quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A divina inspiração IV Autor: Damião Metamorfose.



A inspiração é a parteira
Do verso recém parido.
O dom é dado por Deus,
Jamais é adquirido.
Nenhuma escola diploma
Poeta, deixa-o instruído!
*                                    
Quando estou imbuído
Escrevendo, o que me importa.
É esvaziar a mente
Da forma que me conforta
Sem inspiração eu durmo,
Às vezes nem fecho a porta!
*
Inspiro-me em paisagem morta
E até transformo ela em viva.
Se ou o último da fila
E não tenho voz ativa.
Inspirado eu sou o primeiro
E com cadeira cativa!
*
Para a estrofe ficar viva,
Poeta, oração e rima.
E a métrica bem redondinha,
Pra se formar esse clima.
Tem que está bem inspirado
Senão perde a alta estima!
*
Um furacão lá de cima
Chega e me invade a mente.
Noutras chega de mansinho
E se espalha lentamente.
O mais importante é ter
A inspiração permanente!
*
Meu dom de fazer repente
Não empresto pra ninguém.
Até porque eu não posso
Emprestá-lo para alguém.
Mas tomara que os meus filhos
Tenham esse dom também.
*
Meu verso vem do além
Quando estou inspirado.
Graças a Deus o meu cérebro
Por mais que ele seja usado
É farto em inspiração
E que Deus seja louvado!
*
Onde o verso está guardado,
Lugar sagrado e secreto...
Casa sem porta e janelas,
Laje, parede ou teto...
É onde eu vou todo dia
Me abasteço e me completo!
*
Poeta é um campo seleto
E o verso é a semente.
A árvore é o dom
Que Deus nos deu de presente.
A terra que ela fecunda
É sem duvida a nossa mente!
*
Sou um menino inocente
Quando estou inspirado.
Em versos faço castelo
De sonhos, sempre rimado
Ora sou bobo da corte
Ora sou rei sem reinado!
*
Sou feito um cavalo alado
Vôo sem sentir cansaço.
Não tem hora nem lugar,
Só preciso ter espaço
E inspiração pra ir
Aonde alcança o meu braço!
*
Com um filho em meu regaço,
Braço preso, outro cansado.
Dois dedos pra digitar,
Tevê gritando ao meu lado...
Não atrapalham escrever,
Quando eu estou inspirado!
*
Sempre sou mui dedicado
Em escrever todo dia.
No teclado ou num papel
Eu sempre escrevo poesia.
Porém sem inspiração
A estrofe sai vazia!
*
Eu escrevo todo dia,
Na pior situação.
Na indecisão da noiva
Com medo de um sim ou não.
Eu corto, estico ou transplanto...
Basta ter inspiração!
*
Meu estro vive em plantão,
Não sabe o que é descansar.
Quando eu durmo ele trabalha
Para quando eu acordar.
Transformar sonhos em versos
Se a inspiração deixar!
*
Eu consigo me inspirar
No pão que da mesa cai.
No moleque esfomeado
Sem mãe sem nome e sem pai...
E na tristeza do pobre
Ao vê que a coisa não vai!
*
A inspiração é o que atrai
O que o poeta precisa.
Quem não a tem se esvazia,
Que tem não economiza.
Ela nunca é mais ou menos,
É na medida e desliza
*
O Cordel se moderniza
Não é mais escrito a mão...
Não são mais contos de fadas
Ou príncipes, num é não.
Não importa qual o estilo,
Basta ter inspiração!
*
Pra fazer divulgação
Eu uso qualquer canal
Que permita eu divulgar
Nosso Cordel virtual.
Acho inspiração no nada
E o chato fica legal!
*
Quem bebe se acha o tal
Escorado em um balcão.
E sempre recita glosas
Seja um poeta ou não.
Graças a Deus sem o álcool
Não me falta a inspiração!
*
Sem fazer composição
Vou ficar angustiado.
Relendo os meus escritos
E a Deus dizendo obrigado
Pelo tempo concebido
Pra eu ficar inspirado!
*
Por ela eu sou fissurado...
Mesmo ela estando comigo.
Quanto mais eu tenho a ela,
Mas a ela eu sempre sigo.
Ela é a inspiração
E eu: poeta e amigo...
*
Eu sei que eu não consigo
Parar de ser um Poeta.
Pois é rimando que encontro
O verso que me completa.
E a inspiração é tudo
Para atingir minha meta!
*
A minha mente projeta
Sozinho ou acompanhado,
Esteja vestido ou nu,
Dormindo ou acordado,
Sempre arrumo bons motivos
Para ficar inspirado!
*
A poesia é o recado
Que uso como oração.
Matéria prima perfeita
Para a minha construção.
Mas não passo do alicerce
Sem ter a inspiração!
*
Escrever é uma diversão
Que é mais saudável rimada.
Por isso eu escrevo sempre
Qualquer estilo ou toada...
Mas se falta a inspiração,
Eu tento e sai toda errada!
*
Fim.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Nem é oito nem oitenta... Autor: Damião Metamorfose.


*
Foto extraída do Google
*
Não sou oito nem oitenta,
Não sou jovem nem senhor.
Tentei ser flor sem espinho,
Virei espinho sem flor.
E agora eu faço o quê?
Se nem sou eu nem você,
Nem ferro e nem isopor!
*
Da fruta eu quis o sabor,
A vida eu tentei modesta.
As aves comeram a fruta,
E por isso o que me resta
Todas as vezes que passo
A arvore joga o bagaço
Da fruta na minha testa!
*
Vivi meus dias de festa
Que Deus me presenteou.
E esqueci-me de viver
A fase melhor que estou.
Do jeito que a coisa vai
Vou ser avô sem ser pai
E esquecer quem eu sou!
*
Meu silêncio extravasou...
Se aprece estou apressado.
Vou tentar seguir em frente,
Mesmo estando enviesado.
Se vai ou não eu não sei,
Só sei que sei que tentei
Olhar a frente de lado!
*
Quero chegar atrasado,
Passar um natal em Meca.
Fazer cama para o cristo
Redentor tirar soneca.
Pra provar que sou feliz
Vou gritar bem alto, bis!
Eu me descobri, heureca!
*
Santa levada da breca,
Eu conheço mais de cem.
Santo sem reza e fieis
Em vez dos dois, tem arem.
E eu num canto calado
Remoendo o meu pecado
Doido Pra ser um também!
*
Retorno de quem não vem,
Motor turbo em Chevette.
Criança com esquecimento,
Idoso pintando o sete.
Sutiã de oriental,
Praia sem água e sem sal
Mesa de bar sem chiclete...
*
Meia, inteira, soquete...
Louco que é ajuizado.
Presente que é futuro,
Futuro que é passado.
Jogo de azar que dá sorte,
A vida a beira da morte,
Patrão que escuta o criado!
*
Mal criado respeitado,
Ladeira que sobe e desce.
Pólvora que não acende,
Fogo que não se aquece.
Pastor que não tem ovelha,
Olho nu sem sobrancelha,
Lembrança que sempre esquece!
*
Força que não fortalece,
Amor que é indiferente.
Álibi que denuncia
E aponta o delinquente.
Sem uma vida em ação,
Manifesto multidão...
Na solidão permanente!
*
 Lado de traz é a frente,
O dentro fica pra fora.
A frente fica pro lado
Do lado que se ignora.
Vou levantar sem cair,
Chegar sem ter que sair,
Voltar sem ter ido embora!
*
Frio e calor numa hora,
Quatro estações num dia.
Devagar eu chego ao longe
Meu tataravô dizia.
Beba água em pó mato sede,
Saio da cama pra rede
Mais que isso é covardia!
*
Sujo com assepsia,
Perua que é sem chilique.
Brega não é popular,
O popular que é chique.
Coisa boa que não presta,
Calvo com franja na testa
Careca que usa aplique!
*
Cego acessa e dá clique
E assiste televisão...
E diz que vê colorido
E em terceira dimensão.
Meu Deus do céu, nesta idade...
Eu faltar com a verdade?
É mentira, falto não!
*
Casa solta sem oitão,
Baralho que não tem cartas.
Mesas pobres com farturas
E ricas que não são fartas.
Daqui que não é daqui,
Dalí que não é Dalí,
Semanas que não tem quartas!
*
Coisas boas que descartas,
Simples muito complicado.
Macho com eme maiúsculo,
Moderno e com rebolado.
Escutei essa toada,
Não estou contando nada
Que tu não tenhas contado!
*
Cão que ladra com miado,
Nuvens que tocam o chão.
Ateu que é padre e pastor
Padre e pastor que é pagão.
Sol gelado e lua quente,
Careca que usa pente
Pra pentear o franjão!
*
Cigano que é ganjão
E faz trabalhos pesados.
Pobre que conta trilhões,
Rico que conta trocados.
E um poeta que não sabe
Onde comece ou acabe
A oração da toada!
*
Igreja amaldiçoada,
Missa sem padre e sermão,
Política sem mentiras,
Comício e enrolação...
Doido que é ajuizado,
Normal desequilibrado,
Sela em cavalo do cão!
*
Peixe que não dá pirão,
Nordeste sem vaquejadas.
Centro Oeste na divisa
Dos quinto e tabuas lascadas.
Rio de Janeiro sem morro
Lamento sem ter socorro
Enchente sem enxurradas!
*
Bruxas e fadas safadas...
Coisa que mata e que cura.
Círculos em linhas retas,
Ponte aguda que não fura.
Coisa boa que não presta,
Mata que não é floresta
Vá pro cão quem desconjura!
*
Mistura que não mistura,
Que não ata nem desata.
Social meio esportivo,
De short, tênis, gravata...
Casa em morro de areia,
Graciosa que é feia,
Casa feita sem sapata!
*
De origem boa, pirata,
Bom que sempre foi ruim.
A parte que não me cabe,
Mas antes cabia a mim.
Uma semana sem dias,
Rima e versos sem poesias,
Não que não é não nem sim!
*
Taba sem ter curumim,
Praia doce no oceano.
Circo sem pano de roda,
Pano de roda sem pano.
Calmo levado da breca,
Macho virando boneca,
Água que não entra em cano!
*
Gato que não é bichano,
Pé que pisa sem ter planta.
Galo que não tem terreiro
Não tem galinha e nem canta.
Eita que fome danada,
Não como por ser enxada,
Mas dá água na garganta!
*
Casa sem almoço e janta,
Patrão sem ter empregado.
Empregado sem emprego,
Ladrão sem nada roubado.
Seca com chuva seis meses
Ano sem ter doze meses,
Veloz que vive parado!
*
Fim