor.
A essa altura por todos,
É chamado de senhor.
Dorme pouco ou quase nada,
Passa a ter vida regrada
E o corpo cheio de dor.
*
34=XXXIV
Tem saber de um professor
Ou um mestre catedrático.
Só serve pra dar conselhos,
Ser chamado de lunático.
Se foi belo no passado,
Hoje no Maximo é chamado,
De tio ou senhor simpático.
*
35=XXXV
Com o seu semblante apático
E o rosto desfigurado.
De jovem só o nariz,
O resto está enrugado.
Vive cheio de perguntas,
Duro só tem mesmo as juntas,
Não anda mais sem cajado.
*
36=XXXVI
As lembranças do passado,
Sejam elas ruins ou boas.
Se tem são fragmentadas,
Ou forma de pulha e loas.
A essa altura também,
Não vê nem escuta bem
E se isola das pessoas.
*
37=XXXVII
Fases vazias e a toas,
Dias longos e cinzentos.
Noites frias e sombrias,
Clausuras e sofrimentos.
E os traumas da solidão,
Mas isso ainda não são
Os seus piores momentos.
*
28=XXXIII
Vem a fase três eventos,
Um tomar banho de sol,
Dois, é ver o sol se por,
Três, se enrolar num lençol.
Passar a noite gemendo
E acordar se maldizendo,
Com o corpo em forma anzol.
*
39=XXXIX
Com a coluna em caracol
E sem poder reagir.
Definhando a cada dia
E tendo que assistir.
A sua queda, seu fim,
Essa é a fase mais ruim,
Pior não pode existir.
*
40=XL
Mas a pior ta por vir,
Junto com a idade que avança.
Coração não bate, apanha,
O corpo perde a sustança.
E as pessoas que o rodeiam,
Uns desdenham, outros odeiam
Ou só te vê como herança.
*
41=XLI
Volta à fase ser criança,
De crescente a decrescente.
Sem coordenação motora,
Só que agora é decadente.
Foi chegada, hoje é partida,
Algumas fases da vida...
É nu, careca e sem dente.
*
Fim
*
02/09/2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Se continuar assim... A terra vira um deserto. Autor: Damião Metamorfose.


*
01=I
Andando pelas caatingas,
Ex. florestas do sertão.
Eu fiquei indignado,
Com tanta destruição.
-Pseudo-s donos da terra,
Com machado e motosserra,
Fizeram a devastação.
*
02=II
As aves de arribação,
Se tinha, eu não pude ver.
Sem ter lugar pra dormir,
Nem sementes pra comer.
Ou com medo da espoleta,
Não voltam nem por veneta
Quem é besta pra morrer.
*
03=III
Sem sombras pra proteger,
O solo está aquecido.
Sem as camadas de folhas,
Cada vez mais ressequido.
E a cigarra estridente,
Que cantava antigamente,
Hoje só solta um gemido.
*
04=IV
O solo desprotegido,
Sem adubo e degradado.
Do baixio até a serra,
Tudo já foi desmatado.
A terra perdeu o cio,
Leito de riacho e rio,
É seco e assoreado.
*
05=V
O homem preocupado
Com o seu próprio quinhão.
Loteou todo o planeta,
Movido pela a ambição.
Pensando em viver seguro,
Condenou o seu futuro
E o da próxima geração.
*
06=VI
Do que vi em extinção...
Da nossa fauna e flora.
Só por aqui onde eu moro,
Pois não pude ir lá fora.
Lacrimejou minha vista,
Eu que sou só cordelista,
Mas, um ecologista, chora.
*
07=VII
Se arribaçã foi embora,
Foi também a juriti.
Sem angico e sem resinas,
Não se alimenta o sagui.
A asa branca e a rolinha,
Gavião e andorinha,
Não se vê mais por aqui.
*
08=VIII
Pica pau e bem-te-vi,
Papa-sebo e curió,
Pássaro preto e anum,
Galinha d’água e socó,
Mergulhão e gurguru,
Jaçanã, perdiz, nambu...
Não se vê nem de um só.
*
09=XIX
Aroeira e mororó,
Virou mourão ou estaca.
Catingueira já foi mata,
Hoje só tem jovem e fraca.
Se o gado não come a soca,
Vem um imbecil e broca,
A mando de um babaca.
*
10=X
Surucucu, jararaca,
Cobra preta e de veado.
Por não ter o que comer,
Vão embora pro cerrado.
Se tinha alguma, ao me ver,
Já tratou de se esconder,
Com medo do resultado.
*
11=XI
Mocó já foi extirpado,
Gambá e paca também.
Veado só tem doméstico,
Selvagem há tempos não tem.
Tiziu já não pula em toco,
Cassaco por não ter oco
Invade a casa de alguém.
*
12=XII
O beija-flor e o vem-vem,
Pintassilgos e canários.
Só tem em enciclopédias
E fotos de calendários.
Ou vivem engaiolados,
Pra ser contrabandeados,
Por esses vis salafrários.
*
13=XIII
É triste ver os cenários,
Já não tem nem formigueiros.
O velame já não cresce,
Tem pouquíssimos marmeleiros.
Jucá cresce engurujado,
O único que eu vi copado,
Foi um velho juazeiro.
*
14=XIV
A oiticica e o pereiro,
O cedro e o jatobá,
Umburana e pinhão roxo,
Pinhão branco e o ingá,
Embiratanha e ipê,
Macambira e pacotê,
Não sobrou nem o trapiá.
*
15=XV
Rabo de couro e preá,
Reprodutores de porte.
Mataram mãe, pai e filhos,
Pra comer ou por esporte.
O que não morreu, correu,
Foi pra longe e se escondeu
E se voltar vai pro corte.
*
16=XVI
Abelhas tiveram sorte,
Porque puderam voar.
Quem ficou, virou escrava,
Talvez more em um pomar.
Em colmeias cativeiro,
Faz mel, mas só sentem o cheiro,
Isso se o dono deixar.
*
17=XVII
Sei que a tempo pra salvar,
Mas tá passando da hora.
Vamos ter que unir forças,
Não pra amanhã, é agora.
Que a terra está esquentando,
Nível do mar se elevando,
E um desses dois nos devora.
*
18=XVIII
Enquanto o planeta implora,
Só se ver mais negligência.
E o homem só se revela,
Predador por excelência.
Aumenta o seu patrimônio
E a camada de ozônio,
Minando a nossa existência.
*
19=XIX
Os avanços da ciência,
Tem o poder de prever...
Terremotos catastróficos,
Mas não sabe responder.
Se a terra um dia acabar,
O vivente que sobrar,
Onde é que vai se esconder?
*
20=XX
Sem ter água pra beber,
É impossível escapar.
A não ser que alguém consiga,
Dessalinizar o mar.
Se conseguir é em vão,
Porque a poluição,
Não o deixa respirar.
*
21=XXI
Se o homem continuar,
Fazendo essa matança...
O planeta não aguenta
E na rapidez que avança.
Se o urubu escapar
Por não ter onde morar,
Vai ter morte como herança.
*
22=XXII
Eduque a sua criança,
Ensine hábitos legais.
Não permita que ela seja,
Igual você ou seus pais.
Que usaram a avareza,
Destruindo a natureza,
Com seus venenos letais.
*
23=XXIII
Sejam mais racionais,
Que nossos antepassados.
Que deixaram nossos rios,
Com leitos assoreados.
E a nossa linda floresta,
Vamos salvar o que resta,
Com produtos adequados.
*
24=XXIV
Com os rios contaminados,
Temperatura aumentando.
O ar está poluído,
Nível do mar se elevando.
E o solo se degradado,
Você vai ficar sentado?
O que está esperando?
*
25=XXV
O tempo está se esgotando,
O final está bem perto.
Sem a camada de ozônio,
O inevitável é certo.
Não antecipe o seu fim,
Pois continuando assim...
A terra vira um deserto.
*
Fim
*
25/08/2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Quem não é boi, é boiada> Autor: Damião Metamorfose.


*
Julho, Agosto e Setembro,
Em ano de eleição.
Os homens de “boa fé”
“defensores da nação”.
Partem para o abraço,
Beijo e aperto de mão.
*
Raposa por vocação
Ou honesto descarado.
Inundam nossos ouvidos,
Com seu jingle plagiado.
E fotos mostrando os dentes,
Com seus sorrisos forçado.
*
Tratam o seu eleitorado,
Como boi ou uma boiada.
Invade a casa dos pobres
Come comida estragada.
Bebe água quente e diz:
Que é melhor do que gelada.
*
Seus slogans de fachada,
Para iludir o eleitor.
Agora é a vez do novo...
Honesto e trabalhador.
Pela vontade do povo...
Vote nele com amor.
*
Compram o vereador,
Com uma pequena bolada.
Prefeito e oposição,
A quantia é ampliada.
E o seu alvo principal
O povo, não leva nada.
*
Muita conversa fiada,
Passando em horário nobre.
Denuncias que não se apuram
E se apura alguém encobre.
Quem foi que desviou mais
O pão da mesa do pobre?
*
Se o mais esperto descobre,
Que é só tapeação.
Mas no banco dos favores,
Está devendo ao patrão.
E acaba dizendo um sim,
A quem merecia um não.
*
Em ano de eleição,
Todos têm capacidade.
Todos resolvem os problemas,
Do estado, país, cidade.
O difícil é descobrir
Que é que fala a verdade.
*
A lei da impunidade,
Impera nos bastidores.
Se o conchavo é descoberto,
Ninguém devolve os valores.
E quem trabalha é quem paga,
As contas desses “senhores”.
*
Portanto caros leitores,
Não riam, não é piada.
É só mais uma denuncia,
Que não vai ser apurada.
E nesse país do futuro...
Quem não é boi, é boiada.
*
Fim
*
23/08/2010