domingo, 27 de novembro de 2011

Eu quero é glosar * II * Autor: Damião Metamorfose.




*

Desde os meus dezesseis anos de idade,

Que eu voto e jamais anulo um voto.

Em mudar meu país eu sou devoto

E não vejo a mudança de verdade.

E o senhor vem com essa insanidade

De castrar meu direito ao se vender,

Tantas coisas decentes pra fazer

Pelo povo que é o mais prejudicado

Por favor, mais respeito, Deputado,

Com o voto que eu dei pra te eleger!

*

Canto em trovas, sextilha e setilhas,

Em oitavas, decimas e martelo,

Decassílabo e galope eu canto o belo,

Meus sonetos são umas maravilhas.

Comparado a você já andei milhas

De improvisos, se é que me entendeu.

Se pensou que ganhava, já perdeu,

Aposente de vez seu instrumento.

Quando Terra parar seu movimento,

Você pode cantar melhor que eu!

*

Veja os rios, o mar, os manguezais

E as florestas que habitam tanta vida.

Como é que alguém joga inseticida

E outras drogas que matam os animais.

Assoreiam extraindo os minerais...

Pensam em soma, mas vão subtrair.

Porque breve não vai mais existir,

Água limpa e ar pra respirar.

Se Deus fez e deixou pra gente usar,

Não entendo quem queira destruir!

*

Eu nasci nas terras dos cangaceiros,

Desde cedo enfrentei fome e calor.

E quando decidi ser cantador

Enfrentei o desdém dos companheiros.

Festivais e os concursos pioneiros

Que eu fui, sempre foi um passo a frente.

Se hoje tem quem respeite o meu repente,

É porque teve quem zombasse um dia...

Se eu temesse cantar, não cantaria,

Cantoria ficou foi pra valente!

*

Sou aluno aplicado nesta escola

Que não forma, mas faz os violeiros.

Todo ano eu estou entre os primeiros,

Nesse pódio dos mestres na viola.

Pelo visto o amigo não decola,

Gira, gira e nunca sai do lugar.

Sem empáfia, eu não penso em te humilhar,

Com o que tenho para te dizer:

Do pouquinho que eu pude aprender,

Neste verso eu voltei, pra te ensinar!

*


*
Obs:Todos os motes são de autoria do Compadre Lemos... e as estrofes são de minha autoria!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Vitória é a minha vitória” V” Autor: Damião Metamorfose.





*

Com Ela a vida é assim,

Primavera o ano inteiro.

Vento leve que nos leva,

Fogo no vento rasteiro.

Água limpa em queda livre

Caindo em despenhadeiro...!

*

Dela eu sou um prisioneiro

Nem penso em separação.

Nós nascemos um pro outro,

Corpo, alma e coração.

E somos tao parecidos,

Que há quem pense ser irmão!

*

E quem fizer armação

Deite, senão vai cansar.

O que investir contra a gente,

Para ele vai voltar.

Porque o nosso amor é puro,

Só Deus pode interditar!

*

Nosso desejo de amar

Não tem tempo ou estação...

Tanto faz ser frio ou quente,

Que a nossa explosão.

Tem a dosagem do amor

E o componente paixão!

*

Sei que Ela tem razão

E que é perdido teimar.

Mas eu teimo de teimoso,

Até Ela se enraivar.

Só porque depois das teimas

É mais gostoso se amar!

*

Ela é o meu eterno par

Faz-me um homem e respeitado.

Sabe dosar nosso amor,

Quando está meio embaçado.

Sem Ela eu era um perdido

Com Ela eu sou um achado!

*

Cortejo e sou cortejado,

Quando é preciso um cortejo.

Sou galante e galanteio

Se esse for seu desejo.

E fico mal humorado

Na hora que não a vejo!

*

Se eu erro faço um gracejo

E em seguida me arrependo.

E se Ela fizer uma hora

De greve eu corro e me rendo.

Assim vai cair pra meia,

Quando Ela ficar sabendo!

*

Se um ao outro está cedendo

Não quer dizer humilhado.

Se o ego se manifesta,

Pelo outro é desarmado.

Só exalta a alta estima,

Pra ficar equilibrado!

*

Não tem ator nem tablado

Nessa nossa relação.

Se um se ausenta, tem saudade,

Faz-se amor com paixão.

E o nível do nosso amor,

Não permite a solidão!

*

Nós sabemos dar vazão

Ao fogo do nosso amor.

E com calma, manter calmo,

Sem esfriar o calor.

E assim provoca-se o espinho,

Mas sem machucar a flor!

*

Sem preconceito de cor,

Crença, credo, nível, raça...

A gente ama e se doa

A cada vez que se abraça.

Que pena que o tempo voa,

Quando a gente se enlaça!

*

Não é caçador nem caça,

Não é moinho nem mó

Se eu fico um dia sem Ela

Sou triste de fazer dó.

Parece que faz um ano

Ou mais que eu estou só!

*

Já provei fel e jiló,

Na minha vida pregressa.

Mas isso já é passado

Só o presente interessa

E o meu presente é Vitória,

Futuro, pra que ter pressa?

*

Eu fiquei feliz à beça

Quando eu a encontrei.

Depois desse nosso encontro

Em outro eu me transformei.

Daquele dia pra cá,

Sofri quando não te amei!

*

O nosso amor é a lei

Sem o egoísmo vulgar.

Não há inveja um do outro,

Há vontade de somar.

Sei que não somos perfeitos,

Tentamos ser um bom par!

*

Enquanto eu respirar...

Quero que seja ao seu lado.

Depois que um de dois partir

Do lar, para o lar Sagrado.

Quero que Deus me permita

Ser o seu eterno amado!

*

Sinto-me um abençoado

E vou me esforçar bastante,

Pra que o mundo saiba

Que se eu sou um triunfante.

[b]Vitória é a minha vitória,[/b]

Amiga, esposa e amante...

sábado, 19 de novembro de 2011

Eu quero é glosar * I * Autor: Damião Metamorfose.


*

Eu nasci numa casa pequenina

Encravada na aba de uma serra.

Sou Nordestino e amo a minha terra,

O cerrado, a caatinga e a campina.

O forró com zabumba e concertina

Onde se dança de corpo colado...

Mas ouvir um cantador afinado

Sempre foi meu deleite, a poesia.

Eu cresci escutando cantoria

E hoje canto lembrando o meu passado!

*

Os motes abaixo são do Eduardo Viana... Glosas de: Damião Metamorfose.

*

Certa vez fabriquei um instrumento,

Uma linda guitarra de brinquedo.

Meus carinhos de pau, não tem segredo,

Eram feitos por mim em cem por cento.

Por carência eu testava o meu talento

E o invento era a pura diversão.

O prazer era a gratificação

E a fama era o exibicionismo.

O talento é o pai do mecanismo,

A carência é a mãe da invenção!

*

Eu sou filho de Maria e José...

Ambos pobres, porém muito educados.

Fui criado lidando nos roçados,

Tendo menos dinheiro do que fé.

Sem recurso eu cresci andando a pé,

Em jumento, cavalo ou um burrão...

Se hoje tem metrô, taxi e avião...

Que me leva aos confins e não emperra.

Para que carro caro aqui na terra

Se o transporte final é um caixão!

*

Se depois do friozinho na barriga,

Logo após do avião decolar.

Co-piloto ou o piloto avisar

O motor deu uma pane e se desliga.

Tenham calma e sem tumulto ou briga...

Rezem muito, com fé e devoção,

A Alá, Maomé, Deus de Abraão...

Que um só não resolve o que se deu.

Que será que vai dizer um ateu

Se viver uma pane de avião?

domingo, 13 de novembro de 2011

Ser feliz...



Ser feliz não é ter um céu sem tempestades,
caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas,
relacionamentos sem decepções.
Ser feliz é encontrar força no perdão,

esperança nas batalhas,
segurança no palco do medo, amor nos desencontros.


Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso,
mas refletir sobre a tristeza.

Não é apenas comemorar o sucesso,
mas aprender lições nos fracassos.
Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz não é uma fatalidade do destino,
mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu próprio ser.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
É beijar os filhos, curtir os pais e ter momentos poéticos com os amigos, mesmo que eles nos magoem.

Ser feliz é deixar viver a criança livre,
alegre e simples que mora dentro de você.
É ter maturidade para falar: "Eu Errei". É ter ousadia para dizer:
"Me Perdoe". É ter sensibilidade para confessar: "Eu Preciso De Você".

Ser feliz é ter a capacidade de dizer: "Eu te Amo Meu Amor, E sou Muito Feliz ao seu Lado.

Vitória é a minha vitória IV * Autor: Damião Metamorfose.


Eu sou um homem sortudo,

Por ter a minha Vitória.

Cruzado o meu caminho

E mudado a minha História.

É Vitória até no nome

Com Ela não tem inglória!

*

Sofisticada e simplória...

O seu amor me sacia.

Seja à noite em altas horas

Ou cedo e em qualquer dia.

Por isso é que eu me declaro

Para Ela em poesia!

*

Sem mentira ou covardia,

Só me interessa a verdade.

E é verdade eu confesso,

Que não contei nem metade.

Pois preciso de hora em hora

Vê-la, pois sinto saudade

*

Sou inteiro, não metade

Com Ela e tenho certeza.

Que Ela também faz o mesmo

Sem devaneio ou fraqueza...

Por isso é que o nosso amor

Virou essa fortaleza!

*

Com Ela eu sou firmeza,

Tento ser tudo pra Ela.

Em tudo somos saudáveis,

Livres de qualquer sequela.

O nosso amor faz a soma

E a nossa família é bela.

*

Sou suspeito ao falar dela

Mas eu falo mesmo assim.

Eu não sei viver sem Ela

E Ela não vive sem mim.

Nosso amor criou raiz

E nunca mais terá fim!

*

Às vezes pergunto a mim,

Porque foi que eu me perdi

E não me casei com Ela

Na mesma hora em que a vi.

Pois ao contrário eu a fiz

Sofrer e também sofri?

*

Com paizão eu me iludi

E amores de aparência.

Sofrimento dos dois lados

Por falta de inteligência.

Da minha parte, por que

Cometi a negligência!

*

Por Ela ter paciência,

Só tenho que agradecer...

Se sofri, foi minha culpa

Ou da medida do “ter”

E vivendo ao lado dela,

Não vou ter porque sofrer!

*

Vitórias sim, vai se ver

Muitas delas pra contar.

Primeiro: a própria Vitória,

Segundo: Ela e o nosso lar.

Terceiro: Ela e os nossos filhos

Quarto: Ela é espetacular...

*

Se em mil vidas eu voltar

Mil e uma eu te amaria.

Se um dia Ela virar santa,

Vou viver em romaria.

Indo a pé e de joelhos

Rezar em sua abadia!

*

Ela é a minha companhia,

Meu tudo e o meu, sobretudo.

É por Ela que eu canto,

Se precisar, fico mudo.

Ela é minha mega sena

E eu sou o seu papa tudo!

*

Sem a Vitória eu me iludo

Com o que não quero mais ser.

A velha metamorfose

Que eu cansei de viver.

Já com Ela eu sou um homem

Serio e livre pra crescer!

*

Vitória inspira eu fazer

A minha rima perfeita.

É a contagem silábica,

Conforme a métrica aceita.

E a oração mulher,

Que Damião reza e deita!

*

Com Ela a coisa é bem feita,

Não se esvai igual fumaça.

E o que eu sinto por Ela,

É límpido igual vidraça.

Sei que a vida é passageira,

Mas o que eu sinto não passa!

*

Deus deu esse amor de graça,

Ela é o meu maior presente.

Que Deus podia me dar

Nessa missão como gente.

Nós nascemos um pro outro

Vou amá-la eternamente!

*

A minha nêga é caliente

Seu amor, sua energia,

Seu abraço é um energético

Para começar o dia...

Por isso eu vivo sorrindo,

Devo a Ela essa alegria!

*

Ela é tudo o que eu queria,

É a minha esposa e amada...

Mulher com (eme) maiúsculo,

De postura e respeitada.

Vitória é a minha vitória

Minha eterna namorada...!




quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Cordel contemporâneo * Autor: Damião Metamorfose.


*

(Foto interior da Casa do Cordel...)

*

Leandro Gomes de Barros,

Poeta e pai do Cordel.

O primeiro sem segundo,

Nosso maior menestrel.

Na certa escreveu seus versos

Rabiscando em um papel!

*

Eu sem caneta ou pincel,

Hoje escrevo em um teclado.

Um Cordel contemporâneo,

Diferente do passado.

Que era sobre os contos de

Princesa e príncipe encantado...

*

Mudou também o mercado

do Cordel, e o seu leitor.

Não é só o apologista,

Tiete de cantador.

Hoje o leitor vai do aluno

Ao mestre e ao diretor...

*

Houve a inversão de valor

Com a globalização.

Tem rico que ficou pobre,

Pobre que virou barão.

E a chegada da internet

Trouxe a modernização!

*

Cordel na televisão

E com nome de “encantado”.

Animação: preto e branco,

Do tipo: xilografado?

É a resposta que o publico,

Está diversificado!

*

E o lugar pra ser comprado

Está bem melhor que antes.

Não é só de porta em porta,

Vendido por ambulantes.

Nem nas feiras pendurados

em cordão, corda ou barbantes...

*

Nos stands, nas estantes,

Lojas de conveniências.

Também tem as cordeltecas,

Que tem amplas dependências.

Com assuntos que atingem

Quase todas as exigências.

*

Festivais e conferências...

Já tem como convidado

Um poeta cordelista,

Com um texto atualizado.

Falando em fatos recentes

Ou o que for combinado...

*

Com folheto ou decorado

Improvisando ou não.

O poeta arranca aplausos

Com a sua inspiração.

Cordel é a única poesia,

Que atingem a perfeição!

*

Rima métrica e oração

E um assunto simultâneo.

Sempre bem elaborado

Texto escrito ou instantâneo.

Assim é o novo escritor

Do Cordel contemporâneo.

*

Fim.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O Cordel do nosso tempo * Autor: Damião Metamorfose.



*

O Cordel do nosso tempo

Ou Cordel contemporâneo.

Lembra mais a cantoria

Por ser bem mais espontâneo.

Devido à forma que é feito

Quase em tempo simultâneo!

*

Se o “Irã” enriquece urânio

Ou se cai um avião...

Em seguida o cordelista

Pesquisa a informação.

E escreve o Cordel contando

Com detalhe e perfeição!

*

Também virou profissão,

Ninguém mais fala bobagem.

Dizendo que o Cordelista,

Escreve por malandragem.

E assim valoriza a arte,

O poeta e a sua imagem!

*

Mas não basta ter coragem,

Ter dom e inspiração...

Para abraçar a arte

E tê-la por profissão.

Para ser um cordelista,

É dom, amor, é paixão!

*

Mesmo com a televisão,

Contando esse conto errado.

Cordel encantado que,

É cordel sem ser rimado.

-Prova que o novo Cordel

Tem leitor globalizado!

*

Com o Cordel modernizado

Todas as classes tendo acesso.

Surgiram novos poetas,

Anônimos ou de sucesso.

Barateando a leitura

E acelerando o progresso!

*

Cordel escrito e impresso,

Que sempre foi singular

Ficou bem mais acessível

Para imprimir ou comprar.

Melhorou para o leitor

E o escritor popular!

*

Já cai em vestibular

E em palestra inteligente.

Cordel não é só Nordeste

Como era antigamente.

Hoje é no Brasil inteiro

E breve é no continente!

*

Essa cultura é da gente

Devemos valorizar.

O Cordel do nosso tempo

Ganhou asas pra voar.

E atravessar as fronteiras

Longínquas e o além mar!

*

E quanto mais popular

O Cordel ficar, pra mim.

Será melhor para todos...

Desde que não seja ruim.

Porque o Cordel só presta

Lapidado, “igual marfim!”

*

Esse aqui chegou ao fim

E ao bom Deus eu agradeço

Pelo dom da inspiração

Que me deu desde o começo

Até o fim, no improviso,

É dom, e dom não tem preço!

*

Fim.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A Paixão...



Quem pode comandar o coração?
Parar de se apaixonar!
Controlar as emoções.
Quem há de conter o fogo
 Descontrolado da Paixão?
                                                           
Ela vai seguindo o seu curso
Cega e surda aos apelos
Ouvindo apenas sua voz,
Cumprindo sua missão.

Não ouve o que lhe ordenam,
Satisfaz a sua razão.
Como é autêntica essa tal paixão!
Mesmo que sua verdade
Arrecade dor, sofrimento, ilusão,

Não se acovarda, nem se abate.
Ainda que se estraçalhe,
 Se descompasse ante a tentação,
 Encara de frente
O que a mente ressente
E abre as portas pra cada emoção.

Sabe que a vida é pequena
Ardente em cada momento...
Viver é o que vale a pena,
Amar, sofrer, chorar, gargalhar,
Seguindo o que lhe sacode,
Andando no compasso que pode.

Assim vivi a paixão, sua vida foi brevê
Dentro do seu mundo de ilusão.
Restam-nos apenas lembranças
Que nos acompanham  o coração
É a onde for possível acompanhar.

Prêmio de consolação dado pela vida,
Estilizado em doce saudade
De quem tudo queria
Mas não soube amar de verdade.
Assim viveu a paixão.
*

Vitória Moura

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Não tem multa que dê jeito * Autor: Damião Metamorfose.




Foto extraída do Google

*

Seu Natalino nasceu

No tempo dos coronéis...

Quando o pai leva um filho

Com Ele para os bordéis.

E a boa cachaça vinha

Nos velhos e bons tonéis!

*

Naquele tempo os quartéis

Dos pequenos povoados.

Tinha um sargento caduco,

Um cabo, um ou dois soldados.

Que por não fazerem nada

Pareciam uns cevados!

*

E todos eram indicados

Pelo chefão do lugar.

Treinados para dormir,

Comer muito e engordar.

Não prendiam nem arroto

Sem o prefeito mandar!

*

E era comum encontrar,

Um açougue, uma capela,

Uma pracinha pequena,

Toda na cor amarela.

E uma rua bem comprida,

Mas também só tinha ela!

*

E até a pensão daquela

Cidade, era no bordel.

Que também era o clube

De dança, bar e hotel...

Tudo de um mesmo dono

Que dominava o cartel!

*

Também tinha o quartel

Pra por ordem no lugar.

Ficava no fim da rua,

Bem longe do bordel-bar...

Onde o velho Natalino

Costumava frequentar!

*

Falei tanto do lugar,

Quase esqueço o Natalino.

Que nasceu ali bem perto

E viveu desde menino

Sem precisar de prefeito,

Pra mandar no seu destino!

*

A fazenda ouro fino,

Que Ele herdou dos seus pais.

Tinha açudes e barragens,

Roças e canaviais.

Gado de leite e de corte,

Pasto verde e milharais...

*

Moradores, serviçais,

Bom engenho e casa boa.

Dava do bom ao melhor,

Pra família e a patroa.

E nem mesmo com o prefeito,

Ele gostava de loa!

*

E como qualquer pessoa,

Seja do campo ou cidade.

Que constrói o seu império

Com ou sem dificuldade.

Quando não é egocêntrico,

Tem particularidade...

*

Natalino na verdade,

Tinha uma obsessão.

Que pra muitos era até

Falta de educação.

Mas pra Ele era normal,

Urinar sempre no oitão!

*

O contato com o chão,

Pra quem sempre foi pacato.

Que lidou com bicho e gente

Sem requinte ou fino trato.

Fez com que o fazendeiro

Gostasse de ir “ao mato”

*

Seu Natalino de fato

Era um homem respeitado.

Seja entre os fazendeiros

Vizinhos do povoado.

Da cidade a capital,

Dentro e fora do Estado!

*

Mas como era acostumado

A não usar o banheiro.

Quando ia pra cidade

Tinha que voltar ligeiro.

Pois devido o velho habito,

Chamavam o de baderneiro...

*

Certo dia o fazendeiro,

Tomou umas no bordel.

Bebeu tanto que esqueceu

Daquele habito cruel.

E quando veio a vontade

Não deu pra ir ao vergel!

*

Parou perto do quartel,

Porque já não agüentava.

Foi pro oitão de uma casa

E enquanto se aliviava.

Nem viu que o delegado

Lá do quartel lhe espreitava!

*

Voltou para onde estava

Com os “amigos” no barzinho.

Respirando aliviado,

Foi beber mais um pouquinho.

-E o delegado as pressas

Foi intimar o vizinho!

*

Com medo de um desalinho,

Perguntou com muito jeito.

Se Ele tinha visto o que

Por Natalino foi feito...

E o homem disse: eu não,

Eu nem enxergo direito!

*

O delega insatisfeito,

Correu para a prefeitura.

A pé mesmo, até porque,

Lá não tinha viatura.

E contou para o prefeito

Com requintes de agrura!

*

E o defensor da censura,

Que no caso era o prefeito.

Ao ouvir todo o fuxico,

Ficou muito insatisfeito.

E disse: Ele é homem honrado,

Mas temos que dar um jeito!

*
É contra as leis, não aceito,
Vou ser desmoralizado.
Mandar prender, eu não posso,
Pois perco o eleitorado.
Pra evitar piores danos,
Vamos ter que ter cuidado!
*
E chamou o delegado,
Para um particular.
Ordenando ao mesmo que:
Não deixasse se espalhar.
Baixasse uma portaria,
Com multa pra Ele pagar.
*
Vamos ter que exemplar,
Senão o seu Natalino.
Vai nos desmoralizar
E nos chamar de mofino.
Esse é o único jeito,
Pra barrar esse malino!
*
Assim traçaram o destino,
Do fazendeiro mijão.
Com multa de cem reais,
Será feita a punição.
Se acaso ele se alterar
Pode dá voz de prisão.
*
E o delegado babão,
Voltou pra delegacia.
Datilografou um texto,
Prescreveu como devia.
Depois foi com os soldados
Pra onde o homem bebia.
*

Ao chegar disse: bom dia!
Natalino o respondeu.

E perguntou em seguida,
Diga o que aconteceu?
E o delegado medroso

Tentou contar, mas tremeu!
*
Natalino estremeceu,
Deu um murro no balcão.
E perguntou em voz alta,
Diga o que eu fiz cidadão?
E o delegado contou,
O que Ele fez no oitão...
*
Posso dar voz de prisão,
Se o senhor se recusar.
A pagar a multa que:
Eu vou ter que aplicar.
A escolha é do senhor,
Não posso me demorar!
*
E quanto é que eu vou pagar?
Falou com gestos boçais.
-Por o que fezno oitão,
A multa é só cem reais.
Mas se houver reincidência,
Vai ser cobrado bem mais!
*
Então me passe essas tais,
Multas que tu tens na mão.
Cinco, dez, quantas tiver...
Ou faça outro talão.
Que hoje eu vou verter água
Em tudo que for oitão.

*
Pagou sem ter discussão,

Pra não permitir gracejo.

E continuou fazendo

Legalmente o seu desejo.

De se aliviar nos becos

E nos oitões do vilarejo.

*

E assim um Sertanejo
Achincalhou o prefeito.

Tirou onda com a policia,

Pra se manter satisfeito
e mostrar que com quem pode...
Não tem multa que dê jeito!
*
Fim.