sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pra que matuto quer celular? * Autor: Damião Metamorfose.


*

Moro no meio do mato,

Em uma grota da serra.

Como o que colho da terra,

Sou um matuto de fato.

Mas dei uma de gaiato,

E inventei de comprar.

Um invento espetacular,

Que promete o mundo em casa.

Mas o peste só me atrasa...

Escute o que vou contar!

*

Eu comprei um celular,

Que tem câmera digital.

Display tridimensional,

Que chega a encandear.

Na hora de carregar

A bateria arreada.

Passa um dia na tomada

E mesmo assim não carrega.

Sem bateria, não pega,

Com, não faz uma chamada.

*

Mais parece uma piada,

O celular que eu comprei

E que ainda não usei

Da forma mais adequada.

À noite a luz apagada

Ou se a energia acabar.

Ele pode me ajudar,

Porque tem uma luzinha

Clareia a casa todinha...

Só não serve pra falar!

*

Tento encontrar um lugar,

Pra ter sinal na antena.

Senão nem com a gangrena

Vai ter linha pra eu ligar.

Outro dia eu fui filmar,

Com a câmera que ele tem.

Na hora foi tudo bem

E eu pensei, vai ficar bom.

Mas depois ficou sem som

E não mostrava ninguém!

*

O meu celular também

Tem rádio e mp3.

Liga-se um de cada vez,

Difícil é ouvir alguém.

A voz: parece do além

Ou de outra dimensão.

E a sua televisão,

Três polegadas, de plasma.

Só tem chiado e fantasma,

Imagem que bom, tem não!

*

Tem dois chips e um cartão

De memória, com dez mega.

Mas o infeliz não pega

Nem com a reza do cão.

Quando eu faço a ligação,

Ele começa a chiar.

Na hora que eu me enfezar

Eu vou quebrar esse puto.

E saber por que matuto,

Cisma de ter celular.