segunda-feira, 29 de março de 2010
A espera > Autor: Damião Metamorfose.
*
Eu deixei minha porta entreaberta,
Na esperança de ver você voltar.
Pra cair nos meus braços e me amar,
Nem marquei no relógio a hora certa.
*
Não dormi, minha noite foi de alerta,
Só fiquei te esperando impaciente.
Porque amo e quem ama, inconsciente,
Sempre volta quando a saudade aperta.
*
Não pensei um segundo em despedida,
Só na volta e minh´alma arrependida.
Te esperou como o sol espera a lua,
*
E bem antes do dia alvorecer,
Vi a porta se abrir e alguém dizer...
Eu voltei, mas voltei porque sou sua.
sexta-feira, 26 de março de 2010
Semeador de sonhos > Autor: Damião Metamorfose.
*
Baseado em um poema da poetisa: Vitória Sena.
*
O poeta é um eremita
Filosofo e analítico.
Original e sensível
Em demasia é um critico.
Anarquista nas idéias,
Em atitude, um político.
*
O poeta é sempre rico,
Rico de inspiração.
Navegando em pensamentos,
Faz do porto solidão.
Ancora para os devaneios
e sua introspecção.
*
A caneta é o seu bastão,
O papel, a companhia.
Rabisca, apaga e escreve...
Na busca da primazia.
É anfitrião dos sonhos
Alheios, não silencia.
*
Faz da vida a própria via,
para a sua inspiração.
Mesmo no anonimato,
Pseudônimo povão.
Passando despercebido,
É mais um na multidão.
*
É vendedor de ilusão,
Tece palavras de amor.
Não é desatento aos outros,
Na sofreguidão e dor.
E no coração de muitos,
Faz-se um presente ablutor.
*
Como humilde trovador,
Que faz da sua poesia.
O seu eterno deleite,
Balsamo para a agonia.
O olhar de um poeta,
Fita as estrelas ao dia.
*
Transforma com maestria,
A dor de um amor sofrido.
E as cachoeiras de lagrimas,
De um ser desiludido.
Em um nobre sentimento,
Real e correspondido.
*
Poeta é anjo caído,
Semeando pensamentos.
Demônio e algoz de si próprio,
Rabisco em papel aos ventos.
É semeador de sonhos,
Confundindo os sentimentos.
*
Em seus piores momentos,
De tristeza e solidão.
Busca no fundo da alma,
A luz, a paz, a unção.
E transforma a treva em luz,
O silêncio em oração.
*
Fim
*
26/03/2010
quarta-feira, 24 de março de 2010
Tempos modernos> Autor: Damião Metamorfose.
Tempos modernos> Autor: Damião Metamorfose.
*
Com esses tempos modernos,
Mudaram-se os padrões.
Inverteram-se as classes,
Surgiram novos vilões.
E as guerras santas da paz,
De homens, Deus e satanás,
Trouxeram as religiões.
*
Tem um leque de opções,
Radio internet e tv.
Milagres a qualquer preço,
Basta ter dinheiro e crê.
Tem a vista e a prestação,
É tanta oferta que não,
Tem quem resista o auê.
*
Agora veja você,
O que foi que aconteceu.
Com um cidadão urbano,
De codinome Tadeu.
Que acreditou no que via,
Comprou mais do que podia
E por pouco não morreu.
*
Tadeu era quase ateu,
Vida boa e sossegado.
Andava sempre na moda,
Carro novo e importado.
Nunca guardava um centavo,
Era um consumista escravo
E só comprava fiado.
*
Mas ficou desempregado,
Com o nome sujo na praça.
Muitos credores na porta,
Com cobrança e ameaça.
O que tinha foi tomado
E ele desesperado,
Foi do uísque a cachaça.
*
Pensando em fazer desgraça,
Antecipando a partida.
Arquitetou varias vezes,
Por um fim na própria vida.
Até que um antigo vizinho,
Apareceu no caminho,
Para mostrar-lhe uma saída.
*
Com a alma destruída,
Contou-lhe a situação.
A crise que enfrentava,
A queda, a destruição.
O amigo ouviu e entendeu,
E disse: calma Tadeu,
Pra tudo tem solução.
*
Acalme o seu coração,
Que eu vou te indicar.
A igreja que eu frequento
E se você aceitar.
Vá na quarta que os pastores,
Vão desalojar as dores
E as correntes vão quebrar.
*
Mesmo sem acreditar,
Na quarta feira o Tadeu.
Chegou cedo na igreja
E um bom lugar escolheu.
Logo o amigo chegou,
Quando o culto começou,
Vejam o que aconteceu.
*
Por indicação do seu
Amigo ele foi levado.
Para o centro do altar,
E um hino foi entoado.
Entre cânticos e louvores,
Os obreiros e os pastores,
Exorcizam o alojado.
*
Desaloja excomungado,
Desaloja eu te esconjuro,
Desaloja desse corpo,
Desaloja seu impuro,
Desaloja Barrarás,
Desaloja satanás,
Desaloja sem futuro.
*
Tadeu sentiu-se inseguro,
Com aquela gritaria.
Desaloja, desaloja,
Diz a loja, ele entendia.
Bom, já que vão me ajudar,
Vai ser o jeito eu contar
E em voz alta ele dizia.
*
Devo nas casas Bahia,
C&A e americana.
Jumbo eletro e pão de açúcar,
Bom preço e pernambucana.
Cartão visa e Credicard,
Carrefour e mastercard,
Acuda meu Deus! Tem grana?
*
Fim
*
24/03/2010
*
Com esses tempos modernos,
Mudaram-se os padrões.
Inverteram-se as classes,
Surgiram novos vilões.
E as guerras santas da paz,
De homens, Deus e satanás,
Trouxeram as religiões.
*
Tem um leque de opções,
Radio internet e tv.
Milagres a qualquer preço,
Basta ter dinheiro e crê.
Tem a vista e a prestação,
É tanta oferta que não,
Tem quem resista o auê.
*
Agora veja você,
O que foi que aconteceu.
Com um cidadão urbano,
De codinome Tadeu.
Que acreditou no que via,
Comprou mais do que podia
E por pouco não morreu.
*
Tadeu era quase ateu,
Vida boa e sossegado.
Andava sempre na moda,
Carro novo e importado.
Nunca guardava um centavo,
Era um consumista escravo
E só comprava fiado.
*
Mas ficou desempregado,
Com o nome sujo na praça.
Muitos credores na porta,
Com cobrança e ameaça.
O que tinha foi tomado
E ele desesperado,
Foi do uísque a cachaça.
*
Pensando em fazer desgraça,
Antecipando a partida.
Arquitetou varias vezes,
Por um fim na própria vida.
Até que um antigo vizinho,
Apareceu no caminho,
Para mostrar-lhe uma saída.
*
Com a alma destruída,
Contou-lhe a situação.
A crise que enfrentava,
A queda, a destruição.
O amigo ouviu e entendeu,
E disse: calma Tadeu,
Pra tudo tem solução.
*
Acalme o seu coração,
Que eu vou te indicar.
A igreja que eu frequento
E se você aceitar.
Vá na quarta que os pastores,
Vão desalojar as dores
E as correntes vão quebrar.
*
Mesmo sem acreditar,
Na quarta feira o Tadeu.
Chegou cedo na igreja
E um bom lugar escolheu.
Logo o amigo chegou,
Quando o culto começou,
Vejam o que aconteceu.
*
Por indicação do seu
Amigo ele foi levado.
Para o centro do altar,
E um hino foi entoado.
Entre cânticos e louvores,
Os obreiros e os pastores,
Exorcizam o alojado.
*
Desaloja excomungado,
Desaloja eu te esconjuro,
Desaloja desse corpo,
Desaloja seu impuro,
Desaloja Barrarás,
Desaloja satanás,
Desaloja sem futuro.
*
Tadeu sentiu-se inseguro,
Com aquela gritaria.
Desaloja, desaloja,
Diz a loja, ele entendia.
Bom, já que vão me ajudar,
Vai ser o jeito eu contar
E em voz alta ele dizia.
*
Devo nas casas Bahia,
C&A e americana.
Jumbo eletro e pão de açúcar,
Bom preço e pernambucana.
Cartão visa e Credicard,
Carrefour e mastercard,
Acuda meu Deus! Tem grana?
*
Fim
*
24/03/2010
segunda-feira, 15 de março de 2010
Quando é seca no sertão> Autor: Damião Metamorfose.
*
Quando é seca no sertão,
É um caos, é um inferno.
Sertanejo sem inverno,
É ave de arribação.
Perde o humor e a razão,
Fica velho sem idade.
Triste e sem felicidade,
Olha para o firmamento.
Sertão sem chuva é cinzento
E cheira a calamidade.
*
Às vezes vai à cidade,
Só para ouvir os mais velhos.
Discutir os evangelhos
E experiências da idade...
Mas perde a sobriedade,
Para se sentir mais forte.
Às vezes arrisca a sorte,
Em uma banca de jogo.
O sertão sem chuva é fogo
E o ar tem cheiro de morte.
*
Açudes de médio porte,
Quando é seca no sertão.
Sobra a água do porão,
Lama racha feito corte.
Por mais que alguém suporte,
A alta temperatura.
Finda perdendo a ternura,
Com seus vinte e poucos anos.
No sertão sem chuva os danos,
A chuva às vezes não cura.
*
Por a mesa sem mistura,
Trabalhar sem ter salário.
Vigiar o calendário,
Ver a terra seca e dura.
Olhar pro céu na secura,
De vê raio e ouvir trovão.
Caminhar sentindo o chão
Quente, exalando o vapor.
Sertão sem chuva é calor,
Poeira e devastação.
*
É cortar a plantação,
Para alimentar o gado.
Ver a enxada e o arado,
Enferrujar no galpão.
Filho chorando sem pão,
Bolso sem nenhuma prata.
E o cachorro vira lata,
Morre de tanta magreza.
Sertão sem chuva é dureza,
Fumaça e fogo na mata.
*
A seca é tão ingrata,
Que leva o que não se tem.
E muitas vezes também,
Atinge o magnata.
Quem usa terno e gravata,
Não aguenta e agoniza.
Imagine o sem camisa,
O sem teto e o emergente?
Sertão sem chuva é tão quente,
Que o redemoinho é brisa.
*
Cada lugar que se pisa,
Parece uma fornalha.
Quando a poeira se espalha,
A visão perde a divisa.
Nem a sombra suaviza,
O mormaço do calor.
Juazeiro perde a flor,
As folhas ficam amarelas.
Sertão sem chuva as sequelas,
É morte, tristeza e dor.
*
A pastagem perde a cor,
Fica cinzento o seu manto.
A cigarra muda o canto,
Poe tristeza em seu teor.
Do nascer ao sol se por,
Nenhuma nuvem aparece.
A terra que só se aquece,
Parece que está queimando.
No sertão sem chuva é quando,
Nada de bom acontece.
*
Sertanejos fazem prece,
Exercendo a sua fé.
Fieis “roubam” são José,
Pra ver se a chuva desce.
Às vezes até parece,
Que o santo atende ao pedido.
Cai chuva e fica florido,
Logo depois seca tudo...
Sertão sem chuva é sisudo,
Abandonado e sofrido.
*
É ter coração partido,
Sem ver sementes brotando.
É ver os filhos chorando,
Fome, sede e desnutrido.
É ver mulher sem marido,
Porque o mesmo foi embora.
Buscar recursos lá fora,
Pra família desvalida.
Sertão sem chuva é sem vida,
Que tem um coração chora.
*
Nos versos que fiz agora,
Fiz denuncia e refleti.
Pois tudo isso eu vivi,
No meu passado de outrora.
Também fui buscar melhora,
Para mim e pros meus pais.
E entre humilhação e ais,
Eu me acho um vencedor.
Sertão sem chuva, oh senhor!
Por favor, nunca, jamais.
sábado, 13 de março de 2010
Política, um mal necessário> Autor: Damião Metamorfose.
*
Política é um mal necessário,
Para o bem da humanidade.
Tem conchavo e tem mentira...
Também tem muita verdade.
Pra uns é a esperança,
Pra outros é a mudança,
Quando tem seriedade.
*
É o jogo de falsidade,
Para quem é desonesto.
É a arte da promessa
E do comício indigesto.
Da esquerda e da direita,
Do aceita e do rejeita
E do voto de protesto.
*
Na política o homem honesto,
Pode virar salafrário.
Por vender a alma ao diabo,
Em troca de um bom salário.
E é nessa hora que o povo,
Perde a galinha e o ovo
E ganha o nome de otário.
*
Na política, o calendário,
Tem mais férias que trabalho.
Mais favor que compromisso,
Mais esperto que paspalho.
É séria e é diversão,
Política é a solução,
Contravenção e atalho.
*
Mesmo tendo ponto falho,
Política trás resultados.
A política é pros humanos,
Um dos grandes aliados.
Pena que muito eleitor,
Desconhece seu valor
E elege sempre os errados.
*
A política tem dois lados,
Posição e oposição,
A verdade e a mentira,
A razão e a emoção,
O que perde e o que ganha,
O que bate e o que apanha,
Prazer e decepção.
*
Política e religião,
Tem muita coisa em comum.
Religião Deus é por todos,
Política é todos por um.
Poucos são os escolhidos,
Muitos os arrependidos
E os que ficam sem nenhum.
*
Político é igual muçum,
Vive na água e na lama.
Faz da seca um trampolim,
Pra dar um salto pra fama.
Mas se chove e tem inverno,
Guarda a gravata e o terno
E administra na cama.
*
A política é uma chama,
Que nunca vai apagar.
Quando um acaba o mandato
E diz, vou me aposentar.
Com certeza está blefando,
Quatro anos, tá voltando,
Pra política e pra mamar.
*
A política é milenar,
Até Jesus foi político.
Não por querer um mandato,
Mas por ter o senso critico.
Porque quando ele pregava,
Em parábolas criticava,
-Portanto era um analítico.
*
Eu também me identifico,
Com a política e o poder.
Sempre escolho quem eu quero,
Voto e cumpro o meu dever.
Essa é minha conclusão,
Sou político porque não
E Mente o que diz não ser.
*
Fim
*
13/03/2010
Política é um mal necessário,
Para o bem da humanidade.
Tem conchavo e tem mentira...
Também tem muita verdade.
Pra uns é a esperança,
Pra outros é a mudança,
Quando tem seriedade.
*
É o jogo de falsidade,
Para quem é desonesto.
É a arte da promessa
E do comício indigesto.
Da esquerda e da direita,
Do aceita e do rejeita
E do voto de protesto.
*
Na política o homem honesto,
Pode virar salafrário.
Por vender a alma ao diabo,
Em troca de um bom salário.
E é nessa hora que o povo,
Perde a galinha e o ovo
E ganha o nome de otário.
*
Na política, o calendário,
Tem mais férias que trabalho.
Mais favor que compromisso,
Mais esperto que paspalho.
É séria e é diversão,
Política é a solução,
Contravenção e atalho.
*
Mesmo tendo ponto falho,
Política trás resultados.
A política é pros humanos,
Um dos grandes aliados.
Pena que muito eleitor,
Desconhece seu valor
E elege sempre os errados.
*
A política tem dois lados,
Posição e oposição,
A verdade e a mentira,
A razão e a emoção,
O que perde e o que ganha,
O que bate e o que apanha,
Prazer e decepção.
*
Política e religião,
Tem muita coisa em comum.
Religião Deus é por todos,
Política é todos por um.
Poucos são os escolhidos,
Muitos os arrependidos
E os que ficam sem nenhum.
*
Político é igual muçum,
Vive na água e na lama.
Faz da seca um trampolim,
Pra dar um salto pra fama.
Mas se chove e tem inverno,
Guarda a gravata e o terno
E administra na cama.
*
A política é uma chama,
Que nunca vai apagar.
Quando um acaba o mandato
E diz, vou me aposentar.
Com certeza está blefando,
Quatro anos, tá voltando,
Pra política e pra mamar.
*
A política é milenar,
Até Jesus foi político.
Não por querer um mandato,
Mas por ter o senso critico.
Porque quando ele pregava,
Em parábolas criticava,
-Portanto era um analítico.
*
Eu também me identifico,
Com a política e o poder.
Sempre escolho quem eu quero,
Voto e cumpro o meu dever.
Essa é minha conclusão,
Sou político porque não
E Mente o que diz não ser.
*
Fim
*
13/03/2010
quinta-feira, 11 de março de 2010
A gestão dos resultados> Autor: Damião Metamorfose.
*
Morreram duas senhoras,
Ambas tinham a mesma idade.
Mesma altura e o mesmo nome,
Eram da mesma cidade.
Uma era freira ativista,
A outra era taxista,
Impura e sem castidade.
*
No portão da eternidade,
São Pedro as esperava.
Chamou logo a taxista,
Disse que salva ela estava.
Deu-lhe um manto de ouro
E explicou o tesouro
E a paz que no céu reinava.
*
A freira inquieta aguardava,
São Pedro logo a chamou.
Pegou um manto de linho
E para ela entregou.
E disse sem ter desdém,
A senhorita também,
Felizmente se salvou.
*
A freira então retrucou,
Algo deve está errado.
Eu conheço essa mulher,
Sei seu presente e passado.
Não que eu queira me exaltar,
Mas pode analisar,
Que o manto veio trocado.
*
Eu tenho me dedicado,
A pobre velho e doente.
Há sessenta e cinco anos,
Trabalho incansavelmente.
Enquanto esta mulher,
Trabalhava de chofer,
Em um táxi ilegalmente.
*
Vivia assustando gente,
Sobe em calçada e atropela.
Varias vezes foi multada,
Já traficou em favela.
E para o meu espanto,
O senhor trocou o manto,
Pois deu o ouro pra ela.
*
Eu conheço a vida dela
E acho que ela entrou
Na igreja, uma só vez,
Se é que se batizou.
E desse dia pra cá,
Acho que não foi mais lá,
Nem sei como se salvou.
*
Se o senhor não se enganou,
Explique-me, por favor.
Pois eu sempre fui devota,
Da casa do meu senhor.
Nunca pratiquei maldade
E mantive a castidade,
Por compaixão e amor.
*
E o senhor com louvor,
Deu pra ela o melhor manto.
Para mim este de linho,
Que estava ali num canto.
Ou o senhor se enganou,
Ou distraído o trocou,
Tem algo errado, meu santo.
*
São Pedro disse: eu garanto,
Não houve nenhum engano.
Veja que tem o seu nome,
Dia que nasceu e o ano.
É que foram aplicados,
A gestão dos resultados,
Pra evitar qualquer dano.
*
Vou explicar este plano,
Que adotamos hoje em dia.
Acho que ninguém da terra,
Recebeu a portaria.
Se a senhorita soubesse,
Tinha evitado esse estresse,
Decerto me entenderia.
*
É que o povo dormia,
Enquanto a irmã pregava.
E em silencio a senhora,
Muitas vezes blasfemava.
E o nosso Deus e senhor,
Entendeu como rancor,
A forma como rezava.
*
No táxi, o povo orava,
Com medo que a motorista.
Esbarrasse em algum poste,
Ou capotasse na pista.
Enquanto essa gente orou,
Muita alma ela salvou
Por isso a sua conquista.
*
A humildade é benquista,
Os dois mantos são sagrados.
Tanto faz o ouro ou linho,
Depois que são conquistados.
O problema é lá na terra,
A paz pode ser a guerra,
Na gestão dos resultados.
Morreram duas senhoras,
Ambas tinham a mesma idade.
Mesma altura e o mesmo nome,
Eram da mesma cidade.
Uma era freira ativista,
A outra era taxista,
Impura e sem castidade.
*
No portão da eternidade,
São Pedro as esperava.
Chamou logo a taxista,
Disse que salva ela estava.
Deu-lhe um manto de ouro
E explicou o tesouro
E a paz que no céu reinava.
*
A freira inquieta aguardava,
São Pedro logo a chamou.
Pegou um manto de linho
E para ela entregou.
E disse sem ter desdém,
A senhorita também,
Felizmente se salvou.
*
A freira então retrucou,
Algo deve está errado.
Eu conheço essa mulher,
Sei seu presente e passado.
Não que eu queira me exaltar,
Mas pode analisar,
Que o manto veio trocado.
*
Eu tenho me dedicado,
A pobre velho e doente.
Há sessenta e cinco anos,
Trabalho incansavelmente.
Enquanto esta mulher,
Trabalhava de chofer,
Em um táxi ilegalmente.
*
Vivia assustando gente,
Sobe em calçada e atropela.
Varias vezes foi multada,
Já traficou em favela.
E para o meu espanto,
O senhor trocou o manto,
Pois deu o ouro pra ela.
*
Eu conheço a vida dela
E acho que ela entrou
Na igreja, uma só vez,
Se é que se batizou.
E desse dia pra cá,
Acho que não foi mais lá,
Nem sei como se salvou.
*
Se o senhor não se enganou,
Explique-me, por favor.
Pois eu sempre fui devota,
Da casa do meu senhor.
Nunca pratiquei maldade
E mantive a castidade,
Por compaixão e amor.
*
E o senhor com louvor,
Deu pra ela o melhor manto.
Para mim este de linho,
Que estava ali num canto.
Ou o senhor se enganou,
Ou distraído o trocou,
Tem algo errado, meu santo.
*
São Pedro disse: eu garanto,
Não houve nenhum engano.
Veja que tem o seu nome,
Dia que nasceu e o ano.
É que foram aplicados,
A gestão dos resultados,
Pra evitar qualquer dano.
*
Vou explicar este plano,
Que adotamos hoje em dia.
Acho que ninguém da terra,
Recebeu a portaria.
Se a senhorita soubesse,
Tinha evitado esse estresse,
Decerto me entenderia.
*
É que o povo dormia,
Enquanto a irmã pregava.
E em silencio a senhora,
Muitas vezes blasfemava.
E o nosso Deus e senhor,
Entendeu como rancor,
A forma como rezava.
*
No táxi, o povo orava,
Com medo que a motorista.
Esbarrasse em algum poste,
Ou capotasse na pista.
Enquanto essa gente orou,
Muita alma ela salvou
Por isso a sua conquista.
*
A humildade é benquista,
Os dois mantos são sagrados.
Tanto faz o ouro ou linho,
Depois que são conquistados.
O problema é lá na terra,
A paz pode ser a guerra,
Na gestão dos resultados.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Nem com multa teve jeito> Autor: Damião Metamorfose.
*
01=I
Seu Natalino nasceu,
No tempo dos coronéis.
Quando o pai levava o filho,
Com ele para os bordeis.
E a boa cachaça vinha,
Não em garrafa ou latinha,
Mas em barris ou tonéis.
*
02=II
Nesse tempo nos quartéis,
Dos pequenos povoados.
Tinha um sargento caduco,
Um cabo e dois soldados,
Que por fugirem de briga,
Só aumentavam a barriga
E pareciam uns cevados.
*
03=III
Todos eram indicados,
Pelo chefe do lugar.
Treinados para dormir,
Comer muito e engordar.
-Se houvesse alguma desordem,
Não iam manter á ordem,
Sem o prefeito mandar.
*
04=IV
A cidade tinha um bar,
Um açougue, uma capela,
Uma pracinha pequena,
Toda na cor amarela.
E uma rua bem comprida,
Que chamavam de avenida,
Mas também só tinha ela.
*
05=V
Tinha a pensão da Estela,
A farmácia do Manoel,
A casa do carteado,
Que era perto do bordel.
E o cemitério local,
Que era na zona rural,
Fazenda poço de mel.
*
06=VI
Também tinha o quartel,
Quase esqueci de falar.
Que era no final da rua
E no começo era o bar.
Que era onde os fazendeiros,
Moradores e tropeiros,
Gostavam de prosear.
*
07=VII
Falei tanto do lugar,
Quase esqueço o Natalino
Que nasceu ali bem perto
E viveu desde menino.
Limpando mato no eito,
Sem precisar de prefeito,
Pra mandar no seu destino.
*
08=VIII
A fazenda ouro fino,
Que ele herdou dos seus pais.
Tinha açudes e barragens...
Roças e canaviais.
Gado de leite e de corte,
Leste sul, oeste e norte,
Com pasto e com milharais.
*
09=IX
Moradores, serviçais,
Bom engenho e casa boa.
Bons colégios para os filhos,
Roupas finas pra patroa.
Natalino era direito
E nem mesmo com o prefeito,
Ele gostava de loa.
*
10=X
E como qualquer pessoa,
Seja do campo ou cidade.
Que constrói o seu império,
Com ou sem dificuldade.
Quando passa dos setenta,
Entre os amigos lamenta,
Que perdeu a mocidade.
*
11=XI
Natalino na verdade,
Tinha uma obsessão.
Que pra muitos era até,
Falta de educação.
Mas pra ele era normal,
E já era habitual,
Urinar sempre no oitão.
*
12=XII
O contato com o chão,
Pra quem sempre foi pacato.
Que lidou com gado e gente,
Sem requinte ou fino trato.
Fez com que o fazendeiro,
Não gostasse de banheiro
e optasse pelo mato.
*
13=XIII
Seu Natalino de fato,
Era homem respeitado.
Seja entre os fazendeiros,
Vizinhos do povoado.
Em toda a zona rural,
Da cidade a capital
E até mesmo no estado.
*
14=XIV
Mas como era acostumado,
A não usar o banheiro.
Quando ia pra cidade,
Tinha que voltar ligeiro.
Pois se sentisse vontade,
De alguma necessidade,
Tinham como baderneiro.
*
15=XV
Certo dia o fazendeiro,
Tomou umas no bordel.
Bebeu tanto que esqueceu,
Daquela cisma cruel.
E quando veio a vontade,
De fazer necessidade,
Não deu pra ir ao vergel.
*
16=XVI
Parou perto do quartel,
Porque já não aguentava.
Foi pro oitão de uma casa,
Nem olhou se alguém te olhava.
Urinou bem sossegado
E nem viu que o delegado,
Lá do quartel lhe espreitava.
*
17=XVII
Voltou para onde estava,
Com os amigos no barzinho.
Respirando aliviado,
Foi beber mais um pouquinho.
-Enquanto isso o delegado,
Saiu mais que apressado,
Para a casa do vizinho.
*
18=XVIII
Com medo de um desalinho,
Perguntou com muito jeito.
Se ele tinha visto o que:
Por Natalino foi feito.
E o homem disse: que não,
Eu o vi em meu oitão,
Mas nem reparei direito.
*
19=XIX
O delega insatisfeito,
Correu para a prefeitura.
A pé mesmo até porque,
Lá não tinha viatura.
Como o prefeito não estava,
Foi lá onde o tal morava
E contou toda a agrura.
*
20=XX
O defensor da censura,
Que no caso era o prefeito.
Ao ouvir todo o fuxico,
Ficou muito insatisfeito.
E disse pra o delegado...
Natalino é homem honrado,
Mas temos que dar um jeito.
*
21=XXI
É contra as leis, não aceito,
Vou ser desmoralizado.
Mandar prender, eu não posso,
Pois perco o eleitorado.
Pra evitar piores danos,
Temos que traçar uns planos,
Mas com devido cuidado.
*
22=XXII
E chamou o delegado,
Para um particular.
Ordenando ao mesmo que:
Não deixasse se espalhar.
Mas fosse a delegacia,
Baixar uma portaria,
Com multa pra ele pagar.
*
23=XXIII
Vamos ter que exemplar,
Senão o seu Natalino.
Vai nos desmoralizar
E nos chamar de mofino.
Na posição de prefeito,
Esse é o único jeito,
Pra barrar esse malino.
*
24=XXIV
Assim traçaram o destino,
Do fazendeiro mijão.
Com multa de cem reais,
Será feita a punição.
Se acaso ele se alterar
E resolver não pagar,
Pode dar voz de prisão.
*
25=XXV
O delegado babão,
Voltou pra delegacia.
Datilografou um texto,
Prescreveu como devia.
Chamou todos os soldados
E saíram apressados,
Pra onde o homem bebia.
*
26=XXVI
Ao chegar disse: bom dia!
Natalino o respondeu.
E perguntou em seguida,
Diga o que aconteceu?
E o delegado com jeito,
Respondeu, foi um mal feito,
Que há poucas horas se deu.
*
27=XXVII
Natalino estremeceu,
Levantou “chei” de razão.
E perguntou em voz alta,
Diga o que eu fiz cidadão?
E o delegado pançudo,
Leu o texto e disse tudo,
Que ele fez no oitão.
*
28=XXVIII
Posso dar voz de prisão,
Se o senhor se recusar.
A pagar a multa que:
Eu vou ter que aplicar.
A escolha é do senhor,
Mas se avie, por favor,
Não posso me demorar.
*
29=XXIX
E quanto é que eu vou pagar?
Falou com gestos boçais.
Pelo xixi no oitão,
Vai ser só uns cem reais.
Mas se o senhor retornar
Ou resolver defecar,
Vai ser cobrado bem mais.
*
30=XXX
Então me passe essas tais,
Multas que tu tens na mão.
Cinco, dez, quantas tiver...
E faça outro talão.
Que eu já estou me enojando
E hoje eu vou sair mijando,
Em tudo que for oitão.
*
31=XXXI
Pagou sem ter discussão,
Mas exigiu seu direito.
Tirou onda da policia,
Achincalhou o prefeito.
E depois desse ocorrido,
Natalino é conhecido,
- nem com multa teve jeito.
*
Fim
*
04/03/2010
01=I
Seu Natalino nasceu,
No tempo dos coronéis.
Quando o pai levava o filho,
Com ele para os bordeis.
E a boa cachaça vinha,
Não em garrafa ou latinha,
Mas em barris ou tonéis.
*
02=II
Nesse tempo nos quartéis,
Dos pequenos povoados.
Tinha um sargento caduco,
Um cabo e dois soldados,
Que por fugirem de briga,
Só aumentavam a barriga
E pareciam uns cevados.
*
03=III
Todos eram indicados,
Pelo chefe do lugar.
Treinados para dormir,
Comer muito e engordar.
-Se houvesse alguma desordem,
Não iam manter á ordem,
Sem o prefeito mandar.
*
04=IV
A cidade tinha um bar,
Um açougue, uma capela,
Uma pracinha pequena,
Toda na cor amarela.
E uma rua bem comprida,
Que chamavam de avenida,
Mas também só tinha ela.
*
05=V
Tinha a pensão da Estela,
A farmácia do Manoel,
A casa do carteado,
Que era perto do bordel.
E o cemitério local,
Que era na zona rural,
Fazenda poço de mel.
*
06=VI
Também tinha o quartel,
Quase esqueci de falar.
Que era no final da rua
E no começo era o bar.
Que era onde os fazendeiros,
Moradores e tropeiros,
Gostavam de prosear.
*
07=VII
Falei tanto do lugar,
Quase esqueço o Natalino
Que nasceu ali bem perto
E viveu desde menino.
Limpando mato no eito,
Sem precisar de prefeito,
Pra mandar no seu destino.
*
08=VIII
A fazenda ouro fino,
Que ele herdou dos seus pais.
Tinha açudes e barragens...
Roças e canaviais.
Gado de leite e de corte,
Leste sul, oeste e norte,
Com pasto e com milharais.
*
09=IX
Moradores, serviçais,
Bom engenho e casa boa.
Bons colégios para os filhos,
Roupas finas pra patroa.
Natalino era direito
E nem mesmo com o prefeito,
Ele gostava de loa.
*
10=X
E como qualquer pessoa,
Seja do campo ou cidade.
Que constrói o seu império,
Com ou sem dificuldade.
Quando passa dos setenta,
Entre os amigos lamenta,
Que perdeu a mocidade.
*
11=XI
Natalino na verdade,
Tinha uma obsessão.
Que pra muitos era até,
Falta de educação.
Mas pra ele era normal,
E já era habitual,
Urinar sempre no oitão.
*
12=XII
O contato com o chão,
Pra quem sempre foi pacato.
Que lidou com gado e gente,
Sem requinte ou fino trato.
Fez com que o fazendeiro,
Não gostasse de banheiro
e optasse pelo mato.
*
13=XIII
Seu Natalino de fato,
Era homem respeitado.
Seja entre os fazendeiros,
Vizinhos do povoado.
Em toda a zona rural,
Da cidade a capital
E até mesmo no estado.
*
14=XIV
Mas como era acostumado,
A não usar o banheiro.
Quando ia pra cidade,
Tinha que voltar ligeiro.
Pois se sentisse vontade,
De alguma necessidade,
Tinham como baderneiro.
*
15=XV
Certo dia o fazendeiro,
Tomou umas no bordel.
Bebeu tanto que esqueceu,
Daquela cisma cruel.
E quando veio a vontade,
De fazer necessidade,
Não deu pra ir ao vergel.
*
16=XVI
Parou perto do quartel,
Porque já não aguentava.
Foi pro oitão de uma casa,
Nem olhou se alguém te olhava.
Urinou bem sossegado
E nem viu que o delegado,
Lá do quartel lhe espreitava.
*
17=XVII
Voltou para onde estava,
Com os amigos no barzinho.
Respirando aliviado,
Foi beber mais um pouquinho.
-Enquanto isso o delegado,
Saiu mais que apressado,
Para a casa do vizinho.
*
18=XVIII
Com medo de um desalinho,
Perguntou com muito jeito.
Se ele tinha visto o que:
Por Natalino foi feito.
E o homem disse: que não,
Eu o vi em meu oitão,
Mas nem reparei direito.
*
19=XIX
O delega insatisfeito,
Correu para a prefeitura.
A pé mesmo até porque,
Lá não tinha viatura.
Como o prefeito não estava,
Foi lá onde o tal morava
E contou toda a agrura.
*
20=XX
O defensor da censura,
Que no caso era o prefeito.
Ao ouvir todo o fuxico,
Ficou muito insatisfeito.
E disse pra o delegado...
Natalino é homem honrado,
Mas temos que dar um jeito.
*
21=XXI
É contra as leis, não aceito,
Vou ser desmoralizado.
Mandar prender, eu não posso,
Pois perco o eleitorado.
Pra evitar piores danos,
Temos que traçar uns planos,
Mas com devido cuidado.
*
22=XXII
E chamou o delegado,
Para um particular.
Ordenando ao mesmo que:
Não deixasse se espalhar.
Mas fosse a delegacia,
Baixar uma portaria,
Com multa pra ele pagar.
*
23=XXIII
Vamos ter que exemplar,
Senão o seu Natalino.
Vai nos desmoralizar
E nos chamar de mofino.
Na posição de prefeito,
Esse é o único jeito,
Pra barrar esse malino.
*
24=XXIV
Assim traçaram o destino,
Do fazendeiro mijão.
Com multa de cem reais,
Será feita a punição.
Se acaso ele se alterar
E resolver não pagar,
Pode dar voz de prisão.
*
25=XXV
O delegado babão,
Voltou pra delegacia.
Datilografou um texto,
Prescreveu como devia.
Chamou todos os soldados
E saíram apressados,
Pra onde o homem bebia.
*
26=XXVI
Ao chegar disse: bom dia!
Natalino o respondeu.
E perguntou em seguida,
Diga o que aconteceu?
E o delegado com jeito,
Respondeu, foi um mal feito,
Que há poucas horas se deu.
*
27=XXVII
Natalino estremeceu,
Levantou “chei” de razão.
E perguntou em voz alta,
Diga o que eu fiz cidadão?
E o delegado pançudo,
Leu o texto e disse tudo,
Que ele fez no oitão.
*
28=XXVIII
Posso dar voz de prisão,
Se o senhor se recusar.
A pagar a multa que:
Eu vou ter que aplicar.
A escolha é do senhor,
Mas se avie, por favor,
Não posso me demorar.
*
29=XXIX
E quanto é que eu vou pagar?
Falou com gestos boçais.
Pelo xixi no oitão,
Vai ser só uns cem reais.
Mas se o senhor retornar
Ou resolver defecar,
Vai ser cobrado bem mais.
*
30=XXX
Então me passe essas tais,
Multas que tu tens na mão.
Cinco, dez, quantas tiver...
E faça outro talão.
Que eu já estou me enojando
E hoje eu vou sair mijando,
Em tudo que for oitão.
*
31=XXXI
Pagou sem ter discussão,
Mas exigiu seu direito.
Tirou onda da policia,
Achincalhou o prefeito.
E depois desse ocorrido,
Natalino é conhecido,
- nem com multa teve jeito.
*
Fim
*
04/03/2010
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