Foto extraída do Google.
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Oh Deus senhor de Abraão,
Do honesto e do safado.
Abra a mansão da poesia
Pra me deixar inspirado.
Pra falar dos dois extremos,
Do patrão e empregado!
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Alto ou assalariado
Sabe de cor a lição.
Só conhece os seus direitos
Mas os seus deveres não.
E pensa em levar vantagem
Nos números da produção!
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Desvantagens do patrão
É não chegar atrasado.
Não ter folga, não ter férias
Não ser ovacionado
A ganhar uma promoção
E se quebrar, ta ferrado!
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Patrão precisa um guardado
Pra pagar o funcionário.
Precisa ter produção
Lucro não imaginário.
Funcionário quer férias
Décimo terceiro e salário...
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O imposto é um calvário,
Juro alto, uma indecência.
Finda sobrando os débitos
E acabando a paciência.
E o empregado de férias
Forçada da previdência!
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Parece uma penitência,
Todo mês um atestado.
Quem trabalha se aborrece
Com o beneficiado.
No final o patrão fica
Mais pobre que o empregado!
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O bom patrão é testado,
Bom empregado também.
Com destaque ganha mais
Pois quem é bom ganha bem.
Mas direitos e deveres,
Só o patrão é quem tem!
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Fui empregado também
E hoje sou patrão de mim.
Conheço bem os dois lados
Do não o talvez e o sim.
Das vantagens, desvantagens,
Sei o que é e o que é ruim.
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No emprego é sempre assim,
Antes da experiência.
O patrão promete aumento
Se atender toda pendência.
No fim patrão dá descontos
E empregado a previdência!
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O salário é uma esmola
Os juros são muito altos.
Um pedido de aumento
Pesa mais que os assaltos.
E assim patrão e empregado
Equilibram-se nos saltos!
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Quer viver de sobressaltos?
Tente um dia ser patrão.
Pagar férias, décimo, fundo
De garantia e o leão...
Quem vive com um salário
Não sabe o que é pressão!
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E os dois lesados são
Pelo imposto de renda.
Não sei se é melhor ser cana
Ou se é melhor ser moenda.
Só sei que um sem o outro,
É despacho sem oferenda!
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Um põe cana na moenda,
Outro vive com um salário.
Se um quebrar, para o outro,
É engraçado, e hilário.
Quanto mais um é esperto
O outro se sente otário!
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Quem emprega tem fadário,
No bolso no fim do mês.
Paga isso e paga aquilo
Paga as contas que não fez.
E o empregado gasta
Para mostrar que tem vez!
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E nesse antigo xadrez
De patrão e empregado.
Em que um se julga esperto
E outro se acha explorado.
Quando um acaba falido
O outro é desempregado!
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Não cresce o mau empregado
Patrão ruim vai à falência.
Sendo bons e esforçados
Crescem na mesma cadência.
Se um precisa do outro,
Precisa mais paciência!
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Patrão não muda a tendência
Quando retorna ao seu lar.
Na semana ou feriado
Não sabe o que é descansar.
E o empregado vive
Feliz e sem se estressar!
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Sei quem vive a trabalhar
E diz que é um escravo.
Mas tem casa, carro e moto
E não deve um centavo.
Vive melhor que o patrão
Que só tem cara de bravo!
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Um recebe sem agravo
O adicional noturno.
Hora extra e outras tantas,
Se noturno ou diurno.
Mas quem é patrão trabalha
Toda hora e em qualquer
turno!
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Patrão calça o seu coturno,
Seja em casa ou na empresa.
Empregado marca o ponto
Sem pensar na incerteza.
Pois tem no final do mês
Seu salário por certeza!
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Na luta por pão na mesa
E bom salário também.
Tem patrão que ganha pouco
E outros que ganham bem.
Tem empregado que guarda
Bem guardado o que ele tem!
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Se o empregado tem
O batente e o patrão.
O patrão tem o empregado,
O batente e o leão.
E um precisa do outro
Pra poder ganhar o pão!
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Deus
me deu a inspiração
Ai
foi dado o recado.
Mais
defesa que ataque
Indo
e vindo com cuidado.
Assim
nasceu o Cordel
O patrão e o empregado!
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Damião Metamorfose.