quinta-feira, 30 de junho de 2011

Uma terra bonita igual a minha... Mote * Autor: Damião Metamorfose.


*

Cá o galo é quem manda no terreiro

E um jumento é o relógio de ponto.

Onde o sol é quente e só dá desconto,

Quando no céu tem algum nevoeiro.

Onde o cheiro de um pai de chiqueiro,

Estimula a libido do desejo

De uma cabra, e um cabra Sertanejo,

É tarado por mulher e farinha...

Uma terra bonita igual a minha
Eu procuro, procuro mais não vejo!

*

Cá o céu é azul e soberano

Com suas nuvens mais brancas que algodão.

E a mulher morena cor tentação

Parideira, tem um filho por ano.

Cá ninguém leva vida igual cigano,

Todo mundo tem a sua casinha,

Um pedaço de terra, uma roçinha...

E a vidinha saudável que eu almejo.

Eu procuro, procuro mais não vejo

Uma terra bonita igual a minha!

*

Um cachorro é quem faz a segurança

Da casinha, casebre ou casarão...

Não existem barracos nem mansão,

Nem meninos de rua, só criança.

A cabrocha faceira canta e dança

E já nasce perfeita no molejo.

Se ela piscar o olho é lhe cortejo

Basta só caprichar na ladainha.

Uma terra bonita igual a minha
Eu procuro, procuro mais não vejo!

*

Uma noite de lua no Sertão,

Uma rede ou uma relva macia.

Um amor para fazer companhia,

Um café bem quentinho ou chimarrão.

Melodia de pássaros, violão

Ou viola ensaiando uma modinha.

Água fresca do pote ou da quartinha,

Sem ter filas, má querência ou sobejo.

Eu procuro, procuro mais não vejo

Uma vida saudável igual a minha!

domingo, 26 de junho de 2011

Exagerando e mentindo * Parte I * Autor: Damião Metamorfose.


*

Eu já recitei Cordel

Em braile, pra cego e surdo.

E um mudo falou pra mim

Que o poeta do absurdo.

Era o Orlando Tejo

Fazendo versinho burdo!

*

Certa vez fiz um balurdo,

Sem prensa e sem instrutor.

Para atender ao pedido

De um ilustre senhor.

Dizendo: que era pro eixo

Da linha do Equador!

*

Do Freud eu fui professor

Ele e a sua senhora.

Bill Gates é meu aluno,

Eu ensino, Ele decora.

Não sei por que Ele é rico

E eu só vivo na penhora.

*

Curupira e caipora,
Foi tudo eu que inventei.
De um eu cortei a perna,
Do outro, os pés eu virei.
E a mula sem cabeça
Também fui eu que cortei!

*

Ouvi dizer que um rei,

Filho de Zé e Maria.

Ia nascer num estábulo

Por falta de hospedaria.

Fui lá e Fiz minha parte,

Essa qualquer um faria!

*

Peguei a estrela guia
Sua rota eu desviei.
E quando Jesus nasceu,
Os três reis magos guiei.
No caminho pra Belém,
Ao Herodes enganei.

*

Uma guerra eu acabei

E pra não contar bravatas.
Além de acabar a guerra,

Exterminei as baratas...
Com uma bufa turbinada
De ovo repolho e batatas!

*

Acabei com as mamatas

Dos políticos da nação.

Os conchavos e as propinas,

Passaram a ser ficção.

Quer saber quanto eu ganhei?

Nada, fiz por diversão!

*

Alimentei o leão
Que ia comer Daniel.
E Ele ao me agradecer
Disse: bravo menestrel.
Conte ao mundo a minha História
Nos seus versos de Cordel...

*

Nunca gostei de bordel,
Mas com doze anos de idade.
Acho que foi a primeira
Vez, que eu fui à cidade.
Passei o dia na zona,
Voltei sem a virgindade!

*

Ensinei jogo e ruindade
Ao Donald Trump em Las Vegas.
Depois trouxe pro Nordeste
Para conhecer os bregas.
Se eu não tenho o que Ele tem,
Foi por que apostei as cegas!

*

Pra quem só quer ser as pregas,

Mas deve em tudo o que é praça.
Inventei calça sem bolso
E uma nuvem de fumaça.
Que é para o credor não ver
Quando o velhaco passa.

*

Movido pela cachaça,
Até mosca eu adestrei.
Os cabelos de Sansão
Também fui eu que cortei.
Tudo que é imaginável
Na terra, eu já inventei!

*

O tal casamento gay,

Que hoje é tão comentado.

Cá em Rafael Fernandes,

Faz tempo que é liberado.

Mas não diga que fui eu

Pois posso ser processado!

*

Eu já voltei ao passado

Sem sair do meu presente.

Já dei asas para cobras

E pernas para a serpente.

Mas depois que fui mordido

Me arrependi totalmente.

*

Já fiz seca com enchente

E um inverno no verão.

Fui terror dos cangaceiros

E ao brigar com Lampião.

Botei-o para correr

Com seu bando do Sertão!

*

Já fiz padre e sacristão

Correr de batina erguida.

Dormi em casa sem teto,

Pra não ficar sem guarida

Fiz o que você não faz,

Nem nessa nem noutra vida!

*

Eu inventei a bebida,
Que mata e não mata a sede.
Só não fabriquei o vento
Que vem quando estou na rede.
Mas aumento e diminuo
Batendo o pé na parede!

*

Jesus disse: vinde e vede...
Digo: eu não sou só mais um.
Sou um cidadão pacato,
Com aparência comum.
Mas meu conteúdo é único
E o meu verso é incomum.

*

Eu não inventei nenhum

Velhaco ou raça bandida...

Porque eu quero é distancia

Dessa raça corrompida.

Velhaco só atrapalha,

Na chegada e na saída.

*

Fui eu que a descida
Pra poder eu descansar.
Depois de uma subida,
Descer sem me esforçar.
Nesse subindo e descendo,
Não seu mais como parar!

*

Eu montei e sei domar
um cavalo sem arreio.
Deixo manso pra corrida,

Exibição e passeio...
Sendo um cavalo de pau
Eu monto até em rodeio!

*

Eu já entortei sem medo
O dedo de um valentão.
Só porque ele apontou
Ele em minha direção.
E acordei todo mijado
Deitado encima da mão!

*

Criei Dalila e Sansão,

A traição e o castigo.

Todos os sinais de alertas,

Avisei sobre o perigo.

Não ganhei nem um aperto

De mão ou abraço amigo!

*

Já assustei papa-figo
Que assustava moleque.
Hoje eu vivo me assustando
E assustaram até meu cheque.
Mamãe se assustou e disse:
Filho, não minta, não peque.

*

Já tomei cana e pileque
Quente, pura ou com limão.
Que se fosse armazenada
De uma vez num caldeirão.
Dava pra encher açude
E enchente em ribeirão...

*

Eu sou filho do Sertão
me criei lá na caatinga.

Acho que fui batizado,

Com açúcar limão e pinga.

Por isso o meu pai dizia:

Esse se escapar, não vinga!
*

Sou azes e sou coringa

Tudo em um só baralho.

Sou mais raro e procurado

Do que cedro ou carvalho.

Mesmo quando eu não posso

Fazer, sou o quebra galho.

*

Não inventei o trabalho,

Mas aprendi descansar.

Se sei que o trabalho cansa

Pra evitar me cansar.

Eu passo o dia e a noite

Deitado e sem trabalhar!

*

Fiz um eixo pra girar

A terra em torno do sol.

Fiz as muralhas da China

Mais torta que um caracol.

E nem precisei sair

Debaixo do meu lençol!

*

Eu entortei o anzol,

Fiz a barbatana e a isca.

Inventei o vaga-lume

Em forma de pisca-pisca.

Transformei mulher direita,

Na chamada boa bisca.

*

D-eu fogo eu faço faísca,

Assovio e chupo cana.

M-isturo água com óleo,

I-mproviso uma cabana.

A-dultero até o vento,

O ano, o mês, a semana...

*

Fim.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Utopia

(Foto extraída do Google)
*
Às vezes fico triste, ou ate querendo ir,
Mesmo sabendo que o tempo passa veloz
Ou que velozes, por ele, passamos nós,
Deixando sempre a nostálgica
Sensação de não ter sido,
Não ter tido, não ter ido...
E em vida, morrido.
*
Às vezes fico querendo voar
Tendo os pés plantados,
Fico idealizando um futuro
Que já pertence ao passado...
Vivo me perdendo em irrealizações,
Cercada de esperas, que me trás
Um presente, carregado de quimeras.
*
Hoje, a estrada esta tão curta
Pra tão longa caminhada,
Arrependo-me de não ter ousado,
De não ter ao mundo me atirado,
Me arrependo de não ter me perdido
E me deslumbrado
*
Os meus dias estão
Tão inusitado, andando em
Avenidas traçadas, rumo ao sol,
Lamentando por tudo o que deveria ter andado,
Se não fosse o peso das asas quebradas,
Arrastadas por dias ausentes de arrebol
*
E os sentimentos mais profundos.
Vai se transformando em utopia,
Que se transforma em realidade.
E a harmonia que vem do meu interior
Vive num paradoxo constante.
E o frio me aquecendo.
E o vazio me completando.
*
E assim vou vivendo
Do avesso para o avesso
Numa incompleta solidão
Porque amar por amar
Não compartilha tempo
Nem espaço
Antes não amar
Pois o amar torto confunde
Os sentimentos.
*
Vitória Moura

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Exagerando e mentindo * P arte I I* Autor: Damião Metamorfose.


*
Neste Cordel eu garanto,

Que não vai falta zoeira.

Bom humor para quem gosta

De uma boa brincadeira.

Exagerando e mentido,

De forma bem verdadeira.

*

Eu sou o pior crueira
Que existe no Nordeste.
É por minha causa que
Existe o ditado: oh! Peste.
Se alguém aqui duvidar
Se habilite e faça o teste.

*

Fui embora pro Sudeste,

Pra evitar desmantelo.

Fiz mais filhos que: Caetano,

Gil e Pepeu e Consuelo.

Acabei mais enrolado

Do que linha no novelo!

*

Sou o maior pesadelo,
Dessa nova geração
De poetas cordelistas
Da cidade ou do Sertão.
Norte, Sul, Leste, Oeste
Sabem quem é Damião!

*

Domei cavalo do cão,
Fiz cigano trabalhar.
Fui feirante no Marrocos
E vendi sem pechinchar.
Só faço versos de graça,
Porque não quero cobrar!

*

Eu construí o meu lar
Com sacada e cobertura
Com a tesoura e um pente
E algum jogo de cintura.
Essa aqui não é mentira,
Eu moro nessa estrutura!

*

Nos tempos da ditadura
Chamei Médici de macaco.
Ontem eu convenci Obama
Mandar Osama pro saco.
Com dezesseis anos eu
Trabalhei como cassaco...

*

Eu não aceito pitaco
fofoca ou disse-me-disse.
Pois fiz o Nordeste inteiro
Falar o oxente e visse.
-Nasci velho e fiquei novo
Sem viver a meninice...

*

Até chegar a velhice
Vou fazer votos de fé.
Pra dá uma volta ao mundo
Indo e voltando e a pé.

Ou montado em um jumento

Andando de marcha ré.

*

Esse tal de rei Pelé,

Que dizem que tem talento.

Fui eu quem o ensinei,

A ser mais veloz que o vento.

E o que Ele fez com a bola,

Eu ensinei cem por cento.

*

As cores do firmamento,
Eu pintei pinta por pinta.
Em um estalo de dedos,
Sem usar pincel nem tinta.
Tudo o que disse é verdade...
Não tem morto que desminta!

*

Firula, catimba e finta

Fui eu que inventei tudo.

Biquíni e fio dental,

Topless e corpo desnudo...

Os outros ganharam a fama

E esconderam o cabeludo.

*

Não preciso de estudo,
Canudo nem formaturas.
Minha historia está ai
Rimada e em partituras.
E todo mundo já sabe
Que eu que fiz as escrituras!

*

Água mole e pedras duras,

Vai o homem e fica o mito.

Esses ditados são meus,

Na arte eu sou infinito...

Poesias de A a Z,

Do clássico ao erudito.

*

Ensinei um periquito
Rezar a missa em latim.
Envernizei as baratas
E pintei o mucuim.
Da Vince ficou famoso
Mas deve honras a mim.

*

A traição de Caim,

A inocência de Abel.

A ida do homem a lua,

As formulas doce do mel.

Todas as coisas do mundo...

Eu registrei em Cordel!

*

Eu já nasci menestrel,

No Nordeste brasileiro.

Quando esta arte chegou

Em um navio negreiro.

Fiz o primeiro folheto,

Portanto: eu sou o primeiro!

*

Os dias de Fevereiro
Que até hoje estão faltando.
Foi por causa de uma vez
Que eu estava brigando.
Saíram do calendário

Para voltar não sei quando!

*

Deus quando estava criando,

Pediu minha opinião.

Botei radar em morcego
E as aves de arribação
Sou eu que aviso o tempo
Bom de voltar pro Sertão!

*

Moisés usou minha mão

Para abrir o mar vermelho.

Noé fabricou a arca,

Mas a eu pediu conselho.

Só não criei o Narciso,

Mas emprestei o espelho.

*

Ensinei Paulo Coelho
A ser um bom escritor.
Foi comigo que o Davi
Aprendeu a ser pastor.
Lecionei no mundo inteiro
A arte de cantador!

*

Ensinei ao beija-flor,

Ficar parado no ar.

Depois fiz o helicóptero,

Só para lhe imitar.

Santos Dumont ganhou fama,

Mas fui primeiro a voar.

*

Inventar e ensinar,

É comigo, viu bichinho.

Quer aprender a cantar

Em dupla, em trio ou sozinho?

Sabe o caminho mais perto?

Comigo é bem ligeirinho.

*

Ao político Garotinho,
Ensinei a fazer greve
De fome, mas avisei
Pra Ele pegar mais leve.
Pois na arte da mentira
Nem todo mundo se atreve!

*

Já fiz montanhas de neve

No Pólo Sul e garanto.

Se eu quiser também faço,

No Nordeste ou outro canto.

Sou Damião pecador,

Mas meu irmão é um santo!

*

Inglês grego e esperanto,
Espanhol e mandarim,
Italiano e tupi,
Braile, árabe e latim...
São dez das mais de mil línguas
Que eu ensino em tempo ruim!

*

Comigo é sempre assim,

Sou cheio de artimanha.

Pois fui eu quem expulsou

O Hitler da Alemanha.

Eu ando sem deixar pistas,

Numa teia de aranha!

*

Magreza, excesso de banha,
Escoliose em corcundo,
Seja excesso de trabalho
Ou só por ser vagabundo.
Com uma só garrafada,
Eu curo as dores do mundo!

*

Eu mergulhei lá no fundo
Do vulcão da caixa prego.
Também fiz o monte Fuji
E a torre Eiffel, com lego.
No tamanho original...
e mostrei tudo a um cego!

*

Essa cruz que eu carrego,

Pesa mais que a cruz de Cristo

Mas vou provar que o que eu digo,

É verdade, eu não desisto.

Também se eu não provar nada,

Ninguém tem nada com isto!

*

As coisas que eu não conquisto,

É porque não fui atrás.

O mundo inteiro faz guerras,

Mas eu conquistei a paz.

Se alguém quiser eu ensino

De graça, como se faz...

*

Se a sua carta é um az,

Eu tenho um baralho inteiro.

Meu dom foi dado por Deus

Não devo a catimbozeiro.

Por isso pra eu cantar,

Não precisa de dinheiro.

*

O meu verso é verdadeiro,

Métrica: sempre tinindo.

Rima: eu só faço perfeita,

Deixa: sem ser repetindo.

Oração: sempre antenada,

Exagerando ou mentindo?

*

D-eus está interagindo,

A-onde está minha mente.

M-eus versos são emprestados

I-nspiração certamente.

A-gora resta eu dizer:

O meu: Obrigado gente!

*

Fim.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O nocaute do tempo... Mote * Autor: Damião Metamorfose.


*

Nós humanos nascemos indefesos,

Frágeis, desprotegidos, dependentes...

Sem cabelos, sem tato, voz e dentes,

Ao crescer, somos livres quase presos.

Sejam atléticos raquíticos ou obesos,

Com a idade a coluna sempre entorta.

E a matéria falida quase morta,

Perde dentes, cabelos, tato e voz.

O nocaute do tempo é tão feroz,

Que a estrutura da vida não suporta!

*

Sei que existe gente que não é gente

E por isso pisa no semelhante.

Atropela acelera a segue adiante,

Não diz oi, só buzina e vai em frente.

Para mim esse tipo de insolente,

É estrume que não aduba a horta.

Deus escreve o certo em linha torta

E vai voltar pra julgar esse algoz.

O nocaute do tempo é tão feroz,

Que a estrutura da vida não suporta!

sábado, 18 de junho de 2011

É ou não é do Sertão? * Autor: Damião Metamorfose.


*

Uma casa sem mobília

E com uma renca de filho.

Paiol de feijão ou milho,

Pro sustento da família.

Sem inimigo ou quizília,

Inveja ou ambição...

Come arroz com feijão,

Sem carne se for preciso.

Passa o ano quase liso,

É ou não é do Sertão?

*

Pescar com um landuá
Ou com isca de caçote.
Baladeira ou cravinote,
Serve pra caçar preá.
Casca ou folhas de juá,
Pra fazer a escovação.
Andar com um matolão,
Cheio de quinquilharia,
Dá ô de casa e bom dia!...
É ou não é do Sertão?

*

Uma enxada tupi
Quatro ou cinco polegadas.
No inicio são pesadas,
Isso eu digo por que vi.
Um chinelo vakiki,
Pra sair no domingão.
De pneu de caminhão,
No dia-a-dia nas roças.
Pele queimada e mãos grossas,
É ou não é do Sertão?

*

Cabeça de boi ou touro
Enfeitando uma estaca.
Uma cabra ou uma vaca
Magrinha, o osso e o couro.
Um papagaio ou um louro,
Para falar palavrão.
Velho e menino no oitão,
Mijando e coçando aquilo
E ninguém vai pro asilo,
É ou não é no Sertão?

*

Milho colhido do pé,
Cuscuz moído em moinho.
Ovo tirado do ninho
Da galinha garnisé.
No lugar de um filé,
Rabada gorda e pirão.
Arroz, farinha e feijão...
Servido em prato de barro.
Chamar tosse de pigarro,
É ou não é do Sertão?

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pão e circo * Autor: Damião Metamorfose.


*

Imagine se um político

Por exemplo: o Presidente.

Processasse quem o chama

De burro ou incompetente.

A coisa ficava feia,

Pois não ia ter cadeia

Para prender tanta gente!

*

Acho pouco inteligente,

Proibir um cidadão.

De expressar o que pensa,

Quando o mesmo tem razão.

Se acabaram com a censura

E aboliram a ditadura

Por que a proibição?

*

Viver sem ter expressão,

Com dever e sem direito.

Ter que bater continência,

Pra Vereador, Prefeito...

Eu acho uma sacanagem,

Pois quem não zela a imagem,

Deve posar de perfeito?

*

Eu morro e não aceito,

O que eu vejo acontecer.

Os pobres votam num pobre

E se o lascado vencer.

Basta assumir a cadeira,

Que começa a roubalheira

E o abuso de poder!

*

Limam quem ousar dizer,

Que a saúde vai mal,

Que falta ônibus, escola,

Merenda, et cetera e tal...

E o “pão e circo” a folote,

Com direito a camarote,

Gasta a verba federal!

*

Antecipa o carnaval,

Faz uma emancipação...

Anuncio em tudo que é mídia

Para chamar atenção.

Benefícios de fachada...

Mas quem vê a coisa errada,

Sem voz, tem que dá razão?

*

Eu sou contra o “circo e pão”

O camarote, o comício,

As gincanas, as quadrilhas,

Os fogos de artifício...

Dinheiro mal aplicado,

Com tanto hospital fechado,

É ou não é desperdício?

*

Festa não trás beneficio,

Atrai muito, é ladrão...

E o comercio ambulante

Que vem de outra região.

Deixa o lixo e leva tudo,

O trocado e o graúdo,

É isso que é solução?

*

Não quero circo nem pão,

Eu quero é dignidade.

Com meu País, meu Estado

E com a minha cidade.

Que tem dinheiro pra festa

E a educação não presta,

Saúde é calamidade!

*

Desde a antiga idade,

Que esse regime cruel.

Põe o povão pra dançar

Tango sem ser de Gardel.

E essa política sacana

Enganou e ainda engana

De forma vil e infiel.

*

Espero que o meu Cordel,

Não venha a ser censurado.

Pois Ele é o meu porta voz,

Quando eu vejo algo errado.

Com Ele eu posso gritar

Pra o mundo inteiro escutar,

Sem sair do meu Estado!

*

A quem leu muito obrigado!

E se gostou passe a frente.

Vamos dar a volta ao mundo

Unidos nessa corrente.

Denuncie o podre hirco,

Política do pão e circo,

Só atrasa a nossa gente!

*

Fim.