A mão que aponta o dedo,
É a mesma que orienta.
E vai até sua boca,
Quando você se alimenta.
Que te pega pela mão
E guia na escuridão,
Na hora mais turbulenta.
*
A mão que às vezes sedenta,
Pode bater em seu rosto.
Dói hoje, mas amanhã,
Evita um grande desgosto.
E te faz sentir saudade,
Daquela mão de verdade,
Que te bateu contra gosto.
*
A mão que serve de encosto,
No seu rosto faz carinho.
Que penteia seus cabelos,
Que fere as cordas do pinho.
É a mão abençoada,
Companheira inveterada,
Que não te deixa sozinho.
*
A mão que te serve o vinho,
Que tempera a comida.
Que toca as partes secretas,
Pudentes e proibida.
E a mão que traz conforto,
Mas também faz um aborto,
Que mata e impede a vida.
*
A mão que é homicida,
Que vive da mão armada.
Também é mão de pedinte,
Que pede esmola cansada.
E a mesma do retirante,
Mascateiro ou viajante,
Que faz do mundo a morada.
*
A mão magra e calejada,
Do humilde agricultor.
Que nunca feriu ninguém,
Mas fere sem ter rancor...
A terra a todo o momento,
Plantando o seu alimento,
E colhe os frutos do amor.
*
A mão do nobre doutor,
Que faz jura ao se formar.
Mas depois que faz carreira,
Chega ao alto patamar.
Esquecendo a jura feita,
Mesmo no plantão rejeita,
A mão que vem a sangrar.
*
A mão que só sabe amar,
Por ser mãe, mão verdadeira.
Que perde as noites de sono,
Do lado da cabeceira.
Mesmo em alta madrugada,
A mão estando cansada,
É mão, mãe e enfermeira.
*
A mão da mulher parteira,
Que não é renumerada.
Mas só por ouvir o choro
da vida, tão esperada.
Esquece que é aprendiz,
Volta pra casa feliz,
E é por Deus recompensada.
*
A mão que foi educada,
Mas não sabe o que é respeito.
Que tem de tudo na vida,
Mas abusa do direito.
Trata aos outros como escravos,
E espalha na terra os travos,
Da mão que vem com defeito.
*
A mão do nobre prefeito,
Senador ou deputado,
Vereador, presidente,
Governo o chefe de estado.
Que pra ganhar faz promessa,
Mas ao se empossar tem pressa,
De ver o povo roubado.
*
A mão do meu pai amado,
Que é minha companhia.
Para compor os meus versos,
Com ou sem sabedoria.
Domina os meus pensamentos
Que a mão dar movimentos
E a mão compõe poesia.
Fim
12/10/2009