sábado, 28 de abril de 2012

Eu já fiz... * Autor: Damião Metamorfose.


*
Na minha vida pregressa
De andanças nesse país
Eu já fiz de quase tudo
E como o ditado diz:
A lei era fazer algo
Que me fizesse feliz!
*
De quase tudo eu já fiz
Fui chegada e fui partida.
Fui alegria e tristeza,
Porta de entrada e saída.
Conservador, liberal
Subida, atalho e decida...
*
Quando eu vim pra essa vida
Sei que foi careca e nu,
Sem nenhum dente na boca,
Com uma cara de beiju.
Mesmo uns me achando lindo
Era feio pra chuchu!
*
Já vivi igual tatu
Morando em um formigueiro.
Pois a casa que eu morava
Era “taipas” companheiro.
Naquele tempo eu vivia,
Hoje eu morro o tempo inteiro!
*
Eu já gastei o dinheiro
Que eu ganhei no passado.
Paguei contas sem dever,
Pedi perdão sem pecado.
Tudo o que se faz aqui
Não tarda e tudo é cobrado!
*
Já estou todo envergado
Dos pesos que já peguei.
E hoje mesmo sem peso
Acho que torto eu fiquei.
E a cada dia que passa,
Vai piorando, eu já sei!
*
Já passei fome e a matei
Com farinha e rapadura.
Banana verde cozida,
Preá feito na fervura.
No meu tempo de inocência
Na época da ditadura.
*
Eu já comi fava pura,
Porque não tinha o feijão.
E era da fava preta
Mais amarga que o “cão”
Dessa vez eu quase morro
Com uma baita indigestão!
*
Já fui só um embrião,
Um pedacinho de gente.
Já fui vento em tempestade,
Sol e chuva em dia quente.
Já fui mais do que sonhei
Em ser até o presente!
*  
Já fui frágil e inocente...
Hoje sou homem maduro.
Tive um passado de fome,
Já passei por muito apuro.
Superei, vivo o presente
Com um olho no futuro!
*   
Eu não fiz tudo e juro
Ter muito mais pra fazer.
Só que já não tenho pressa
E nem pretendo correr.
Vou devagar e sem medo
Do que pode acontecer!
*   
Já esperei a sofrer
A saudade e a chegada...
Coisas que me assustavam
Hoje não assustam nada.
Pois sei que um problema sempre
Acaba em uma piada!
*    
Fui “casado” uma cagada
E depois me libertei.
Achei a pessoa certa
E dessa vez me casei.
Se vai ser pra vida intera,
É com Deus, pois eu não sei!
*  
Não fiz, já fiz, já tentei...
Desisti e insisti.
Pensei que sabia tudo
Foi engano, eu descobri.
Que tudo às vezes é nada
Perto do que eu não vivi!
*     
 De solidão já sofri
A dois, mas foi no passado.
Hoje nem só, sofro mais...
Graças a Deus tô curado.
Quem quiser sofrer que sofra,
Quero é viver sossegado!
*
Fim.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

As influencias da morte na economia mundial. Autor: Damião Metamorfose.



Foto gif extraída do Google.
*
Não há quem possa acabar
Com a morte por um dia,
Uma hora, um minuto,
Um segundo bom seria.
Mas se a morte acabasse,
Gerava um grande impasse
No mundo e na economia!
*
E com isto quem perdia
Mais, era a religião.
Pois ninguém queria ir
Em culto missa ou sermão...
Sem medo de ir pro inferno,
Até mesmo o pai eterno
Ficava sem procissão!
*
Sem a morte o sacristão
Não tocava mais o sino.
E o planeta ia ter
Mais velho do que menino.
Portanto não fique triste,
Inda bem que a morte existe
Pra cruzar nosso destino!
*
O milionário ou grã fino
Sem a morte, humilhava
O mais pobre, e o empresário,
Massacrava e explorava.
A coisa era tão precária
Que até a funerária
Sem vender caixão, fechava!
*
O coveiro não cavava
Covas para sepultar.
Caia a venda de enxadas
E chibancas pra cavar.
O problema era tão sério
Que até o cemitério
Sem a morte ia fechar!
*
Fieis não iam rezar,
Torah, Bíblia ou catecismo...
Ninguém pedia perdão,
E sem o medo do abismo
A disputa era acirrada,
Partindo pro tudo ou nada
Os adeptos do egoísmo!
*
Aumentava o ateísmo,
Devoção diminuía.
Ninguém pagava promessa,
Nem ao menos se fazia.
Ninguém vendia jazigo
Nem comprava mais o trigo
Pra fazer a eucaristia!
*
Lapinha não se vendia...
A freira e a beata...
Perdiam os privilégios,
Falia a fabrica de bata.
Acabava-se o sermão,
O andor e a procissão
E a famosa “barata”
*
Quem chama a morte de chata,
Mensageira da maldade...
Ia sentir falta dela
Quando visse atrocidade.
E por ninguém morrer cedo
Não se ia mais ter medo
Dos filhos da crueldade!
*
Sem a morte na verdade
Não vai ser tão bom assim.
Pois vai sobrar gente boa
E muito mais gente ruim.
Já que a guerra não matava
Qualquer um doido assoprava
O fogo do estopim...
*
Sem a morte o querubim
Não ia mais perdoar.
Sendo assim missas e cultos
Era o primeiro a acabar.
Até a bíblia sagrada
Ficava empoeirada
Pois ninguém queria orar!
*
A cruz, os santos, o altar...
Não terão nenhum valor.
A crueldade também
Não vai causar mais terror.
Perdiam a fé em Jesus...
E nem pregado na cruz
O corpo vai sentir dor!
*
O servente e o construtor
Mestre de obra e pedreiro.
Fabricantes de caixões,
Quem faz pregos e o ferreiro.
Na área de funeral,
O desemprego é total,
Afetando o mundo inteiro!
*
Afetava o carpinteiro
Carpideira e capelão.
O cara que pintas as faixas,
Com salmos ou oração.
O fabricante de sino...
-Sem a morte o desatino
Toma conta da nação!
*
Comprimido e injeção,
Exame e anestesia.
UTI e CTI,
Micro e macro cirurgia.
Tudo em relação à dor...
E a profissão de doutor?
Sem a morte acabaria!
*
Se a morte morresse um dia
Para nunca mais voltar.
Fechavam-se as igrejas
A fé ia se acabar.
Os padres e os pastores
Ficavam sem seguidores
Gritando em frente ao altar!
*
Rosário ia se acabar,
Terço acabava também.
O fabricante de velas,
Os gritadores de: Amém!
Sem a promessa do céu,
A fé ia para o léu,
Ninguém temia o além!
*
Quem ia temer o trem
Da morte, sem ter vagão
Vazio para levar
Você dessa encarnação?
Pois é, se acabasse a morte,
O fraco ficava forte
E o forte, perde a razão!
*
Jornal e televisão...
Que adoram noticiar
Os acidentes com vitimas,
Vão ter que se reciclar.
E arrumar outro motivo
Pra falar de quem tá vivo,
Sem sangue para mostrar!
*
Por aqui eu vou ficar
Com o meu Cordel sobre a morte
Pois como o leitor já sabe
A morte é minha consorte.
Por favor, morte, demora,
Não precisa vir agora,
Cancele o meu passaporte!
*
Fim.

sábado, 21 de abril de 2012

Desafio de: Damião Metamorfose & Jozias Umbelino.

  





Damião Metamorfose
*
É um prazer convidar
O Jozias Umbelino
Para esse desafio
E pra selar o destino.
Vamos falar da grandeza,
Desse povo Nordestino
*
*
Aceitado o meu destino
Nesse dom que é cantar
Travado com Damião
Hoje eu vou filosofar
A grandeza de meu povo
Agora vamos louvar
*
D.M
*
Do Sertão a beira mar
Da região nordestina.
Tem riquezas naturais,
Sem chaminés de usina.
A fauna também é rica,
Nas caatingas, na campina...
*
J.U
Não existe aqui colina
Nossos rios não têm lama
Da nossa diversidade
O mundo conhece a fama
Esse rincão sertanejo
É lindo para quem ama
*
D.M
Mal informado nos chama
De nortista e selvagem...
Mas quem conhece o Nordeste,
Faz dele uma outra imagem.
E sabe que somos símbolo
De união, força coragem...
*
J.U
Sem contar que esta paragem
Foi onde o Brasil nasceu
Só seguiu para o Sudeste
Depois que desenvolveu
E por hoje o nordestino
Já conhece o apogeu
*
Nordeste é o quem mais sofreu...
E a seca fez os migrantes.
Uns iam de pau-de-arara,
Outros eram retirantes.
Levando a nossa cultura
Pra outras terras distantes!
*
J.U
Mas para os povos restantes
Que aqui permaneceram
Resistiram à vida dura
É certo qu'eles sofreram
Mas com garra e muito amor
Eles nos engrandeceram!
*
D.M
Os Nordestinos venceram
E estão todos satisfeitos
Com a sua nova imagem
E com seus novos eleitos.
Mas sofreram a indiferença
Hostil e os preconceitos!
*
J.U
Mas nós dois somos suspeitos
De falar tão bem assim
Inda tem gente de fora
Achando que aqui tá ruim
Vamos deixá-los chegar
Para ver nosso jardim!
*
D.M
Poetas iguais a mim,
Pior, com mais qualidade...
Tem para mais de “cinquenta”
Aqui na minha cidade.
E no resto do Nordeste,
É grande a diversidade!
*
J.U
Dissestes grande verdade
Sobre nossa poesia
A cultura popular
Do cordel e cantoria
É um jeito bem cativo
De mostrar nossa alegria.
*
D.M
Eu gosto da romaria
Pra Juazeiro, Canindé...
Uns vão pagar as promessas
Ou testemunhar a fé.
De ônibus ou caminhão...
Mas a que eu gosto é a pé!
*
J.U
Tem festa de São José
E as belas festas juninas
Tem festas dos padroeiros
Essas são nossas doutrinas
Nessas festas tem forró
Em quase todas as esquinas.
*
D.M
As tradições nordestinas
Estende-se Brasil a fora.
São Paulo, Rio de Janeiro...
Até quem nos ignora.
Dá uma de nordestino
E a nossa cultura aflora
*
J.U
As praias o povo adora
E as belezas naturais
Nós temos pontos turísticos
De grandezas colossais
São algumas das riquezas
Quem temos potenciais
*
D.M
Rios e mananciais,
Açudes, grandes barragens...
Temos petróleo no mar,
Na terra, em muitas paragens.
Praia e sol o ano inteiro
São lindas as nossas paisagens!
*
J.U
Desenhando essas imagens
O Nordeste se insinua
Mostrando pro mundo inteiro
A realidade crua
E assim nossa beleza
Para sempre perpetua
*
E o Nordeste continua
A crescer no dia-a-dia.
Cresce no campo artístico...
E o mundo se delicia
Com o Cordel, que eu afirmo,
É a mais perfeita poesia!
*
J.U
Comandando uma porfia
Nós temos os cantadores
Cantando o coco de roda
Aparecem emboladores
Nosso baile é o forró
Com todos os seus primores
*
D.M
Temos atrizes, atores
De destaque mundial.
Cantores já consagrados
Frevo, axé e carnaval...
E no Rio Grande do Norte
Todo dia tem: Natal
*
J.U
Na culinária usual
Tem beiju de mandioca
Tem muitas comidas típicas
Tipo angu, cuscuz, paçoca
Pamonha, canjica e doce
Rubacão e tapioca...
*
D.M
Da feira ao beco da troca,
Do shopping ao supermercado.
Pousada, hotel com estrelas
Ou só um céu estrelado.
E um povo hospitaleiro,
Honesto e civilizado!
*
J.U
Quem quiser ser diplomado
Existem cursos diversos
Pois aqui tem faculdade
Para todos universos
Não poderia esquecer
Nesses malfadados versos
*
D.M
Tem tesouros submersos
De petróleo no oceano.
E tem tecnologia
Que o tira sem causar dano.
Já não precisamos mais
Vagar igual a um “cigano”
*
J.U
O solo paraibano
E também o potiguar
É rico e nos dar fartura
Que plantando, tudo dar
E a nossa agricultura 
Tem tudo pra prosperar
*
D.M
*
Se o assunto é semear,
O Nordeste é o lugar certo.
Porque tem poucas montanhas
E não tem nenhum deserto.
Clima seco e tropical,
Chuva e sol, a céu aberto!
*
J.U
Nosso povo está liberto
Dessa elite brasileira
Que tratou-nos muito tempo
De forma muito grosseira
E hoje com tanto orgulho
Eu levanto essa bandeira
*
Nosso povo é sem fronteira
Ou limites demarcados.
No Brasil tem nordestinos
Morando em todos os Estados.
Tem nos países latinos,
EUA e Emirados...
*
J.U
São irmãos muito esforçados
No trabalho e no lazer
Vivem muito intensamente
Seus momentos de prazer
Eu não canso um só minuto
Desse povo enaltecer!
*
D,M
Não demora e vamos ver
Um Nordeste independente.
Mais preparado pras secas,
Estiagens e enchente.
Sem as marcas do passado
E um futuro pela frente!
*
J.U
Louvando toda essa gente
Neste nosso desafio
Focamos com a verdade
Pro cordel ficar sadio
Pois rimar com qualidade
Faz parte de meu feitio
*
D.M
Dois poetas sem fastio,
A descrever o Nordeste.
Muitas coisas não citadas...
Impossível né, seu peste?
Agora cabe ao leitor
O julgamento do teste!
*
J.U
Julguem-nos - oh inconteste
Ousados, nobres leitores!
Zelamos nossa terrinha
Incumbe agora aos senhores
Apreciar a leitura
Saldando os nossos louvores,
*
Fim.










quarta-feira, 18 de abril de 2012

Para sempre... Autor: Damião Metamorfose.



*
Eu sempre irei me lembrar
Da minha mamãe querida.
Ela que ensinou-me a andar
Ela que me deu a vida...
*
Hoje com a sua partida
Pro plano espiritual
Minha saudade é doida,
Meu choro é sentimental...
*
Mesmo sabendo que agora
Ela é infeliz se alguém chora
Sou obrigado a chorar!
*
Mãe perdoe esse meu choro,
Pois meu choro é um canto em coro,
Para sempre irei te amar!

sábado, 14 de abril de 2012

Saudades da Vida




Sinto carência de vozes,
Risos estridentes a contagiar
Ou mesmo de choros e gritos
Na calada da noite para agitar.
Carência da pessoa amada para namorar,


Trocar uns afagos e carinhos ousados.
Andar nas calçadas, contemplar o luar,
Perceber em qual fase a lua está
E no brilho de estrelas me perder, e me achar,
Descobrir que uma delas já mudou de lugar...


De repente quero deixar a saudade adentrar,
Preencher o espaço de quem não vai voltar.
Desejo entrar num boteco, beber a cerveja
Que há tempos atrás ficou esquecida,


Rever os amigos, fazer poesia,
cantar e dançar, cair na boemia.
Ver gente, tocá-la, beijar
Quero ficar enternecida,


Quero liberar sentimentos
Seqüestrados por máquinas
Que amargam a doçura da vida de outrora
E roubam-me a magia que necessito agora.

O sinal...





       Já foi dado a largada...
Todos estão olhando para o sinal da partida.
Partículas de vida se espalham na ida.
Viagem que não deve ser interrompida,
Adiada ou antecipada.
Irreversível é essa corrida.
*

Aos que persiste, essa estrada é curta,
Existe um tempo exato para cumprir –se a labuta.
A vida é longa e árdua aos que desiste da luta,
Vivendo na incerteza desta hora tão incerta...
Que em seu peito o âmago aperta.
*

Existem aqueles que ficam parado...
Acorrentado e alienado
Preso ao preconceito e seus pecados.
Esquecendo-se deste seu tempo precioso,
Tempo esse desperdiçado
E jamais recuperado.

*
Qualquer que seja a estrada
Ficarão sempre nela cravado
As rosas plantadas e não colhidas,
Espinhos doridos, o sangue vertido
Sejam eles evoluídos ou desprendidos,
*

Ande, caminhe e nunca desista,
Ainda que seja pra aquele lugar
Que não exista
Todos podem ser encontrado.
Até mesmo sonhado, o seu dia
Irá chegar...

*
Caminhar significa crescer,
A vida não deve jamais ser vivida em vão
Devemos dar para a alma o seu pão.
Sem pensar na chegada,
Nem sonhar em retroceder.
Porque parar...
É o mesmo que morrer...




Vitória Moura





sexta-feira, 13 de abril de 2012

A primeira viagem * Damião Metamorfose.



*
Quando pus o pé na estrada,
Cheio de sonho e ilusão...
Deparei-me com um mundo,
Hostil e sem coração.
Tratei dele com respeito
E voltei do mesmo jeito,
Com o sotaque do Sertão!
*
A panela de pressão,
Era algo novo pra mim.
O fogão a gás também,
Metrô, trânsito, enfim.
Com prédios pra todo o lado,
Placas dizendo: cuidado!
Eu pensei, vai ser meu fim...
*
Levei uma calça de brim,
Terilene e tropical.
Três calças, cinco camisas
E um tênis Montreal.
São Paulo a terra dos sonhos
E desenganos medonhos
Longe da terra natal!
*
Eu que sou do matagal
E quase não ia à Vila.
Em meio aos arranhas céus,
Longe da vida tranquila.
Vivendo em outro Estado,
Barulho e transito agitado
Meu Deus do céu, quanta fila!
*
Feito um Sansão sem Dalila,
Eu vivia enclausurado.
Trabalhando sem ter folgas
De domingo ou feriado.
Quanto mais eu trabalhava
Mas o cinto eu apertava
Pra voltar pro meu Estado!
*
Pra quem nasceu no roçado
E no roçado cresceu.
Morar na cidade grande
Era um sonho, porém eu.
Fui só porque era o jeito,
Pra mim o lugar perfeito
Era o velho Sertão meu!
*
Vivendo no apogeu,
Do auge da juventude.
Transformei-o em trabalho,
Força, ação e atitude...
Mas o tempo foi passando,
Eu fui me contaminando
E estragando a saúde!
*
Enchi a taça amiúde
Que eu não devia beber.
Fiz de um sonho o meu mundo
Pra tentar me convencer
Que o sonho e realidade...
Ali naquela cidade
Facilitava o viver!
*
Tirei do meu padecer
Algumas lições de vida.
Pra evitar ser mais um
Dormindo na Avenida...
Ou um reles viciado
Em tudo o que era pecado,
Candidato a suicida...
*
O que eu ganhei na lida
Foi mais do que eu pretendia.
E hoje eu sei com detalhes
De coisas que eu não sabia.
Que mesmo eu recebendo
Mais do que estou merecendo,
Bem mais caro eu pagaria!
*
Nunca tive galhardia
Nem ligava pra aperreio.
As armadilhas da vida
Quase me lascaram ao meio.
Porém não roubei ninguém
E nunca matei também,
Mas pecar? Eu pequei feio!
*
Eu comi sem ter receio
De ter uma indigestão.
Comida quase estragada,
Por ser tanta a precisão.
E Deus foi tão cordial
Comigo, que não fez mal,
Deu foi mais disposição!
*
Certa vez lá na são João
Debaixo do viaduto
Vinha uma viatura
E eu feito um bicho bruto
Corri pro lado oponente
“Bati” com ela de frente...
Quase meus pais botam luto!
*
Lutei pra colher o fruto
E hoje graças a Deus
Posso dizer sem enganos
Que colhi os frutos meus
Tenho um lar esposa e filhos
Que amenizam os empecilhos
Só com os carinhos seus...
*
Via teatros, museus...
Só pelo lado de fora.
Os bares ali do centro,
Puteiros da Rua Aurora...
Por não ter com que pagar,
Via e não podia entrar,
O jeito era ir embora!
*
Onde o filho sem mãe chora
Eu trabalhei sem cessar.
Enquanto muitos brincavam
Eu pensava em trabalhar.
Para juntar um trocado
E sair do alugado,
Ter um canto pra morar!
*
Em vez de eu blasfemar
Com a situação ralé.
Eu trabalha e guardava
Um pouco, sabe como é.
Ganhando um pouquinho a mais,
Eu ajudava aos meus pais
Vencer, era a minha fé!
*
Eu ia pra casa a pé
Passando na Rua Augusta...
Que era cheia de travecos
E mulher “pague o que custa”
Nu, seminua e despida
E eu descendo a Avenida
Com medo... De saia justa!
*
Morando em lugar que assusta,
Subsolo da pensão.
Convivendo com baratas,
Ratos e alagação...
Sempre cheio de otimismo
Ignorava o abismo
E ria da precisão...
*
Andar por baixo do chão
De Jabaquara a Santana.
Com baldeação na Sé
Pra economizar a grana.
Eu fiz por mais de uma vez,
Acho que foi todo mês
Ou talvez toda semana!
*
Feito um matuto bacana
Eu fiquei quando cheguei
Na cidade de são Paulo
Mas logo me adaptei
Com barulho e poluição,
Transito louco e ladrão
E outras coisas que enfrentei!
*
Em são Paulo eu enfrentei
Falsidade e hipocrisia...
Mas jovem suporta tudo
E todo o peso do dia...
Até o tal preconceito,
Com pessoas do meu jeito
Eu fingia que nem via!
*
São Paulo que me adotou
Também foi hostil comigo.
Pois apanhei de skinheads
Tratado com um inimigo.
Paguei sem saber o preço...
Tem coisas que eu esqueço
Mas dessa ai, não consigo!
*
A policia em um só dia
Corrigiu-me cinco vezes.
Uns já chegavam sorrindo
Dizendo: somos fregueses.
O que queriam? Maconha...
E eu dizia: sem vergonha,
Vai valer por quantos meses?
*
Passava a pé pela Sé,
Depois descia a ladeira.
Ia pro parque Dão Pedro,
Já escondia a carteira...
Pegava um ônibus lotado,
Raramente ia sentado,
Pense numa quebradeira!
*
Passava numa peneira
Quase todo santo dia.
Pagar conta, entrar na fila,
Sempre aquela correria.
Mas por ser jovem e robusto,
Pagava a qualquer custo
Por segundos de alegria...
*
Minha assim seguia
Sem motivos pra parar.
Mais amigos que inimigos,
Mais garboso que vulgar.
Mais sonhos do que conquista,
Paixões a perder de vista
E a vontade de voltar!
*
São Paulo me viu chorar,
Por dor, tristeza e paixão...
Foi o meu primeiro sonho
E a grande desilusão.
Mas pra falar a verdade,
Eu amo aquela cidade...
Porém prefiro o Sertão!
*
Foi com bagagem de mão
Que eu decidi viajar.
Até porque eu pensei
Que não ia demorar.    
Mas contrariei meus planos
Por lá fiquei cinco anos
E vim só pra passear!
*
Não soube o que foi brincar,
Só conta e muito trabalho.
Isso nos primeiros anos,
Pra guardar algum cascalho.
Depois me soltei na vida,
Com mulher, farra e bebida...
Vacilou, sentava o “malho”!
*
Ser carta em outro baralho
Para mim foi complicado.
Trocar um sonho por outro
Sem tê-lo realizado
Foi ruim, mas ruim foi mais
Ficar longe dos meus pais
E ir morar noutro Estado.
*
Pensei que ia ser lembrado
Mas foi só eu me mudar.
Que os amigos se esqueceram
De escrever, telefonar...
O tempo foi se passando
A lembrança se acabando
E hoje eu resolvi lembrar!
*
São Paulo onde eu fui morar
Roubou-me a paz e o sossego.
No corre-corre diário
De casa para o emprego.
Emprego eu se perdia
Por causa da cobardia
De um puxa saco ou pelego!
*
Tive amigos de apego
Nos lugares que passei.
Porém sei que não existem
Mais marcas onde eu pisei.
Hoje se lá eu voltar
Pouco de mim vão lembrar,
Talvez um ou mais, não sei!
*
Hoje bem cedo eu lembrei
Da Sampa de antigamente.
Que pouco ou nada restou
Daquela gente descente.
No seu lugar foi surgindo,
Banditismo e destruindo
O romantismo inocente!
*
Fim

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Deixe-me * Autor: Damião Metamorfose.



*
Se você não pode ajudar a mim,
Deixe-me sofrer se estiver sofrendo,
Diga não, mas não me prometa um sim
Quem quer fazer não fica prometendo.
*
Deixe-me viver se estiver vivendo
Ou amar, se estiver sendo amado.
Deixe-me morrer se estiver morrendo,
Pra morrer, morro sem tu ao meu lado!
*
Não preciso da sua compaixão
Nem de um sim da boca de quem diz não,
Pra morrer não precisa ser a dois.
*
Deixe-me num canto sem vaia ou palma
E não tente comprar a minha alma
Com promessas, pra me cobrar depois!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Desafio em rojão quente * Autores: D. Metamorfose & Jr. Adelino.




*
D. M
Vamos mudar esquema,
Sem ser pergunta e resposta,
É assim que você gosta?
Eu também, não tem problema.
Pode escolher novo tema,
Um assunto pra abordar
Depois vamos publicar
Um folheto bem decente.
Um
 Cordel em rojão quente,
Com dois que sabem cantar?
*
Jr
VOCÊ É UM MENESTREL
COBERTO DE INTELIGÊNCIA
ÉS DOTADO DE CIÊNCIA
PARA A ARTE DO CORDEL
MÁS RETIRE O SEU CORCEL
QUE EU VENHO COM O MEU JAGUAR
QUERENDO LHE ATROPELAR
NA ESTRADA DO REPENTE
COMIGO O ROJÃO É QUENTE
CANTA QUEM SOUBER CANTAR.
*
O seu jaguar é um jegue
Ou jumento, como queira.
Velho e cheio de bicheira
Fale a verdade e não negue.
Se ele foi roubado entregue,
Ao dono que é potiguar.
Jamais pensei em cobrar,
Mas por ser um inadimplente.
Pague a divida em rojão quente,
Pra depois poder cantar!
*
DAMIÃO QUANDO IMPROVISA
QUASE TUDO SAI ERRADO
SEU VERSO É DE PÉ QUEBRADO
PRA QUEM SABE E ANALISA
EU VOU LHE DÁ UMA PISA
PRA VOCÊ ME RESPEITAR
E NUNCA MAIS COLOCAR
UMA ESTROFE EM MINHA FRENTE
COMIGO O ROJÃO É QUENTE
CANTA QUEM SABE CANTAR.
*
Junior não sabe o que diz,
Se sabe, não diz que sabe...
Pegue a minha estrofe e babe
Encima dela, infeliz!
Minha mente é um chafariz
Jorra versos sem parar.
A sua se não secar
Dessa vez, perde o afluente.
Eu sou todo rojão quente
Quando começo a cantar!
*
MINHA MENTE VIVE CHEIA
DE TALENTO,ARTE E SHOW
O TEU CHAFARIZ SECOU
COM ESTA CANTIGA FEIA
PRA O TEU LOMBO,EU TENHO PEIA
E SELA PRA MIM MONTAR
QUE EU APRENDI AMANSAR
JEGUE METIDO A VALENTE
COMIGO O ROJÃO É QUENTE
CANTA QUEM SOUBER CANTAR.
*
Estamos só começando
E você já se dá mal
Imagine até no final,
Com o que está te aguardando.
Pode ir logo preparando
O lombo para apanhar.
Vou bater te cansar
E lhe converter a crente
Que aqui nesse rojão quente
Canta quem sabe cantar!
*
SOU UMA REALIDADE
JÁ MEU COLEGA É UM TROTE
DESENVOLVO QUALQUER MOTE
COM MUITA CAPACIDADE
DESCULPE A SINCERIDADE
MÁS TENHO QUE LHE AVISAR
NA ARTE DE IMPROVISAR
SE MOSTRA UM DEFICIENTE
COMIGO O ROJÃO É QUENTE
CANTA QUEM SABE CANTAR.
*
Hoje eu fiz uma pesquisa
Sobre um tal Junior Adelino...
Não tem homem nem menino
Nesse nome, o Google avisa.
Poeta não profetiza
Nem eu vou profetizar.
Vou apenas perguntar
Quem é você indigente?
Desconheço-o em rojão quente
Pra me ensinar a cantar!
*
SÓ QUERIA LHE DIZER,
TENHA CALMA COMPANHEIRO
VOCÊ SERÁ O PRIMEIRO
UM DIA QUANDO EU MORRER.
PORÉM ENQUANTO EU VIVER
VAI TER QUE SE ACOSTUMAR
COM O SEGUNDO LUGAR
QUE É SEU ETERNAMENTE
DESISTA DO ROJÃO QUENTE
QUE É PRA QUEM SABE CANTAR.
*