terça-feira, 28 de setembro de 2010

Consulte o seu manual* Autor: Damião Metamorfose.

*
Inspirado em um e-mail que recebi.
*
Quando estou sem fazer nada,
Procuro algo pra ler.
E procurando encontrei...
Encontrei o que fazer.
O e-mail que recebi,
Gargalhei depois que li
E vou tentar descrever
*
Na ciência o que mexer,
Pertence a biologia.
Se feder pertence à química,
Sem sentido, economia.
Não se entende, é matemática,
Tudo junto é informática,
Também psicologia.
*
Na lei da telefonia:
Se acaso alguém te ligar.
Passando-te algum numero,
Na hora de anotar.
Falta papel ou caneta,
Se tem os dois, o xereta,
Decerto não vai tocar.
*
Se acaso você tentar
Ligar, vai dar ocupado.
Se errar ao digitar,
Caindo em numero errado.
Você pode ter certeza,
Não vai ouvir gentileza,
Mas vai está liberado.
*
Lei do perdido ou achado:
Se o caso é procurar.
Procure o que não perdeu,
Que você vai encontrar
O que está procurando.
Se achar que estou blefando,
Procure que vai achar.
*
Lei queda livre, no ar:
Essa merece atenção!
Qualquer esforço é inútil,
Causa mais destruição.
Lembre-se desse ditado
“Pão de pobre cai virado
Com a manteiga no chão”.
*
Lei da simples atração:
Queijo atrai goiabada.
O nariz atrai um dedo,
Caipirinha é feijoada.
A vitrine atrai mulher,
Poste o carro do chofer,
Que bebe e pega a estrada.
*
Homem é cerveja gelada,
Político grana e nobreza.
Café é toalha branca,
Fank é pobre, com certeza.
Tampa de caneta, orelha,
Mulher feia se assemelha
Com falar alto na mesa.
*
Humorista é Fortaleza,
Chuva é carro trancado
E com a chave por dentro
Para te deixar ensopado.
Leite fervendo, é fogão,
Globo, Natal, dezembrão,
Roberto Carlos cansado.
*
Filas em banco lotado,
Não adianta mudar
Pra outra fila pensando
Que mais rápido vai andar.
A sua é sempre mais lenta,
Fique onde está não inventa
Senão nunca vai chegar.
*
Na hora que for comprar,
Também preste atenção.
Se o manuseio é simples,
Ou se tem complicação.
Porque pelo manual,
Você pode se dá mal
E depois ficar na mão.
*
Brinquei de combinação,
Etc. coisa e tal.
Comparei algumas coisas,
Que podem ou não ser legal.
Mas se você não gostou
E em nada te ajudou...
Consulte o seu manual.
*
Fim

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Melhor seria morrer!* Autor: Damião Metamorfose.

*
Autor do mote: Compadre Lemos

Cantando eu não sou sisudo,
Sisudo eu não sou cantando.
Cantando estou espantando,
As coisas que eu me iludo.
Cantando eu posso ser tudo
Ou tudo eu posso esquecer.
Se cantar me dá prazer,
Por que é que eu vou parar?
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer.
*
Cantar é uma virtude,
Quem canta sabe o que diz.
Cantando eu sou mais feliz,
Cantando eu falo amiúde.
Só peço que Deus me ajude,
Pra eu nunca entristecer,
Sem cantar o que vai ser,
Vou parar de respirar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer.
*
Cantar faz parte da vida
De quem valoriza o choro.
Por isso é que canto em coro,
Minha canção preferida.
A letra já esquecida?
Não tem como eu esquecer.
Ela me faz reviver
E reviver é sonhar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer!
*
Eu não canto em qualquer canto,
Só canto no lugar certo.
Meu canto não é deserto,
Não é lamento e nem pranto.
É um canto quase santo,
Capaz de se atrever.
E em simples versos, dizer,
Não me peçam pra parar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer.
*
Eu estou me preparando,
Pro viver num mundo novo.
Quero ajudar o povo,
Que não estão se ajudando.
Por enquanto vou cantando,
Pois assim vão perceber.
Que cantando eu vou vencer,
Vencendo eu vou ajudar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer.
*
Canto só por diversão,
Canto pra ganhar dinheiro.
Canto batendo em pandeiro,
Canto na palma da mão.
Canto para a multidão,
Canto o que sei sem saber.
Canto para o mundo ter,
Canto o que não é vulgar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer!
*
Cantaram quando eu nasci,
Cantaram quando eu cheguei.
Cantaram quando eu andei,
Cantaram quando eu sorri.
Cantaram quando eu corri,
Cantaram a me ver crescer.
Cantarão se eu falecer,
Cantando ao desencarnar.
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer!
*
Eu canto porque faz bem,
Eu canto e não me enfado.
Eu canto seresta e fado,
Eu canto rock também.
Eu canto em vagão de trem,
Eu canto o anoitecer.
Eu canto ao amanhecer,
Eu canto ao me levantar...
Viver mudo, sem cantar?
Melhor seria morrer!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

In natura* Autor: Damião Metamorfose.

*
Inspirado em um soneto do mesmo autor.
*

Não tem cheiro mais gostoso,
Do que o cheiro in natura.
Da garapa e mel de cana,
Do melado e rapadura.
Da batida e o alfenim,
Feito a mão e sem mistura.
*
Da água fresquinha e pura,
Que desce no riachão.
Com a cor avermelhada
Ou roxa, conforme o chão.
Que no final vira lama
No fundo de um porão.
*
Da época da plantação,
No baixio ou na chapada.
Da chuva apagando as cinzas
Da broca que foi queimada.
Ou no capim quase seco
No final da invernada.
*
Na terra que foi cortada,
Com trator ou com arado.
Do suor se misturando
Com o solo semeado.
E o vento que sopra forte
Ou leve e bem orvalhado.
*
Do café que foi torrado
E pilado em um pilão.
Da fumaça que exala
Na chaminé de um fogão
De lenha, em dias de chuva,
Longe da poluição.
*
Nas caatingas do sertão,
Quando as folhas vão caindo.
Molhadas pelo sereno
Cedinho com o sol saindo.
E os água-pés no açude,
Quando as pétalas vão se abrindo.
*
Cheiro de gado mugindo
E do estrume do curral.
Do pau darco bem florido
No meio do matagal.
E no pó que o vento trás,
Do pendão do milharal.
*
Roupa seca no varal,
Sobre o vento balançando.
De um ferro cheio de brasas
A mesma roupa passando.
E a fumaça da panela
De rubação cozinhando.
*
De um beiju quase queimando
Dentro de um alguidar.
Pronto para ir à mesa
Aguçando o paladar.
E a voz de mamãe dizendo:
É hora de acordar!
*
E o mais peculiar,
Que das narinas não sai.
De todos é que eu mais gosto,
Sinto saudade e me atrai.
O de um abraço suado,
De mamãe ou de papai.
*
Fim
*
22/09/2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

In natura* Autor: Damião Metamorfose.

*
Não tem cheiro que se compare ao cheiro
Da fumaça que exala de um fogão
Ou da chuva que no mês de Janeiro
Cai trazendo a fartura no sertão.
*
Do café que é torrado e no pilão,
É pilado e servido sem mistura
Adoçado com mel ou rapadura.
E coado em um saco de algodão,
*
Nem do vento que sopra do serrado,
Com o cheiro do capim orvalhado
Ou do cheiro saudoso que me atrai.
*
Esse cheiro é a essência mais rara
Nem de longe outro cheiro se compara
Ao suor de mamãe ou de papai.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Hipocrisia & hipócritas* Autor: Damião Metamorfose.

*
Das coisas que eu não suporto,
Conviver no dia-a-dia.
Tem inveja, ódio e ócio,
Velhaquice e baixaria...
Mas a pior das piores,
Pra mim é hipocrisia.
*
O mundo melhor seria,
Sem esse ser peçonhento.
Não convivo com hipócritas,
Não tem jeito eu não aguento.
Mando plantar no asfalto,
Caçar ninho de jumento.
*
Eu não sei quanto por cento
De toda a população.
Destina-se a essa raça,
Mas digo com precisão.
Que um consegue estragar
As vidas, de um milhão.
*
No kit deles estão,
Inveja, ambição, cobiça,
Omissão e falsidade,
Deslealdade e preguiça...
Além de ser como túmulos
Recheados de carniça.
*
Pode ser padre ou noviça,
A ovelha ou o pastor.
Qualquer classe, credo ou sexo,
Religião, crença ou cor.
Só convivendo se sabe
Os que têm alto teor.
*
Eles pregam um falso amor
Em troca de benefícios.
Dominam nações inteiras,
São mestres em seus ofícios.
E conselheiros que levam
Almas para os precipícios.
*
Condenam gestos e vícios,
Matam em nome de Deus.
Roubam nossa consciência,
Elevam e exaltam os seus.
Ampliam os seus horizontes,
Limitam e demarcam os meus.
*
São os piores ateus,
Porque age consciente.
E sabem que os humanos,
É sedento e carente.
Fáceis de ser induzidos,
Propensos a dependente.
*
Está na linha de frente
E se não está almeja.
Seu instinto de ganância...
Não recua nem fraqueja.
Sendo pra subir de nível,
Entrega a mãe de bandeja.
*
Política, empresa ou igreja,
Empregado ou patrão.
Onde menos se espera,
Pode ter um de plantão.
Usando o melhor disfarce,
Pra não chamar atenção.
*
Seu pai, seu filho ou irmão,
Você também tá sujeito.
A ser ou ter um em casa,
Com esse grave defeito.
Graças a Deus eu não sou...
Nem quero um no meu leito.
*
Sei que ninguém é perfeito,
Se fosse não prestaria.
Eu tenho as minhas fraquezas...
E peço a Deus noite e dia.
Pra não me deixar cair
No mar da hipocrisia.
*
Fim
*
15/09/2010

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O lugar que ninguém mora Ou O lugar que não existe * Autor: Damião Metamorfose.


*
Nasci no meio do mato,
Frase que já é batida.
De tanto eu repeti-la
Ao longo da minha vida.
Fazer o que se é verdade,
Se eu não nasci na cidade
Sou do campo e sou da lida?
*
Esse é o ponto de partida,
O gancho pra começar.
Mais um cordel sobre mim,
Minha origem, meu lugar.
Um lugar que no passado,
Era até bem povoado,
Mas passou a recuar.
*
Alto Oeste Potiguar,
Foi ali que eu nasci.
No sitio Açude Novo,
Três anos ali vivi.
Depois mudei de morada
E fui morar na Malhada
Alta, aonde eu cresci.
*
Infelizmente eu nem vi
Minha primeira morada.
Porque quando eu retornei,
Ela estava depredada.
Só vi um monte no chão,
De varas, telha e torrão,
Ruínas no meio do nada.
*
Casa quando abandonada,
Não resiste ao abandono.
Desmorona em curto prazo,
Cai igual folhas de Outono.
Dizem que casa tem vida,
Sofre e fica deprimida
E morre ausente do dono.
*
E assim nesse eterno sono,
O sitio não progredia.
Tudo em volta evoluiu
E ele não evoluía.
As famílias foram embora
E o que tem lá agora,
É uma casa vazia.
*
O meu pai sempre dizia...
Brincando em um tom gozado.
Que o lugar onde eu nasci,
Era amaldiçoado.
Que as terras não prestavam
E os donos maltratavam
O seu povo escravizado.
*
Ano passado ou “trazado”...
Veio a chuva em borbotão.
O açude transbordou,
Não resistiu a pressão.
O peixe, a água levou,
De resto, nada sobrou
Nem a lama do porão.
*
Se foi maldição ou não,
O açude foi embora.
O novo dono fez outro,
Bem maior que o de outrora.
Mas ganhou um apelido
E hoje ele é conhecido,
- O lugar que ninguém mora.
*
E eu relembrando agora,
Confesso que estou triste.
Rabiscando a última estrofe,
Fiquei de caneta em riste.
E pelo que descrevi
Eu acho que eu nasci
Num lugar que não existe.
*
Fim
*
14/09/2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Avô. Pai e filho Ou Pedido de dispensa. * Autor: Damião Metamorfose.

*
Vejam o que o brasileiro
É capaz de inventar.
Essa aqui aconteceu
No serviço militar.
Um pedido de dispensa,
Não muito peculiar.
*
Um jovem ao se apresentar,
Falou para o delegado.
Que tinha um sério problema,
Para ser solucionado.
E se ele não resolvesse
Queria ser dispensado.
*
Disse: eu moro num sobrado,
Eu e o meu velho paizão.
Meu pai viúvo, eu solteiro,
Nossa melhor diversão.
E ver e ouvir com as vizinhas,
O rádio e a televisão.
*
As vizinhas em questão,
São mãe e filha, solteira.
A mãe da filha é viúva,
Muito bonita e faceira.
Eu me apaixonei por ela
E a paixão é verdadeira.
*
Meu pai casou com a herdeira,
Eu casei com a matriz.
Pra ficar tudo em família,
Bem como o ditado diz.
Mas formou-se a confusão
E eu estou infeliz.
*
É tudo que eu sempre quis,
Ter uma esposa prendada.
Sair da vida nefasta
Ter uma vida regrada.
Mas vejo que se formou
Uma confusão danada.
*
Minha sogra é enteada,
É madrasta e é irmã
Do filho que nós tivemos
E o que vier amanhã
O meu pai é genro dela
E eu tô quase tantã.
*
Minha duvida não é vã,
Pois é grande a confusão.
O filho da minha sogra,
Vai ser meu legitimo irmão.
Meu filho é tio do meu neto,
Veja que situação!
*
E o meu filho é irmão
Da minha filha enteada.
Que é neto da avó
A mãe da filha citada.
E avô do meu irmão,
Por ter meu pai na parada.
*
Já esta quase explicada,
A minha situação.
Eu sou sogro do meu pai
Seu filho é neto e irmão.
E sou avô de mim mesmo,
Gostou da explicação?
*
Peço a sua atenção
Meu prezado oficial.
Analise o meu problema
E seja racional,
Preciso ser dispensado
Etc. coisa e tal.
*
Não sou um homem normal,
Resolva esse empecilho.
Não sirvo pra vestir farda
Nem apertar o gatilho.
Resumindo eu me apresento,
Eu sou avô, pai e filho.
*
Fim
*
10/09/2010

O Homem do Bem> Autor: Damião Metamorfose.

*
(Inspirado em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec – Cap. 17, Item 3)
*
O homem do bem é aquele
Que cumpre a Lei de Justiça,
De Amor e Caridade,
Com pureza e sem cobiça.
Interroga a consciência,
Dos seus atos tem ciência
E abomina a preguiça.
*
Sua fé não é omissa,
Perdoa e pede perdão.
Acolhe, e nunca despreza,
Faz o bem por vocação.
Não visa apenas salário:
Pois, para ser voluntário,
Nunca perde ocasião.
*
Deseja, pro seu irmão,
O que, para si, deseja.
Deposita a sua fé
Em Deus, e jamais almeja
Coisas fúteis ou banais,
Pois sabe que, ademais,
Deus quer assim... e assim seja!
*
Não entrega de bandeja,
A fé que tem no futuro.
Não murmura contra as dores,
E nem se julga o mais puro.
Em seu Deus tem confiança,
Sacrifica a segurança,
Pra ver seu irmão seguro.
*
Não tem sentimento impuro,
Em seu foco de visão.
Nos benefícios que espalha,
Encontra satisfação.
Primeiro impulso é pensar
Nos outros, e ajudar,
É generoso, em ação.
*
O homem de bem é bom,
Humano e benevolente.
Sem ter distinção de raça,
Sexo, idade, ateu ou crente.
Respeita as convicções,
Porque, em suas pretensões,
Quer fazer o bem, somente.
*
Ele é sempre indulgente,
Tem por guia a Caridade.
Jamais alimenta o ódio,
Nem rancor e nem maldade.
Faz tudo para evitar
O sofrimento ou causar
Qualquer contrariedade.
*
É amigo da Verdade,
Não faz o mal e evita
Compactuar com a mentira,
Embora não se permita
Julgar aquele que a tem.
Só faz o bem pelo Bem,
Porque no Bem acredita.
*
Quando ele ora, medita
Sua própria imperfeição.
Trabalha incessantemente,
E Deus lhe dá a condição
De lutar e combater
As imperfeições, e ser
Exemplo de bom cristão!
*
Não valoriza o quinhão,
Como bens primordiais.
Dá mais valor ao espírito,
Que aos bens materiais.
Riqueza não lhe envaidece,
Pois só busca, em sua prece,
Valores espirituais.
*
Se o ouro , o rei dos metais,
A ele for concedido,
Não o vê como um tesouro,
Que têm valor desmedido.
Usa a parte que convém
E aplica a outra no Bem,
Ajudando ao excluído.
*
Jamais se sente abatido,
Procura ser radiante.
Se a ordem social,
Fez dele um homem importante,
Usa a sua autoridade,
Sem orgulho e sem vaidade:
Humilde, segue adiante!
*
Não esmaga o semelhante,
Que ele tem, por subalterno.
Respeita, escuta e explica,
De um modo doce e fraterno.
Assim, seu subordinado
Nele vê um aliado
Que é justo, bondoso e terno!
*
Quem respeita o Pai Eterno,
Ama o próximo também.
Vê, nas Leis da Natureza,
Que o mal não serve a ninguém.
É benevolente e justo
E se esforça, a qualquer custo,
Pra ser um Homem do Bem
*
(Fim)

domingo, 5 de setembro de 2010

No carrossel do passado> Autor: Damião Metamorfose.




*
01=I
Nasci no meio do mato,
Na época da ditadura.
Morando em casa de taipa,
Vivendo da agricultura.
Meus pais eram escravos brancos,
Sem recurso e sem cultura.
*
02=II
A vida era muito dura,
Trabalhando de roceiro.
O patrão mandava em tudo...
Porque a gente era meeiro.
Meeiro pra quem não sabe
É a metade de um inteiro.
*
03=III
Naquele tempo, o dinheiro,
Era uma raridade.
Gente da classe da gente,
Passava necessidade.
Inda mais ganhando pouco
E outro levando a metade.
*
04=IV
Mesmo assim sinto saudade,
Daquele tempo cruel.
E é por causa desta dita
Que eu rabisco esse papel.
Pra contar em prosa e versos
O meu passado em cordel.
*
05=V
Saudades do Pimentel,
Um óleo de algodão.
Que às vezes meus pais compravam,
Pra temperar o feijão.
E aquele arroz linguento
Que era pisado em pilão.
*
06=VI
Da calça Mané rusgão,
Terilene e tropical.
Caqui e arranca toco,
De gabardine e tergal.
Que eu achava parecido,
Com a farda policial.
*
07=VII
Em vez do açúcar cristal,
Usava-se rapadura.
O café comprado em grãos,
Torrava-se sem mistura.
A água era de cacimba,
Barrenta, mas era pura.
*
08=VIII
Um pedaço de gordura
De porco, era pendurada.
Encima de um fogão,
Para ficar defumada.
E a carne não consumida,
Num pote era empilhada.
*
09=XIX
Lá em casa, na latada,
Tinha um banco de madeira.
Não lembro bem do que era,
Se angico ou aroeira.
Só sei que sentavam uns dez
E a nossa família inteira.
*
10=X
Um pote era a geladeira
E o armário era um jirau.
As redes eram tecidas
Em tear, de corda e pau.
Cama eu só me deitei numa,
Quando fui pra capital.
*
11=XI
Transporte era em animal,
Bicicleta era pra rico.
A gente andava a pé mesmo,
Até comprar um jerico.
Levei tantas quedas dele,
Que dói, se lembrando eu fico.
*
12=XII
Sanitário, era um pinico
De ágata, o nosso era barro.
Se alguém tava namorando,
Dizia-se: encostar carro.
E o ficar de hoje em dia,
Naquele tempo era um sarro.
*
13=XIII
O papelim de cigarro,
Era quase um papelão.
O fumo era de corda,
Preto da cor de carvão.
Fumava pai, mãe e filhos,
Vejam que situação.
*
14=XIV
O sabão era o pavão,
Pedra amarela e azulada.
Se quarasse muito tempo,
Além de esbranquiçada.
A roupa ficava dura,
Puída, quase rasgada.
*
15=XV
Decoada era preparada,
Com cinza de vegetais.
Boa pra lavar panelas,
Prato, colher e cristais.
E o contato prolongado,
Corroia as digitais.
*
16-XVI
O jacaré era o gás,
Que se usava em lampião.
O fogão era uma trempe
De pedra ou feito a mão.
A panela era de barro,
Mais preta do que o cão.
*
17=XVII
Quem tinha lâmpada a bujão,
Raramente acendia.
O rádio era o Nordson,
Pra se ouvir cantoria.
Ou ABC voz de ouro,
Que de longe se ouvia.
*
18=XVIII
O milho a gente moía
Moinho, fama ou mimoso.
Para fazer curau, canjica
Ou um cuscuz bem gostoso.
Hoje já vem quase pronto,
Mas tem sabor duvidoso.
*
19=XIX
Das histórias de trancoso,
Que eu sempre escutava.
Tinha o Pedro Malas-arte
E o João grilo que aprontava.
Saci, bruxa e curupira...
Que nem sempre me assustava.
*
20=XX
Gripe a gente curava,
Com chá ou uma fusão.
Ou um lambedor de ervas...
Para limpar o pulmão.
Pra febre era Novalgina
E Ambracinto era a injeção.
*
21=XXI
Tinha o jeep bernaldão,
Duas portas e alongado.
O bozó com duas portas,
Que até hoje é usado.
E o jipão com quatro portas,
Limusine do passado.
*
22=XXII
De misto era chamado,
O que hoje é o caminhão.
Com cabine de madeira,
Muito usado em lotação.
Para levar os romeiros,
De Padin Ciço Rorão.
*
23=XXIII
Se alguém deixava o sertão,
Pra são Paulo, capital.
Ia num pau de arara,
Sentado em banco de pau.
Durava um mês, a viagem,
Mas pra época era normal.
*
24-XXIV
Pra comprar farinha ou sal,
Tinha que se antecipar.
Pois podia levar meses,
Pra encomenda chegar.
Porque em lombo de burros,
O tropeiro ia buscar.
*
25=XXV
Sandálias para calçar,
Vou citar duas aqui.
Courrilepe, pneu, couro,
De borracha, a vakiki.
Courrilepe ainda existe,
Vakiki, nunca mais vi.
*
26=XXVI
Tomar um chá de pequi
Ou uma surra de picão.
Era muito natural
Se ouvir aqui no sertão.
Hoje pode dá cadeia,
Pois pensam que é palavrão.
*
27=XXVII
Alforje ou matolão,
Virou mochila hoje em dia.
A mala era de madeira,
Um sozinho não podia
Aluir ela do chão,
Com duas chaves se abria.
*
28=XXVIII
Samba-coité se ingeria,
Pra azia e arroto choco.
Para expulsar o sarampo,
Um chá de fulô de toco.
E se alguém não ouvia,
Não era surdo, era “môco”.
*
29=XXIX
Minha mãe ralava o coco,
Tirava o leite e fervia.
Misturava com xerem,
Em um alguidar servia.
Para a gente, era a janta,
Quase todo santo dia.
*
30=XXX
Quando alguém adoecia,
De inflamação ou gangrena.
Curava com cibazol,
Tretex ou cibalena,
Pomada terramicina,
Da embalagem pequena.
*
31=XXXI
Sucessos eram Malena,
Ciumenta e feiticeira,
Ciganinha e vá com Deus,
E o hit mulher rendeira.
Que lampião escreveu,
Pra sua esposa guerreira.
*
32=XXXII
Ver os filmes do Teixeira,
O gaucho Teixeirinha.
Do Waldick Soriano,
Mazaropi... Ou o que tinha.
O cinema era o mercado,
Telão era uma telinha.
*
33=XXXIII
Rafael era a Varzinha,
Única cidade que eu ia.
Por não ter televisão,
O mundo que eu conhecia.
Era Rafael Fernandes
E o sitio onde eu residia.
*
34=XXXIV
De casa pouco eu saia
E sozinho nem pensar.
Porque era perigoso,
Um papa-figo pegar.
E se fosse pra cidade,
Na certa ia apanhar.
*
35=XXXV
Quando eu fui estudar,
Na Agostinho Ventura.
Não pensava em aprender,
O bê-á-bá da cultura.
Fui por causa da merenda,
O angu da ditadura.
*
36=XXXVI
Mas logo ganhei postura,
De menino inteligente.
Com seis meses escrevia
E lia o suficiente.
Era o primeiro da classe,
Sentava sempre na frente.
*
37=XXXVII
Que saudade minha gente...
Do eu menino e rapaz.
Do tempo que eu não sabia,
Que o tempo era tão fugaz.
Que saudade desses tempos...
Tempos que o tempo não traz.
*
38=XXXVIII
Quem dera voltar atrás,
Pra viver ao natural.
Vestindo o meu volto mundo,
Mané rusgão e tergal.
Crendo que o mundo não ia,
Muito além do meu quintal.
*
39=XXXIX
No tempo em que Montreal,
Era um tênis de primeira.
Que a conga era sapatênis
E o ki chute era a chuteira.
E a mulher fazia rendas,
Cantando A mulher rendeira.
*
40=XL
Do tempo em que ir a feira,
Todo final de semana.
Não era o indicador,
Que nos bolsos, tinha grana.
Porque às vezes não sobrava,
Nem para um caldo de cana.
*
41=XLI
Do tempo em que ser bacana,
Era ir à cantoria.
Ou beber rabo de galo,
Recitando poesia.
Tirar gosto com torresmo
E se lascar de azia.
*
42=XLII
Do tempo que o pai dizia:
Meu filho ande direito.
Não arrume confusão,
Trate a todos com respeito.
Evite o mau falatório...
E o seu pedido era feito.
*
43=XLIII
Hoje eu sou pai e aceito,
O que o meu não aceitava.
Por isso eu sinto saudade,
Dos conselhos que o meu dava.
E relembro com carinho,
Das surras que eu levava.
*
44=XLIV
Brinquedo não se comprava,
Porque não tinha dinheiro.
O cavalo era uma vara
De mofumbo ou marmeleiro.
O carrinho era de lata
E a pista era o terreiro.
*
45=XLV
Artifício era um isqueiro,
Com pavio de algodão.
E quando apagava o fogo,
Restando cinza e carvão.
Batia uma pedra na outra,
Para acender o fogão.
*
46=XLVI
Para a comunicação,
Era carta ou telegrama.
Média distancia era um grito,
Daqueles que racha a lama.
Torava o punho da rede,
Lascava a perna da cama.
*
47=XLVII
Teatro escola era “drama”,
Por mais de um mês ensaiado.
O professor dirigia
O seu elenco, empolgado.
Mas quando abria a cortina,
Quase sempre dava errado.
*
48=XLVIII
Minha vida no roçado,
Não foi lá nenhum colosso.
Andava de pés no chão,
Magrinho, só couro e osso.
O short todo rasgado,
Baladeira no pescoço.
*
49=XLIX
Brincar de cair no poço,
Era a que eu mais gostava.
Porque sempre que eu caia
E uma moça me salvava.
Dava um beijo e um abraço,
Daqueles que demorava.
*
50=L
A gente também brincava,
De pular amarelinha.
Passar anel e correr
Pra roubar a bandeirinha.
E de se esconder no mato,
No terreiro da vizinha.
*
51=LI
Dinheiro a gente não tinha,
Nem tinha com que gastar.
Tudo que se precisava,
A roça tinha pra dar.
Era só encher a pança,
Dormir, sonhar e brincar.
*
52=LII
Já que não posso voltar,
A infância no roçado.
Brinco fazendo cordel
Em sextilhas, bem rimado.
Dando voltas com meus versos,
No carrossel do passado.
*
Fim
*
05/09/2010

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Algumas fases da vida... Ou Nu, careca e sem dente. * Autor: Damião Metamorfose.


*
01=I
Se a mente não me trair
Ou passar despercebida.
Eu vou tentar descrever,
Algumas fases da vida.
Desde a concepção,
O tempo de gestação,
A chegada e a partida.
*
02=II
Nossa primeira guarida,
É o útero materno.
Onde o clima é sempre ameno,
Seja verão ou inverno.
Aparentemente estreito,
É o lugar mais perfeito,
Mais antigo e mais moderno.
*
03=III
O ambiente é tão terno,
Que ninguém quer ir embora.
Mas depois de nove meses,
Todos têm que dar o fora.
E o inquilino em questão,
Em parto normal ou não,
Esperneia, grita e chora.
*
04=IV
Um novo instinto aflora,
Mesmo ainda inconsciente.
É o instinto animal,
Na forma mais inocente.
Quando a sede ou fome aperta,
Já liga o sinal de alerta,
Da fase sobrevivente.
*
05=V
Careca, nu e sem dente...
E sem enxergar direito.
Ele estranha o novo mundo,
Onde tudo é imperfeito.
Com fome e sem paciência,
Sua primeira exigência,
No mínimo é um peito.
*
06=VI
Reclama o frio do leito,
Estranha se faz calor...
Passa o dia dormindo,
A noite chora de dor.
E os pais seus assistentes,
O acolhem pacientes,
Com dedicação e amor.
*
07=VII
Independente da cor,
Crença ou credo social.
Sexo ou nacionalidade...
Comportam-se tudo igual.
Indefeso e dependente,
Na fase sobrevivente,
É algo mais que normal.
*
08=VIII
Esse ser racional,
Irracional inda é.
Sem coordenação motora,
Não fala e nem fica em pé.
E se alguém o levantar,
A tendência e se desabar
Ou andar em marcha ré.
*
09=XIX
Os seus pais não perdem a fé,
Cuidam com muito prazer.
Falam em língua nhenhenhém,
Que ninguém pode entender.
E assim ele vai crescendo
Convivendo e entendendo,
A fase sobreviver.
*
10=X
Com um ano se pode ver,
Os seus dentinhos nascendo.
As reações são diversas,
Ao que está acontecendo.
Começa a balbuciar
Palavras e engatinhar
E entende o que estão dizendo.
*
11=XI
Os cabelos vão crescendo,
Já não fica mais parado.
Se agarra em tudo o que vê...
Não quer ser contrariado.
Aos poucos começa andar,
Correr, cair, levantar...
Fase: cuidado dobrado.
*
12=XII
Nessa fase é engraçado,
A todos já contagia.
Faz caretas, faz biquinho...
Enche a casa de alegria.
Chama papá e mamã,
Chega a provocar afã,
Mas sua luz irradia.
*
13=XIII
Isso até que chega o dia,
Que devemos preparar.
Pra os primeiros desafios,
Sem ter que traumatizar.
Primeiro laço quebrado,
Chega à fase aprendizado,
Escola em vez de brincar.
*
14=XIV
O mais normal é chorar,
Espernear, fazer drama,
Dizer eu odeia os pais,
Não querer sair da cama.
Mas com cuidado e carinho,
Tudo passa rapidinho
E o mesmo diz que te os ama.
*
15=XV
Manter acesa essa chama,
De um bom relacionamento.
Vai ser muito importante,
Para os pais e o rebento.
Faça tudo que é preciso,
Mas acate o meu aviso,
Nunca tente cem por cento.
*
16=XVI
O ser humano é sedento,
De atenção e poder...
Os pais que tentam dar tudo,
Impedem-no de crescer.
Quem tem tudo é dependente,
Propicio a ser mais carente,
Dependência estraga um ser.
*
17=XVII
E a tal medida do ter,
Sempre estará presente.
Em todas as fases da vida,
Do bicho chamado gente.
Por isso tome cuidado,
Não fabrique um bitolado,
Limitado e dependente.
*
18=XVIII
Na fase adolescente,
Que é depois da juvenil.
Começam as transformações...
O corpo fica febril.
É a fase das descobertas,
Das conclusões mais incertas
E dos dez anos a mil.
*
10=XIX
O comportamento hostil,
Nessa idade aflora mais.
Não escuta mais conselhos,
Faz zombaria dos pais.
Ignora os precipícios,
Fica vulnerável aos vícios,
Gosta de coisas banais.
*
20=XX
Quase todos são iguais,
Mas regras ter exceção.
O que recebeu as doses
De carinho e educação
E a família como base,
Supera bem essa fase,
Ileso ou quase são.
*
21=XXI
Surge a primeira paixão,
Que parece verdadeira.
Depois o primeiro amor
E a primeira rasteira.
Mais uma vez é preciso,
Compreensão e juízo,
Senão cai na bagaceira.
*
22=XXII
Depois que a paixão primeira,
Deixa até de ser paixão.
É o primeiro sinal,
Que houve a superação.
A vida volta ao normal,
Uma fase chega ao final
E a outra entra em ação.
*
23=XXIII
É a fase da ambição,
Do eu posso, eu quero urgente.
Dos estudos e concursos,
Do que vier pela frente...
Do eu estabilizado
E dura até ser flechado
Por cupido novamente.
*
24=XXIV
Sentindo-se independente,
Maduro e equilibrado.
Bebe na fonte do amor,
De um modo mais liberado.
É a fase: curtir a vida,
Onde amor não tem medida
E o sexo não é pecado.
*
25=XXV
Quer amar e ser amado
E sente necessidade.
De ter o seu próprio lar
E a sua cara metade.
Acaba a fase curtir
E a que vem a seguir,
É a fase privacidade.
*
26=XXVI
O desejo da trindade,
Vai surgindo em sua vida.
Ter seu sangue em outras veias,
Sua imagem repetida.
Pra o novo lar ter mais brilho,
Vem à fase ter um filho
E a criar, vem em seguida.
*
27=XXVII
Um sem tempo, outro na lida,
Um fica em casa e se anula.
Cria o primeiro, o segundo,
O terceiro... E o caçula.
Acaba a privacidade,
A cara leva a metade
E o liberado, regula.
*
28=XVIII
E por não ter vide bula
Ou manual de instrução.
Só os fortes sobrevivem
Dosando amor e paixão.
Os fracos podem ruir,
Quebrar o pacto e cair,
Na fase da traição.
*
29=XXIX
A seguir, separação,
Ou não para quem se ama,
Mas vou contar a primeira,
Só por ser um mar de lama.
Essa fase é violenta,
Nenhum dos dois se aguenta
Só tem brigas, não tem cama.
*
30=XXX
Um vira amante da Brahma,
Troca a casa por um bar.
Também pode virar crente
E ir para o culto orar.
Ou toma um banho de loja
E em vez de amar se espoja,
O resto é bom nem contar.
*
31=XXXI
Fase reconciliar,
É a que vem em seguida.
Mas se um já se perdeu
Ou descobriu outra vida.
Pode durar por um tempo,
Mas com qualquer contratempo,
A tentativa é perdida.
*
32=XXXII
Cicatrizando a ferida,
A vida entra em alinho.
Vira as costas pro passado,
Muda da água pro vinho.
E se alguém disser, se case...
Ouve a tão famosa frase,
É melhor viver sozinho.
*
33=XXXIII
Encontra um novo caminho,
Não sofre mais por amor.
A essa altura por todos,
É chamado de senhor.
Dorme pouco ou quase nada,
Passa a ter vida regrada
E o corpo cheio de dor.
*
34=XXXIV
Tem saber de um professor
Ou um mestre catedrático.
Só serve pra dar conselhos,
Ser chamado de lunático.
Se foi belo no passado,
Hoje no Maximo é chamado,
De tio ou senhor simpático.
*
35=XXXV
Com o seu semblante apático
E o rosto desfigurado.
De jovem só o nariz,
O resto está enrugado.
Vive cheio de perguntas,
Duro só tem mesmo as juntas,
Não anda mais sem cajado.
*
36=XXXVI
As lembranças do passado,
Sejam elas ruins ou boas.
Se tem são fragmentadas,
Ou forma de pulha e loas.
A essa altura também,
Não vê nem escuta bem
E se isola das pessoas.
*
37=XXXVII
Fases vazias e a toas,
Dias longos e cinzentos.
Noites frias e sombrias,
Clausuras e sofrimentos.
E os traumas da solidão,
Mas isso ainda não são
Os seus piores momentos.
*
28=XXXIII
Vem a fase três eventos,
Um tomar banho de sol,
Dois, é ver o sol se por,
Três, se enrolar num lençol.
Passar a noite gemendo
E acordar se maldizendo,
Com o corpo em forma anzol.
*
39=XXXIX
Com a coluna em caracol
E sem poder reagir.
Definhando a cada dia
E tendo que assistir.
A sua queda, seu fim,
Essa é a fase mais ruim,
Pior não pode existir.
*
40=XL
Mas a pior ta por vir,
Junto com a idade que avança.
Coração não bate, apanha,
O corpo perde a sustança.
E as pessoas que o rodeiam,
Uns desdenham, outros odeiam
Ou só te vê como herança.
*
41=XLI
Volta à fase ser criança,
De crescente a decrescente.
Sem coordenação motora,
Só que agora é decadente.
Foi chegada, hoje é partida,
Algumas fases da vida...
É nu, careca e sem dente.
*
Fim
*
02/09/2010