quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A justiça dos homens> Autor: Damião Metamorfose.




*
A justiça humana é cega,
Surda-muda e desumana.
Cheia de erros e emendas...
Um labirinto que engana.
Basta uma brecha ou uma fresta,
Que os ratos fazem festa,
Usando a desgraça humana.
*
O desprovido de grana,
Paga caro sem dever.
Quanto mais ele se explica...
Complica-se sem saber.
Que a sua verdade dita,
Não tem valor nem evita,
A pena e seu proceder.
*
Para os olhos do poder,
Até que prove ao contrario.
O inocente é um réu,
Honesto é um salafrário.
Sem pistolão ou propina,
O martelo o elimina,
Depois que ler o sumario.
*
Seja ou não réu primário,
Vai enfrentar dissabores.
Ver o sol nascer quadrado,
Na sela negra de horrores.
E na escuridão total,
Do calabouço penal,
Só Deus ouve os seus clamores.
*
Quando se inverte os valores,
O seu direito é negado.
Todo bem que você fez...
Passa a ser interpretado.
Como uma insanidade,
Mesmo sabendo a verdade,
É melhor ficar calado.
*
O homem que é condenado,
Sem um mal nenhum ter feito.
Muda a personalidade,
Revolta-se de tal jeito.
Que se um dia for liberto,
O estado tem por certo,
Uma mente com defeito.
*
Mas o tal do dito e feito,
Eu dou fé e é verdade.
Mesmo com código penal,
Regido na antiguidade.
Têm ratos, mas também tem,
As excelências do bem,
Que agem com dignidade.
*
Talvez passe da metade...
Ou não, ao certo eu não sei.
O certo é que eu tava certo,
Porque sei que não errei.
Mas para não ser taxado,
De hipongo esclerosado,
Da verdade eu me privei.
*
Deus sabe que eu me calei,
Atendendo ao coração.
Mas sei que um dia a verdade,
Implacável e sem bordão.
Aparece triunfante,
Ouvindo a voz da razão.
*
Fim
04/10/2009