*
Eu deixei de beber vinho, alcatrão...
Há um bom tempo eu parei de fumar.
Todos os vícios da minha juventude
Eu deixei, pois preciso me limpar.
Pra poder ter uma velhice mais calma
Sem doenças difíceis pra curar!
*
Hoje vendo o que só tenho a ganhar
E que o vicio é uma futilidade...
Sinto um travo na boca um tanto amargo
E um pesar de tristeza com saudade.
Uma parte de mim diz: fez o certo
Outra treme e se curva com a idade
*
Apesar de abusar na mocidade,
Ainda tenho saúde até de sobra.
Mas eu sei que o tempo que me resta
Vai ceifando cada passo ou manobra.
E essa divida que eu fiz na juventude
A velhice não tarda vem e cobra!
*
O vício me laçou feito uma cobra,
E eu brinquei sem medo de me enforcar.
Mais de trinta e cinco anos de farras,
Álcool, fumo, drogas pra variar.
Deus me deu livre arbítrio, entrei sai...
Sem mazelas, posso comemorar?
*
Perdi horas em mesinha de bar,
Tanto tempo que até perdi a conta.
Fumei tudo que é marca de cigarro
Fora os que eu não li, pois era ponta.
Já não fumo e nem bebo, estou salvo
Desses vícios, que deixam a mente “tonta”
*
Abusei da saúde, fiz afronta,
Misturei quem não foi pra misturar.
Corri trechos e andei além da rota,
Ri, chorei, fiz sorrir e fiz chorar...
Mas Deus na hora certa disse: pare!
Antes que um médico peça pra parar!
*
Já deixei noiva diante do altar
Namorei carregando um caixão.
Não respeitando o morto ou a morta
Fiz da morte um trampolim pra paixão.
Depois de tantos erros e acertos
O que posso hoje é só pedir perdão!
*
Fui capaz de gozar de amigo irmão
Na intenção de mudar de patamar.
Não por fama ou classe social,
Na verdade eu gozei só por gozar.
Se fui fraco ou forte... paguei caro,
Por brincar sem motivos pra brincar!
*
Muitas vezes eu tive que atuar
De malandro pra não ser perturbado.
Tive que me parecer com um deles,
Seja em jinga ou no português usado.
Entrei limpo e sai sem me envolver,
Com certeza por Deus eu fui guiado!
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