sábado, 19 de novembro de 2011

Eu quero é glosar * I * Autor: Damião Metamorfose.


*

Eu nasci numa casa pequenina

Encravada na aba de uma serra.

Sou Nordestino e amo a minha terra,

O cerrado, a caatinga e a campina.

O forró com zabumba e concertina

Onde se dança de corpo colado...

Mas ouvir um cantador afinado

Sempre foi meu deleite, a poesia.

Eu cresci escutando cantoria

E hoje canto lembrando o meu passado!

*

Os motes abaixo são do Eduardo Viana... Glosas de: Damião Metamorfose.

*

Certa vez fabriquei um instrumento,

Uma linda guitarra de brinquedo.

Meus carinhos de pau, não tem segredo,

Eram feitos por mim em cem por cento.

Por carência eu testava o meu talento

E o invento era a pura diversão.

O prazer era a gratificação

E a fama era o exibicionismo.

O talento é o pai do mecanismo,

A carência é a mãe da invenção!

*

Eu sou filho de Maria e José...

Ambos pobres, porém muito educados.

Fui criado lidando nos roçados,

Tendo menos dinheiro do que fé.

Sem recurso eu cresci andando a pé,

Em jumento, cavalo ou um burrão...

Se hoje tem metrô, taxi e avião...

Que me leva aos confins e não emperra.

Para que carro caro aqui na terra

Se o transporte final é um caixão!

*

Se depois do friozinho na barriga,

Logo após do avião decolar.

Co-piloto ou o piloto avisar

O motor deu uma pane e se desliga.

Tenham calma e sem tumulto ou briga...

Rezem muito, com fé e devoção,

A Alá, Maomé, Deus de Abraão...

Que um só não resolve o que se deu.

Que será que vai dizer um ateu

Se viver uma pane de avião?