domingo, 21 de junho de 2015

Lamento por falta d`água Autor: Damião Metamorfose.

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Santos e santas escutem
A minha dissertação
Que é um desabafo em versos
Um lamento, uma oração...
Falando da grande seca
Que assola o nosso Sertão!
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É triste a desolação
Mais  triste é o nosso destino
Falta pasto, falta água,
Falta sombra e o sol a pino
Devasta a fauna e a flora
Do meu solo nordestino!
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Não é culpa do Divino,
Mas o homem encurralado
Põe a culpa em qualquer um
Que esteja longe ou ao seu lado
Para esconder a culpa
Dele mesmo que é o culpado!
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Porque o solo degradado
Devido a devastação
Vai perdendo os nutrientes
E aumentando a erosão
E vira um deserto aonde
Era mata no Sertão!
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Toda essa degradação
Vai gerando mais calor.
Sem mata e sem fotossíntese,
Sem umidade no vapor
Só aumenta  o sofrimento
De quem já é um sofredor
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A sede, a fome e a dor...
Sai espalhando caveira.
E vai extinguindo as raças
Seja avoante ou rasteira.
Esse e o retrato da seca
Aqui ou noutra ribeira!
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Sem a chuva na biqueira
Falta o verde que é tão belo
O sol já nasce vermelho
Escondendo o amarelo
Céu azul com nuvens brancas
Não tem chuva é só flagelo!
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O som do trovão é belo
Parece batendo em lata.
E os flaches de um relâmpago
Brilham mais que a fina prata
Mostrando o despenhadeiro
Da serra e o véu da cascata
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A seca é parceira ingrata
Prima do azar, mãe da morte,
Irmã da fome e miséria,
Do coisa ruim é consorte.
Com a seca não se brinca
Nem tem forte que suporte!
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Seca açude de alto porte
O poço e o ribeirão
A água do subsolo
Olho d´água e cacimbão.
-Para alguns tem carros pipas,
Mas não tem transposição!
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Com a seca no Sertão
Some o produto da feira,
Acaba as festas de rua
Politica ou de padroeira.
Ganha a industria da seca
Perde esta nação inteira
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A meio mastro a bandeira
Devia ser hasteada
Como um sinal de luto
Por falta da invernada
E do descaso dos que
Prometem e não fazem nada!
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A noite enluarada
Do Sertão, é a mais bonita.
Mas em um ano de seca
A lua parece aflita.
E o vento sofra tão quente
Que a cauã não canta, grita!
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Com a seca é menos bonita
As festas de são João
Não tem o milho cozido
Ou assado em trempes no chão
E a quadrilha perde o brilho
Por falta de animação!
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No céu não se vê balão
No chão mistura a fogueira
Com a fumaça das queimadas
dos incêndios e a poeira.
Com a seca e a falta d´água
Só se fala em quebradeira!
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Deus acabe a choradeira
A seca e esse verão
Mande chuva em abundancia
Inverno sim, seca não.
Assim foi meu desabafo,
O meu lamento ou oração?
*
Fim