domingo, 17 de maio de 2009

O meu maior presente, autor, Damião Metamorfose.


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Quando estou escrevendo,
Embarco numa viagem.
Onde crio personagens,
Situações e imagem.
Abro a janela da mente
E mostro o que ela sente,
Com movimento e paisagem.

Cada verso é uma mensagem,
Cada estrofe um rebento.
Onde eu tento transmitir,
O que manda o pensamento.
Momentos que eu passei,
Que vi, ou só inventei,
Pra ilustrar o que invento.

Nesse cordel apresento,
Apenas minha visão.
O que penso de um assunto,
Que gera até discussão.
Mas eu sei que no final,
Se fosse a um tribunal,
Eu ganhava essa questão.

Em minha opinião,
O assunto é abrangente.
Porque discute uma tese,
Que envolve muita gente.
Por isso chamo atenção,
Para a minha opinião,
Sobre o meu maior presente.

Não é ser inteligente,
Porque se sou eu nem sei.
Nem é herança, dinheiro,
Porque nem isso eu herdei.
Cultura, beleza, amor,
Ficam quase sem valor,
Comparado ao que ganhei.

É complicado, eu sei,
Subestimar a riqueza.
Não dar valor aos valores,
Sem se sentir na pobreza.
Mas meu presente eu garanto,
Leva-me pra qualquer canto
E tem muito mais nobreza.

Por isso tenho certeza,
Que todos vão concordar.
Que estou cem por cento, certo,
Por insistir em falar.
Que o meu presente é nobre
E não tem rico nem pobre,
Que não vá querer zelar.

Às vezes fico a pensar,
Se não fosse esse presente.
O que será que eu seria,
Forasteiro ou delinqüente.
Um ser quase sem futuro,
Que vivia no escuro,
Feito estrela cadente.

Sem passado e sem presente,
Sem fechar ou abrir porta.
Porque sem esse tesouro,
A minha chave era torta.
Igual um bicho do mato,
Vivendo em anonimato,
Feito natureza morta.

Nenhum humano suporta,
Mesmo que tenha dinheiro.
Viver sem esse presente,
Que alias é o primeiro.
Que se ganha ao nascer
E até depois de morrer,
Indica o seu paradeiro.

Ele é único e verdadeiro,
Herança quase infinita.
A marca do seu caráter,
O seu cartão de visita.
Mas sei que infelizmente,
Tem gente que inconsciente,
Chama de herança maldita.

Em qualquer um ele habita,
Segue-te no dia a dia.
Do nascimento a morte,
Será sua companhia.
E mesmo depois de morte,
No jazigo ele é suporte,
Com cruz e estrela guia.

Em casa na padaria,
Na igreja no mercado,
No trabalho em uma festa,
Cidade, país, estado.
Na alegria e na dor,
Enfim, onde você for,
Esse presente é citado.

Quando ele é bem zelado,
Leva o dono a ascensão.
Agora vou revelar,
O pivô dessa questão.
Pra mim o maior presente,
Que ganha qualquer vivente,
É um nome em certidão.

Muitos não têm a noção,
Do valor que tem um nome.
É o primeiro presente,
Mas nem todo mundo assume.
Muitos negam até os pais,
O meu eu zelo demais,
E não sujo nem por fome.

Pode mudar o costume,
Religião ou lugar.
Até mesmo o seu nome,
Se o outro não te agradar.
Mas aquele que seus pais,
Registraram nos anais,
Sempre vai te acompanhar.

O meu eu não vou mudar,
Eu sou: Damião Batista
de Moura, o metamorfose.
Um aprendiz de artista.
Nem pior do que se pensa,
Nem melhor, sou diferença,
Nordestino e cordelista.

Copos e corpos, autor, Damião Metamorfose.


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Entre copos e corpos me envolvi
Entre corpos e copos mais um trago
Foram copos e corpos, hoje eu pago!
Nesses corpos e copos sucumbi

Noutros copos e corpos eu bebi
O suor do pecado, em copo pleno.
Consumi gota a gota esse veneno
E assim pouco a pouco eu me perdi

Os meus copos se encheram de amargura
O meu corpo tombou na vala escura
Sem os copos e corpos senti frio

Mas seu corpo me trouxe ao apogeu
Ao brindar copo e corpo com o seu
O meu corpo deixou de ser vazio.