*
Conta
à lenda que existia
Em
meio a um grande pomar.
Um
fabuloso jardim ,
Com
flores perfumando o ar
E
ao centro um lago moldado
Com
ladrilho adornado
Azul
turquesa a reinar!
*
Alimentando
o lugar
Um
diminuto canal
De
pedra que escoava
Por
uma grade de metal
E
ao final desembocava
Do
outro lado e decantava
No
lago artificial!
*
Naquele
lindo termal
Vivia
a comunidade
De
peixes refestelando-se
Nédios
da comodidade.
Por
entre as locas viviam
E
despreocupados comiam
Propícios
à obesidade!
*
Em
meio à diversidade
Do
lindo lago azulado.
Havia
um peixe vermelho
Que
era menosprezado
Por
todos e não comia
Porque
nunca conseguia
Pegar
o alimento jogado!
*
Gorduchos
e esfomeados
Arrebatavam
a comida
E
os lugares consagrados
Para
descanso e guarida.
E
vermelhinho que sofresse
Se
escondesse ou corresse
Senão
pagava com a vida!
*1*
Não
encontrando acolhida
No
vastíssimo lugar.
Dispunha
de tempo livre
Pra
o lazer e estudar.
O
lago e o aguadouro
E
a grade do escoadouro
Não
tardou ele a encontrar!
*
Ao
vê a água a escoar
Pela
estreita cavidade.
A
frente do imprevisível
Viu
a oportunidade
De
ir contra a correnteza
E
devido a sua magreza
Passar
na tela da grade!
*
Mesmo
com dificuldade
Ensaiou
com atenção.
Perdeu
diversas escamas,
Nas
tentativas em vão.
Mas
por não ser pessimista
Ele
avançou otimista
E
passou com precisão!
*
Do
outro lado a visão
Deixou
Vermelho encantado.
Paisagens
ricas em flores,
Sol
brilhante em tons dourado.
Boquiaberto
e igual criança
Embriagado
de esperança
Seguiu
nadando apressado!
*
Pelo
reguinho apertado
Viu
aves no céu voando.
Animais
de toda espécie
Todos
parabenizando.
E
desejando boa sorte
Por
achar seu rumo norte...
E
vermelho sempre nadando!
*
Foi
nadando e desbravando
E
admirando o roteiro.
Fez
vários amigos novos
De
passagem e verdadeiro.
E
ao final do desafio
Alcançou
o grande rio
Depois
de um despenhadeiro!
*2*
Viu
as margens o tempo inteiro,
Árvores,
homens, animais,
Pontes,
palácios, cabanas,
Edifícios
colossais...
E
por vir da dificuldade
Não
perdeu a humildade
E
as levezas naturais!
*
Viu
telas quase iguais
As
do lago azul turquesa.
De
canais desembocando
No
rio, e viu a beleza
Multiplicada
e suprema
Dos
peixes na piracema
Subindo
na correnteza!
*
Deparou-se
com a grandeza
Do
oceano e ao ver o mar.
Viu
também uma baleia
E
foi pra perto lhe estudar.
Então
tirou a conclusão
Que
a água do lago azul não
Dava
nem pra ela lanchar!
*
Foi
tão perto para olhar
De
tão, tão impressionado.
Que
a baleia lhe engoliu
Com
o plâncton que era tragado
Por
ela na refeição.
E
vermelho na escuridão
Viu
seu tempo confinado!
*
Reconheceu
ter errado
E
em apuros orou
Ao
Deus de todos os peixes
Que
o ouviu e o libertou
E
o gigante animal
Deu
um soluço brutal
E
vermelhinho se salvou!
*
Para
o mar ele voltou
E
o pequeno viajante
Agradecido
e feliz
Procurou
dali por diante
Companhias
mais simpáticas
Pra
evitar as problemáticas
E
o perigo constante!
*3*
Viu
que o mundo era inconstante
E
de infinitas riquezas.
E
encontrou estrelas moveis
Plantas
que parecem acesas.
Animais
lindos e estranhos,
De
variáveis tamanhos,
Encima
e nas profundezas!
*
Flores
de raras belezas
No
fundo do oceano.
Peixinhos
estudiosos
Como
ele, e sem engano,
Parecidos,
quase igual...
E
no palácio de coral
Feliz,
calmo e “soberano”
*
Soube
também que no ano
Que
a seca se apoderar
Dos
lugares como o lago
Azul,
seu antigo lar.
As
águas de outra altitude
Continuariam
amiúde
A
correr de encontro ao mar!
*
Vermelho
ficou a pensar
E
chegou a conclusão.
Que
aqueles com quem viveu
Morriam
com a sequidão.
E
ficou a se indagar
Se
devia ou não regressar
Com
a valiosa informação!
*
Tomado
de compaixão,
Vermelho
não hesitou.
Fortalecido
com o grupo
De
amigos que o apoiou.
Pegou
o caminho de volta,
A
principio com escolta
E
depois sozinho ficou!
*
Saiu
do mar e adentrou
No
rio e depois regato.
Riacho,
córrego até o
Canal
no meio ao mato.
Que
levava ao antigo lar,
Feliz
por poder levar
As
verdades sobre um fato!
*4*
E
logo no primeiro ato
Por
ser esbelto e treinado.
Varou
a grade e pulou
Caiu
no lago azulado.
Pensando
que iam vibrar
Ao
vê-lo ao lar retornar,
Mas
ficou decepcionado!
*
Ao
ver que o mesmo estado
Ocioso
que deixou.
Não
tinha mudado em nada
E
sim, ele piorou.
Pois
estavam tão pesados
Dorminhocos,
repimpados...
E
nem viram que ele voltou!
*
O
vermelhinho gritou!
Nos
lamaçais entre as locas.
Mas
nem se deram ao trabalho
De
sair das suas tocas.
Ou
dos seus ninhos lamacentos,
Limitavam
os movimentos
Pra
comer, larvas, minhocas...
*
O
vermelhinho se choca
Com
a dura realidade.
Ao
ver que ninguém sentiu
Sua
falta ou teve saudade.
Cabisbaixo
procurou
O
rei das guelras e contou
Da
aventura e a novidade!
*
Entorpecido
a majestade
E
com mania de grandeza.
Reuniu
todos os peixes
E
permitiu com avareza.
Que
se explicasse o mensageiro,
Se
possível bem ligeiro
Pra
não gastar-lhe a beleza!
*
Vermelhinho
com clareza,
Mas
sentindo-se desprezado.
Contou
com ênfase que havia
Um
mundo a ser explorado
Com
água em exuberância
E
que era a insignificância
O
lago azul limitado
*5*
E
que com o tempo estiado
O
lago ia secar.
E
todos iam morrer
Sem
o que se alimentar.
E
no outro mundo glorioso
O
liquido tão precioso
Jamais
ia se acabar!
*
Que
além daquele lugar
Do
escoadouro pra fora.
Desdobravam-se
outras vidas
Rios,
córregos, fauna, flora...
E
por fim chegando ao mar
Nem
dava pra calcular,
Lá
é que a vida vigora!
*
Disse
que tinha lá fora
Salmões,
trutas e esqualos.
Os
peixes lua e coelho
E
também os peixes galos.
Homens,
cidades, jardins...
E
astros brilham nos confins
Dos
céus, para iluminá-los!
*
Pensando
em ajuda-los
Vermelho
se ofereceu
Levar
todos ao palácio
De
Coral, onde viveu.
Com
ênfase expôs a verdade
Mas
disse: essa liberdade
Tinha
um preço, e, descreveu!
*
Todos
assim como eu
Precisam
emagrecer.
-Tentou
falar da aventura...
E
quase chega a ensurdecer.
Com
a gargalhada estridente
Dos
peixes simultaneamente,
E
não teve um só pra crer!
*
Sequer
tentaram entender
E
os oradores tomaram
A
palavra do vermelho
Solenemente
afirmaram
Que
na magreza que ele estava
Adoeceu
e delirava...
Francamente,
balbuciavam!
*6*
O
mundo era onde eles estavam
Outro,
jamais existia.
Riachos,
rios e mares...
É
delírio, fantasia.
-Deus
dos peixes simplesmente
Pensa
em nós unicamente
O
lago é nossa moradia!
*
Com
todos por companhia
Pra
ironizar vermelhinho.
Mostrou
a grade e falou
Não
vês que esse buraquinho
Não
cabe uma só barbatana
Do
rei, pensa que me engana?
Some
daqui seu tolinho!
*
Volte,
mas volte sozinho,
Some
peixinho perverso...
Não
perturbe o bem-estar
O
lago é o centro do universo.
Nossa
vida é triunfal,
Ninguém
possui nada igual,
Tome
o seu caminho inverso!
*
E
a golpes fortes dispersos
O
sarcástico rei o expulsou.
E
o caminho da vida
Vermelhinho
realizou.
E
dessa vez mais veloz,
Pois
do lago até a foz
O
caminho pouco mudou!
*
Mesmo
assim observou
Que
muito tinha mudado.
A
paisagem já era outra
Diferente
do passado.
Pedras
fora do lugar,
Difícil
até pra passar
Com
o leito interditado!
*
Tronco
de árvore atravessado
De
um lado a outro do rio.
A
água estava mais turva
Era
um grande desafio.
Enxergar
com precisão
Sem
errar a direção,
Mas
vermelho era arredio!
*7*
Os
peixes estavam no cio
Todos
contra a correnteza.
Na
época da piracema,
Meu
Deus é tanta beleza!
E
os meus amigos de infância,
Por
vaidade e ganância
Em
água limitada e presa!
*
E
nadando com destreza
Continuou
velhinho.
Cumprimentando
a todos
Que
encontrava no caminho.
Feliz
por ter retornado
E
triste em não ter salvado
Os
peixes do rei mesquinho!
*
Fez
o percurso todinho
E
ao Palácio retornou.
Lá
encontrou seus amigos
E
contou o que passou
E
no Palácio do coral
Foi
o destino final,
Onde
vermelho ficou!
*
O
peixe vermelho mostrou
Coragem
e honestidade.
Dedicação
e estudo
E
respeito pela irmandade.
O
seu caminho percorrido
É
o caminho a ser seguido
Libertação,
lealdade...
*
Com
a seca e a calamidade
Os
peixes viveram um drama.
As
águas desceram os níveis,
O
lago azul virou lama.
Deu
pra vê que a vaidade,
Egoísmo
e a desigualdade
Foi
o propulsor da trama!
*
Deus ou o destino nos chama
A ouvir um simples conselho.
Mas o nosso egoísmo
Impede de ir ao espelho.
Assim mostra a lenda de
O lago e o peixinho vermelho
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