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Na minha vida pregressa
De andanças nesse país
Eu já fiz de quase tudo
E como o ditado diz:
A lei era fazer algo
Que me fizesse feliz!
*
De quase tudo eu já fiz
Fui chegada e fui partida.
Fui alegria e tristeza,
Porta de entrada e saída.
Conservador, liberal
Subida, atalho e decida...
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Quando eu vim pra essa vida
Sei que foi careca e nu,
Sem nenhum dente na boca,
Com uma cara de beiju.
Mesmo uns me achando lindo
Era feio pra chuchu!
*
Já vivi igual tatu
Morando em um formigueiro.
Pois a casa que eu morava
Era “taipas” companheiro.
Naquele tempo eu vivia,
Hoje eu morro o tempo inteiro!
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Eu já gastei o dinheiro
Que eu ganhei no passado.
Paguei contas sem dever,
Pedi perdão sem pecado.
Tudo o que se faz aqui
Não tarda e tudo é cobrado!
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Já estou todo envergado
Dos pesos que já peguei.
E hoje mesmo sem peso
Acho que torto eu fiquei.
E a cada dia que passa,
Vai piorando, eu já sei!
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Já passei fome e a matei
Com farinha e rapadura.
Banana verde cozida,
Preá feito na fervura.
No meu tempo de inocência
Na época da ditadura.
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Eu já comi fava pura,
Porque não tinha o feijão.
E era da fava preta
Mais amarga que o “cão”
Dessa vez eu quase morro
Com uma baita indigestão!
*
Já fui só um embrião,
Um pedacinho de gente.
Já fui vento em tempestade,
Sol e chuva em dia quente.
Já fui mais do que sonhei
Em ser até o presente!
*
Já fui frágil e inocente...
Hoje sou homem maduro.
Tive um passado de fome,
Já passei por muito apuro.
Superei, vivo o presente
Com um olho no futuro!
*
Eu não fiz tudo e juro
Ter muito mais pra fazer.
Só que já não tenho pressa
E nem pretendo correr.
Vou devagar e sem medo
Do que pode acontecer!
*
Já esperei a sofrer
A saudade e a chegada...
Coisas que me assustavam
Hoje não assustam nada.
Pois sei que um problema sempre
Acaba em uma piada!
*
Fui “casado” uma cagada
E depois me libertei.
Achei a pessoa certa
E dessa vez me casei.
Se vai ser pra vida intera,
É com Deus, pois eu não sei!
*
Não fiz, já fiz, já tentei...
Desisti e insisti.
Pensei que sabia tudo
Foi engano, eu descobri.
Que tudo às vezes é nada
Perto do que eu não vivi!
*
De solidão já
sofri
A dois, mas foi no passado.
Hoje nem só, sofro mais...
Graças a Deus tô curado.
Quem quiser sofrer que sofra,
Quero é viver sossegado!
*
Fim.
Sou poeta nordestino
ResponderExcluirNem melhor e nem pior
O meu nome é Maurílio
Nascido em Caicó
Do Rio Grande do Norte
No Sertão do Seridó
Meu professor de língua portuguesa me recomendou esse blog e eu adorei, muito obrigado Damião pelo a poio a cultura popular e a poesia em geral. Um abraço irmão.
Eu que agradeço Murilo, à você e ao seu professor, Deus nos ilumine sempre... inté+
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