domingo, 2 de maio de 2010

De cima pra baixo> Autor: Damião Metamorfose.


*
Olhando o mundo de cima,
De onde o clima é mais ameno.
Dá pra ver como ele é grande
E como eu sou tão pequeno.
Menor que a menor semente,
Diria um pingo de gente
Ou partícula do sereno.
*
Parece até obsceno,
Ver dessa localidade.
Mas quem ver essa grandeza,
Ver com grandiosidade.
Apenas ver e se cala
E quando não cala, fala,
Zero vírgula da metade.
*
Vejo as luzes da cidade,
Piscando igual vagalumes,
As flores desabrochando,
Com cores e sem perfumes.
De longe a mulher que amo,
Não me ouve quando eu chamo,
Mas me desperta ciúmes.
*
Seitas, doutrinas, costumes,
Liberdade em cativeiro.
Vistos do andar de cima,
Parecem com um canteiro.
E de lá se imagina,
Que a muralha da China,
É trilha de um formigueiro.
*
Vendo o mundo por inteiro,
Fiquei a imaginar...
Como podem as criaturas,
Comprar ou se apropriar.
De um paraíso tão lindo
E do jeito que vão indo,
Até aqui vão comprar.
*
A ambição secular,
Movida pela indecência.
Usando a força do braço,
Desprezando a inteligência.
Não pensou por um segundo,
Que ao dividir o mundo,
O mesmo ia à falência.
*
De cima eu vi a carência,
De um menino abandonado.
Comendo lixo e bebendo
Do seu pranto derramado.
Sem o direito a viver,
Pagando a conta sem ter,
Divida, culpa ou pecado.
*
Vi um senhor alinhado,
Com um chicote na mão.
Batendo em quem ele via,
Sem ter patente ou brasão.
Vi a fome esfomeada,
Comendo a pele queimada,
Pelo sol da escravidão.
*
Um político em eleição,
Fazendo um lindo comício.
Prometendo um mundo novo,
Sem promessa, roubo e vicio.
E o povo batendo palmas,
Vendendo o voto e as almas,
Como foi desde o inicio.
*
Lá no baixo meretrício,
Vi uma mulher bem vestida.
Conversando com um homem,
Que a chamava de querida.
Quando a conversa acabou,
Entrou pro quarto e cobrou,
A carne, o corpo e a vida.
*
Porta de entrada e saída,
Onde vai quem tem pecado.
A igreja estava cheia,
No altar um homem exaltado.
Gritava o nome de Deus,
Para crentes e ateus,
E o $ifrão seja louvado
*
Eu que estava acostumado,
A ver tudo ao mesmo nível.
Agora vendo de cima
Do mundo, do é possível.
Estava boquiaberto,
Porque sabia por certo,
Que o erro era bem visível.
*
Vi passar um dirigível,
Em alta velocidade.
Com o som ligado bem alto,
Incomodando a cidade.
De Eclesiastes lembrei
E um trecho dele eu citei,
-Tudo aqui é vaidade.
*
A bondade e a maldade,
Vi andando de mãos dadas.
Pisando encima dos fracos,
Que dormiam nas calçadas.
A mentira e a verdade,
Felizes côa amizade,
Ambas de caras lavadas.
*
Mulheres embriagadas
E os homens do mesmo jeito.
Filhos sendo assediados,
Mamando álcool no peito.
E um traficante esperto,
Andando de peito aberto,
Dizendo: assim tá perfeito.
*
As balas sem ser confeito,
Que antes eram vendidas.
Em lugares escondidos,
Já não eram proibidas.
O consumidor chegava,
Comprava e depois testava,
Sem ter amor pelas vidas.
*
Jogos, cigarros, bebidas,
Roubo e a contravenção.
Estavam em todos os lugares,
A vista e a prestação.
E os ditos donos da terra,
Brincando jogos de guerra,
Com mísseis, bomba e canhão.
*
Na hora do um apagão,
Pensei ver luzes piscando.
Depois que a luz voltou,
Eu vi uma mãe chorando.
E dizendo: os homicidas,
Com suas balas perdidas,
Um ao outro estão matando.
*
Mas Jesus está voltando,
Pra fazer seu julgamento.
Espero que ele venha,
Feito rajada de vento.
Senão em vez de uma cruz,
Dessa vez matam Jesus,
De um jeito mais violento...
*
Eu acordei no momento,
Que ouvi seu nome citado.
Fui lá para a cobertura,
Do meu humilde sobrado.
Com o peito ardendo em brasas,
Olhando os tetos das casas
Não vi ninguém acordado.
*
Lembrei que tinha sonhado,
Com um mundo dividido.
Parei por alguns segundos,
Recuperando o sentido.
Quanto mais eu me lembrava,
Mais real ele ficava,
Igual ou bem parecido.
*
Mas nem tudo está perdido,
Temos tempo pra salvar,
O nosso planeta terra
E quem mais nele habitar.
Basta ser mais consciente,
Errar menos, ser prudente...
Dar perdão e perdoar.
*
Por enquanto vou ficar,
Mui pesaroso e tristonho.
Porque sei que poucos vão,
Fazer o que eu proponho.
E até duvido que alguém,
Sonhe este sonho também
E não fique só no sonho.
*
D-a mentira eu me envergonho,
A-bomino a violência
M-aldade só trás maldade,
I-ntolerância e demência.
A-manhã quem sabe o mundo,
O-use usar a inteligência.
*
Fim
*
02/05/2010