segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O poeta> Autor: Damião Metamorfose.



*
Extraído de um poema da poetisa: Vitória Sena.
*
Onde a inspiração reside.
O poeta faz moradas
Onde a alma se divide,
Real e conto de fadas.
Se o seu vôo assim permite,
Mora além do seu limite...
Um só em duas estradas.
*
Revive vidas passadas,
Bebe do seu próprio mel.
Nas ruínas de escombros,
Banha-se em fontes de fel.
E esvazia a sua taça,
Só em um banco de praça
Ou num quarto de bordel.
*
Rabisca em qualquer papel,
Sua vida nua e crua.
Na ausência de conforto,
Céu é teto, luz, é lua.
Faltando-lhe inspiração,
Interrompe a criação
E ignora que foi sua.
*
Joga no lixo ou na rua,
Sua paixão ou desgraça.
Seu sorriso feio e lindo,
Sujo ou limpo, se esvoaça.
E a sua vida sem corte,
Fica exposta a própria sorte,
A ascensão perde a graça.
*
No amor que nunca passa,
Desejo ou obsessão.
Na ternura de um beijo,
No talvez, no sim ou não.
Vivendo em guerra ou em paz,
Sua alma se refaz
E busca a inspiração.
*
No seu canto em oração,
Que causa tanta saudade.
No vermelho do arrebol,
No cinza de uma cidade.
No acaso ou no disperso,
O poeta faz em verso,
Tristeza e felicidade.
*
Na falta de igualdade,
Preconceito e ambição.
No pivete de alma armada,
Que avança e pula o balcão.
De olhos fixos num brinquedo,
Enfrenta o mundo e o medo
e morre sonhando em vão.
*
Pra o poeta a inspiração,
Essa chama que lhe invade.
Vem dos palcos dessa vida,
De ilusão e realidade.
Do sorriso da criança,
Da idade que se avança,
Do inteiro e da metade.
*
Sua maior vaidade,
Que alicerça e dar suporte.
É ter o caminho livre,
Sem carimbo ou passaporte.
Pra compor a sua obra,
Sem precisar de manobra,
Por veto, censura ou corte.
*
O poeta vem do norte,
sul, centro oeste e sudeste.
Da caatinga ou do asfalto,
Sertão, litoral, agreste.
E na essência de tudo...
Ele jamais fica mudo,
Se manifesta e investe.
*
O poeta é inconteste,
A riqueza da mistura.
A poesia é uma porta,
De uma mente sem censura.
Que antecipa a denuncia,
Enriquecendo a pronuncia,
E preservando a cultura.
*
Fim
*
25/01;2010

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O amor que eu plantei> Autor: Damião Metamorfose.

O amor que eu plantei,
Mesmo sendo a longo prazo.
Não é um amor qualquer,
Nem é amor por acaso.
Um dia em algum lugar,
Eu sei que ele vai vingar,
Em solo profundo ou raso.
*
Não é ouro nem é quartzo,
Nem contem nenhum cifrão.
Por não ser material,
Também não tem ambição.
Pode até ser aprendiz,
Por ter vindo da raiz,
Do fundo do coração.
*
Não é amor de irmão,
De amigo ou parente.
Não sei nem dizer qual é,
Calculando friamente.
Mas posso lhe assegurar,
Que esse amor é singular
E têm mais de um pretendente.
*
Esse amor é a semente,
Que eu colhi no deserto.
Nos tempos que eu vagava,
Sem ter endereço certo.
Amor que sempre busquei,
Mas no dia que encontrei,
Eu fiquei boquiaberto.
*
Não foi por ser mais esperto
Ou menos, que o encontrei.
Nem por ser obstinado,
Pois o porquê eu nem sei.
Eu só sei que esse amor,
Faz-me dar real valor,
Com ele eu me sinto um rei.
*
O amor que eu procurei,
Talvez no lugar errado.
Nunca me deixou sozinho,
Mesmo estando abandonado.
E quando eu me ausentava,
Ele ao longe me sondava,
Sempre esteve do meu lado.
*
Quanto pranto derramado,
Pedidos sem assistência.
Tempo perdido aguardando,
Meu Deus! Quanta paciência.
E hoje aqui frente a frente,
Agradeço e sou clemente,
Por me curar da demência.
*
Maior que a própria existência,
É esse amor que eu tenho.
É carne, é mente e é alma...
E por tudo isso eu venho.
Usar meu dom e dizer,
Que é para o mundo saber,
Que desse amor não desdenho.
*
Por ele eu terei empenho,
Carinho e dedicação.
Vou ser paterno e materno,
Amigo, amante e irmão.
Pra conseguir esse feito,
Se preciso, abro o meu peito
E doou o meu coração.
*
Fim
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14/01/2010.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Te quero>Autor: Damião Metamorfose.

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Extraído de um poema da poetisa Vitória Sena.

Te quero...És a overdose,
Desse amor viciado.
Que sacia o sangue e deixa,
Meu ser mal acostumado.
*
É meu ar, o alimento,
E tudo o que mais preciso.
Mata a fome e revigora,
Tira-me a roupa e o juízo.
*
Quero-te... Como amante,
Mais que antes, como agora...
És a ponte a poesia,
O arrebol, a aurora.
*
A água que mata a sede,
Lava a alma e mostra nua.
Com a mesma ânsia louca,
Diz-me em sussurros, sou sua.
*
Quem anseia loucamente,
A terra e o paraíso.
Quem brinca no céu da boca
E arranca o melhor sorriso.

E por te querer existo,
Bem conheces minha essência.
Tu provaste e aprovaste,
Transpondo-me a transparência.
*
Me vê com ar de inocência,
Que me abrasa e arrebata.
Com eloquência me doma,
No tempo e hora exata.
*
Te quero ontem e hoje,
Amanhã, eternamente...
Tendo-te... Amando e vivendo
Sempre, inevitavelmente.
*
Te Amo, te Amo e te Amo...
*
(Vi & Da)

domingo, 3 de janeiro de 2010

A vida engolindo a vida, > Autor: Damião Metamorfose.


*
Um do um, dois mil e dez,
Depois de uma bebedeira.
Sentei-me pra descansar,
Na sombra de uma mangueira.
Quando ali vi uma cena,
Quase digna de pena,
Por ser vil e traiçoeira.
*
Do tronco da bananeira,
Eu vi sair um caçote.
Correndo em disparada,
Melhor dizendo: a pinote.
Com três atrás no encalço,
Ali era um pulo em falso
E uma bicada no cangote.
*
Galo, galinha e um frangote,
Corriam atrás do coitado.
E ele no desespero,
Pulava sempre alternado.
Para vê se despistava
ou quem sabe se livrava,
De ser pelos três, bicado.
*
Pulando pra todo lado,
Sem a quem pedir socorro.
Se ele falasse dizia...
“Oh! Vidinha de cachorro”.
Primeiro dia do ano
E se eu não entrar num cano,
É dessa vez que eu morro.
*
Pulando em Z feito um zorro,
Sobre a terra ressequida.
O fôlego se acabando
E ele sem ver uma saída.
-Primeiro dia do ano,
Ou eu entro em algum cano,
Ou eu perco a minha vida.
*
A galinha esbaforida,
Com aquele calor voraz,
Juntamente com o galo,
Foram ficando pra trás.
Mas o fogoso frangote,
Veloz igual um coiote,
Corria com todo gás.
*
Um pulo em falso e... Zás,
Frangote ganha a corrida.
Prende o caçote em seu bico,
Deixando-o sem saída.
E eu ali assistindo
O forte a um fraco engolindo
E a vida engolindo a vida.
*
Fim
03/01/2010.