quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A guerra dos sexos> Autor: Damião Metamorfose.



A guerra dos sexos> Autor: Damião Metamorfose.
*
01=I
*
Dizem que Deus fez o mundo,
De forma espetacular.
Porque fez tudo em seis dias
E parou pra descansar.
Gênesis conta em detalhes,
Mais ainda têm uns talhes...
Que a bíblia não quis contar.
*
02=II
*
Não quero contrariar,
A bíblia e os seus inscritos,
Longe de mim, Deus me livre,
Pois pode gerar conflitos.
Mas como eu nasci poeta
E tenho a mente inquieta,
Vou criar alguns atritos.
*
03=III
*
Os seus textos são benditos,
Verdade dita aos extremos.
Mas mesmo sendo verdade,
Em tudo aquilo que lemos.
Umas soam como fabulas,
Pois são ditas em parábolas...
Por isso não entendemos.
*
04=IV
*
Da forma que nós sabemos,
Deus criou o universo.
Ar, água, a terra e os seres...
Vivos e ainda disperso.
Citei aqui o que deu,
Também não tem como eu,
Encaixar todos num verso.
*
05=V
*
Nessa versão ou reverso,
Não pretendo contestar.
Como disse: Deus me livre,
A bíblia é um exemplar.
Que pode até ter versões,
Mas quem fizer distorções,
Não vai ter como provar.
*
06=VI
*
Não sou louco em duvidar,
Do livro que é mais vendido.
Por isso caro leitor,
Jamais se sinta ofendido.
Nem me julgue a revelia,
Sem humor o que seria,
Desse povo tão sofrido?
*
07=VII
*
Posso usar duplo sentido,
Na minha composição.
Fazer critica e denuncia,
Deixar uma interrogação.
Mas sempre busco a verdade,
Perfeição não, qualidade,
Conteúdo e diversão.
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08=VIII
*
Por isso a minha versão,
Pra uns pode não ter nexo.
Falar de um livro sagrado,
É complicado e complexo.
Com a bíblia no conteúdo,
E o titulo um tanto sisudo,
Falando em guerra do sexo.
*
09=IX
*
Com calma eu sei que anexo,
O que pretendo explorar.
E até o mais fervoroso,
Em vez de me criticar.
Depois que ler e reler,
Vai me indicar e dizer,
Esse é doido de varar.
*
10=X
Portanto vou te contar,
Como tudo aconteceu.
Com seis dias de trabalho,
Deus vendo aquele apogeu.
Sentiu uma baita canseira,
Deitou-se em sua algibeira
E ali mesmo adormeceu.
*
11=XI
*
Quando acordou, percebeu,
Que algo tinha esquecido.
Ao abrir a algibeira,
Deu um grito estarrecido.
Ao ver que ali estava,
A peça que procriava,
E unia o elo perdido.
*
12=XII
*
A um servo fez um pedido,
Dizendo corra ligeiro.
Distribuindo esses órgãos,
Ao seres do mundo inteiro.
Vá logo antes que apodreça
E por favor, não esqueça,
Nem erre o seu hospedeiro.
*
13=XIII
*
Os que estão com mau cheiro,
Ponha um pouco de sal.
Mas tenha muito cuidado,
Pra não errar o local.
Porque depois que colar,
Não tem mais como arrancar
E por em ou mortal.
*
14=XIV
*
Todo tipo de animal,
Já estava com fadiga.
Um querendo defecar,
Outro estourando a bexiga.
E tinha uns desmaiando,
Por não está aguentando,
Com tanta dor na barriga.
*
15=XV
*
Tentando evitar uma briga,
Uma fila foi formada.
Macho e fêmea separados,
Pra ficar organizada.
Ordem alfabética e com senha,
Quando o servo gritou venha!
Correram em disparada.
*
16=XVI
*
A fila foi desmanchada
Começou a confusão.
O servo saiu correndo,
Com medo da repressão.
Mas tropeçou e caiu,
A algibeira se abriu
E os órgãos foram pro chão.
*
17=XVII
*
Mordidas, coice e empurrão...
Esturros dizendo: é meu!
Devolva-me pegue outro...
Vire-se e procure o seu...
Melaram tudo com terra
E foi tão grande essa guerra,
Que o dia escureceu.
*
18=XVIII
*
No final ninguém morreu,
Exceto: alguns machucados
Devido o empurra, empurra,
Uns órgãos foram trocados.
Uns com mais outros com menos,
Grandes com órgãos pequenos
E pequenos bem dotados.
*
19=XIX
*
Os que chegaram atrasados,
Ou se deram por vencido.
Ganharam um órgão só,
Que tem um duplo sentido.
Por está quase estragado,
Teve que ser implantado,
Num lugar bem escondido.
*
20=XX
*
Os com cheiro mais ardido,
Que até de longe se sente.
De forma mais estratégica,
Foi posto embaixo e na frente.
Com um aviso dizendo...
Para não ficar fedendo,
Lave-o bem diariamente.
*
21=XXI
*
Quem não tinha o sangue quente,
Como alguns invertebrados.
Receberam os dois órgãos,
Dos dois sexos conjugados.
A minhoca teve sorte,
Se alguém parti-la com um corte,
Cresce em corpos separados.
*
22=XXII
*
Entre os bichos vertebrados,
O cão não estava contente.
Porque quando encontrava,
Outro de raça ascendente.
Além de cumprimentar,
Ciscava e ia cheirar,
Lá atrás e não na frente.
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23=XXIII
*
O porco era descontente,
Reclamando o dia inteiro.
Porque a mulher era porca
Dentro e fora do chiqueiro.
E por não poder sentar,
Com órgão complementar,
Implantado no traseiro.
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24=XXIV
*
Já o veado galheiro,
Estava inconformado.
Em todo o lugar que ia,
Mesmo estando acompanhado.
Ouvia sempre um gaiato...
Dizer, ou destino ingrato,
Além de corno é viado.
*
25=XXV
*
O touro estava arretado,
Porque a mulher era vaca.
O boi porque foi castrado,
Queria brigar de faca.
E o guiné ficou pedrês,
Porque a guiné toda vez,
Dizia a ele estou fraca.
*
26=XXVI
*
O macaco e a macaca,
Quase acaba o casamento.
Porque a macaca olhou,
A performance do jumento.
E o veado quando viu,
Gritou... Nossa! Hei psiu,
Menino, quanto talento.
*
27=XXVII
*
O burro estava cinzento,
De raiva inchando a venta.
Dando coice até na sombra,
Virado numa pimenta.
Só porque ouviu o galo,
Chamar seus pais de cavalo,
Égua jumento e jumenta.
*
28=XXVIII
*
A crise mais violenta,
Aconteceu no poleiro.
Porque um peru cantou,
A mulher de um companheiro.
E a pata pegou o pato
E a galinha dando um trato,
Lá no outro galinheiro.
*
29=XXIX
*
O bode pai de chiqueiro,
Não queria tomar banho...
Pra não tirar seu perfume,
Nem se afastar do rebanho.
Acho que desconfiava,
Porque o chifre enrolava
E aumentava o tamanho.
*
30=XXX
*
O lagarto estava estranho,
Contando ao camaleão.
Que a lagartixa estava,
De caso com o furão.
E que o sapo cururu,
Participou de um vodu,
Com a cadela e o cão.
*
31=XXXI
*
Também disse que o pavão,
Tinha um pacto com o diabo.
Por isso era o mais bonito,
Mas não passava de um pabo.
Porque a sua patroa,
A digníssima pavoa,
Só andava abrindo o rabo.
*
32=XXXII
*
O servo já estava brabo,
E falou pros animais.
Tanto trabalho que eu tive,
Com seus órgãos genitais.
E em vez de estarem se amando,
Vocês vivem é brigando,
Por motivos tão banais...
*
33=XXXIII
*
Convocou os principais,
Envolvidos nessa guerra.
E disse: agora eu vos deixo,
A minha parte se encerra.
Mas nesse mundo dos vivos,
O sexo é um dos motivos,
De algumas guerras na terra.
*
34=XXXIV
*
D*eus é perfeito e não erra,
A* gente é que tem errado.
M*atando em nome do amor,
I*nventamos o pecado.
A* guerra é de cada um...
O* sexo é um ato sagrado.
*
Fim
*
18/11/2009

A discussão da mandioca e o milho> Autor: Damião Metamorfose.



A discussão da mandioca e o milho> Autor: Damião Metamorfose.
*
01=I
*
Meu avô sempre dizia
Pra mim, que planta falava.
Sorria e ficava triste,
Ouvia e até chorava.
Eu sempre escutei calado,
Mas por ser desconfiado,
Às vezes eu duvidava.
*
02=II
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Dia desse eu estava,
Indo lá para o roçado.
De um vizinho que me deu,
Milho para um cozinhado.
E umas vagens de feijão,
Pra fazer um rubacão,
Com couro de porco assado
*
03=III
*
Lá também tinha plantado,
Bem nas laterais da broca.
Muitos pés de macaxeira,
Que uns chamam de mandioca.
-Mas antes de chegar lá,
Eu fui caçando preá,
Com uma espingarda de soca.
*
04=IV
*
Fazendo a mira e de “coca”
Debaixo de um juazeiro.
Eu estava, quando ouvi...
Lá na roça um converseiro.
Desarmei a espingarda,
Resguardei a retaguarda,
E fiquei alcoviteiro.
*
05=V
*
Vento suave e rasteiro,
A mata silenciosa.
Tirando algum passarinho,
Que quando vê gente goza.
A paz era tão serena,
Que se caísse uma pena,
Soava melodiosa.
*
06=VI
*
Mas foi ficando nervosa,
A conversa que eu ouvia.
Fui andando a passos lentos...
Já sem fazer pontaria.
Cheguei mais perto pra ver,
Doidinho para entender,
O que ali acontecia.
*
07=VII
*
Em cruz credo ave Maria,
Santo pai, espírito e filho.
O meu susto foi tão grande,
Que errei no trocadilho.
Ao ver que aquela intriga,
Era o começo da briga,
Da mandioca e o milho.
*
08=VIII
*
O sol tava que era um brilho,
Céu sem nuvem e azulado.
Com o susto eu senti sede,
Fiquei tremendo e suado.
Mas como já fui roceiro,
Mastiguei o marmeleiro
E fiquei aliviado.
*
09=IX
*
Procurei um reservado,
Na sombra de um marmelo.
Acendi um borozinho,
Sentei-me no meu chinelo.
Da espingarda fiz encosto,
Fiquei abanando o rosto
E assistindo o duelo.
*
10=X
*
Bicho do dente amarelo,
Assim disse a mandioca.
Se eu não te protegesse,
Daqui do aceiro da broca.
O gado tinha invadido
O roçado e te comido,
Tu nem tinha tamboroca.
*
11=XI
*
Cale essa boca e se toca,
Macaxeira despeitada.
O patrão não te escolheu,
Porque tu és aguada.
Ele falou para mim,
Que macaxeira é tão ruim,
Que a boa fica enterrada.
*
12=XII
*
Não estou te devendo nada,
Disso eu tenho confiança.
O patrão me pos aqui,
Pra te fazer segurança.
Estou no aceiro da broca,
Mas quando eu for tapioca,
Vou alimentar criança.
*
13=XIII
*
Tu inda tens esperança,
Que alguém queira tapioca?
As crianças de hoje comem,
É salgadinho e pipoca.
Bolo de fubá, sucrilho,
Curau, sorvete de milho,
E o meu suco, belezoca.
*
14=XIV
*
Convencido, a mandioca,
É tão útil quanto o milho.
Com ela se faz farinha,
Fécula, goma e polvilho.
E as crianças do Brasil,
Em mil afirmo que as mil,
Adoram comer sequilho.
*
15=XV
*
Meu patrão disse que o filho,
Gosta de mim cozinhado...
Na canjica, angu, pamonha,
Xerém, cuscuz e assado.
Em tudo eu sou um deleite
E estou até no leite,
Porque sou ração pro gado.
*
16=XVI
*
Eu sou melhor abestado,
Deixo a mesa mais bonita.
Sou dez com carne de sol,
Cozida, ao forno ou frita.
E essas folhas aqui,
Lá no norte é tucupi,
Que é gostoso e excita.
*
17=XVII
*
A milharada é bendita,
Por isso estou no roçado.
Da raiz ao meu pendão,
Tudo é bem aproveitado.
Meu óleo é delicioso
E até uísque fogoso,
Com meus grãos é fabricado.
*
18=XVIII
*
Só se for falsificado,
Bicho pabo e asqueroso.
Eu sou muito mais gostosa,
Tudo em mim é mais gostoso.
Tu tens mais variedade
E eu tenho mais qualidade,
Ganha como mentiroso.
*
19=XIX
*
Pergunte a aquele medroso,
Que está ali deitado.
O que ele veio buscar,
Aqui no nosso roçado.
Resolva esse empecilho,
Se não for feijão ou milho,
Eu me dou por derrotado.
*
20=XX
*
E nisso eu ouvi um brado,
Acordei me espreguiçando.
Procurei o meu chapéu,
Vi o meu boró queimando.
Tirei do olho a remela,
Dei outra espreguiçadela,
E fiquei ali pensando.
*
21=XXI
*
Será que eu tava sonhando...
Ou é amalucaçao?
Levantei-me e fui pra roça,
Catei o milho e o feijão.
Fui ao aceiro da broca,
Só num arranquei mandioca,
Porque não tinha enxadão.
*
22=XXII
*
Toda aquela discussão,
Serviu para eu conhecer.
A importância das plantas
Ou de qualquer outro ser.
Tirei a bala da soca,
Nunca mais eu faço broca,
Nem mato para comer.
*
23=XXXIII
*
D*eu pro leitor perceber,
A* síntese e o estribilho.
M*esmo eu inventando é,
I*mportante pro seu filho.
A*mandioca ficou,
O*feijão foi com o milho.
*
Fim
18/11/2009.