quinta-feira, 11 de junho de 2009

O preço da liberdade, autor; Damião Metamorfose.



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Eu paguei um alto preço
Pra ter minha liberdade
Me alimentei de silencio
Ouvi não de toda idade
Fora amigos miseráveis
Com perguntas infindáveis
Que invade a privacidade

Abri mão da vaidade
Mudei meu comportamento
Investi na minha alma
Mesmo sem ser cem por cento
Tive a resposta à altura
Sou hoje outra criatura
Feliz, sem ressentimento.

Os olhos do pensamento
Eu também já sei usar
Mesmo ainda precisando
De apoio pra enxergar
Já consigo dar meus passos
A caminho dos seus braços
Onde eu almejo chegar

Também já posso ajudar
A quem sempre me ajudou
Sei são os primeiros passos
Mas cada passo que eu dou
São de encontro ao futuro
E o meu presente é seguro
Que o passado passou

Quando a vida me cobrou
Meu saldo era negativo
Tentei fugir, mas eu vi.
Que a vida de um fugitivo
É luz embaixo da terra
Por isso entrei nessa guerra
Contra o meu eu, morto vivo.

Pra chegar ao positivo
Reergui a fortaleza
Mas como todo aprendiz
Tive sinais de fraqueza
Se eu caí ou levantei
Foi de você que escutei
Incentivos de nobreza

Você foi à luz acesa
Referencia em meu caminho
Abdicou dos seus sonhos
Bebeu sangue em vez de vinho
Mas foi digna e paciente
Centrada e inteligente
Enquanto eu era mesquinho

Fez-me um livre passarinho
Sem limites pra voar
E eu, voei esses ares.
Sem lugar para posar
Mas toda essa liberdade
Só aumentou a saudade
E a vontade de voltar

Enquanto estive a vagar
Em circulo ou sem direção
A semente adormecida
Germina em meu coração
E o meu peito calejado
Com o sangue bombeado
Entrou em ebulição

A sangria deu vazão
A paixão que adormeceu
O pássaro voltou ao ninho
De onde antes se perdeu
Pra não sentir-se metade
Voa mas leva a saudade
Desse amor que é seu e meu.

Pra frente e pra traz, a quadrilha. Autor, Damião Metamorfose.


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Todo ano a mesma coisa
Mesma musica e melodia
Quando chega o mês de junho
Vira uma epidemia
De quadrilha e arraiá
É dois pra lá dois pra cá
Quase todo santo dia

Acho uma monotonia
Aquele cabra gritando
Os pares são adestrados
Pra ficar indo e voltando
Alavandu é o que?
E o tal de anarriê?
O que ele está falando?

Esses gritos de comando
Perguntei a muita gente
Não ouvi uma resposta
Que me deixasse contente
Mas a coisa continua
Seja no sitio ou na rua
Tome pra traz e pra frente

Tem quentão de aguardente
Vinho quente requentado
Em ano que tem inverno
Também tem o milho assado
Depois da mistura pronta
Tem nega que fica tonta
Demarcando o passo errado

Fica nego empanzinado
Escornado na calçada
Quando penso que acabou
Outra conclusão errada
Porque um grita de lá
Agora nois vai dançá
A quadrilha improvisada

Cem por cento embriagada
A quadrilha recomeça
Uns dançando a passos lentos
Outros dançando com pressa
Aquele mais saliente
Só vai pra trás e pra frente
O resto nem interessa

O chamador se estressa
Para pra recomeçar
Um diz agora dar certo
Outro grita não vai dar
Nesse pra trás e pra frente
Tome vinho e aguardente
E raiva pra variar...

Na quadrilha tem-se um par
Nem sei pra que, não precisa.
José dança com Maria
Com Judite e com Maisa
Com Gorete, Maire e Graça.
Com vinho quente e cachaça
No fim nem sabe onde pisa.

Tem nego de cara lisa
Que arrocha quem pegar
Não pergunta se é casada
Tá ali pra se esfregar
No matuto isso é quadria
Mas devia ser orgia
Ou suruba popular

Quem sou eu pra contestar
A festa de são João
Se até o presidente
Investe mais de um bilhão
Patrocinando essa festa
Mas já disse que não presta
Essa é minha opinião

Sei que ninguém dar razão
A isso que estou dizendo
Mas enquanto uns fazem festa
Se embriagando e dizendo
Adiante, alavandu,
Tem nego que anda nu,
Ou de fome está morrendo

Folclore assim não defendo
Sou contra essa marmelada
Da saúde e educação
Tem verba que é desviada
Botam o Brasil pra dançar
E o povo é quem vai pagar
Festa superfaturada

Com toda essa tenda armada
Vai ter mais imposto e juro
Insegurança nas ruas
Mais ladrão pulando o muro
Mais dança, dança e mais dança.
Circo Brasil esperança
É o pais do futuro.