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Extraído de um poema da poetisa: Vitória Sena.
Acelerando os meus dias,
Procuro me apressar.
Engulo etapas ou tento.
Os meus sonhos sufocar.
Para que nenhum retorno,
Incite-me a sonhar.
Privo-me até de chorar,
Sempre marcha exacerbada.
Vivo atropelando fases,
Alongando a passada.
Acumulando fobias,
Nessa ânsia exasperada.
Buscando o tudo ou o nada,
Esqueço até de sorrir
Pulo as estações da vida,
Evito me seduzir.
E para não me perder,
Esforço-me para emergir.
Às vezes deixo de ir...
Noutras, evito paradas.
Que ficam em meus caminhos,
Cego-me das alvoradas.
Perco o brilho do sol
E das manhas orvalhadas.
Alma e vida desarmadas,
Ensurdece-me em lamento.
E na contramão do tempo,
Confronto-me com o vento.
Pra não cair em ciladas,
Desvio o meu pensamento.
Me esquivo do momento,
Sem me sensibilizar.
Em que a felicidade,
Tenta me fazer voltar,
E ansioso pra vencer,
Eu não consigo parar.
Pra não me ludibriar,
Eu fico indignado.
E não me deixando ver,
Que o meu mundo está travado.
No afã de não me deter,
Eu sigo mais apressado.
Quebro algemas do passado,
Insisto sempre em correr
Mas a pressa momentânea,
Consome todo o meu ser.
Ignorando as paradas,
Que há um novo amanhecer.
Para não retroceder,
Não vejo as flores da estrada.
Nem as curvas do caminho,
Nem a manhã orvalhada.
Que compõem as poesias,
Da minha alma cansada.
E as etapas violadas,
As estrelas que brilharam,
Já não estarão mais lá,
Das minhas mãos escaparam.
e os tesouros que eu nem vi,
Os que viram conquistaram.
Os meus passos longos param
Cansados do caminhar.
Encerando a trajetória,
Sem poder ir ou voltar.
Atropelando a historia,
De quem passa por passar.
Mas eis que o sol a brilhar,
Sobre as manhãs orvalhadas.
Rejuvenescem os meus passos,
Deixando as minhas pegadas.
Pra não passar por passar,
Como tantas alvoradas.
Vitória Sena, by: Damião Metamorfose.