*
*
E,V
Com a seca no
sertão
Morre boi e
morre vaca,
Você sem uma
pataca
Para comprar de
ração.
Capenga o boi
barbatão,
Definha o boi
marroeiro.
Você pobre
fazendeiro
Ver seu gado em
alvoroço,
Já secou o
último poço
Salve o gado sem
dinheiro
*
D,M
Por ser
fazendeiro honesto,
E amigo dos que
tem mais...
Pra salvar meus
animais
A dois por um eu
empresto.
O que sobrou
deste resto,
Arrumo a algum
meeiro.
Em janeiro ou
fevereiro...
Tem inverno, e o
meu gado
Volta gordo ao
meu roçado
Sem precisar de
dinheiro!
*
E,V
Você leva uma
virada
Depois que tomou
um vinho,
Arranha o corpo
todinho
Fica de cara
amassada.
Ali não existe
nada
Está faltando
enfermeiro
Faltando médico
e maqueiro
E carro da Prefeitura.
E agora,
criatura!
Como se sai sem
dinheiro?
*
D,M
Com a fé que
tenho em Deus Pai,
Peço ajuda em
oração.
E fico quieto no
chão,
Pois quem tá no
chão não cai.
Sem gritos nem
ai ai ai...
Mantenho a
calma, e primeiro.
Ligo pro meu
bairro inteiro
A cobrar com o
celular.
Até que um vem
me buscar
Sem precisar de
dinheiro!
*
E,V
Para
fazer uma casa
Você não tem um
vintém
Nem crédito no
armazém
Pra cavar a base
rasa.
Você é da classe
vasa
E não conhece um
pedreiro,
Servente nem
carpinteiro,
Não tem favor,
nem fiado.
E sendo
inutilizado
Faça a casa sem
dinheiro.
*
D,M
Vou pra beira da
estrada
Perto da
periferia.
E ali em menos
de um dia
Faço uma casa
reciclada.
Papelão, lata
amassada...
Peço emprestado
ao lixeiro.
O prefeito vem
ligeiro
Troco o meu voto
num teto.
Ganho a casa de
projeto
Sem precisar de
dinheiro!
*
E,V
Você precisa
pagar
Carnê do
I.P.V.A.
O I.P.T.U.
de lá
Já começaram
cobrar.
Material
escolar,
Tudo no mês de
janeiro.
Jà foi o décimo
terceiro
E o resto da
poupança.
Falta a farda da
criança,
Dê seu jeito sem
dinheiro.
*
D,M
Troco o carro em
um quitado,
A casa em outra
okei.
A farda e os
livros Ganhei
Do governo do
Estado.
Como já está
arrumado
Meu problema
financeiro.
Tenho mais um
ano inteiro,
Para poder
planejar.
Como viver sem
gastar
Um centavo de dinheiro!
*
E,V
A feira dos
animais
Você foi pra
visitar
E lá resolveu
comprar
Dez gaiolas de
pardais.
Lá na frente
comprou mais
Um bode pai de
chiqueiro,
Uma macaca,
um carneiro
E um jegue
encangalhado.
Sem ter um
tostão furado
Como comprou sem
dinheiro?
*
D,M
Compro os dez
pardais fiado,
Numa gaiola eu
coloco
As três gaiolas
eu troco
No jumento
encangalhado.
Troco seis no
bode “erado”
Na macaca e no
carneiro.
Como eu não sou
caloteiro
Volto e devolvo
os pardais.
Levo os outros
animais...
Sem precisar de
dinheiro!
*
E,V
Damião salvou o
gado,
Eu viajei sem
passagem
Fiz boa
camaradagem
Comprando coisas
fiado.
Enganei
supermercado,
Enrolei um
muambeiro.
Damião comprou
carneiro,
Fez casa de lata
urgente,
Escapou dum
acidente
Sem precisar de
dinheiro.
*
D,M
E - Mas já na prorrogação
Sem ter mais tempo pra nada
Eu pergunto ao camarada
Meu amigo Damião.
Você toma a decisão
E procura um gazeteiro,
Noveleiro ou jornaleiro
Pra publicar o cordel,
Não tem nem o do papel.
Como edita sem dinheiro?
D ,M
O meu amigo Altair
PANTERA CORDELARIA
Disse pra mim outro dia
Que desejava imprimir,
Falei: Pode prosseguir
Meu amigo folheteiro.
Divulgue no mundo inteiro!
Ele imprime e me dar uns,
Eu ficarei com alguns
Sem precisar de dinheiro.
*
E,V
E-u embarquei
sem passagem
D-amião salvou
o gado.
U-ma enrolada,
um fiado
A-judou-me na
viajem.
R-egressei sem
ter passagem
D-ancei nu, fiz
embolada.
O amigo fez morada,
V-aleu-se até
do lixeiro.
I-PTU de
janeiro
A-chou melhor
não pagar,
N-um Hospital
fui parar,
A-lmocei sem
ter dinheiro.
*
D,M
Em troca eu
nunca fui bom
Nem sou de
comprar fiado.
Mas aqui fui
obrigado
A “mentir” em
alto tom.
Foi Deus que me
deu o dom
De Poeta e
cordeleiro.
E ao lado de um
bom parceiro
Tipo: Eduardo
Viana
Eu dei uma de
bacana
Sem precisar de
dinheiro!
*
D,M
D o inicio
até o fim,
M ergulhei em
um perrengue
E um
mosquito da dengue
T ombou meu
corpo e foi ruim.
A gora é
que posso enfim
M andar a
estrofe acróstico.
O-nde o meu diagnóstico
R-elata sobre
o hospedeiro.
F-aleipor ser
verdadeiro...
O-brigado meu
amigo
S-empre é
bom cantar contigo
E foi
melhor sem dinheiro!
*
Fim.
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