terça-feira, 8 de abril de 2014

(( Ciranda Final ))

Hoje quero fazer de
Conta que nada acabou,
Recomecemos do instante
Em que tudo parou,
Vamos Congelemos no tempo
Mudaremos o enredo
Deixaremos o cenário pra depois...

Vamos dar, mas colorido

Naquelas cenas de amor
Colocaremos um efeito especial!
A onde tudo travou

Quero de volta

Aquele amor sincero...
Que complete
O que mais quero
Que entenda os
Meus sentimentos
Puro e delicado
Simples e complicado

Quero que volte

Aquele amor diferente
Que era bonito
E transparente
Que me arrebatava à alma
Deixando-me calma,

Pena que tudo isso não

Passa de um  delírio meu
Porque é Impossível
Acordar um amor que morreu.
Durou enquanto foi bom...
Ou foi bom enquanto durou...
Acabou-se o que era doce...

A doce ciranda acabou.

Foi ao chão... Estilhaçou!
Subiu o quanto pôde,
Qual balão de São João,
Desceu... Adeus à ilusão...
Que a história prossiga

Em seu curso normal,

Dou-me por vencida...
Proponho afinal,
Outra protagonista
No papel principal.

E o amor que restou...

Perdeu-se na poesia
A espera acabou
Hoje chora o destino
De quem muito amou




Vitória Moura

((( Meu Nome é Poesia )))


O meu nome é poesia
Vou caminhando junto
Á lucidez e à loucura,
Sem jamais recuar,
Minha vida é assim
Essa eterna procura...
Ora estou sóbria, ora ébria,
Vivo faminta sedenta
Por um triz de emoção...
Sem me importar
Com a razão

Vivo a galopa sem ter cavalo,
Voado sem ter asas,
Levitando sem ficção...,
Vou seguido a versejar
Cantando sobre o amor
E as armadilhas.
Meu destino é mesmo
Brilhar...

Tem horas que viro logo a tal
Escrevo sobre
Seres transfigurados,
Monstros, Aléns,
Bichos de Sete Cabeças;
Mergulhando fundo...
Nesse meu mundo ilimitado.

Meus pensamentos são infundados...
Uivo feito Felino ao ver a lua;
Grito pela Paixão e sua loucura...
Mas é na minha lucidez
Que vejo o enternecer
Diante da beleza da flor
Que está por nascer...

E assim vou seguindo
Cantando sobre as amarguras
E as aventuras
Mas é sobre o amor
Que canto com toda
Minha ternura...


 
Vitória Moura

domingo, 6 de abril de 2014

Quem apanha nunca esquece. Autores: Damião Metamorfose & Eduardo Viana.


*
D.M
Quando Deus abre as cortinas
que a inspiração aparece.
A gente escuta palavras
que o mais sábio desconhece.
E esses novelos de versos
a mente desvenda e tece.
*
E,V
A justiça prevalece
Nem que seja com atraso.
Quem faz aqui paga aqui,
Nunca fica no descaso.
E recordando um passado
Vamos narrar esse caso.
*
Nada é obra do acaso,
Nem existe por engano.
Colhemos o que plantamos
Seja lucro, perda ou dano.
Posso ser anjo ou demônio
Isso é a lei do soberano!
*.
Lá num recanto baiano
Perto de Jeremoabo,
Residia um lavrador
Que cultivava quiabo.
E este tinha um menino
Mas ruim de que o diabo.
*
Seu pai se dizia: brabo
Em casa, fora, um fiasco.
Mas para a esposa e filhos
Sempre foi rude e carrasco.
Talvez por isso o menino
Cresceu sem medo de um casco!
*
Andava pelo penhasco
Atirando em passarinho,
Tinha prazer de matar
Principalmente no ninho.
E assustava as pessoas
Se escondendo no caminho.
*
Do pai não tinha carinho,
Cedo perdeu sua mãe casta.
Foi rejeitado e humilhado
Nas mãos da bruxa madrasta.
Por isso nas travessuras
Tinha a imaginação vasta!
*
E ninguém lhe dava um basta
Naquela vida perversa.
Pra fazer a coisa certa,
Só fazia a coisa  inversa.
A ninguém dava atenção
Com sua mente dispersa.
*
Não gostava de conversa
E tinha poucos amigos.
Vivia se escondendo,
Buscando novos abrigos.
Talvez de tanto apanhar,
Perdeu o medo dos castigos.
*
Desafiava os perigos
Lá da sua região.
Amansava burro brabo,
Prendia boi no mourão.
Tirava enxu sem fumaça,
Era forte igual Sansão.
*
Sempre mostrou vocação
Na arte da montaria.
E na doma de animais
Desde cedo já sabia
Que era o que Ele gostava
E o que de melhor fazia!
*
Na redondeza existia
Um poldro manifestado
Que dava coice e mordia,
Vivia sempre azogado.
A vizinhança dizia:
-Ninguém amansa o danado!
*
Domadores de outro Estado
Vieram para a Bahia.
Até quem cobrava caro
De graça se oferecia.
Mas quem conseguiu montar
Em pouco tempo caia.
*
Muita gente aparecia
Pra ver montador na lama.
Era montando e caindo
Como se fosse uma trama.
A história do cavalo
Foi adquirindo fama.
*
Vou deixando a vaqueirama
Que teve um triste destino.
Pra falar um pouco mais
daquele jovem franzino.
Que estava se preparando
para montar no equino!
*
Ele não "batia pino"
Nem era de "farrapar".
Fosse a parada que fosse 
Não era de enjeitar.
Bruto igual canto de cerca,
Arisco feito um jaguar.
*
Conhecido no lugar
como visgo e carrapato.
Pois grudava no animal
e exagerava em maltrato.
Mas gostava que o chamassem
pelo seu nome de fato!
*
Seu nome era Zé do Tato
Porque pegava tatu.
E tinha uma tatuagem
Na parte do mucumbu.
Além disso tinha tática
E gostava de tutu.
*
Facheiro, mandacaru,
Macambira ou juremal...
Num assustava Zé do tato
Quando domava um animal.
Por outro lado o cavalo
Em questão, era infernal!
*
Fosse no canavial,
Macambira, unha de gato
Com chuva, sol ou sereno;
Fosse na rua ou no mato
Não existiu quem tirasse
Afama de  Zé do Tato.
*
Uns chamaram de ingrato
Pela forma de domar.
Pois Ele descia o relho
E não parava de esporar.
Se o animal não cedesse
Batia até aleijar!
*
Um dia foi amansar
Um tal cavalo cabano.
Pertencente a ele mesmo,
Que trocou cm um cigano.
Chicoteou o cavalo
Causando-lhe um grande dano.
*
O ato foi tão insano,
Grosseiro e sem piedade.
Que o boato se espalhou
Fora da comunidade.
Pra quem já tinha a má fama
Provou dizerem a verdade!
*
Vejam que barbaridade
Que neste instante alego,
Zé com chicote de couro
Fez o que eu não congrego.
Deu na cara do cavalo
Que deixou um olho cego.
*
Isto eu confirmo e não nego,
Porque sei que Zé do tato
Exagerava na espora,
Cipó, chicote, mau trato...
E a frase que mais usava
Era: Ou amansa ou te mato!
*
Assim como um insensato
Ele açoitou o cavalo.
Vazando um olho do pobre,
O chicote dando estalo.
Pois pra domar animal
Ele cantava de galo.
*
Para o Zé era um regalo,
Bater em um animal.
Quanto mais brabo ele fosse,
Mais manso deixava o tal.
Mas até então não tinha
Sido tão descomunal.
*
Numa noite de natal
Perto da linha do trem,
Num forró de gafieira
Zé conheceu um alguém.
Começou a namorar
Foi aquele xem - em - em.
*
Zé com o tempo também
Deixou de ser domador.
Passou a se dedicar
Ao campo e ao novo amor.
E o cavalo foi vendido,
Pra um haras de Salvador.

*
Pelo andar do andor
Esse namoro cresceu.
A paixão foi aumentando
E o Zé só no jubileu.
Atendendo a namorada
Do cavalo se esqueceu.
*
O amor dos dois cresceu
E o casório foi marcado.
Gente de Jeremoabo
E até de fora do Estado
Foi chamado, e no convite
Pedia pra vir montado!
*
Veio até o delegado
Montado num alazão.
Fizeram uma cavalgada
Cheia de animação.
E Zé do Tato feliz,
Com tanta badalação.
*
Deixando a celebração
Eu volto um pouco ao passado.
Para falar do cabano
Que teve o olho vazado.
E foi vendido pra um haras...
Mas voltou pro povoado!
*
O alazão foi comprado
Por um tal João da Carqueja,
Que com o velho Odraúde
Vieram tomar cerveja,
Pedro Pereira Pintado
Tava pintando a Igreja.
*
Enquanto o tempo rasteja
Mais lento que uma criança
O Zé do tato ganhou
Um bom dinheiro de herança.
Com ele comprou cabano
Pra ir montado à festança!
*
Ligeiro feito uma lança
Pinotou no animal.
Partiu para o casamento,
Chegando no arraial
Foi amarrar o cavalo
Numa estaca do curral.
*
Afrouxou o peitoral
E as duas cias da sela.
Passou por traz do cavalo
Sem ter medo e nem cautela.
Pensou um pouco na vida
E adentrou na capela!
*
E a noiva toda bela
Por Zé do tato esperando.
E cavalo amarrado
Lá de fora observando.
Com um olhar compenetrado
E os olhos lacrimejando.
*
Os convidados chegando
Pra ver o Zé se casar
Uns de pé outros sentados,
E as piadinhas no ar.
-Esse é o domador que deixa
Uma mulher lhe domar?
*
E o povo a gracejar
Andando fazendo círculo;
E o cavalo calado 
Achando aquilo ridículo,
Deu um coice em Zé do Tato
Que arrancou um testículo.
*
Caiu, bateu num veiculo
Que estava estacionado
Com o impacto frontal
Teve um olho vazado.
Agora além de caolho
Zé também ficou capado!
*
- Eu agora estou vingado!
Era o cavalo pensando...
Como quem tava sorrindo
Ficou para Zé olhando.
Aí soltou um relincho
Como quem tava mangando.
*
Não vou dizer onde e quando
Essa história aconteceu.
Os nomes dos personagens
O autor também protegeu.
E a vingança não compensa
Para ninguém, creio eu!
*
Hoje em dia já morreu
O cavalo; e Zé do Tato.
A noiva morreu também,
Ficou somente o boato.
Ficou as almas penadas
Vagando naquele mato.
*
Fim.