Foto extraída do Google
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Deusa santa inspiradora
Faça-se em mim hospedeira.
Para que eu possa abordar
Uma Historia verdadeira.
Contando o que a gente pode
Encontrar em uma feira!
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Na barraca e na esteira
Encima e embaixo da banca.
Entre secos e molhados
Tem feijão de corda e
arranca,
Fava, milho, mandioca,
Faca, facão e chibanca...
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Picareta e alavanca,
Enxadecos e enxada.
Ração pra burro e pra pinto,
Vaca leiteira e apartada...
Chicote de couro cru,
Curtido e sola sovada...
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Bolo fofo e garrafada,
Café, chá de erva cidreira.
Batata de purga, enxofre,
Banquinho, espreguiçadeira.
Tamborete e urupemba,
Tudo isso tem na feira!
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Caçarola e frigideira,
Panela e alguidar de barro.
Chá de batata de purga
Que é bom pra tirar catarro
Do peito do viciado
No cachimbo ou no cigarro!
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Roda de pau para carro
De mão daquelas antigas.
Também tem casa das primas
Onde tem algumas brigas.
Dos fregueses que disputam
O amor das “raparigas”
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Milho verde e nas espigas,
Cru, cozido e assado.
Em cuias ou mesmo no quilo
A granel ou ensacado.
Nas feiras se encontra até
O que não foi inventado!
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Tem remédio pro cansado,
Garrafada pra lombriga.
Pomada de padim ciço,
Cura de um câncer a fadiga.
E todo tipo de chá
Pra curar dor de barriga!
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Lá tem carranca e tem figa,
Tem bule e tem caçarola.
Pedra de amolar foice,
Machado e o que mais se
amola...
Sela, cangalha, rabicho,
Cia, cião, rabichola...
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Ir a feira é show de bola
Prazer sem comparação.
E além de encontrar amigos,
Compra o que tem precisão.
Mas cuidado com a carteira,
Pois lá também tem ladrão!
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Encha a bacia meu irmão!
Assim gritava o feirante.
Compre seis leve uma dúzia...
Um bordão a cada instante.
Por mais que seja sortida
Na feira o grito é
importante!
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Na feira tem um montante
Quem nem vão para gastar,
Mas para pedir esmolas
A aquele que quiser dar.
Na feira também se encontra
Um bom Cordel pra comprar!
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Na feira tu vai achar
Banha de cágado e teiú.
Casca de tudo que é pau,
Raiz até de chuchu.
Manzape e tapioca,
Cajá, cajarana, umbu...
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Avoante e sanhaçu,
Galinha d’água e patola.
Canário e galo campina,
Louro, sabiá e gola...
Tudo se encontra na feira,
Morto ou preso na gaiola!
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Tem tareco e mariola
Tem calça bermuda e manto
Com os preços diferentes,
Mas juntas no mesmo canto.
Na feira também tem banha
De todo tipo de santo...
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Tem banca em todo recanto
Tem quem recita e quem canta,
Um que fala outro que grita,
Leve a rede e ganhe a manta
E um cabaré “chei” de quenga
Todas com cara de santa!
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Bijuteria que encanta,
Bota chapéu e perneira,
Pato galinha e guiné,
Facão e faca peixeira.
Não tem no supermercado?
Com certeza tem na feira!
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Bem pertinho na ribeira
Ou longe em algum lugar.
Em barracas fluviais
E eu acho que até no mar!
Tem um feirante, uma feira
Com um grito a ecoar!
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Tudo o que tu procurar
Ou não procurar também.
Tem gente que vem e vai
E no meio delas tem
Os beradeiros que fazem
Nota falsa de um a cem.
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Tem guisado de acém
Fígado de porco e buchada.
Sarapatel, mocotó,
Galinha e vaca atolada.
Na feira se come e bebe
E o preço é bem camarada!
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Para quem tem quase nada
Tem roupa bem baratinha.
Tem rede, tem mosquiteiro,
Tem remédio e tem meizinha.
Tem velha que lê a mão
Tem remédio até pra “tinha”
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Tem de tudo que é caninha,
O velho e bom alcatrão
Famoso são João da barra
Que derruba até o cão.
Que o rotulo diz que se toma
Puro, com leite ou limão!
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Tem alcachofra e melão
Tamarindo e cajarana.
Fumo do bom e de rolo,
Refresco e caldo de cana.
E em cada esquina se encontra
Uma banca de banana!
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Tem mel de cana caiana,
Soda caustica e parafina.
Combustível clandestino
Tem nos fundos da oficina
E aonde vende araruta
Tem denim e brilhantina...
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Tem grito em toda esquina
De feirante e vendilhão.
Tem bainha para foice,
Moinho e mão de pilão.
Conhecidos indo e vindo
E muito aperto de mão!
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Tem frango, galo e capão,
Abatido e pra abater.
Na feira se vê de tudo
De bom ou mal proceder.
E enquanto tiver quem compre
Vai ter sempre o que vender!
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Tem borracha pra fender
E a torneira não pingar.
Tem pinga para quem gosta
De beber, se embriagar.
E um tira gosto de gato
Que se come sem pagar!
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Na feira tem pra comprar,
Lata, latinha e latão.
Xícara, pires e prato,
Pinheiro, pinha e pião.
Na feira se compra até
Agulha para injeção!
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Tem cartucho e munição,
Para a espingarda de soca.
Sem mira e com o cano torto
Pra pegar mocó na loca!
Linha nylon pra tarrafa,
Bóia de rolha e taboca.
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Dez tapias e uma maloca
No jogo do cinturão.
Prometem ganhar dinheiro
Que vai de zero a um milhão.
E o matuto se lasca
Perdendo até o calção!
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Tem honesto e ladrão...
No beco do vuco-vuco.
Tem o bar das quatro bocas
Com umas mesas de truco
E ao fundo é um cabaré
Cheio de velho e caduco!
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Tem panela, tem cumbuco
E se tratando da flora...
Tem canela em pó, em casca,
Tem folhas, raízes, tora.
E um tratamento educado
De senhor e de senhora!
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Dentro da barraca ou fora
Se encontra coco e cocada.
Mamão, melão, melancia,
Meia, inteira e por taiada.
Tem até ovo no espeto,
Porco, frango e carne
assada...
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E entre bancas e calçada
Vai a feira desfilar.
Uns pra encontrar amigos
Outros que vão para comprar,
Seja o que for fazer
Na feira é um bom lugar!
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E quando a feira terminar
Fica o lixo pelo chão.
Resto de frutas, comida,
Latas, papel, papelão...
Mas logo os recicladores
Catam, vendem e compram
pão...
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Deus me deu a inspiração
A história foi verdadeira
Mas ficaram muitas coisas
Impróprias e desordeira.
Assim sendo foi contado
O que se encontra na feira!
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Damião Metamorfose.
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