quinta-feira, 9 de maio de 2013

Tempo II Autor: Damião Metamorfose.


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Cada dia um novo sol
Invadindo uma nova fresta.
Trazendo luz pra os bons
E também pra quem não presta.
É o tempo subtraindo
O tempo que ainda resta!
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O tempo chega e faz festa
Na vida e no dia a dia...
Diminui a criação
Tira o tempo de quem cria.
Por isso há tempos que eu
Escrevo menos poesia!
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Cobra tributo e franquia
Daquele que planejou
Um futuro no presente
E a semente não plantou
Ninguém escapa da conta
Que o tempo foi quem cobrou
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O tempo modificou
Toda a cor dos meus cabelos.
E não adianta pintar,
Fazer mechas ou apelos...
Ou eu aceito os grisalhos
Ou aumenta os pesadelos!
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É modelo entre os modelos,
Quem aponta e elimina,
Quem traça o nosso caminho
A rota que nos destina.
E o dito mais popular
É o que diz: que o tempo ensina!
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Lentamente o tempo mina
A resistência da gente.
Transforma a corrida em “xoto”
E em passada lentamente.
Quem é duro fica mole
Morno e frio quem foi quente!
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 Mesmo sendo lentamente
O tempo age sem pena.
Faz o perto ficar longe
E o longe, a gota serena.
E com o tempo a roda grande
Iria entrar na pequena!
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O tempo constrói a cena
Depois destrói o cenário.
Faz do seu maior problema
Motivo de riso hilário.
Só não muda essa merreca
Do mínimo desse salário!
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Houve um tempo que o falsário
Era o justo de fachada.
E o tempo que o coronel
Mandava na caboclada.
Fazenda grandes fortunas...
Trabalho em troca de nada!
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O tempo é roupa surrada,
Que nunca perde a medida.
Sempre cai feito uma luva
Sem ter forma repetida.
É com o tempo que se aprende
As boas lições de vida!
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O tempo faz a tangida
E leva pra bem distante.
O que é aparente perto
Ou aparente importante.
Só o tempo leva e traz
O que ele quer num instante!
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O tempo é muito importante
Em tudo e toda investida.
É ele que abre e fecha
As chagas ou uma ferida.
Sábio mais sábio que o tempo
Não tem outro nesta vida!
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Nos tempos áureos da vida
Tudo era tão diferente.
Os pobres eram tratados
Feito bicho ou delinquente...
No tempo de hoje o pobre
Tem vida mais ascendente!
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No tempo do frio ou quente
Se usa jaqueta ou regata.
No tempo da seca a fome
Deixa desnutrido ou mata
Sou do tempo do LP
Que virou CD pirata!
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Tempo ensina a forma exata
Que não se ensina na escola.
Faz lembrar a bola fora
E esquecer quem joga bola.
Derruba o maior império
E enrica a quem pede esmola!
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Quem na velhice decola
E é saudável aos sessenta...
Convivendo com a idade
Sem ter a vida sedenta.
Soube aproveitar o tempo
Se não soube ao menos tenta.
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E a minha certeza aumenta
Que a vida é uma ilusão.
Por mais que eu ganhe dinheiro,
Fama, ou seja, um cidadão...
Os meus “melhores” amigos
Vão às alças do caixão!
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Damião Metamorfose.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Cagado e cuspido... Mote de Jessier Quirino, glosas de: Damião Metamorfose.


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Foto extraída do Google
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As perninhas muito finas
com um calção remendado
excluído e rejeitado
sem namoro das meninas
me escondia nas campinas
chorando de aflição
Deus ouviu minha oração
hoje eu sou aplaudido
isso é cagado e cuspido
a vida de Damião
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Com meu cachorro feroz
eu ia caçar preá,
rabo de couro e gambá
era diversão pra nós.
se esconder no aveloz
porem nunca fui traquino
a tarde escutava o sino
tocando si sustenido
isso é cagado e cuspido
o meu tempo de menino
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Pagar a conta de luz
o leite, o supermercado,
a água, a carne de gado
ter crédito e fazer jus
valei-me senhor Jesus
já acabou meu salário
tem que pagar crediário
que está com o prazo vencido
isso é cagado e cuspido
vida de funcionário!
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Ver tanta desigualdade,
e gente passando fome.
Muitos coitados sem nome
fora da sociedade.
Na periférica cidade
a geladeira é um barril.
O teto é um céu de anil
pelo poder esquecido.
isso é cagado e cuspido 
a cara do meu Brasil!
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Não perca tempo amigo,
a vida é uma viagem.
Estamos só de passagem,
ta vivo! já é perigo.
Sempre que lembro ,eu digo
amanhã,não sei se posso.
Muito obrigado, Pai nosso...
por esse dia vivido.
Isso é cagado e cuspido,
a última frase que esboço!
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Eu quando era biriteiro,
comprei uma pipa cheinha,
de uma tal de meladinha,
para aguar meu canteiro.
Comecei em fevereiro,
tomando uma sozinho.
Depois chamei meu vizinho,
pro mé ficar dividido.
Isso é cagado e cuspido,
conversa de papudinho!
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Quando eu saio pra rua,
E a mulher diz: volte já.
Só para lhe “aporrinhá”
Dou uma de Zé da lua.
Não respeito à ordem sua
E dou uma de gostoso.
Cansei de ser bom esposo,
Quero algo mais divertido.
Isso é cagado e cuspido,
Conversa de mentiroso!
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Eu sei que tem muito irmão,
Que na igreja não vai.
E na semana santa sai,
Dando uma de cristão.
Diz: num como carne não,
Troco a cachaça por vinho.
No bar ele enche o tanquinho,
Tudo que é santo é bebido.
Isso é cagado e cuspido,
Conversa de papudinho!
*
Fim.